Possível saída da Escócia abre discussão sobre mudanças na bandeira do Reino Unido
Katrin Bennhold - NYT
Getty Images/Arquivo
Dois terços dos britânicos querem mudança na bandeira se Escócia sair
Quando "Take Down the Union Jack" ["retire a Union Jack", em português], de Billy Bragg, subiu nas paradas em 2002, o ano em que a Rainha Elizabeth 2ª estava celebrando 50 anos no trono, poucos imaginavam que poderia se tornar um pedido legítimo. Mas restando menos de dois meses para o referendo da Escócia sobre se o país deve se tornar independente, a letra da música de Bragg soa um pouco menos absurda: "O Reino Unido não é legal, você não sabe que não assim bacana. Não é apropriadamente um país. Nem mesmo tem um santo padroeiro."
Certamente, se os escoceses votarem pela secessão em 18 de setembro, a Grã-Bretanha se tornará menos grande e o Reino Unido deixará de ser, bem, unido. E como um reino sem a Escócia seria chamado? E será que a Union Jack - a bandeira que combina as cores dos três santos padroeiros de Inglaterra, Escócia e Irlanda - seria finalmente retirada, como exigia Bragg, que é inglês, mas um apoiador ferrenho da independência escocesa?
Segundo um levantamento, parece haver um desejo por mudança: o Flag Institute (Instituto Bandeira), um grupo educacional no Reino Unido que oferece orientação sobre bandeiras e seus usos, fez uma pesquisa entre seus membros em novembro passado e descobriu que quase dois terços dos entrevistados querem uma nova bandeira em caso de separação da Escócia. Em nenhum outro lugar a questão repercute mais do que no País de Gales, que foi anexado pela Inglaterra mais de cinco séculos antes de a atual bandeira ter sido concebida em 1801, e é a única nação não representada.
"Se houver uma votação, há questões reais sobre o que aconteceria ao Estado, que passaria a consistir da Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales", disse Carwyn Jones, o primeiro-ministro galês. "Se a Escócia sair da bandeira", ele insistiu, "o País de Gales terá que entrar".
Estátua de Adam Smith na Royal Mile, em Edimburgo Divulgação/VisitScotland e Homecoming Scotland
O Flag Institute recebeu muitas novas propostas para a Union Jack, com
alguns sugerindo que o vermelho do dragão galês seja adicionado. Os
galeses consideram uma ótima ideia. Mas eles são apenas três milhões;
muitos dos 53 milhões de ingleses poderiam fazer objeção.Quando "Take Down the Union Jack" ["retire a Union Jack", em português], de Billy Bragg, subiu nas paradas em 2002, o ano em que a Rainha Elizabeth 2ª estava celebrando 50 anos no trono, poucos imaginavam que poderia se tornar um pedido legítimo. Mas restando menos de dois meses para o referendo da Escócia sobre se o país deve se tornar independente, a letra da música de Bragg soa um pouco menos absurda: "O Reino Unido não é legal, você não sabe que não assim bacana. Não é apropriadamente um país. Nem mesmo tem um santo padroeiro."
Certamente, se os escoceses votarem pela secessão em 18 de setembro, a Grã-Bretanha se tornará menos grande e o Reino Unido deixará de ser, bem, unido. E como um reino sem a Escócia seria chamado? E será que a Union Jack - a bandeira que combina as cores dos três santos padroeiros de Inglaterra, Escócia e Irlanda - seria finalmente retirada, como exigia Bragg, que é inglês, mas um apoiador ferrenho da independência escocesa?
Segundo um levantamento, parece haver um desejo por mudança: o Flag Institute (Instituto Bandeira), um grupo educacional no Reino Unido que oferece orientação sobre bandeiras e seus usos, fez uma pesquisa entre seus membros em novembro passado e descobriu que quase dois terços dos entrevistados querem uma nova bandeira em caso de separação da Escócia. Em nenhum outro lugar a questão repercute mais do que no País de Gales, que foi anexado pela Inglaterra mais de cinco séculos antes de a atual bandeira ter sido concebida em 1801, e é a única nação não representada.
"Se houver uma votação, há questões reais sobre o que aconteceria ao Estado, que passaria a consistir da Inglaterra, Irlanda do Norte e País de Gales", disse Carwyn Jones, o primeiro-ministro galês. "Se a Escócia sair da bandeira", ele insistiu, "o País de Gales terá que entrar".
Estátua de Adam Smith na Royal Mile, em Edimburgo Divulgação/VisitScotland e Homecoming Scotland
Uma abordagem mais sutil combinaria a bandeira preta e amarela do santo padroeiro galês, São Davi, com a de São Jorge, da Inglaterra, e a de São Patrício, da Irlanda. Mas se a cruz branca sobre a azul de Santo André, da Escócia, for excluída, será que a cruz vermelha sobre branco de São Patrício deve permanecer, quase um século após a independência irlandesa - particularmente dado o ressentimento que ela inspira entre os unionistas do Ulster?
A ideia mais direta, a substituição do atual fundo azul da bandeira por preto, também tem uma pegadinha: "Esta costumava ser uma bandeira fascista no Reino Unido", disse Graham Bartram, o vexilólogo-chefe do Flag Institute (vexilologia é o estudo das bandeiras); "Seria como se todos aqueles filmes de ficção científica se tornassem verdadeiros. Eu até consigo ver todos os soldados marchando em uniformes pretos saudando uma bandeira preta."
Bartram, um conselheiro do Comitê de Bandeiras e Heráldica (sim, isso existe) no Parlamento britânico, disse que, se o Reino Unido - ou o que restar dele - propuser uma mudança, "isso abriria uma caixa de Pandora".
Felizmente, o Colégio de Armas, o registro oficial de brasões, disse que a bandeira tecnicamente não precisaria ser mudada se a rainha permanecesse chefe de Estado de uma Escócia independente.
Se a bandeira é uma questão contenciosa, também é a nomenclatura do que o governo britânico apelidou desajeitadamente de "Reino Unido que continua". O governo escocês prefere chamá-lo de "restante do Reino Unido".
Independente de qual seja o nome oficial - como a bandeira, a maioria das pessoas aposta que permanecerá o mesmo - há o risco de que, na percepção do mundo, a Grã-Bretanha se tornaria a Pequena Bretanha.
Tradutor: George El Khouri Andolfato
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