Reinaldo Azevedo - VEJA
Eh
José Eduardo Cardozo! Esse não me surpreende nunca! Eu até acho
surpreendente que alguém jamais consiga… surpreender! Mas é o caso dele.
Reportagem de Dimmi Amora na Folha desta
terça informa que esse valente fez pressão no TCU — Tribunal de Contas
da União — para adiar a votação do relatório que condenou a operação que
resultou na compra da refinaria de Pasadena. Segundo o jornal, “Cardozo
acompanhou o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, que tinha
audiência previamente agendada com o presidente do órgão, ministro
Augusto Nardes. A visita do ministro da Justiça não estava prevista.”
Muito bem!
Adams estava lá como parte das suas atribuições. Ele afirma, e tem
razão, que o advogado-geral pode, por lei, acompanhar processos que
digam respeito a estatais, inclusive no TCU. A assessoria de Cardozo
tentou enrolar o jornal, afirmando que cabe ao ministro “acompanhar
regularmente todos os casos que dizem respeito a atividades ordinárias
da pasta — o que justifica a atuação junto aos órgãos do Poder
Legislativo e do Poder Judiciário por meio do titular da Pasta,
secretários e diretores”.
Tá. Agora
só resta a Cardozo explicar por que acompanhar e pedir o adiamento de um
julgamento no TCU seriam uma “atividade ordinária do ministério”. É
evidente que ele sabe que não é. Era o ministro errado no lugar errado.
Aliás, a
compra da refinaria de Pasadena está sendo investigada também pela
Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça, cujo
titular é Cardozo. O temor óbvio: se o ministro se dispõe a deixar a sua
cadeira para fazer o que não lhe compete — pressionar o TCU —, é de se
indagar do que é capaz com um órgão pendurado na sua pasta, não é mesmo?
A coisa é
feia, muito feia. Já informei aqui, com exclusividade, e relembro: Luiz
Inácio Lula da Silva chamou José Múcio, hoje titular do TCU e seu
ex-ministro das Relações Institucionais, para uma conversa em São Paulo.
Queria interferir no julgamento. Uma cadeira no STF chegou a ser
prometida para um membro do tribunal, acreditem! Houve gente que até se
viu tentada a cair na conversa. O preço: embolar o meio-de-campo e
impedir a votação do relatório do ministro José Jorge, que condenou 11
diretores da Petrobras pela compra da refinaria de Pasadena, apontando
prejuízo de US$ 792 milhões.
E pensar
que Cardozo já chegou a ser apresentado por alguns simplórios como a
melhor face do PT. Imaginem do que não é capaz a pior…
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