quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Em 1939, Churchill já sabia das semelhanças entre nazismo e comunismo
O artigo “Os gêmeos terríveis“, escrito por Winston Churchill em 1939 e traduzido de forma inédita aqui no Brasil por nosso site, é um documento histórico que tem uma relevância muito maior agora que ganhou corpo em nosso país o debate sobre os matizes ideológicos do movimento nazista.
Publicado pela revista mensal norte-americana Collier’s, ele foi enviado por Churchill algumas horas antes de ser oficialmente deflagrada o que seria chamada depois de II Guerra Mundial. O então chefe da Marinha britânica mostrava como enfrentou resistências dentro de seu partido por ter sido, desde o princípio, contrário a tudo o que representavam os nazistas. Churchill explica como o mundo de então por algumas vezes via neles uma força opositora aos comunistas, enquanto os esquerdistas do mundo acreditavam que sua potência-mãe pararia os alemães.
O artigo foi escrito sob o grande impacto da união entre Stálin e Hitler celebrada dias antes. Churchill explica como eram muito circunstanciais as desavenças entre os regimes pois eles tinham certamente muito mais pontos em comum do que discordâncias. Se havia uma desavença real entre eles essa se manifestava apenas pelo fato de ambos acreditarem que somente eles poderiam reformar e dominar definitivamente a humanidade.  Mais importante, Churchill fazia o juízo correto especialmente por não guiar sua visão do que acontecia sob prismas restritos como os da ideologia política (esquerda vs direita)  ou da economia (liberal e capitalista ou estatista). Para ele, o que deixava claro o aspecto nefasto do comunismo e do nazismo podia ser percebido por qualquer cidadão normal e de bem.

Nas partes mais significativas do artigo, Churchill lembra como nazistas e socialistas atentavam contra os padrões morais da sociedade, tão duramente construídos e erguidos por muitos anos de experiência, erros e aprendizados. O nazismo e o comunismo atentavam sim contra as instituições novas e importantes como eleições livres e liberdade de imprensa, mas mais grave ainda era o ataque aos pilares mais antigos e duradouros da sociedade ocidental, como os ensinamentos dos 10 mandamentos. Sem falar isso, fica claro que para Churchill, ainda que algum desses dois caminhos tão semelhantes prevalecesse e a sociedade evoluísse materialmente, ela estaria se distanciando de um sentido mais elevado para a sua existência.
Mas Churchill errou em alguns prognósticos. Ele acreditava que o Japão, após a união comuno-nazista, tentaria se aproximar dos EUA e da Grã-Bretanha. Também esperava que Mussolini se afastasse de Hitler. Para azar dele e do mundo, houve o contrário. Mas também para sorte do mundo, Stálin não investiu firmemente nos planos de Hitler, preferindo acompanhar a escalada da guerra para tomar posição apenas quando estivesse mais fácil decidir qual lado, mais fragilizado, atacar. Numa época de insanidade social e científica, não dava mesmo para contar com respostas elementares.
Tanto tempo depois, as loucuras do mundo não parecem ter a mesma força de 1939 ao menos em um aspecto: não há forças centrais estabelecidas com os intuitos mais nefastos no comando de uma das grandes potências. As ameaças de ainda mais decadência para a comunidade global hoje são sem dúvida graves, e têm no extremismo islâmico sua maior expressão, mas não chegam perto do que representava o gigantismo russo e o poderio militar nazista. Por outro lado, por um relaxamento trazido pela ilusão da paz duradoura e de avanços tecnológicos, o mundo hoje não tem nos chefes de estado ou em seus conselheiros mais próximos homens com grandeza de caráter e espírito como Churchill, que praticamente sozinho (em 1939) conseguia olhar para os aspectos mais relevantes das alianças políticas que se realizavam e para onde elas levariam o mundo. Churchill foi um gigante  que se ergueu contra uma época de loucura, enquanto hoje os chefes de estado se dobram para promover movimentos segregacionistas e revolucionários que podem nos levar a uma crise que não vivenciamos desde a década de 1940.

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