terça-feira, 29 de julho de 2014

A nova ameaça 
ZERO HORA
Nas estatísticas, os índices de desemprego continuam estáveis, mas a falta de fôlego da atividade econômica no país ao longo dos últimos anos começa a delinear uma situação que é sempre preocupante: a redução de vagas. Os resultados da última Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de junho, confirmam a manutenção da taxa de emprego. Mas, apesar desse indicador ainda se mostrar favorável, as estatísticas oficiais já revelam perda de qualidade do emprego e maior tempo de desocupação. Diante do esgotamento de alternativas como férias coletivas e banco de horas, o país precisa agir logo para evitar que a retração no emprego industrial _ recorde no Rio Grande do Sul, onde o percentual foi de 4% de janeiro a maio _ venha a se transformar em desemprego.
Em todo o país, a estimativa é de que 88 mil vagas formais tenham sido fechadas entre maio e junho na indústria, atividade responsável pelas vagas de melhor qualificação. No Estado, as admissões no setor fabril continuam superando de longe as demissões, mas a situação começou a se inverter de forma preocupante em maio e junho. Simultaneamente, as estatísticas já revelam em todo o país um aumento na precariedade do mercado de trabalho. O fenômeno é consequência da diminuição do número de empregos formais e do aumento do total de pessoas ocupadas sem carteira assinada ou que atuam por conta própria, o que é igualmente motivo para inquietação.
As razões são conhecidas. No discurso oficial, o Planalto alega que, embora a economia brasileira enfrente dificuldades, o nível de emprego se mantém. Na prática, o que os números oficiais começam a mostrar é uma deterioração acelerada da oferta de trabalho. Isso demonstra que medidas pontuais de alto custo para o país, como o estímulo fiscal a setores específicos da atividade fabril, já não conseguem mais contribuir para respostas imediatas e eficazes. Os indicadores chamam a atenção, também, para a necessidade de o Brasil enfrentar de vez os altos custos da contratação de mão de obra.
Os sinais são preocupantes, pois o pleno emprego foi uma conquista importante para o país. A busca de alternativas contra o risco de desemprego deveria envolver todos os setores da sociedade e ser desvinculada da campanha eleitoral. Todos perderão se o país entrar efetivamente numa recessão.

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