Reinaldo Azevedo - VEJA
Volto
à sabatina a que se submeteu a presidente Dilma Rousseff, promovida
pela Jovem Pan, pela Folha e pelo SBT. Mesmo em condições especiais na
comparação com outros candidatos — afinal, ela estava em sua casa, ainda
que temporária (o Palácio da Alvorada), e sem público —, e com
entrevistadores, no geral, benevolentes, seu desempenho foi pífio. Já
escrevi a respeito já (leiam post). Volto ao assunto.
Começo
pela questão israelo-palestina. Contrariando a avaliação de um dos
gênios que ela tem na assessoria, Marco Aurélio Garcia — este milagre às
avessas da natureza! —, Dilma avalia que não há “genocídio” na Faixa de
Gaza. Ah, bom! Não deixa de ser um avanço. Mas ela vê um “massacre”.
Está igualmente errada. Massacre é o que as milícias árabes fizeram em
Darfur, presidente, no Sudão, sob o silêncio cúmplice do PT. Foram mais
de 500 mil mortos, e o governo brasileiro se negou a condenar o ditador
Omar al-Bashir. Massacre é o que praticou Bashar al-Assad em algumas
cidades da Síria, sob o mesmo silêncio pusilânime do seu governo. Em
Gaza, por mais dramática que seja a situação — e é —, trata-se, sim, de
uma guerra. E o grande número de vítimas civis se deve à forma como o
Hamas organiza a sua milícia, usando a população como escudo, o que é
franca e escancaradamente admitido pelos terroristas. Um “massacre”,
soberana, não é mera questão subjetiva.
Uma
presidente da República não pode falar o que dá na telha, especialmente
sobre política externa. Afinal, representa o conjunto dos brasileiros.
Dilma deu vexame. Afirmou que o Brasil foi o primeiro país a reconhecer o
estado de Israel. Provavelmente, lembrou-se de que o brasileiro Oswaldo
Aranha presidiu a sessão da ONU que decidiu a partilha do antigo
protetorado britânico entre os estados de Israel e a Palestina. Os
árabes não aceitaram, e vocês conhecem o resto da história. Precederam o
Brasil no reconhecimento oficial de Israel — o que se deu em 1949 — os
EUA e a antiga União Soviética. Imagino um candidato à Presidência dos
EUA dizendo uma batatada dessa natureza. A coisa seria fartamente
explorada pela imprensa. Por aqui, passa como graça.
Economia e pessimismo
Dilma não se saiu melhor quando se referiu à economia. Estava mesmo num dia infeliz. Referindo-se ao que considera ser apenas “pessimismo” infundado, a soberana resolveu estabelecer um paralelo com as expectativas negativas que muitos tinham em relação à Copa do Mundo. Parece que a equipe de marketing achou que essa é uma boa ideia.
Ocorre que os dados ruins da economia —
juros de 11%, crescimento na casa de 1% e inflação, no momento, acima
do teto da meta (6,5%), para citar alguns números — são uma realidade
presente, não um sentimento, uma aposta ou um presságio ruim. Dilma
chegou a dizer que “nenhum país se recuperou” da crise, o que é uma
piada — ainda que involuntária. A maior economia do planeta, os EUA, vão
crescer 1,7% neste ano (o Brasil deve ficar abaixo de 1%) e 3% no ano
que vem (a previsão, por aqui, está em torno de 2%). O Brasil cresce a
uma taxa muito inferior à da maioria dos países latino-americanos e de
economias ricas da Europa.Dilma não se saiu melhor quando se referiu à economia. Estava mesmo num dia infeliz. Referindo-se ao que considera ser apenas “pessimismo” infundado, a soberana resolveu estabelecer um paralelo com as expectativas negativas que muitos tinham em relação à Copa do Mundo. Parece que a equipe de marketing achou que essa é uma boa ideia.
Dos três principais candidatos, ela foi, de longe, a que teve o pior desempenho, embora esteja na Presidência da República e disponha de instrumentos que lhe permitem fazer agora o que diz que pretende fazer um dia.
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