domingo, 1 de fevereiro de 2015

Refutando as dez maiores impropriedades que ouvi e li sobre os atentados da França – Parte 3 
Igor Wildmann - Instituto Liberal
7) “O verdadeiro islã é tolerante e plural !”
Nem tanto, meu caro branco – burguês bonzinho e sonhador, “menos, menos”…
A maioria dos historiadores sustenta ter havido uma era de ouro no Califado de Córdoba, na qual a tolerância islamo-ibérica superava em muito a tolerância cristã medieval. De resto, no entanto, a “tolerância” habitual no Califado de Badgad, por exemplo, significava deixar os “Dhimmis” (“povos do livro”, referência a judeus e cristãos) viverem, sob algumas restrições: um imposto especial para a prática religiosa não-islâmica, proibição de testemunhar contra um muçulmano, proibição de ter cavalos, obrigação de levantar-se diante da passagem de um muçulmano, etc. Aos idólatras – seguidores de outras religiões, como zoroastrismo, cultos animistas, etc – a opção era simples: conversão ou morte.
Mais modernamente, tivemos o Império Turco Otomano, que não consta ter criado problemas para minorias, além de, “apenas” o genocídio dos armênios: escravização, deportação e assassinato em massa por afogamento, marchas extenuantes, intoxicação por agentes químicos, em 25 campos de extermínio. Os Armênios, de etnia majoritariamente turca, eram cristãos.
Hoje, mesmo os muçulmanos “moderados” são, via de regra, “ultra reacionários” para os padrões ocidentais, em questões como direitos das mulheres, direitos dos gays, liberdade de expressão, direito à mera existência de Israel, liberdade às minorias religiosas, respeito ao ateísmo, etc. Repito, pela terceira vez: os jihadistas – aqueles que estão prontos a matar e morrer por Alah – são minoria, mas, dizer que a maioria é “tolerante e pluralista” – ao menos pelos padrões ocidentais modernos – é um romantismo bobo. Os muçulmano “super modernos e tolerantes” são muçulmanos ocidentalizados.
Eles existem, mas são minoria.
Vale, sobre esse ponto, ler o livro da muçulmana, moderna, paquistanesa, ocidentalizada, lésbica, perseguida, ameaçada de morte e exilada no Canadá, Irshad Manji, cujo título em português é “Minha briga com o islã”.
8) “Os jihadistas são jovens desesperados e oprimidos pelo neoliberalismo / capitalismo / ocidente / imperialismo / sionismo / ciclismo / malabarismo !”
Uma asneira típica de quem quer dar palpite sem ler nem uma orelha de livro sobre o tema: o Jihadismo é, ele próprio, uma ideologia imperialista, mesmo na acepção marxista do termo (Rosa Luxemburgo, teórica marxista, dizia que o imperialismo é a expansão da cultura e modo de vida pela violência, pela imposição).
Para o fundamentalismo islâmico, o islã não é uma religião, mas UM MODO DE VIDA COMPLETO, QUE SÓ PODE SER REALIZADO SOB UM ESTADO ISLÂMICO (“In” Sami Ahmed Isbelle, O Estado Islâmico e sua organização, pg 04), leia-se, um Estado TEOCRÁTICO. Ou seja: um Estado onde não exista a lei civil, mas apenas a aplicação literal da Sharia (lei religiosa islâmica). Por isso os fundamentalistas são essencialmente TEOCRATAS e não aceitam nenhum governo que não seja um governo religioso islâmico, inclusive os governos seculares de países muçulmanos.
A “primavera árabe”, queridinha dos sub-informados bem intencionados, não foi feita para instituir democracia, mas para destituir governos seculares e substituí-los por teocracias fundamentalistas. Estima-se que os jihadistas sejam entre 15% a 20% do total de muçulmanos (Pensem em 15% de um total de 1,2 bilhão de pessoas no mundo, sendo 20 milhões na Europa, dos quais cerca de 5 a 6 milhões na França. O Estado de Israel, para se ter idéia, conta com 1,2 milhão de muçulmanos, 20% de seus cidadãos, isso sem considerar a população de Gaza e Cisjordânia).
O movimento jihadista conta com escolas de doutrinação (Madrassas), sites internet afora, redes de TV, campos de treinamento sobretudo no Sudão,Síria, Iêmen, Afeganistão, Paquistão, Irã, Síria e Líbia. O movimento conta também com DINHEIRO. Muito dinheiro. Uma boa parte desse dinheiro vem dos petrolólares de organizações sediadas em países queridinhos do ocidente e dos EUA como o Catar e Arábia Saudita, outros nem tanto como Sudão e Irã.
A pessoa que comete um atentado sabe que provavelmente irá morrer. E ela não entra nessa sem uma boa dose de lavagem cerebral e uma boa infraestrutura por trás. As famílias dos Shahids (mártires) do Hamas, por exemplo, que se explodem para matar judeus/israelenses, recebem uma considerável bolada pelo “sacrifício do mártir”, além da honra à toda a família. Daí a prática – judicialmente questionada junto à Suprema Corte Israelense – de demolir as casas dos jihadistas, para compensar as referidas boladas e gerar algum temor naqueles que sacrificarão a própria vida pela “causa”.
O objetivo do jihadismo é implementar a Sharia, transformando em Califados todos os cerca de 50 países islâmicos do mundo, além de Israel – que deve, segundo o Estatuto do Hamas, ser destruído por estar no Oriente Médio, Dar Al Islam, Terra do Islã – e dos países onde o islã já dominou, inclusive península Ibérica e sul da França. Para o jihadismo, toda a península arábica é Wakf – terra sagrada, santa, inegociável, indivisível, do Islã – e os locais geográficos nos quais o islã é ou já foi maioria, são Dar Al Islam, terra do Islã e portanto devem estar sujeitas a Estados Islâmicos, ou seja, a governos teocráticos islâmicos. ( O livro: “O vulto das Torres, de Lawrence Wright, é uma boa leitura sobre o tema.)

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