domingo, 26 de fevereiro de 2012

ENQUANTO ISSO, NA INTERNET...

Antártica ou Antártida?
Tudo indica que a forma mais indicada é a primeira. O nome Ártico vem do Grego 'arktos' - urso, não por causa dos ursos do Pólo Norte, mas sim por causa da Grande Ursa, a constelação do Norte. O continente gelado do Sul, a Antártica, foi convenientemente batizada como "oposta ao Ártico" (anti + arctico). Nos mapas-múndi do século dos Descobrimentos figurava um "continente Austral", que se estenderia da Austrália (que só era conhecida em parte) até a Terra do Fogo, sem interrupção. Muitos navegadores dos séculos XVI e XVII chegaram bem perto, ao passar do Pacífico ao Atlântico, mas, ao que parece, o primeiro a atravessar o Círculo Antártico foi James Cook, na sua viagem de 1772-5, comandando o Resolution e o Adventure (nomes perfeitos para um navio se tornar lendário ...) .
De onde teria vindo a variante Antártida (com "D"), usada principalmente pelos países de língua espanhola (a Argentina, o Chile, a própria Espanha)? A melhor explicação foi de uma enciclopédia chilena na Internet ("Icarito"), que justifica a alteração por uma associação equivocada com o continente perdido da Atlântida. Faz sentido, por duas razões. A primeira, de base lingüística: desconsiderando a etimologia do nome (que está, como vimos, associada ao Ártico), pode-se construir uma simples proporcional, em que o adjetivo atlântico está para o substantivo Atlântida, assim como o adjetivo antártico estaria para Antártida.
A segunda, pelo lugar que ambas, Atlântida e Antártica, ocuparam no imaginário do Ocidente por centenas de anos: terras misteriosas, ignotas, onde tudo poderia acontecer. Enquanto os noruegueses de Amundsen e os ingleses de Scott, na virada deste século, não desbravaram o Continente Branco, a Literatura se aproveitou deste último rincão desconhecido de nosso planeta para imaginar paisagens fantásticas. Basta lembrar ao leitor o mundo tropical, misterioso e aterrorizante, que Poe situa nas imediações do Pólo Sul em seu inigualável "As Aventuras de Arthur Gordon Pym" , que mereceu a continuação de pelo menos dois famosos escritores, Júlio Verne ("A Esfinge dos Gelos") e H. P. Lovecraft ("As Montanhas da Loucura").
O Francês ora usa Antarctique, ora Antarctide. No Brasil, a hesitação vai pouco a pouco se resolvendo em favor da forma internacional Antártica. É a forma utilizada, por exemplo, no sítio da Universidade Federal de Santa Maria (www.ufsm.br/antartica), que desenvolve pesquisas na região, e no sítio de Amyr Klink, Antártica 360° (www.360graus.com.br).

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