Reinaldo Azevedo - VEJA
Caros leitores,
Este blog
foi criado em junho de 2006, depois que a política — a informal, claro! —
do PT ajudou a fechar a revista “Primeira Leitura”. A intenção dos
companheiros era me tirar no debate. Contribuíram, na prática, para
ampliar a minha voz. ELES CONTINUAM SE ESFORÇANDO ATÉ HOJE PARA QUE OS
MEUS PATRÕES ME DEEM UM PÉ NA BUNDA. Não gostam de mim, e, quanto a esse
particular, não posso censurá-los. Inaceitável é que usem instrumentos
de pressão do Estado para silenciar aqueles de que discordam.
Nesses
anos, vi muita coisa, passei por muita coisa. Um período difícil foi a
Operação Satiagraha, estrelada por um tal delegado Protógenes, que
depois virou deputado pelo PC do B, para sumir na poeira do tempo. Havia
naquilo uma formidável coleção de ilegalidades e fantasias. No fim das
contas, Daniel Dantas, que nunca foi santo, era só personagem da guerra
de facções do PT. Se alguém se atrevia a apontar a verdade, era logo
tachado de “agente do Dantas”. O banqueiro acabou se entendendo com os
petistas, e os companheiros não quiseram mais saber dele. Sim, eu e
outros tantos fomos acusados de estar a serviço do banqueiro. Nunca
estive com ele. Nunca falei com ele. Não sei o que pensa e o que quer.
Tampouco me interessa.
Desqualificar o trabalho alheio é a mais fácil de todas as tarefas.
No domingo — sim, no domingo —, concluí uma apuração que havia iniciado na terça-feira da semana anterior e escrevi um post depois
de obter a terceira confirmação inequívoca de um fato, que sintetizei
(ou espichei; meus títulos costumam ser enormes) neste título: “A
NATUREZA DO JOGO 2 – A FRASE PERTURBADORA DE JANOT E SUAS CONVERSAS
FREQUENTES COM CARDOZO. OU: DENÚNCIA DO MP VAI OU NÃO REVELAR O
VERDADEIRO CRIME, JÁ CONFESSADO POR PAULO OKAMOTTO, O FAZ-TUDO DE LULA?”
Fui
severamente atacado nos comentários por alguns leitores. Como tenho
afirmado aqui que as coisas caminham para que empreiteiros tenham penas
severas e políticos, uma vez mais, saiam livres, leves e soltos, alguns
tolos resolveram me acusar de estar a serviço dos companheiros do
concreto armado — os mesmos que, ao longo de 13 anos, têm financiado
largamente os petistas. Mas não só eles: também os banqueiros, os
industriais, os comerciantes… O PT é hoje um conglomerado de interesses
privados que só tem um adversário: o povo que trabalha e arrecada
impostos.
Pois bem. Leio, agora, na Folha, o seguinte título:
No texto, Vera Maglhães e Bruno Boghossiam informam:
“O ministro da Justiça, José
Eduardo Cardozo, e o procurador-geral da Republica, Rodrigo Janot, se
reuniram na noite desta quarta-feira (25) no gabinete da PGR. O encontro
não constou da agenda de nenhuma das duas autoridades. A reunião
ocorreu às vésperas da apresentação, por Janot, da denúncia ao STF
(Supremo Tribunal Federal) contra políticos no âmbito da Operação Lava
Jato, que investiga um esquema de corrupção na Petrobras.”
Aí volto ao meu texto de domingo.
Lá eu afirmo que Janot não pode estar preocupado em administrar a denúncia para amenizar a crise política:
Lá eu informo que Janot deu graças a Deus por, segundo ele, não ter encontrado nada contra Lula e Dilma:.
Lá eu
informo a possibilidade de triunfar a mentira escandalosa de o petrolão
ser considerado apenas mais um esquema de assalto aos cofres públicos,
eliminando-lhe o caráter político, que diz respeito a uma forma de
conquista do Estado.
Os que
cometeram crimes que paguem, respeitado o devido processo legal, sejam
políticos, empreiteiros, açougueiros, sei lá o quê. Não conheço
empreiteiros. Não sou nem nunca fui amigo de nenhum deles. Vou continuar
a fazer o meu trabalho. Sempre que eu achar que o estado de direito
está sendo agredido — e pouco me importa se o objeto dessa agressão é um
santo ou um canalha —, vou continuar a denunciar, a manifestar meu
inconformismo. O estado de direito existe para freiras e para putas.
Para inocentes e para culpados. O que não é certo é tomar a freira por
puta e a pura por freira. Aí não! Não entender isso corresponde a
ignorar um princípio fundamental da civilização. Não entender isso é ser
um súdito moral do Estado Islâmico.
Os
que vieram aqui me atacar anunciando que não vão mais ler o blog, em
razão do post sobre Janot ou de outro qualquer, me farão um grande favor
se não voltarem. Outros insatisfeitos podem e devem fazer a mesma
coisa. Sugiro que usem o meu critério: ou leio coisas que me dão prazer
ou que, mesmo desagradáveis, são úteis ao meu trabalho. Se o blog nem dá
prazer nem é útil, pra que perder tempo comigo?
Escrevo o
que apuro, escrevo o que penso, escrevo o que acho certo. Durante a
Operação Satiagraha, as “vanguardas do não” eram mais poderosas do que
agora. E não me fizeram mudar de ideia. Procuravam jogar na lama o nome
de pessoas decentes, que só se ocupavam de fazer o seu trabalho.
Para encerrar
O Ministério Público vai ou não fazer o acordo de delação premiada com Ricardo Pessoa? Ele tem como evidenciar que doou R$ 30 milhões clandestinamente ao PT, R$ 10 milhões dos quais para a campanha de Dilma Rousseff. Janot está ou não interessado no que ele tem a dizer? Até quando a prisão preventiva de Pessoa — e dos demais empreiteiros — será usada como instrumento de pressão para esconder a verdadeira natureza do jogo e para provar uma tese que livra a cara dos petistas?
O Ministério Público vai ou não fazer o acordo de delação premiada com Ricardo Pessoa? Ele tem como evidenciar que doou R$ 30 milhões clandestinamente ao PT, R$ 10 milhões dos quais para a campanha de Dilma Rousseff. Janot está ou não interessado no que ele tem a dizer? Até quando a prisão preventiva de Pessoa — e dos demais empreiteiros — será usada como instrumento de pressão para esconder a verdadeira natureza do jogo e para provar uma tese que livra a cara dos petistas?
Não gostou
do que leu, leitor? Vá embora daqui! Vá procurar o que o faz feliz. Não
gostou, mas considera útil a seu trabalho e a seu pensamento? Aí é com
você.
Continuarei a dizer o que penso. E a tratar da natureza do jogo.
Obrigado!
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