As patotas acadêmicas entre mestres e doutores
Heitor Machado -
Um antigo ditado chinês diz que não há bons ventos para quem não
sabe aonde quer chegar. Completo, não adianta correr muito sem objetivo.
Eu e meus sócios temos ambições muito claras, queremos mudar a
educação. Como? Queremos que ela se torne mais efetiva. Você não mata
mosca com bazuca, entende aonde quero chegar?
Quando falamos de produtividade no Brasil, esquecemos muitas vezes
que estamos analisando conceitos muito fáceis que se encontram
equivocados em suas raízes. Infelizmente, muitas das produções
educacionais de graduação, mestrado e doutorado são análises subjetivas,
incompatíveis com resultados práticos. Papel aceita qualquer coisa e
infinitas teses estão se acumulando em bibliotecas sem utilidade. São
anos e anos de trabalho sem efetividade.
Não obstante, muitas vezes esses resultados acadêmicos são
financiados com dinheiro vindo de bolsas. Isso é, na prática trabalhos
como “MY PUSSY É O PODER: A representação feminina através do funk no
Rio de Janeiro: Identidade, feminismo e indústria cultural”, “As estratégias de vida das costureiras: confecção, facção e confiança no Pólo de Moda de Petrópolis”,
entre outros, estão servindo de acúmulo de títulos sem utilização geral
para a sociedade. Na Escola Naval, um veterano pediu, a título de
trote, que um colega fizesse uma redação sobre “A influência da
menstruação da baleia azul nas correntes antárticas”. Essa redação teve o
mesmo uso de alguns trabalhos que levam anos para serem produzidos,
foram guardados na lembrança e viraram uma boa história de bar.
A única diferença prática está na hora do almejado concurso público. O
aluno que estudou 4, 6, 10 anos, estará à frente de outros candidatos
nas provas de entrada para cargos públicos nas faculdades federais.
Sendo depois de aprovado, o docente a ensinar mais “profissionais”
criadores de mais teses exóticas. Super válido, não fosse a fonte dos
financiamentos, os fundos destinados à educação. Assim como quem decide o
aumento dos parlamentares, são os próprios, quem decidirá o futuro
pensador serão os próprios intelectuais!
Tenho gosto por resultados concretos na área educacional, percebo que
falta efetividade nesses caminhos. Compartilhando sobre o meio que vivo
muito, o de Startups, que são empresas nascentes que ainda estão no
campo das idéias. Existem empresas especializadas no crescimento dessas
pequenas sementes, chamadas “Aceleradoras”. Essas empresas são
responsáveis pela seleção das Startups para os programas de alavancagem e
em contrapartida viram sócios dessas pequenas empresas que tem grande
chance de se tornarem empresas milionárias. Quando Mike Markkula fez o
investimento na Apple, em 1976, era isso que ele estava fazendo,
acreditou na idéia, investiu parte de suas economias e fez da Apple uma
das maiores empresas do mundo. Aconteceu com Dropbox, Waze, entre
outros.
O efeito prático desses investimentos é um retorno absolutamente
ponderável e fazem diferença. No entanto, a cultura de graduação não
segue a mesma lógica. O produto final da produção intelectual só é
atestado por uma banca, ao final de um grande ciclo de gastos de tempo e
dinheiro. Dizem no mercado financeiro que “quem vende sonho é padaria”,
vivemos num mundo real aonde recursos são escassos e precisam ser bem
alocados, ignorar essa lei econômica é desrespeitar o pagador de
impostos, qualquer cidadão que vive e produz resultados efetivos.
Não seria, talvez, mais efetivo que essa massa intelectual pensasse
em retorno prático? Vou dar uma dica aqui de tese: A ingratidão de
alguns cientistas humanos pelo capitalismo. Antes da revolução
industrial, 95% das pessoas estavam voltadas para a produção de
alimentos. Com a elevação da produtividade, vindo da mecanização dos
meios de produção no campo, reduzimos esse número a 5%. Uma em cada
vinte pessoas no mundo trabalham para produzir comida, enquanto que as
outras 19 estão envolvidas em outras atividades, inclusive nas
faculdades para produzir material anticapitalismo. Ignoram que não fosse
esse aumento de produtividade, estariam vivendo até no máximo 40 anos.
Não me surpreende o fato do grande sucesso dos MBA’s (pós-graduações
voltadas para negócios) e Mestrados Profissionais estarem numa insana
procura, aonde as filas de espera podem chegar a meses. Na minha luta
pela melhoria da educação, procuro a mudança para esse tipo de
efetividade. Atender a demanda reprimida que há nesse mercado ainda
engessado. E acho simplesmente absurdo que a vaga e uma boa bolsa em
dinheiro para a formulação da tese venham antes da mínima avaliação se
aquela idéia terá ou não eficácia no mundo real. Vejo que a educação
ainda tem muito a aprender com a iniciativa privada, na forma de
avaliação e gestão que são as medidas imediatas a serem adotadas o mais
rápido possível, sob ameaça de continuar a ser mais uma suculenta teta
na vaquinha do governo.
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