quinta-feira, 30 de junho de 2016

DEATH ANGEL - HATRED UNITE/UNITE HATRED

Renan desengaveta projeto que define crimes de abuso de autoridade
Medida enquadra delegados, promotores, juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores e prevê pena de até quatro anos e multa
Laryssa Borges - VEJA
O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante encontro com governadores, juntamente com o presidente da República em exercício, Michel Temer, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) - 20/06/2016O presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), durante encontro com governadores, juntamente com o presidente da República em exercício, Michel Temer, no Palácio do Planalto, em Brasília (DF) - 20/06/2016(Evaristo Sá/AFP)
Investigado nas operações Lava Jato e Zelotes e alvo recente de um pedido de prisão, o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) decidiu desengavetar o controverso anteprojeto que define crimes de abuso de autoridade. Nesta quinta-feira, o peemedebista anunciou que pretende reativar uma comissão que discute trechos não regulamentados da Constituição e votar o texto no colegiado até dia 13 de julho.
O projeto que define os crimes de abuso de autoridades estava engavetado desde 2009 e volta a tramitar no momento em que Renan tem em mãos pedidos de impeachment contra o procurador-geral da República Rodrigo Janot e em que o próprio Congresso está nas cordas devido aos sucessivos escândalos de corrupção e de inquéritos relacionados ao petrolão.
O texto que trata de abuso de autoridade enquadra delegados, promotores, membros do Ministério Público, juízes, desembargadores e ministros de tribunais superiores e prevê como pena até quatro anos de prisão e multa, além da perda de função da autoridade em caso de reincidência. O anteprojeto estabelece diversas situações consideradas como abuso de autoridade, como ordenar prisão "fora das hipóteses legais", recolher ilegalmente alguém a carceragem policial, deixar de conceder liberdade provisória quando a lei admitir e prorrogar a execução de prisões temporárias.
Em meio às recorrentes críticas sobre o instituto da delação premiada e à recente divulgação de conversas em que o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado gravou políticos contrários à Operação Lava Jato, o anteprojeto de abuso de autoridade também estabelece como crime ofender a intimidade de pessoas indiciadas, constranger alguém sob ameaça de prisão a depor sobre fatos que possam incriminá-lo, submeter o preso a algemas quando desnecessário e interceptar conversas telefônicas ou fazer escuta ambiental sem autorização.
Embora o projeto de abuso de autoridade se amolde perfeitamente ao interesse de investigados, Renan Calheiros negou que a inclusão deste tema entre as prioridades do Senado esteja relacionado com o avalanche de políticos investigados por crimes, como corrupção e lavagem de dinheiro. "Esse projeto estipula regras para todas as instâncias terem punição quando houver abuso de autoridade. Não adianta, ninguém vai interferir no curso da Lava Jato. A esta altura há uma pressão muito grande da sociedade no sentido que essas coisas todas se esclareçam. Só se vai separar o joio do trigo se concluir a investigação", disse.
Dilma desiste de voar em aviões da FAB por causa de alto custo
Jr Manolo -17.jun.2016/Fotoarena/Folhapress
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) participa do lançamento do livro "Resistência ao golpe de 2016″, na UFPE
A presidente afastada, Dilma Rousseff (PT), participa de lançamento de livro no Recife
Dilma já fretou um jato por R$ 90 mil para ir e voltar de Brasília a Belém na quinta (30), onde participará de um evento. Auxiliares da petista dizem que a FAB "cobrou mais caro" pelo trecho no avião oficial.
Segundo a Folha apurou, a FAB havia informado ao Planalto que custear os trechos em aeronaves militares sairia mais caro do que fretar um jato particular.
Auxiliares do interino afirmam que a hora/voo no Legacy 145, avião da FAB utilizado por Dilma, custa em torno de R$ 20 mil. Procurada, a FAB diz que não informa os valores de sua logística por serem considerados "estratégicos" da aviação militar.
Dessa forma, a viagem de ida e volta custaria cerca de R$ 100 mil, já que o percurso leva, em média, cinco horas.
Diante do comunicado da FAB, Temer desistiu de recorrer da decisão da Justiça Federal do Rio Grande do Sul que, na semana passada, autorizou Dilma a utilizar aviões oficiais para além do percurso Brasília e Porto Alegre desde que pagasse pelo trecho.
Parecer da Casa Civil havia restringido seu uso das aeronaves oficiais apenas para visitar seus familiares no RS.
'VAQUINHA'
Dilma estreou nesta quarta (29) a plataforma digital que usará como forma de arrecadar recursos para pagar suas viagens pelo país.
A primeira doação foi de R$ 10 e, após sete horas, a arrecadação chegava a R$ 123.989, com cerca de 1.600 doadores.
Intitulada "Jornada pela Democracia – Todos por Dilma", a ferramenta de financiamento coletivo foi criada por duas amigas da petista da época da ditadura e tem o objetivo de juntar R$ 500 mil.Elas gravaram um vídeo para falar da "relação de solidariedade" e do "vínculo fortíssimo" que estabeleceram com Dilma.
"As medidas coercitivas em relação a Dilma são absurdas e ilegais, como é que um governo como este [de Temer] tira qualquer direito, inclusive o de mobilidade, da presidente?, diz Guiomar Lopes, uma das idealizadoras do projeto. 
Atentado na Turquia é alerta para a Rio-2016
A pouco mais de um mês para as Olimpíadas, ataque a aeroporto de Istambul reforça necessidade de vigilância e ação integrada internacional contra o terror 
O Globo
O atentato no Aeroporto Ataturk, em Istambul, que matou ao menos 41 pessoas na terça-feira e feriu cerca de 240, se soma a uma série de atos terroristas recentes na Turquia, evidenciando que o país se tornou alvo crescente de extremistas. Desde junho do ano passado, foram realizadas 14 ações por militantes separatistas curdos e extremistas do Estado Islâmico (EI), com quase 300 vítimas fatais. No ataque desta terça-feira, a maioria dos mortos era de nacionalidade turca, mas também havia cinco sauditas, dois iraquianos e um cidadão de China, Irã, Jordânia, Tunísia, Ucrânia e Uzbequistão, segundo dados oficiais.
A violência política, étnica e religiosa reflete a complexidade de uma nação que representa a fronteira — real e simbólica — entre o Ocidente e o Oriente, especialmente a cosmopolita Istambul, cujo aeroporto é um dos mais movimentados do mundo, funcionando como ponto de conexão para dezenas de milhões de passageiros entre Europa, Oriente Médio, África e Ásia.
Membro da Otan, a Turquia também participa da coalizão que vem combatendo as posições do EI na Síria e no Iraque. Tal iniciativa despertou o ódio dos radicais islâmicos.
Internamente, o país sofre com divisões políticas profundas, especialmente entre muçulmanos que apoiam o presidente Recep Tayyip Erdogan e a oposição, que defende uma nação secular e nacionalista. Há ainda uma guerra entre o governo e a minoria curda que há décadas luta para se separar, transformando o Sudeste da Turquia numa região conflagrada.
Os separatistas curdos estiveram por trás de inúmeros atentados. Já o regime turco é acusado de autoritarismo e de agir com truculência contra a minoria, o que retardou o processo de adesão formal do país à UE.
Em meio à crise humanitária provocada pelo fluxo de refugiados sírios à UE, a Turquia desempenhou um papel crucial, ao aceitar receber refugiados pegos tentando entrar irregularmente na Europa. A contrapartida do acordo foi a aceleração do processo de incorporação do país ao bloco europeu, apesar das acusações de violações de direitos humanos. Além disso, os atentados de terça-feira ocorreram um dia após o governo turco ter anunciado uma reaproximação diplomática com Israel e Rússia, reforçando seu papel como ator estratégico na região.
Os radicais, como se vê, miram alvos com alto poder simbólico, além de civis inocentes. É assim que chamam a atenção para suas causas, e isto é inadmissível. Nenhuma população pode ficar refém de extremistas. O atentado no aeroporto Ataturk é o mais recente alerta sobre a necessidade de uma ação conjunta contra o terror.
A pouco mais de um mês de sediar as Olimpíadas, o Rio se encaixa neste perfil e deve redobrar a vigilância. Por isso, é louvável a iniciativa do governo federal para uma atuação ainda mais integrada com serviços de segurança estrangeiros, sobretudo o americano e o israelense.
Comissão de DH da OEA nega pedido de secretário-geral para que o órgão se posicionasse sobre o impeachment
Lauro Jardim - O Globo
Ueslei Marcelino
A Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) negou por unanimidade o pedido do secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, para que a Corte se posicionasse sobre possível “insegurança jurídica” no processo de impeachment de Dilma Rousseff.
A comissão ponderou que não poderia se pronunciar prematuramente para não correr o risco de formar uma posição sobre uma controvérsia interna do Brasil. Diz a resolução da CIDH: 
"Poderia ser uma decisão prematura sobre o tema (...). Além disso, considera que uma resposta para a consulta poderia envolver uma decisão sobre uma questão que ainda não foi resolvida internamente."
Este trecho pode abrir espaço apra uma outra tentativa de Almagro mais tarde, ou seja, depois que o Senado votar o impeachment, em agosto.
A Polícia Federal deveria dar uma olhada no site da Dilma, diz líder do DEM
Severino Motta - VEJA
Brasília - O líder do DEM na Câmara dos Deputados, Pauderney Avelino, fala sobre nomeação do ex-presidente Lula para Casa Civil da Presidência da República, no lugar de Jaques Wagner (Atonio Cruz/Agência Brasil)
Pauderney: Olha lá, PF!
Para o líder do DEM na Câmara, Pauderney Avelino, a possibilidade de se fazer doações via boleto bancário na ‘vaquinha virtual’ que está sendo feita por Dilma Rousseff é algo que deveria ser observado de perto pela Polícia Federal e pelo Ministério Público.
Pelo sistema, basta se colocar um número qualquer de CPF ou CNPJ (há vários na internet) para que um boleto seja gerado.
Num caso como esse, o boleto pode ser pago sem que se saiba efetivamente quem está doando e de que cofre veio o dinheiro.
Construtora Delta lavou R$ 370 mi em obras viárias e do Pan do Rio, diz PF
Reprodução/TV Globo
O empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, foi detido em Goiânia. Também foram expedidos mandados de prisão contra o empresário Adir Assad, já condenado na Lava Jato, e contra o ex-presidente da empreiteira Delta Construções Fernando Cavendish, que no momento está no exterior.
O empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, é detido em Goiânia
Entre 2007 e 2012, segundo os investigadores, a Delta lavou R$ 370 milhões por operadores escolhidos pelo esquema que realizaram pagamentos a 18 empresas de fachada criadas pelo empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso esta manhã em Goiânia. Já entre 2006 e 2012, o Dnit repassou à empresa cerca de R$ 11 bi à Delta. O MPF constatou fraudes em licitação, superfaturamento, desvios de verba pública e pagamentos indevidos em projetos de infraestrutura.
"Em cada uma das obras que conseguimos identificar, a Delta obteve alguma vantagem. No caso do parque Maria Lenk houve uma dispensa indevida de licitação. Há casos em que as obras sequer foram feitas", explicou o procurador da República Leandro Mitidieri.
Até às 12h desta quinta, três haviam sido presas. Duas em Goiás: além de Carlinhos Cachoeira, ainda foram detidos o diretor Cláudio Abreu, diretor da Delta. Em São Paulo, a PF prendeu o empresário Adir Assad. Outros dois ainda não foram detidos. Um deles, no Rio, é o empresário Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta. Cavendish deixou o Brasil no último dia 22. A PF acredita que ele deve fazer algum contato com a polícia nas próximas horas. O outro procurado, este em São Paulo, é Marcelo Aboud. A sua defesa já fez contato com a PF informando que ele irá se entregar nas próximas horas.
A operação Saqueador descobriu um esquema montado, de acordo com o procurador da República Leandro Mitidieri, pela Delta Construções para lavar dinheiro de propina repassados à agentes públicos. Para tentar descobrir o caminho do dinheiro, peritos da Polícia Federal passaram 30 dias realizando análises contábeis na documentação da Delta.
"Seguimos o dinheiro ao inverso tentando chegar à origem. Assim conseguimos o vínculo direto com as obras públicas", afirmou o delegado Tácio Muzzi, da Delegacia de Repressão à Corrupção e Crimes Financeiros (Delecor).
Malafaia aponta inadimplência de José de Abreu com Lei Rouanet
Severino Motta - VEJA
Abreu: Inadimplente na Rouanet?
Malafia aponta inadimplência de Abreu
Ontem, ao comentar a operação Boca Livre da Polícia Federal e criticar a Lei Rouanet, o pastor Silas Malafaia teve um embate, via twitter, com o ator José de Abreu.
Ele reclamou que artistas reconhecidos, com capacidade para obter financiamentos próprios, representam a maioria dos que são beneficiados com altos incentivos da lei.
Citou como exemplo José de Abreu e, quem acompanha o ator nas redes sociais (ou em restaurantes), sabe que ele não dispensa uma briga (ou uma cusparada).
Malafaia acusou Abreu de estar inadimplente com a Rouanet e, mesmo assim, seguir obtendo incentivos com a legislação.
Com o barulho nas redes sociais, o pastor prometeu publicar nesta tarde provas da inadimplência.
Na prática, Malafaia se referiu à série de espetáculos “Fala Zé – Turnê sul e sudeste”, que teve projeto apresentado ao Ministério da Cultura há cerca de 10 anos. A proponente do projeto foi a hoje ex-mulher de Abreu Camila Paola Mosquella.
Quem entra na página do Minc e busca dados sobre o projeto é informado que a situação está “inadimplente – não respondeu a diligência da prestação de contas”. Tal andamento é de 2011. Além disso, ao checar os dados da proponente Mosquella, consta o email “josedeabreu@globo.com”.
O projeto recebeu um incentivo de 299 400 reais. A peça conseguiu captar todo o dinheiro. Quem bancou integralmente a turnê foi a Petrobras.
Fernando Cavendish, Carlinhos Cachoeira e Adir Assad são alvos de operação da PF e MPF
Operação acontece no Rio, São Paulo e Goiás; eles são acusados de usar empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões obtidos pela empreiteira Delta
Chico Otavio e Juliana Castro - O Globo
RIO - O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) deflagraram na manhã desta quinta-feira uma operação para cumprir cinco mandados de prisão em São Paulo, Rio e Goiás. Entre os alvos estão o ex-presidente da empreiteira Delta Construções Fernando Cavendish, o bicheiro Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, e o empresário Adir Assad, que já foi condenado na Operação Lava-Jato.
A investigação constatou que os envolvidos, "associados em quadrilha", usaram empresas fantasmas para transferir cerca de R$ 370 milhões, obtidos pela Delta direta ou indiretamente, por meio de crimes praticados contra a administração pública, para o pagamento de propina a agentes públicos.
Também são alvo da operação Cláudio Dias Abreu, que já foi diretor regional da Delta no Centro-Oeste e Distrito Federal, e Marcelo José Abbud, que, segundo o MPF, é dono de empresas de fachada usadas no esquema de lavagem.
O MPF do Rio ofereceu esta semana denúncia contra Cavendish, Cachoeira, Adir Assad e mais 20 pessoas por envolvimento num esquema de lavagem de verbas públicas federais. O caso foi distribuído ao juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro.
A lista de denunciados conta com executivos, diretores e conselheiros da Delta e proprietários e contadores de empresas fantasmas. Para o MPF, o então dono da Delta era o líder da organização criminosa. A relação entre Cachoeira e Cavendish veio à tona com a Operação Monte Carlo e a CPI do Cachoeira, em 2012. Os dois compareceram ao Congresso na ocasião das investigações.
De acordo com investigação do MPF, 96,3% do faturamento da Delta entre os anos de 2007 a 2012 era oriundo de verbas públicas, totalizando um montante de quase R$ 11 bilhões. Os procuradores afirmam que mais de R$ 370 milhões foram lavados por meio de 18 empresas de fachada. Os responsáveis pela criação delas foram Cachoeira, Assad e Abbud. Por meio de contratos fictícios, as empresas fantasmas lavavam os recursos públicos. Os recursos eram sacados em espécie para o pagamento de propina a agentes públicos para impedir o rastreamento das verbas.
O procurador da República Leandro Mitidieri pede a condenação dos denunciados por lavagem de dinheiro e associação criminosa. A denúncia pretende também uma reparação de R$ 740,8 milhões, pelos danos causados com os crimes.
AUMENTO DE PAGAMENTOS EM ANOS ELEITORAIS
A investigação apontou que os pagamentos feitos pela Delta às empresas de fachada tiveram aumentos significativos em anos de eleições. O MPF apurou que os serviços não eram realizados pelas empresas fantasmas e que elas só existiam no papel, já que não tinham sedes, nem funcionários e, além disso, havia incompatibilidade entre receita e movimentação financeira identificada pela Receita Federal.
De acordo com o MPF, as empresas de Adir Assad e Marcelo Abbud emitiam notas frias para outras empresas e não somente para a Delta, uma vez que serviu ao esquema de desvios na Petrobras, investigado na Operação Lava-Jato.
Recentemente, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o uso, nas investigações no Rio, de trechos da delação premiada de ex-executivos da Andrade Gutierrez investigados na Operação Lava-Jato. Os depoimentos continuam sob sigilo, mas, de acordo com o MPF, confirmam o que foi apurado e demonstram que a Delta era voltada a esquemas de corrupção em obras públicas, especialmente, no Rio.
OPERAÇÃO MONTE CARLO
A Operação Monte Carlo, de fevereiro de 2012, prendeu Carlinhos Cachoeira sob a acusação de que ele comandava uma quadrilha que explorava o jogo ilegal em Goiás. Na Operação, foi apurado que vinha da Delta grande parte do dinheiro repassado às empresas fantasmas de Cachoeira. De acordo com o MPF, Cavendish mantinha contato frequente com o bicheiro para que ele opinasse sobre assuntos relativos à Delta.
Depois que a Operação Monte Carlo foi deflagrada e a CPI, instalada, Cavendish deixou o comando da Delta. A empresa pediu recuperação judicial depois do escândalo.
Alô, senadores! Dilma, a comediante, deixa claro: se voltar, quer governar sem o Congresso
A Afastada decidiu também demonstrar que Temer está cortando direitos dos trabalhadores. Usou como exemplo o reajuste do Bolsa Família e dos servidores, que chamou de “irresponsabilidade fiscal”. Santo Deus!
Reinaldo Azevedo - VEJA
Dilma Rousseff tem o emprego assegurado depois que for impichada de vez: vai ser humorista. Já sugeri à direção da Jovem Pan que a contrate. Por que não? Fora do governo, ela é engraçadíssima. Também falei a Tutinha e Emílio Surita que o “Pânico” não pode abrir mão da sua contribuição. São empregos dignos, que rendem um salário honesto e podem divertir os brasileiros. Na noite desta quarta, a Afastada concedeu uma entrevista ao “Jornal do SBT”. Se a gente levar a serio o que diz, é o caso de recomendar internação.
Começo pelo fim. O entrevistador, Kennedy Alencar, perguntou o que ela fará de diferente caso volte ao poder. Tergiversou um pouco e deu um exemplo: disse que não repetiria o governo de coalizão. Hein? Como assim? “Mas é possível governar sem ele?” E a mulher pensou alto: claro que sim! Segundo ela, dá para governar, então, sem o apoio dos partidos desde que “se discuta claramente com a população”.
Fica o recado aos senadores: caso Dilma volte, pretende adotar o método bolivariano de tomada de decisões, consagrado, no momento, por Nicolás Maduro, aquele notável democrata: nada de intermediação de políticos. Vai ser papo direto e reto com o povo.
Dilma está cada vez mais engraçada porque domina cada vez menos a matemática. E isso ficou claro quando, ainda nos divertindo com a sua galhofa, afirmou que pretende escrever uma carta de compromissos com o povo antes do julgamento no Senado. E o que conterá essa carta?
Ela não sabe ainda muito bem, mas adiantou duas coisas. Em primeiro lugar, disse, “resgatar a democracia”. Vai ver, então, estamos sob o império de uma ditadura. Em segundo lugar, afirmou que pretende devolver os direitos que estão sendo retirados do povo. Mas quais direitos? Que legislação mudou até agora?
E foi aí que se viu Dilma, a comediante, no melhor da sua forma. Na proposta que ela havia enviado ao Congresso, o Bolsa Família teria um reajuste médio de 9%; na aprovada pelo governo Temer, esse índice saltará para 12,5%. Ora, se ele dá um aumento maior do que o dela, onde está a subtração de direitos, considerando que ela própria não deu reajuste nenhum em 2015?
Dilma tentou explicar: é que o majoração deveria ter acontecido em abril, e os 3,5 pontos percentuais a mais, garantidos pelo atual governo, buscariam compensar o atraso. Dilma continua sem saber matemática. É por isso que pedalou tanto.
Mas a petista foi além: embora tenha proposto 9%, e seu antípoda, 12,5%, afirmou que o reajuste do Bolsa Família é pequeno quando confrontado com o dos servidores do Judiciário, como se alhos pudessem ser comparados com bugalhos.
Então ficamos assim. Quando Dilma foi dar exemplos de como Temer está subtraindo direitos dos trabalhadores, escolheu dois:
1: reajuste de 12,5% no Bolsa Família (ela queria dar apenas 9%):
2: reajuste dos servidores do Judiciário.
Vale dizer: a tal perda de direitos estaria traduzida em dois reajustes reivindicados justamente por aqueles que ela diz que estão sendo prejudicados.
E ainda coroou a sua avaliação chamando o conjunto da obra de irresponsabilidade fiscal.
Dá para entender algumas coisas:
– por que o governo dela foi para o buraco;
– por que o governo dela não fazia sentido;
– por que o governo dela era um caos;
– por que não conseguia dialogar com o Congresso;
– por que não conseguia dialogar nem com seus ministros;
– por que era e é detestada no próprio PT.
Há uma expressão de que gosto muito com que Marx brindou Lassale, um de seus adversários intelectuais: “caos de ideias claras”. Dilma é mais óbvia: é um caos de ideias confusas mesmo!
E esta senhora quer voltar!
Boca-livre
FSP
Cada vez mais, felizmente, verifica-se que as investigações da Operação Lava Jato vão deixando de constituir um ponto fora da curva no combate à corrupção no país.
Registraram-se, recentemente, iniciativas da Polícia Federal fora do âmbito do chamado petrolão, em casos como o das contas de campanha de Eduardo Campos (PSB), morto em 2014, e o da Operação Custo Brasil —que levou o ex-ministro petista Paulo Bernardo a ser preso por seis dias.
Numa ação conjunta da PF em São Paulo, no Rio e em Brasília, abre-se agora a caixa-preta das irregularidades na Lei Rouanet. Segundo os investigadores da Operação Boca-Livre, armara-se desde 2001 um esquema destinado a obter vantagens dos mecanismos de isenção tributária previstos na legislação de incentivo à cultura.
Ao longo desse período, cerca de R$ 180 milhões teriam sido desviados em benefício de atividades estranhas aos projetos originais.
No exemplo mais gritante, uma cerimônia de casamento numa praia em Florianópolis foi financiada com recursos oficialmente destinados a atividades culturais.
O noivo era o herdeiro de um grupo empresarial especializado em conseguir a benesse tributária, com atuação no Ministério da Cultura e na Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo.
Apresentações musicais para público de baixa renda eram irregularmente substituídas por shows de interesse privado, como os que, segundo a PF, serviram para entretenimento de convidados de um escritório de advocacia ou de uma empresa de produtos químicos.
Tudo, repita-se, financiado por isenções de impostos: o que equivale a dizer que provinha do conjunto da população brasileira o pagamento de tertúlias voltadas ao deleite de alguns convivas.
O escândalo coincide com uma crescente onda de críticas ao funcionamento da Lei Rouanet, instrumento que sem dúvida necessita de urgente aprimoramento.
O sistema de renúncia fiscal para incentivo à cultura não se confunde, entretanto, com uma fraude em que não se incentivou a cultura, e sim o puro proveito privado.
Por ausência de fiscalização, projetos em tese meritórios —como a distribuição de livros à população carente— financiaram publicações de cortesia para clientes de empresas ou a biografia de um empresário que, com isso, liberava-se de pagar parte de seus impostos.
Abusos desse tipo haverão de se ter multiplicado ao longo da vigência da Lei Rouanet. Cabe revisá-la em seus critérios e amplitudes, mas nenhuma modificação terá eficácia se faltar a fiscalização adequada —e, sempre que necessário, a pronta punição dos corruptos. 
Desordem domina preparativos para Olimpíada, diz humorista na TV dos EUA
Daniel Buarque
Desordem domina preparativos para Olimpíada do Rio, diz humorista na TV dos EUADesordem domina preparativos para Olimpíada do Rio, diz humorista na TV dos EUA
Os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro vão acontecer em menos de dois meses, “ou nunca'', ironizou o humorista norte-americano Stephen Colbert, apresentador do programa Late Show, na TV dos EUA. Em um segmento nesta semana, o apresentador listou muitos dos problemas que afligem os preparativos para a Olimpíada, e deixou claro que a desordem está tomando conta no Brasil.
“O governador do Rio disse ontem que a Olimpíada poderia ser um grande fracasso, o que é uma melhora. Até ontem, parecia que seria uma grande catástrofe'', disse.
colberttO humorista falou sobre a violência, por exemplo, e disse que o slogan de campanhas de turismo no Brasil vai mudar para: “Brasil, venha pelos esportes, fique porque você morreu''. E ressaltou que a situação é ainda pior por conta de protestos da polícia local, que diz estar despreparada para garantir a segurança do evento.
Segundo Colbert, o símbolo dos Jogos do Rio vai mudar: Em vez de três pessoas dando as mãos, vai haver duas pessoas assaltando uma outra.
Colbert falou ainda sobre a epidemia de zika, a morte da onça em evento oficial, sobre a poluição na baía da Guanabara e sobre as suspeitas de corrupção. Segundo ele, muitos dos locais dos Jogos não foram terminados, disse, “possivelmente porque mais de US$ 10 bilhões em contratos para obras foram destinados a apenas cinco empresas, todas elas sob investigação por corrupção, o que levou executivos a serem presos e processados. O lado positivo para eles é que os presídios não ficarão prontos até 2036.''
O segmento de piadas durou quase cinco minutos, mostrando uma imagem negativa do Rio e do Brasil, o que tem ganhado força na imprensa internacional nos últimos dias.
O site jornalístico norte-americano “Vox'' mostrou nesta semana que o Rio “está passando por um outro grande projeto: escondendo e removendo os pobres da vista dos visitantes'', diz. Um vídeo começa mostrando o muro construído para bloquear a vista da Maré para quem vai do aeroporto do Galeão à Zona Sul, onde ficam as praias.
http://brasilianismo.blogosfera.uol.com.br/2016/06/27/reportagem-do-vox-diz-que-rio-esconde-pobres-dos-visitantes-da-olimpiada/
Sentimento de abandono e aversão à mudança motivaram votos pró-Brexit
Benoît Hopquin - Le Monde
Reinhard Krause/Reuters
Não conhecemos bem a Inglaterra do Brexit. Mas conhecemos muito bem seu equivalente na França. E quando os enviados especiais falam nas divisões do Reino Unido reveladas pelo plebiscito de 23 de junho, constatamos aqui as mesmas, exatamente as mesmas. Seria possível citar o mesmo tanto de cidades que lembram aquelas que votaram a favor da saída da UE, tantas Thurrock-sur-Loire, Bolsover-sur-Rhône ou Ashfield-sur-Garonne.
O verbete delas na Wikipédia não é muito mais recheado. Longe dos circuitos turísticos, só se vai até elas quando se tem o que fazer. Se essas zonas urbanas são chamadas de "campo", é prova de ignorância. Se são chamadas de "cidade do interior", tudo bem. Chamamos de "França periférica", "França esquecida" ou de "França invisível", na falta de opção melhor.
Sabemos como são essas cidades sem prestígio e quase sem nome, poderíamos descrevê-las de olhos fechados. Na entrada, há a área comercial e o supermercado. O preço da gasolina é anunciado em letras maiúsculas: suas variações ditam em parte o humor e os fins de mês.
Existem os pequenos comércios, muitas vezes franquias, da rua de pedestres, que baixam suas portas entre meio-dia e 14h, quando não o fazem para sempre. Existem as noites tediosas de domingo, quando tudo está fechado, e as segundas-feiras de cidade morta. Tem a fábrica, abandonada ou funcionando a meio vapor, que foi comprada, revendida, desmembrada e que em breve será uma carcaça vazia. As máquinas foram para outro lugar e os homens ficaram, tendo menos valor. Os filhos vão embora estudar na capital regional e não voltam mais.
Longe de Paris, longe de Bruxelas, mais nas cabeças que na geografia, existe esse sentimento de abandono e até de inutilidade, mas ao mesmo tempo tomado de um desejo de ensimesmamento, de uma recusa de mudança, como uma garantia de qualidade de vida. Ali reina uma certa inércia, como uma forma derradeira de resistência a essa globalização selvagem. Ali também, como em Harlow ou Cannock Chase, arrasta-se pelas ruas algo de imutável.
Como falar sobre essa mistura de quietude do cotidiano com inquietude pelo futuro? Essa França não é muito falante, finge uma enganosa reserva e mesmo quando ela fala, mal é ouvida. Ela acredita que não tem mais nada a perder que ela já não tenha perdido. É esse lado marginal que é o mais preocupante.
É fácil de ver como ela votaria se, amanhã, fosse organizado um referendo sobre o "Frexit". Essas cidades reagiriam como Kirklees, Hartlepool, Medway. Já se suspeita o que elas farão nas próximas eleições presidenciais.
Líder pró-Brexit quer que Reino Unido mantenha livre comércio com UE
Éric Albert - Le Monde
Ed Sykes/Reuters - 22.jun.2016
Boris Johnson, ex-prefeito de Londres
Boris Johnson, ex-prefeito de Londres
Boris Johnson parece tratar sua relação com a União Europeia como se fosse seu casamento. Com muitas infidelidades, um filho ilegítimo, mas, no final, ele quer que o casal permaneça junto. Desde que venceu o plebiscito, o favorito para se tornar o próximo primeiro-ministro britânico tem dado a entender que ele não quer mudar nada em suas relações com Bruxelas.
Na sexta-feira (24), sua reação inicial foi dizer que não havia urgência em negociar. Na segunda-feira (27), em sua coluna semanal no "Daily Telegraph" (pela qual recebe um salário anual de 300 mil euros), ele foi além. Ele pretende manter o acesso ao mercado único. "Desnecessário dizer que ficamos bem melhor juntos, forjando uma nova e melhor relação com a UE, baseada no livre-comércio e na parceria, em vez de um sistema federal."
Boris Johnson tem cara de pau. Ele sabe muito bem que um acesso ao mercado único anda junto com a livre circulação das pessoas. Os britânicos votaram pela saída da UE justamente com base em uma redução da imigração europeia. Se o loiro descabelado fizesse um acordo com Bruxelas, estaria traindo a vontade dos eleitores, para quem ele prometeu mundos e fundos. Além disso, para quê provocar uma grande crise política e depois praticamente voltar ao ponto de partida?
Mas, no final das contas, essa virada de casaca é problema seu. O problema dos europeus, em compensação, é não cair na armadilha da volta ao status quo. Porque depois de Boris Johnson, tudo o que o país comporta de lobbies organizados vai aproveitar a brecha, o centro financeiro de Londres sendo o primeiro deles.
Na segunda-feira, Mark Boleat, o presidente das políticas corporativas do centro financeiro londrino, lançou o contra-ataque. Em uma coletiva de imprensa destinada a jornalistas estrangeiros, ele também afirmou que esperava manter o acesso ao mercado único. Ele pelo menos tem a vantagem de ser coerente: ao contrário de Boris Johnson, ele fez campanha ativamente para permanecer na UE. Mas, no final, sua abordagem é a mesma.
Em particular, ele quer manter o famoso "passaporte" que permite vender produtos financeiros por toda a Europa, e através do qual muitos bancos americanos realizam suas operações europeias a partir de Londres. Perdê-lo seria ver alguns milhares de empregos indo embora das margens do Tâmisa. O HSBC fala em cerca de mil vagas, e o J.P. Morgan em 4.000.
Pela primeira vez Mark Boleat está sem argumentos diante de Bruxelas, passando para a situação de pedinte. "A Europa é mais forte com um centro financeiro de escala mundial", ele tenta ressaltar. "O que enfraquece o centro financeiro de Londres não é necessariamente bom para os outros países da UE."
A União Europeia seria louca de ceder e conceder o passaporte ao Reino Unido. Nas negociações necessariamente complicadas que vão ter início, a City de Londres é o calcanhar de Aquiles dos britânicos. Ela é uma grande exportadora líquida de produtos financeiros, registrando um enorme superávit comercial com o resto da UE. E agora eis que ela procura Bruxelas, de chapéu na mão, implorando por concessões.
Relação unidirecional
Nos demais domínios econômicos, as discussões serão mais complicadas. A UE realiza um superávit comercial com o Reino Unido e tem interesse em mantê-lo. "Os europeus vão continuar querendo nos vender carros alemães e vinho francês", repetem em loop os partidários do Brexit há meses. É verdade: é fácil imaginar que os executivos da Daimler ou os viticultores de Bordeaux pedirão aos seus respectivos governos que encontrem rapidamente um acordo para que as trocas comerciais continuem. Mas, no mundo das finanças, a relação é praticamente unidirecional. Bruxelas mantém Londres através das Bolsas, pode-se dizer...
Mark Boleat tem ciência disso. "Serão negociações. O Reino Unido não conseguirá tudo o que deseja." Ele espera que a França seja muito dura nesse domínio, mas já percebe fissuras na Europa como um todo. O tom muito moderado de Angela Merkel após o referendo não foi esquecido. A chanceler alemã afirmou que ela não "brigaria" para que as negociações com o Reino Unido fossem rápidas, indo na contra-mão do apelo de Paris pela aceleração do processo. "Não há necessidade de ser particularmente maldoso nessas negociações", ela diz. "Angela Merkel estava longe de ser hostil", observa Mark Boleat.
As conversas entre o Reino Unido e a União Europeia não começaram. Londres, de qualquer modo, não tem mais ninguém no comando: David Cameron agora é o primeiro-ministro interino. Mas, nos próximos meses, quando a poeira baixar, os lobistas da City de Londres continuarão seu discreto trabalho de solapamento. É então que será preciso ser vigilante e evitar uma solução tecnocrática que permitiria uma volta ao ponto de partida.

Buongiorno a tutti voi amici

quarta-feira, 29 de junho de 2016

Lula acabou de descobrir que é muito mais seguro ser perseguido pela Lava Jato do que socorrido por Ciro Gomes
Sempre que o ex-governador do Ceará tem uma ideia, alguém precisa trancá-lo imediatamente num banheiro e aguardar o fim do surto
Augusto Nunes - VEJA
lulaciro2.srzd.dezSempre que Ciro Gomes diz que teve uma ideia, alguém precisa trancá-lo imediatamente num banheiro e esperar que o surto passe. Como até agora nem mesmo algum parente ou amigo pôs em prática essa medida preventiva (que venho recomendando desde o século passado pelo menos três vezes por ano) a usina de propostas irretocavelmente imbecis só é desativada quando Ciro está dormindo. O problema é que dorme pouco.
Nesta terça-feira, depois de atravessar a noite à caça de ideias que livrassem Lula das investigações da Lava Jato e de uma temporada na cadeia, o ex-governador do Ceará ergueu-se da cama excitado com o que lhe pareceu um plano perfeito: “Pensei: se a gente formar um grupo de juristas, a gente pode pegar o Lula e entregar numa embaixada”, explicou o candidato a sequestrador. “À luz de uma prisão arbitrária, um ato de solidariedade particular pode ir até esse limite”.
Segundo Ciro, “proteger uma pessoa de uma ilegalidade é um direito”. Para garantir ao prisioneiro libertado “uma defesa plena e isenta”, Lula já chegaria sobraçando um pedido de asilo à embaixada de um país governado por gente confiável. A Venezuela, por exemplo. Além do ambiente acolhedor, a sede da representação venezuelana tem espaço de sobra para abrigar o velho cúmplice de Hugo Chávez e Nicolás Maduro.
Para abrandar a solidão do ex-presidente que sofrerá o desterro sem deixar o país, o idealizador do sequestro poderia também instalar-se na Pensão do Lula ─ para sempre, de preferência. Mas é improvável que o chefão embarque no que é, mais que uma formidável ideia de jerico, uma operação criminosa que costuma dar cadeia. Se lhe resta algum juízo, Lula sabe que é muito mais seguro ser perseguido pela Lava Jato do que socorrido por Ciro Gomes.

segunda-feira, 27 de junho de 2016


Buongiorno a tutti voi amici
Dirceu, Vargas e Vaccari: no Brasil de 2016, o PT não tem futuro; só um passado que leva à cadeia
Heroísmo não faz mais sentido; o partido já está morto; sem delação premiada, correm o risco de morrer na cadeia
Reinaldo Azevedo - VEJA
O Diretório Nacional do PT vai se reunir nos dias 18 e 19 de julho. Sobre a mesa, estará uma proposta: o partido assume a responsabilidade por desvios praticados pelos ex-altos dirigentes que estão presos. O que estes ganhariam com isso? Ainda é incerto. As condenações, por ora, são de primeira instância. Nas etapas seguintes, pode-se tentar um abrandamento da pena. Uma coisa é certa: João Vaccari Neto, José Dirceu e André Vargas acham que o PT não pode continuar repetindo o mesmo discurso. A ser assim, eles vão apodrecer na cadeia, condenados, respectivamente, a 24 anos, 23 anos e 14 ano. Por enquanto. Ainda há processos que não foram concluídos, inquéritos que serão abertos, denúncias que vão ser oferecidas… A coisa vai longe.
É claro que o fantasma é a delação premiada, que qualquer um deles pode fazer a qualquer tempo, segundo define a lei. Ainda que não haja exatamente uma ameaça, a possibilidade existe. E, à diferença do que se diz por aí, não é José Dirceu o mais indignado, mas justamente Vaccari. Ele tem sobre si mesmo uma avaliação que coincide com a da cúpula do PT: fez o que fez em benefício do partido, nunca para obter vantagens pessoais. Dirceu e Vargas são vistos com certa suspeição. Os Altos Companheiros acham que eles misturaram as coisas e também atuaram em seu próprio benefício.
Vocês sabem como é a ética companheira, né? Assaltar o povo brasileiro em benefício pessoal é coisa de ladrões; fazê-lo em nome da causa compõe a têmpera dos heróis…
Outros tempos
Delúbio Soares, o tesoureiro flagrado no mensalão, matou todas as bolas no peito e nunca apontou o dedo para ninguém. Eram outros tempos. Não se sabia ao certo que encaminhamento a coisa teria no Supremo — hoje, já está claro que a corte máxima do país manda, sim, figurão para a cadeia. Mais: não houve delações premiadas naquele caso. O procedimento assumiu a atual configuração com a Lei 12.850, de 2013. Aliás, vejam a ironia, Dilma já atacou a lei que ela própria sancionou.
Por que isso é importante? É evidente que há o efeito psicológico, não é? Bandidos confessos, como é o caso de Sérgio Machado, que admitem desvios de mais de R$ 100 milhões, terão uma velhice tranquila. O cara vai ficar três anos em prisão domiciliar, numa mansão, cercado de conforto. E o mesmo vai se dar com outros que decidiram colaborar. Dirceu e Vaccari correm o risco de morrer na cadeia. Em nome do quê?
Essa é outra pergunta importante. Em 2005 e nos anos seguintes, o PT ainda parecia um partido com futuro — e tinha mesmo, como demonstra a história. E hoje? Vaccari, Vargas e Dirceu vão posar de mártires de uma causa que já não existe mais nem na crença do militante mais fanático? O petismo, para amplos setores da sociedade brasileira, e por justas razões, virou sinônimo de banditismo. Vale a pena amargar uma velhice solitária e desmoralizada por isso?
PT dividido
O PT está dividido a respeito da possibilidade de assumir a responsabilidade. Há gente como Rui Falcão, por exemplo, que vive o que a psicanálise poderia definir como fase de negação. Não admite falar em culpa porque, ora vejam, ele não consegue saber onde está o crime — sinal de que achava normal toda a safadeza que veio a público. Outros ponderam que um homem como Vaccari não pode ficar na mão — e é, diga-se, o que sua família também acha.
Lula e seus entorno também não querem nem ouvir falar nas culpas do partido. Acham que é o caminho mais curto para que ele próprio vá parar na cadeia. Afinal, se a estrutura partidária admitir os crimes, admite-se também o que para muita gente já é óbvio hoje: não havia como Lula não saber. O problema é que assumir as falcatruas abrirá caminho para novas investigações.
Quem sou eu para dar conselho a petistas, não é? Uma coisa é certa: ou Vaccari, Dirceu e Vargas fecham acordos de delação premiada ou vão mofar na cadeia. O Brasil de 2016 não é mais o de 2005, aquele no qual o PT conseguiu recuperar a sua reputação e se eleger para a Presidência da República mais três vezes.
No Brasil de 2016, o PT não tem mais futuro. Tem apenas um passado que leva à cadeia.
Chance para o Mercosul
FSP
Dominado nos últimos anos por governos esquerdistas e protecionistas, o Mercosul tem funcionado antes como obstáculo do que como trampolim para negociações comerciais do Brasil com o restante do mundo. Faz tempo que se tornou necessário mudar essa situação, mas somente agora parece abrir-se uma janela de oportunidade.
O Itamaraty agora tem em seu comando José Serra, defensor da abertura de novos mercados e crítico dos mecanismos que impedem o país de negociar sem o aval dos demais membros do bloco. A Argentina, por sua vez, também adotou nova orientação ideológica com a eleição de Mauricio Macri, no final do ano passado.
O Mercosul hoje mal passa de um espaço protecionista, garantindo uma reserva de mercado para produtos brasileiros na Argentina e vice-versa -e sempre gerando controvérsias conforme os saldos positivos pendam para um lado ou para o outro.
Na prática, o bloco não implementou sua visão fundadora. Não se criou plenamente uma zona de livre circulação de mercadorias nem uma plataforma regional de integração aberta e competitiva. Tampouco se concretizou a ideia de, com o peso do conjunto, ganhar poder de barganha em negociações.
A razão para o último ponto está no modelo de união aduaneira, cuja característica principal é a existência de uma tarifa externa comum em relação a outros países. Ou seja, nenhum membro pode buscar tarifas diferentes por conta própria. Quando não há disposição dos parceiros, como foi o caso nos últimos anos, tem-se um impasse.
Tal formato precisa ser repensado. O Mercosul funcionaria melhor como zona de livre-comércio, uma área com fluxo aberto de mercadorias entre os membros, mas sem a fixação de politica comercial e tarifas comuns para terceiros.
Há nisso um risco para a indústria nacional, que tem no Mercosul um mercado mais ou menos cativo para seus produtos, hoje pouco competitivos globalmente. A questão deve ser levada em conta no desenho da estratégia brasileira.
O fundamental, porém, é considerar que a competitividade nacional só virá com a integração nas grandes cadeias de produção.
Não se trata de repelir o Mercosul nem de ignorar as vantagens da posição privilegiada na região, mas de adequar o bloco às circunstâncias e necessidades do Brasil. 
Croissant 2
Buongiorno a tutti voi amici

domingo, 26 de junho de 2016



PAPUADANOVAGUINÉ!²

PAPACAÇA!
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AOSOTH - RITUAL MARKS OF PENITENCE

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THE DEVIL'S MARK

ACHERONTAS - MA-ION (FORMULAS OF REPTILIAN UNIFICATION)


by dave palumbo
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“ Dorian Cleavenger “The compromise” ”
by dorian cleavenger
Katerina H
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MYTHOLOGICAL COLD TOWERS - VETUSTUS


by david palumbo
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“House of Mirth ~ by Matthew Almy…
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House of Mirth ~ by Matthew Almy
Angel of Flesh ~ by Santiago Caruso…
Angel of Flesh ~ by Santiago Caruso

PRIMORDIAL - CAST TO THE PYRE

impfaust:
“  “Baby lick my deadly skin
And touch my ghostly soul;
Now kiss me & bring me
The life you’re waiting for…”
Artwork: “The artist and the bride” by Dorian Cleavenger.
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via czm
whitebunnyinwonderland:
“ Dorian Cleavenger ”
by dorian cleavenger
“Narizinho no país da pedalática” e outras cinco notas de Carlos Brickmann
As ações se aceleram, cada indício leva a outros. É cada vez mais claro que as acusações de corrupção se aproximam de Lula
Carlos Brickmann - Blog do Augusto Nunes
A História se inspira na história. Na série que Monteiro Lobato poderia ter escrito para a TV Lula, Paulinho cai nas mãos do Japonês da Federal, mas sua Narizinho continua solta – afinal, a loirinha do Narizinho Arrebitado já mora em Curitiba. E há um enigma: a rinoceronta Quindilma, como fará para pedalar e divertir-se em duas rodas se até quem se gabava de levá-la a passear de moto está também fora do jogo?
A Operação Custo Brasil da Polícia Federal atinge dois laços discretos das relações entre o PT, o governo petista e grupos organizados para dar apoio pago às posições oficiais: um, de jornalistas, que se deram muito bem falando muito bem deste governo; outro, de especialistas em serviços relacionados especialmente com crédito consignado. Entre os atingidos, todos importantes, dois ex-ministros de Dilma: Carlos Gabas, que a levava para passear de Harley-Davidson, e Paulo Bernardo (ministro também de Lula), marido da senadora Gleisi Hoffmann. Há Valter Correia, secretário do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad; João Vaccari Neto, ex-tesoureiro nacional do PT, que já está preso e recebeu outra prisão preventiva; e o jornalista Leonardo Attuch, editor do jornal virtual Brasil 247. A sede nacional do PT sofreu busca e apreensão.
As ações se aceleram, cada indício leva a outros. É cada vez mais claro que as acusações de corrupção se aproximam de Lula. Ele é o alvo.

Dias de fúria
Lula é líder, tem carisma, é o grande símbolo do petismo. Não será atingido sem escândalo, sem provocar a ira de seus seguidores, por mais justo que se comprove o motivo de qualquer ação legal que se lhe mova. Não devemos esperar dias livres de protestos e de declarações de gente séria sobre a hipocrisia de condenar governistas que ordenham empresas estatais em seu benefício e do partido, enquanto todos nós já violamos a lei jogando papel de bala e guimba de cigarros na calçada. Serão chatíssimos.

A ira santa
Que é que muda, e por quanto tempo? Não teremos marqueteiros cobrando abertamente R$ 70 milhões por eleição, nem levando ao Exterior as quantias com que empreiteiras brasileiras compraram a vitória em concorrências; nem departamentos equipadíssimos em empresas gigantescas cuidando apenas do vai-vem das propinas.
Mas calma, a festa não termina. Mudará a maneira de fazer algumas coisas, e podemos confiar na capacidade criativa de subornados e subornadores para encontrá-la.

Iguais, mais ou menos
Funcionários já acusados e outros suspeitos de ordenha irregular de cofres públicos há vários na cadeia. Mas há funcionários apanhados e muito mais bem tratados. Empreiteiros são condenados e, tão logo fazem delação premiada, vão para suas belas casas (alguns ganham até tornozeleiras novinhas de presente. Se algum bandido vagabundo os maltratar, será encontrado na hora). Outros que, além de roubar, traíram os amigos e colegas de crime e os entregaram à Polícia, esses voltaram à boa vida ao devolver parte do que consideravam seu. Político na cadeia, excetuando-se militantes bem treinados e disciplinados como João Vaccari Neto e José Dirceu, há poucos. Alguns funcionários mais sortudos, como Barusco, que devolveu quase R$ 200 milhões e vive numa bela casa em Angra, com piscina e muito uísque, também desfrutam de boa vida. Por que? Que é que José Dirceu fez que os outros não fizeram e justifica a pena mais dura?
A explicação só pode ser uma, tirada da excelente A revolução dos bichos, de George Orwell: “Todos são iguais perante a lei, mas alguns são mais iguais que os outros”.

Juntando todos?
Curiosa a atitude do procurador-geral Janot ao pedir simultaneamente (e sem êxito) a prisão de Eduardo Cunha, Romero Jucá e Renan Calheiros, três caciques capazes de fazer boi voar (Renan, a propósito, já trabalhava no ramo de bois voadores e fazendas de diversos andares em sua crise anterior; Cunha atuou em ramo semelhante, mas com bois ralados que decolavam com destino à África). Janot precisa pensar melhor nas consequências de seus atos: se conseguisse prender esses três, que tipo de exemplo daria aos malfeitores que já estão na cadeia?

O mundo do dinheiro
Olhe para qualquer lado: o gari empunha um celular, a babá presta mais atenção no celular do que no bebê, o vizinho sai da garagem já com o celular no ouvido. Celular é um sucesso! Então, digam-me: como a Oi, maior empresa do ramo, conseguiu ajuntar R$ 65 bilhões de prejuízo? Celulares e banda larga só aqui dão prejuízo? Em que ponto do percurso o dinheiro todo sumiu? E como é que vão tomar de nós essa quantia? Porque quem paga, sobre isso não há qualquer dúvida, nós sabemos.
As pedaladas, as campeãs e o assalto aos velhinhos
Cada novo capítulo da Operação Lava Jato confirma os vínculos entre aparelhamento, loteamento e corrupção nos governos petistas
Rolf Kuntz - OESP
O assalto de R$ 100 bilhões aos velhinhos e outros clientes do crédito consignado ainda era o grande assunto do dia, turbinado pela prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, quando foi noticiado o desastroso balanço da Petros, com déficit de R$ 23,1 bilhões. O buraco será coberto pelos mutuários, pelos aposentados e pela patrocinadora, a Petrobras, empresa sob controle financeiro da União e, portanto, dos cidadãos brasileiros. A conta, portanto, vai também para eles.
O tamanho do prejuízo pode ser inesperado, mas a condição miserável das fundações de previdência das estatais é bem conhecida. Também sujeitos ao jogo partidário, ao aparelhamento e ao loteamento, esses fundos de pensão têm perdido bilhões em aplicações mal feitas, frequentemente orientadas pelos interesses do grupo no poder. Exemplo: investimentos na Sete Brasil, criada para fornecer sondas à Petrobras, impuseram perdas a todas as grandes fundações, assim como aos bancos federais.
Um caso ou outro poderia ser acidente. Mas os maus negócios dos bancos, a queima de recursos das fundações, a devastação das grandes estatais e a crise da Oi, sem condições de pagar R$ 65,4 bilhões de dívidas, trazem as marcas de um estilo de governo. Esse estilo foi implantado em 2003 e só interrompido, por enquanto provisoriamente, em abril deste ano. O escândalo do crédito consignado apenas acrescentou um toque de perversidade, um tempero especial, a uma longa história de bandalheiras.
Os R$ 23,1 bilhões perdidos pela Petros podem ser uma cifra assustadora, mas esse valor parece até modesto quando se pensa no balanço da Oi. A quebra, ou quase quebra, da operadora estabeleceu um recorde. Nenhum outro processo de recuperação judicial havia envolvido tanto dinheiro. Mas outros detalhes também tornam especial esse episódio. A Oi, uma das maiores empresas de telecomunicação do Brasil, é uma das mais discutíveis criações do governo petista.
O toque final de sua constituição dependeu de uma alteração legal promovida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Formatada para ser a grande companhia nacional do setor, capaz de enfrentar as multinacionais, essa operadora resultou em mais um fracasso, mais uma prova contra a política de criação de campeãs nacionais. Uma de suas poucas realizações notáveis foi a instalação de uma antena ao lado do sítio do ex-presidente Lula.
A nova ação da Polícia Federal, com prisão do ex-ministro Paulo Bernardo, condução de seu colega Carlos Gabas e visita à sede do PT em São Paulo, foi classificada por aliados da presidente Dilma Rousseff como tentativa de reforçar o processo de impeachment. A manobra seria destinada, além disso, a desviar a atenção das acusações a membros do governo provisório. Alegações como essas poderiam ter alguma respeitabilidade em outras circunstâncias. Mas é impossível, agora, levá-las a sério. Afinal, a Operação Custo Brasil, mais um desdobramento da Operação Lava Jato, só escancara mais detalhes de uma enorme sequência de crimes.
Alguns desses novos detalhes, como o desvio de dinheiro de clientes do crédito consignado, funcionários ativos e aposentados, são especialmente hediondos. Mas, além de mais escabrosos que outros, podem ser especialmente informativos. A denúncia vai além do assalto e aponta o PT como um dos beneficiários do dinheiro subtraído.
Cada novo capítulo da Operação Lava Jato confirma os vínculos entre aparelhamento, loteamento e corrupção nos governos entre 2013 e meados de abril de 2016. Esses governos foram guiados essencialmente por um projeto de poder. Todo o discurso a respeito de planos de integração social e de mudança econômica nunca foi mais que um esforço de construção de imagem. Esse esforço pode ter enganado parte do público brasileiro e, com certeza, uma parte considerável do público estrangeiro. Mas a chamada política social do PT nunca foi principalmente um instrumento de dominação, baseado muito mais na transferência de renda – um mecanismo de fácil manejo – do que na efetiva absorção dos pobres na economia moderna. Sem as transferências, a maior parte das famílias provavelmente voltaria às condições miseráveis.
Os aumentos do salário mínimo superiores aos ganhos de produtividade também proporcionaram alguma melhora do consumo, mas políticas desse tipo são insustentáveis. Depois de algum tempo, a inflação tende a anular seus efeitos.
Além disso, nenhuma economia administrada sem disciplina fiscal, uso criterioso de recursos e atenção ao investimento e à produtividade vai muito longe. A recessão brasileira, com mais de 11 milhões de desempregados, é mais uma prova dessa obviedade ignorada pelos petistas – principalmente pela presidente Dilma Rousseff e por seus incompetentes favoritos.
Não há como fixar uma linha divisória entre o estilo de ocupação do governo – aparelhamento, loteamento e apropriação partidária do Estado – e o desastre econômico. A mediocridade do primeiro mandato, com crescimento médio anual de apenas 2,1%, foi um claro prenúncio da recessão. Em 2014 a economia, já atolada na crise, cresceu 0,1%, enquanto a inflação bateu em 10,67%. A piora do quadro a partir daí foi um desdobramento normal, até porque a presidente rejeitou os esforços do ministro Joaquim Levy de reconhecer e enfrentar os problemas.
Quem vincula a Operação Custo Brasil ao processo de impeachment acerta, no entanto, pelo menos num ponto. Há um parentesco indisfarçável entre o projeto de poder do PT, os desmandos na administração direta e indireta, a desastrosa política econômica e as pedaladas fiscais. São estas, formalmente, a base do processo de impeachment. Mas só com muito esforço de abstração é possível separá-las do resto. O resto inclui, entre outros detalhes, o desemprego de mais de 11 milhões e o assalto aos velhinhos do crédito consignado. Esse jogo político é indivisível.
União fraterna
Os senadores não pareceram se espantar com o motivo da 'batida' no apartamento de Gleisi e Paulo Bernardo: o desvio de R$ 100 milhões das operações de crédito consignado
Dora Kramer - OESP
Senadores ficaram indignados com a “batida” da Polícia Federal em um dos apartamentos funcionais da Casa, ocupado pela colega Gleisi Hoffmann, em operação para busca e apreensão de provas para instruir o inquérito contra o marido da senadora, ex-ministro Paulo Bernardo, preso preventivamente sob a acusação de crime de corrupção.
Os senadores, no entanto, não pareceram se espantar nem a eles acometeu sentimento de indignação diante do motivo da investigação: o desvio de R$ 100 milhões das operações de crédito consignado, no Ministério do Planejamento, entre 2010 e 2015. Segundo os investigadores, parte do dinheiro teria ido para Paulo Bernardo (titular da pasta no governo Luiz Inácio da Silva) e parceiros do esquema, parte destinada aos cofres do PT sob a gerência do notório João Vaccari Neto.
Esse o real desvio de foco que o cinismo de uns e a apressada simplificação da realidade de outros apontam como a motivação e/ou consequência da Operação Custo Brasil – cria da Lava Jato – do Ministério Público de São Paulo. Segundo versão corrente, a prisão de Paulo Bernardo teria o condão de “desviar o foco” do noticiário político policial do PMDB para o PT levando “alívio” ao Palácio do Planalto.
Se não é má-fé é autoengano. Mais de dois anos depois de iniciada, a Lava Jato e seus desdobramentos chegam aos políticos com uma força que ultrapassa a tarefa levada a cabo em Curitiba.
Evidente que a prisão de um graúdo é um baque para o PT. Mas é só mais um. Outros piores vieram e alguns piores ainda virão para se somar ao passivo do partido, cujo acerto de contas se dá agora na Justiça e, logo mais, dar-se-á nas urnas.
Essa é a fatura a ser paga pelos petistas. O que não significa que a cobrança às contas em aberto de outros grupos políticos desapareça no turbilhão da galeria como se fosse possível contabilizar o prejuízo alheio como benefício. Polícia Federal, procuradores e juízes empenhados em esmiuçar o funcionamento do aparelho corrupto de Estado já mostraram que não fazem cerimônia ideológico/partidária.
O PMDB safou-se por ora de ver alguns de seus ilustres na prisão. Mas os inquéritos, os processos, as denúncias e os fatos (tanto passados quanto ainda a serem comprovados) estão em andamento e, como vemos dia sim outro também, os personagens se revezam no infortunado destaque à medida que avançam as investigações. Portanto, o coadjuvante de hoje pode ser o protagonista de amanhã. E vice-versa.
De onde não há que se falar em “desvio de foco por motivação política”. Se tentativa de mudar de conversa há – e claramente há –, parte de suas excelências cuja unidade de discursos ultimamente (desde o pedido de prisão para Romero Jucá, José Sarney e Renan Calheiros feito pela Procuradoria-Geral e negado pelo Supremo Tribunal Federal) está acima das diferenças partidárias.
A ordem da estação é a crítica à condução das investigações. Nisso estão unidos petistas, tucanos (à exceção do senador Aloysio Nunes Ferreira), peemedebistas e todo o “arco da sociedade” parlamentar. No pedido de prisão para os colegas mais do que encrencados, protestou-se que Rodrigo Janot havia “extrapolado”. Agora, na visão dos senadores, quem extrapolou foi o juiz que ordenou a busca e apreensão relativa a Paulo Bernardo, que não tem foro especial, porque teria “violado” a sacrossanta residência da senadora casada com o investigado.
A súbita e fraterna união teve efeito apaziguador até na Comissão Especial do impeachment, onde o espírito de corpo achou por bem não tocar no assunto e arquivar temporariamente os embates. Qualificou-se de “silêncio respeitoso”.
Em contraponto, estabeleceu-se um absolutamente desrespeitoso silêncio em relação ao desvio de dinheiro do crédito consignado, certamente a título de pedágio por uma das grandes obras sociais do PT.
Incertezas aumentam
Merval Pereira - O Globo
A incerteza induzida pelo cenário político agrava as expectativas em torno de uma recuperação econômica e quanto à real possibilidade de um avanço em uma agenda mínima que permita ao país chegar, em 2018, não pior do que agora. Esta é uma das principais constatações da segunda pesquisa sobre expectativas em torno de cenários de sucesso do atual governo interino realizada pela consultoria Macroplan, especializada em estratégia e cenários.
Com a corrupção no centro do debate político no Brasil, os resultados da atual sondagem espelham claramente o poder de influência e transformação da Operação Lava-Jato e ações conexas ou derivadas na percepção de futuro do país.
No primeiro levantamento, feito entre os dias 13 e 19 de maio, com amostra de 82 empresários, executivos, economistas, cientistas políticos, gestores públicos e jornalistas de todas as regiões, 64% indicavam sucesso parcial ou amplo do governo Temer, contra 36% de prognósticos pessimistas.
Na sondagem atual, realizada entre 11 e 22 de junho, junto a 79 entrevistados, 58% apostaram em cenários de sucesso parcial ou amplo, enquanto 42% indicaram o fracasso (parcial ou total) do governo interino.  Os novos resultados são os seguintes:
a)      Cenário de sucesso amplo – o  Brasil sai da “UTI econômica”, viabiliza ajustes econômicos e políticos essenciais e dá partida a um  ciclo de reformas, retomando um crescimento forte a partir de 2018. É um cenário que lembra os primórdios do Plano Real -  indicado por 13% dos pesquisados, contra 16% da pesquisa anterior.
b)      Cenário de sucesso moderado –o Brasil sai da “UTI econômica”, supera a fase mais aguda da crise, mas não o encaminhamento da solução dos maiores obstáculos estruturais para um novo ciclo de crescimento sustentado, em face de resistências políticas a medidas mais drásticas e/ou ao significativo passivo de problemas econômicos herdados. A Operação Lava-Jato e eventos correlatos continuam criando embaraços a uma atuação mais desenvolta do Governo – cenário mais provável,  apontado por 45% dos respondentes, contra 49% na pesquisa anterior.
c)       Cenário de fracasso parcial - o Governo Temer realiza ajustes econômicos pontuais, perde a confiança dos mercados, experimenta um progressivo processo de “sarneyzação”, ou “reedição do Levy””, acumula derrotas no Legislativo e enfrenta uma progressiva deterioração de expectativas dos agentes econômicos. O núcleo do Governo e de sua base de sustentação política sofre acentuado enfraquecimento com a operação “Lava Jato” e ações correlatas e isso se combina com a ampliação das práticas de fisiologismo e “varejo político”.  Indicação de 42% na pesquisa atual, contra 36% anteriormente.
d)     Fracasso amplo -  retorno do governo Dilma, com imediata  deterioração das expectativas econômicas e agravamento das tensões políticas ou mesmo um quadro quase caótico e de  ingovernabilidade, com fortes movimentos especulativos no mercado em meio a “surtos” de pânico e aguda instabilidade, no curto prazo.  9% das indicações, contra 6% na pesquisa passada.
“A queda das expectativas positivas não é surpreendente, mas até mesmo previsível, face à evolução da conjuntura nos últimos 45 dias”, explica o economista Claudio Porto, presidente da Macroplan, para quem o governo interino ultrapassou seus primeiros 30 dias de forma ambígua: com avanços positivos na agenda econômica de um lado, mas dificuldades expressivas no campo político.
Correção
Na coluna de quinta-feira, por um lapso, a falta de um verbo provocou um erro de concordância logo na primeira linha, pelo qual peço desculpa aos leitores. “Não adiantou de nada as palavras respeitosas que o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha proferiu sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).”. O correto seria: “Não adiantou de nada (usar) as palavras respeitosas que o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha proferiu sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)”. Do jeito que saiu, o correto é “Não adiantaram de nada as palavras respeitosas que o presidente afastado da Câmara Eduardo Cunha proferiu sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF)”.