terça-feira, 29 de julho de 2014

Cardozo, fora do lugar, foi fazer pressão no TCU para não voltar relatório que condena compra de Pasadena
Reinaldo Azevedo - VEJA
Eh José Eduardo Cardozo! Esse não me surpreende nunca! Eu até acho surpreendente que alguém jamais consiga… surpreender! Mas é o caso dele. Reportagem de Dimmi Amora na Folha desta terça informa que esse valente fez pressão no TCU — Tribunal de Contas da União — para adiar a votação do relatório que condenou a operação que resultou na compra da refinaria de Pasadena. Segundo o jornal, “Cardozo acompanhou o advogado-geral da União, Luiz Inácio Adams, que tinha audiência previamente agendada com o presidente do órgão, ministro Augusto Nardes. A visita do ministro da Justiça não estava prevista.”
Muito bem! Adams estava lá como parte das suas atribuições. Ele afirma, e tem razão, que o advogado-geral pode, por lei, acompanhar processos que digam respeito a estatais, inclusive no TCU. A assessoria de Cardozo tentou enrolar o jornal, afirmando que cabe ao ministro “acompanhar regularmente todos os casos que dizem respeito a atividades ordinárias da pasta — o que justifica a atuação junto aos órgãos do Poder Legislativo e do Poder Judiciário por meio do titular da Pasta, secretários e diretores”.
Tá. Agora só resta a Cardozo explicar por que acompanhar e pedir o adiamento de um julgamento no TCU seriam uma “atividade ordinária do ministério”. É evidente que ele sabe que não é. Era o ministro errado no lugar errado.
Aliás, a compra da refinaria de Pasadena está sendo investigada também pela Polícia Federal, que é subordinada ao Ministério da Justiça, cujo titular é Cardozo. O temor óbvio: se o ministro se dispõe a deixar a sua cadeira para fazer o que não lhe compete — pressionar o TCU —, é de se indagar do que é capaz com um órgão pendurado na sua pasta, não é mesmo?
A coisa é feia, muito feia. Já informei aqui, com exclusividade, e relembro: Luiz Inácio Lula da Silva chamou José Múcio, hoje titular do TCU e seu ex-ministro das Relações Institucionais, para uma conversa em São Paulo. Queria interferir no julgamento. Uma cadeira no STF chegou a ser prometida para um membro do tribunal, acreditem! Houve gente que até se viu tentada a cair na conversa. O preço: embolar o meio-de-campo e impedir a votação do relatório do ministro José Jorge, que condenou 11 diretores da Petrobras pela compra da refinaria de Pasadena, apontando prejuízo de US$ 792 milhões.
E pensar que Cardozo já chegou a ser apresentado por alguns simplórios como a melhor face do PT. Imaginem do que não é capaz a pior…

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