Como linha em carretel
O presidente Michel
Temer está mais enrolado que linha em carretel. E se enrola mais ainda a
cada pronunciamento, gesto e/ou versão.
Dora Kramer - VEJA
Presidente Michel Temer fala no Palácio do Planalto em Brasília - 20/05/2017 (Ueslei Marcelino/Reuters)
O presidente Michel Temer se enrola mais a cada
vez que abre a boca ou faz um gesto para explicar e desqualificar o
conteúdo da conversa gravada com Joesley Batista. No primeiro
pronunciamento desmentiu que tenha pedido pagamentos a Eduardo Cunha,
quando não era disso que se tratava no diálogo e sim de seu incentivo à
conveniência de o empresário manter o provimento que acabara de
confessar. Em duas entrevistas concedidas nos dias seguintes conseguiu
produzir ao menos uma dezena de contradições e mentiras logo detalhadas
no noticiário, evidências relevantes que a análise técnica da gravação
não apagará, seja qual for o resultado.
Depois, pediu a suspensão do inquérito no Supremo Tribunal
Federal quando havia dito anteriormente que a investigação o favorecia,
pois lhe daria a oportunidade de “esclarecer tudo”. Achava bom e em 48
horas passou a achar ruim. Dia seguinte recuou do pedido diante do risco
de vê-lo negado quando a ministra Cármen Lúcia determinou que o STF só
se pronunciasse depois da análise dos áudios pela Polícia Federal. Assim
como outros grãos-duques atingidos pela Lava-Jato, Temer ganha tempo
enquanto perde densidade, coerência e credibilidade.
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