O crescimento dos EUA é benéfico para o Brasil
O Estado de S.Paulo
A economia norte-americana registrou
comportamento favorável no bimestre outubro/novembro, confirmando a
recuperação e antecipando um ritmo de crescimento do PIB da ordem de 3%
no ano que vem. Houve aumento dos gastos dos consumidores e melhora do
emprego, segundo o Livro Bege do Fed, o banco central dos Estados
Unidos. O estudo é mais otimista que o anterior, de outubro.
Publicado
oito vezes por ano, o Livro Bege reúne as análises dos 12 distritos
regionais do Fed - Boston, Nova York, Filadélfia, Cleveland, Richmond,
Atlanta, Chicago, Saint Louis, Minneapolis, Kansas City, Dallas e São
Francisco. O trabalho ajuda a embasar as decisões do Comitê de Mercado
Aberto (Fomc), com reunião marcada para os dias 16 e 17 próximos.
A
recuperação da economia norte-americana é generalizada. Em Boston, por
exemplo, 8 de 10 informantes notaram a recuperação industrial. Em Nova
York, o mercado de trabalho é forte e o turismo se destaca. Em Chicago, a
perspectiva de um inverno severo estimula o varejo. Em São Francisco,
as atividades imobiliárias cresceram e os preços subiram nas áreas
urbanas.
Por seu porte, a economia norte-americana compensa
as dificuldades enfrentadas na União Europeia. Quinta-feira, o
presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, revisou para
baixo as projeções de crescimento do PIB para o triênio 2014/2016 e
admitiu novas medidas de relaxamento monetário.
A queda dos
preços do petróleo no mercado global - de 37,9% no ano e de 15,6% em 30
dias, até 3/12 - beneficiou prontamente os consumidores
norte-americanos. E o que estes economizaram em gasolina gastaram em
outros itens, como vestuário apropriado para a temporada de frio
intenso. Mas o aumento da demanda não se limitou a esse setor, chegando à
tecnologia de informação, serviços financeiros, manufatura, construção,
transporte, lazer e hotelaria. A procura por mão de obra cresceu tanto
que, em distritos como Kansas City e Dallas, as empresas tiveram
dificuldades para manter o pessoal qualificado.
Não só o
mundo, mas o Brasil ganha com a retomada americana. Os Estados Unidos
importam mais do Brasil - e, neste caso, mais manufaturados do que
commodities, cujos preços caem. O pior da recuperação americana é a
perspectiva de que o juro básico do Fed volte a subir, o que só se prevê
para meados de 2015, quando se espera que o Brasil já esteja fazendo a
lição de casa.
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