A nova ameaça
ZERO HORA
Nas
estatísticas, os índices de desemprego continuam estáveis, mas a falta
de fôlego da atividade econômica no país ao longo dos últimos anos
começa a delinear uma situação que é sempre preocupante: a redução de
vagas. Os resultados da última Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de junho,
confirmam a manutenção da taxa de emprego. Mas, apesar desse indicador
ainda se mostrar favorável, as estatísticas oficiais já revelam perda de
qualidade do emprego e maior tempo de desocupação. Diante do
esgotamento de alternativas como férias coletivas e banco de horas, o
país precisa agir logo para evitar que a retração no emprego industrial _
recorde no Rio Grande do Sul, onde o percentual foi de 4% de janeiro a
maio _ venha a se transformar em desemprego.
Em todo o país, a
estimativa é de que 88 mil vagas formais tenham sido fechadas entre maio
e junho na indústria, atividade responsável pelas vagas de melhor
qualificação. No Estado, as admissões no setor fabril continuam
superando de longe as demissões, mas a situação começou a se inverter de
forma preocupante em maio e junho. Simultaneamente, as estatísticas já
revelam em todo o país um aumento na precariedade do mercado de
trabalho. O fenômeno é consequência da diminuição do número de empregos
formais e do aumento do total de pessoas ocupadas sem carteira assinada
ou que atuam por conta própria, o que é igualmente motivo para
inquietação.
As razões são conhecidas. No discurso oficial, o
Planalto alega que, embora a economia brasileira enfrente dificuldades, o
nível de emprego se mantém. Na prática, o que os números oficiais
começam a mostrar é uma deterioração acelerada da oferta de trabalho.
Isso demonstra que medidas pontuais de alto custo para o país, como o
estímulo fiscal a setores específicos da atividade fabril, já não
conseguem mais contribuir para respostas imediatas e eficazes. Os
indicadores chamam a atenção, também, para a necessidade de o Brasil
enfrentar de vez os altos custos da contratação de mão de obra.
Os
sinais são preocupantes, pois o pleno emprego foi uma conquista
importante para o país. A busca de alternativas contra o risco de
desemprego deveria envolver todos os setores da sociedade e ser
desvinculada da campanha eleitoral. Todos perderão se o país entrar
efetivamente numa recessão.
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