Avançar nos tributos
FSP
Se há uma promessa repetida por todos os governos nas últimas décadas,
mas nunca concretizada, é a da reforma tributária. Interesses setoriais,
diferenças entre os entes federativos e a pertinaz ganância
arrecadatória se mostraram obstáculos intransponíveis até agora.
Ficou claro, dadas as dificuldades, que faz pouco sentido enfrentar
todos os problemas de uma só tacada, com mudanças em larga escala.
Ganhou força, assim, a ideia de que devem ser buscadas alterações
incrementais, que corrijam aos poucos as principais distorções e se
traduzam em ganhos palpáveis ao longo do tempo.
Embora o governo, sufocado pelos resultados da própria incompetência
demonstrada nos últimos quatro anos, esteja às voltas com as
necessidades econômicas imediatas, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy,
deu sinais de que não perdeu de vista o longo prazo.
Pretende levar adiante os planos focados nos dois impostos que mais
trazem custos e insegurança jurídica aos contribuintes: PIS/Cofins e
ICMS. Com sua infinidade de regras e regimes especiais, obrigam as
empresas a despender uma enormidade para cumprir a lei.
No caso do PIS e da Cofins, o governo não aceitará prescindir de receita
num momento de ajuste das contas públicas, mas é possível simplificar
os critérios e reduzir custos para as empresas.
Hoje, no regime não cumulativo (que permite obter créditos na compra de
insumos), apenas os materiais diretamente ligados à produção geram
créditos, o que leva a controvérsias sem fim com o fisco.
A proposta, em discussão avançada, é tornar toda despesa passível de
crédito e acabar com regimes setoriais, facilitando os negócios.
Espera-se que, ao compensar as novas deduções, o governo não amplie
sobremaneira sua mordida.
Quanto ao ICMS estadual, a tarefa é finalmente dar cabo da guerra
fiscal, com a redução das diferenças de alíquotas entre origem e destino
e, ao mesmo tempo, a validação dos incentivos já concedidos pelos
Estados. Para tanto, será preciso chegar a um acordo sobre regras de
transição e aportes da União ao fundo que contrabalançará perdas de
receita.
Nos dois casos, a discussão avançou muito nos últimos anos, a ponto de
parecer realista crer em uma mudança efetiva. De agora em diante, será
necessária uma gestão competente dos interesses envolvidos por parte do
governo federal.
Os benefícios para o setor privado seriam significativos e ajudariam a
compor um ambiente mais positivo para a tão necessária retomada dos
investimentos.
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