Caio Blinder - VEJA
O vídeo no sábado mostrando a decapitação do jornalista Kenji Goto é
mais um ato do ritual de barbárie do movimento terrorista Estado
Islâmico e pode ser um ponto de virada na política externa japonesa,
algo histórico no cenário global.
De acordo com o Estado Islâmico, Kenji Goto era mantido cativo com um piloto jordaniano e estão em curso esforços para trocá-lo por uma terrorista iraquiana condenada na Jordânia há dez anos após fracassar no seu atentado suicida com a detonação de explosivos.
Os japoneses ficaram estarrecidos com os sequestros de Haruna Yukawa (decapitado quando o Japão se recusou a pagar US$ 200 mihões de resgate) e do experiente e respeitado jornalista Kenji Goto, capturado pelo terror quando foi para a Síria tentar salvar o refém, de quem era amigo. A palavra de ordem no Japão se tornou Eu Sou Kenji em alusão ao icônico Je Suis Charlie
A execução de Kenji Goto (que não mostrarei aqui) apenas reforça o dilema japonês. O Estado Islâmico alega que a barbárie foi uma represália à decisão japonesa de justamente oferecer US$ 200 milhões de ajuda humanitária a países oponentes do terror islâmico.
A ajuda foi mais um gesto que confirmou o empenho do primeiro-minsitro Shinzo Abe de se distanciar do pacifismo e neutralidade do seu país em questões internacionais, uma herança da derrota na Segunda Guerra Mundial.
O lado negativo de Abe é o revisionismo histórico, quando quer dourar as coisas atrozes feitas por seu país na Segunda Guerra Mundial. O lado positivo é tentar empurrar o Japão a abandonar a postura marcada por mercantilismo, uma diplomacia anódina de querer ser amigo de todo mundo e o comodismo da proteção militar americana.
O crescente conflito geopolítico com a China mostra o anacronismo desta postura e a agressividade de Abe alimenta a mudança da cultura diplomática japonesa. Resta saber agora qual será o impacto desta barbárie do terror islâmico na cultura política da sociedade japonesa.
De um lado, pode servir de argumento de que não dá mais para o país se esconder atrás da “neutralidade camuflada”, na expressão de Yukio Okamoto, um especialista em defesa que respalda a postura mais agressiva de Abe, citado pelo jornal Financial Times. A barbárie expõe a opinião pública japonesa diante das verdades inconvenientes do mundo. Não dá mais para ficar em cima do muro.
De outro lado, os japoneses podem ficar ainda mais reticentes, buscando com mais determinação o conforto do distanciamento e do isolamento, com o alerta pacifista de que não devem ser sugados para aventuras externas.
É provável que a curto prazo a tragédia das mortes dos dois reféns pelos bárbaros do terror islâmico seja um revés político para o primeiro-ministro Shinzo Abe. No entanto, as pressões internacionais (a destacar o expansionismo chinês) não deverão permitir que o Japão fique escondido na sua “neutralidade camuflada”. O país irá se resgatar de sua própria história.
De acordo com o Estado Islâmico, Kenji Goto era mantido cativo com um piloto jordaniano e estão em curso esforços para trocá-lo por uma terrorista iraquiana condenada na Jordânia há dez anos após fracassar no seu atentado suicida com a detonação de explosivos.
Os japoneses ficaram estarrecidos com os sequestros de Haruna Yukawa (decapitado quando o Japão se recusou a pagar US$ 200 mihões de resgate) e do experiente e respeitado jornalista Kenji Goto, capturado pelo terror quando foi para a Síria tentar salvar o refém, de quem era amigo. A palavra de ordem no Japão se tornou Eu Sou Kenji em alusão ao icônico Je Suis Charlie
A execução de Kenji Goto (que não mostrarei aqui) apenas reforça o dilema japonês. O Estado Islâmico alega que a barbárie foi uma represália à decisão japonesa de justamente oferecer US$ 200 milhões de ajuda humanitária a países oponentes do terror islâmico.
A ajuda foi mais um gesto que confirmou o empenho do primeiro-minsitro Shinzo Abe de se distanciar do pacifismo e neutralidade do seu país em questões internacionais, uma herança da derrota na Segunda Guerra Mundial.
O lado negativo de Abe é o revisionismo histórico, quando quer dourar as coisas atrozes feitas por seu país na Segunda Guerra Mundial. O lado positivo é tentar empurrar o Japão a abandonar a postura marcada por mercantilismo, uma diplomacia anódina de querer ser amigo de todo mundo e o comodismo da proteção militar americana.
O crescente conflito geopolítico com a China mostra o anacronismo desta postura e a agressividade de Abe alimenta a mudança da cultura diplomática japonesa. Resta saber agora qual será o impacto desta barbárie do terror islâmico na cultura política da sociedade japonesa.
De um lado, pode servir de argumento de que não dá mais para o país se esconder atrás da “neutralidade camuflada”, na expressão de Yukio Okamoto, um especialista em defesa que respalda a postura mais agressiva de Abe, citado pelo jornal Financial Times. A barbárie expõe a opinião pública japonesa diante das verdades inconvenientes do mundo. Não dá mais para ficar em cima do muro.
De outro lado, os japoneses podem ficar ainda mais reticentes, buscando com mais determinação o conforto do distanciamento e do isolamento, com o alerta pacifista de que não devem ser sugados para aventuras externas.
É provável que a curto prazo a tragédia das mortes dos dois reféns pelos bárbaros do terror islâmico seja um revés político para o primeiro-ministro Shinzo Abe. No entanto, as pressões internacionais (a destacar o expansionismo chinês) não deverão permitir que o Japão fique escondido na sua “neutralidade camuflada”. O país irá se resgatar de sua própria história.
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