segunda-feira, 30 de junho de 2008

O SOL E O AÇO DE YUKIO MISHIMA

Yukio Mishima (pseudônimo de Kimitake Hiraoka) nasceu em Tóquio, em 14 de janeiro de 1925.
Apesar de ter viajado pelo mundo e absorvido alguns ideais estrangeiros, manteve-se arraigado na cultura de seu país.
Atuou como gangster em um filme, gravou discos, debateu valores na TV e era um dos maiores escritores do seu tempo, no Japão.
Cometeu suicídio ritualistico da classe samurai em novembro de 1970.
Seu último livro escrito (uma espécie de testamento) se chamou Tayô to Têtsu, traduzido por Paulo Leminski em 1985 (Sol e Aço).
Fechando o livro, existe um poema muito bonito, que segue agora, abaixo transcrito:
ÍCARO
Com o que então pertenço aos céus?
Não fosse assim, por que é que os céus
Me olhariam assim com o seu eterno olhar azul,
Me chamando, e à minha mente, mais alto,
Sempre mais alto, sempre mais para cima,
Me chamando sempre para o máximo,
Para alturas que homem algum imagina?
Por que, estudado o equilíbrio
E o vôo planejado até a última minúcia,
Até não haver margem para o infortúnio,
Por que, até aí, deve a ânsia de subir
Ser associada à insânia?
Nada nesta terra vai me ver satisfeito;
Novidades do mundo, logo monótonas;
Algo me chama lá em cima, para cima,
Cada vez mais perto da faísca do sol.
Por que me queimam estes raios da razão?
Por que me destroem estes raios?
Vilarejos lá embaixo e meandros de rios
Até que são bonitos vistos desta distância.
Por que me imploram, me aprovam, me invocam
Que eu ame o que existe lá embaixo
Se vissem o que, daqui de cima, vejo -
Embora o fim nunca pudesse ser o amor;
E, se fosse, poderia algum dia
Pertencer aos céus?
Nunca invejei a liberdade do pássaro,
Nem nunca desejei a paz da natureza,
Possesso apenas desta estranha fúria
De ir sempre para cima, de mergulhar
Nas profundezas do céu azul, tão inimigo
A toda alegria fácil, tão distante
Dos prazeres da fácil fortuna,
Mas sempre algo, mais alto e mais,
Perplexo, talvez, pelas esperanças
Destas asas de cera.

Há um cheiro de Avanço no ar III.

A União está acusando a Vale do Rio doce de invadir assentamentos.
Vejamos: a Vale indenizou entre 2003 e 2007, 53 assentados para que saíssem dos seus lotes.
Foram pagos R$ 14,3 milhões por todos os lotes.
O dinheiro recebido pelos assentados, já acabou e agora, sobra reclamação.
O governo incompetente, que jaz atualmente no poder, criou um factóide, para se mostrar defensor dos frascos e comprimidos.
Açoitar as grandes empresas, fustigar os grandes empresários, sempre deu grande ibope junto às massas ignorantes da sua propria situação, e ao contrário do que defendia Rousseau, outro ignorante paranóico, as massas são mesquinhas e egoístas tanto quanto qualquer ser humano vertebrado.
Enquanto isso, o assentamento criado pela Força Sindical (cujo grande líder está sendo investigado) fracassou e se transformou numa grande ruína a céu aberto. Alguém vai fazer alguma coisa pelos desvalidos do "Paulinho da Força"? Não.
E o que ocorre pelo resto do país, sem que se faça alarde? Será que só a Vale comprou terras de
assentados. Creio que não.
Esses assentados nunca foram chegados ao trabalho duro (salvo raras exceções). O lance é beliscar um pedaço de terra, repassá-lo, torrar a grana e voltar a viver de alguma bolsa que o governo paga a esses imprestáveis.
E depois se candidatar a outro pedaço de terra.

TUNGUSKA - A PEDRA E O MISTÉRIO

Há 100 anos, caía (?) uma pedra do céu (outros dizem que foi um UFO) que promoveu uma gigantesca desvastação na Sibéria, nas proximidades do rio Tunguska.
Segundo Marcelo Gleiser, foi uma devastação de 2.000 km quadrados de floresta e foram destruídos 80 milhões de pinheiros, causando um abalo de 5 graus na escala Richter, que chegou a se detectado pelos sismógrafos de Londres!
Alguns sugerem que a explosão tenha acontecido entre oito e seis quilômetros de altitude, liberando uma energia de 15 megatoneladas de TNT, equivalente à detonação simultânea de mil bombas nucleares como a que arrasou Hiroshima.
O meteoro teria, segundo alguns cientistas, 30 metros de diâmetro e a sua velocidade, fatal, 15 quilômetros por segundo.
Outros cientistas falam em buraco negro que atravessou a Terra de sul a norte, explodindo na saída.
A tese de que foi um UFO que explodiu é mais fantasiosa e, fica a cargo do agente especial do FBI, Fox Mulder, a sua investigação.
O que será que realmente aconteceu em Tunguska?
Parece que não saberemos.

sábado, 28 de junho de 2008

MILLENNIUM

Do livro da Revelação sobre o cavaleiro do cavalo vermelho: "E saiu outro cavalo, vermelho; e ao seu cavaleiro foi-lhe dado tirar a paz da terra para que os homens se matassem uns aos outros; também lhe foi dada uma grande espada."

MILLENNIUM

Do livro da Revelação
"Na verdade, as nações se enfureceram; chegou, porém a tua ira, e o tempo determinado para serem julgados os mortos, para se dar o galardão aos teus servos, os profetas, aos santos e aos que temem o seu nome, assim aos pequenos como aos grandes, e para destruíres os que destroem a terra."

Há um cheiro de Avanço no ar II.

Algumas pessoas, intrigadas, pediram no meu e-mail, explicações.
Aí vão elas:
O cavaleiro do cavalo branco (o falso messias) recebeu a coroa e o arco e está preparado para conquistar o mundo daqueles que se vendem por algumas moedas (ou cestas, vales, auxílios, seja o que for). Essas pessoas se curvaram diante das coisas mundanas.
Auxiliado pelo cavaleiro do cavalo vermelho (a guerra) causa a discórdia entre os homens e provoca, com a sua sedução, a fragmentação do todo. Homens contra homens, se encaminham para um aniquilamento mútuo, sem sentido, mas que ninguém percebe.
A fé foi trocada pelo conforto material imediato e, o falso messias se aproveita da fraqueza daqueles que não se recordam que, os que mantiverem a fé "Jamais terão fome, nunca mais terão sede, não cairá sobre eles o sol, bem como ardor algum, pois o Cordeiro que se encontra no meio do trono os apascentará e os guiará para as fontes da água da vida. E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima".

MILLENNIUM

Do livro da Revelação
"O fruto sazonado que a tua alma tanto apeteceu, se apartou de ti, e para ti se extinguiu tudo oque é delicado e esplêndido e nunca jamais serão achados."

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Há um cheiro de Avanço no ar.

Já houve na história deste país, um presidente da república que preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo.
Outros acreditam que o cheiro do povo seja sinônimo de sucesso e outras coisas mundanas que fogem ao objetivo deste texto.
Conta, o Livro, que era uma vez quatro cavaleiros montados em quatro cavalos (o branco representava o falso messias; o vermelho representava a guerra; o negro representava a fome e por fim, o amarelo, que representava a morte).
Pois é, o do cavalo branco gosta do cheiro do povo. Nele se delicia e se embriaga. E ri, como riem as hienas na noite escura enquanto encurralam sua próxima vítima.
O caos vai se instalando aos poucos:
"Jamais o nosso país foi governado por tanta legislação infra-legal (...) em nosso país já não vige a lei, mas o decreto, a portaria, a instrução normativa, o aviso. Vivemos em uma democracia roída pelos cupins, ou melhor, vivemos em uma proto-ditadura." Klauber Cristofen Pires
O do cavalo branco expressou à FSP (26/05/1994):
"Coisa justa vale mais que lei... Entre a lei e a coisa justa e legítima, eu sempre disse que o justo e o legítimo é muito mais importante".
A igualdade e a liberdade absoluta passam a ser considerados bens supremos, e aí o caos está instalado.
O atentado à Constituição se baseia em documentos como a Convenção 169, da Organização Mundial do Trabalho (OIT), que determina o "Direito de autodeterminação dos povos indígenas e tribais, incluindo fazer as suas próprias leis, regulamentos, convenções, etc. e proíbe operações militares nas reservas em quaisquer circunstâncias". KCP
Se isso não bastasse, foi criado o PRONASCI - Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania - 19/06/2008 - Lei nº 11.707 - que tem como função a "Promoção dos direitos humanos, intensificando uma cultura de paz, de apoio ao desarmamento e de combate sistemático aos preconceitos de gênero, étnico, racial, geracional, de orientação sexual e de diversidade cultural".
Reflita sobre o que quer dizer isso. O zoológico ficará enlouquecido sem parâmetros.
Não existe sequer alguém que se responsabilize pelo recolhimento dos cacos (se é que vai haver algum) após o desastre.
As trombetas não tardarão a soar.

MILLENNIUM

Do livro da Revelação
"Não temas; eu sou o primeiro e último, e aquele que vive; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos dos séculos, e tenho as chaves da morte e do inferno."

OS ARAUTOS NEGROS

"Há golpes na vida tão fortes... Eu não sei! Golpes como do ódio de Deus; como se diante deles a ressaca de todo o sofrimento se empoçasse na alma... Eu não sei! São poucos; mas são... Abrem fendas escuras no rosto mais fero e no dorso mais forte. Serão talvez os potros de bárbaros átilas; ou os arautos negros que nos manda a Morte. São as quedas profundas dos Cristos da alma, de alguma fé adorável que o Destino blasfema. Esses golpes sangrentos são as crepitações de algum pão que se queima na boca do forno. E o homem... Pobre... pobre! Volta os olhos, como quando alguém bate as mãos por trás de nós; vira os olhos loucos, e tudo o que foi vivido se empoça, como charco de culpa, no olhar. Há golpes na vida, tão fortes... Eu não sei!" Cesar Vallejo (1892/1938)

quinta-feira, 26 de junho de 2008

NOVO ENIGMA PARA ÉDIPO

"É coisa? - Não. Está vivo? - Sim. É vegetal? - Não. É animal? - Sim. Rasteja? - Às vezes, nem sempre. Qual é a sua postura? - De pé. Voa? - Cada vez mais. Assobia? - Às vezes. Ruge, muge, late, ladra, uiva, ulula? - Sim, quando quer, por imitação. Sabe fazer ninhos para a cria? - Constrói todo o tipo de alvéolos trêmulas. Cava túneis subterrâneos? - Cada vez mais, porque voa e tem medo. Alimenta-se de frutas, de plantas? - Sim, porque é frágil. E de carne? - Muitíssimo, porque é cruel. Fala? - Demais: suas palavras enchem a terra inteira de barulho. É, portanto leão, tigre e ao mesmo tempo gado e ao mesmo tempo papagaio gato cachorro macaco toupeira e castor? - Sim sim sim sim tanto isso tudo quanto ele mesmo e todos os outros. Vive à noite ou de dia? - Vive à noite e de dia. Dorme às vezes de dia e trabalha à noite porque teme os próprios sonhos. Pode ver e ouvir? - Vê tudo ouve tudo, mas tapa os ouvidos. Que faz quando trabalha? - Ergue altas muralhas para ocultar o sol. Fala, canta, resmunga para encobrir o estrondo do trovão. E quando não está fazendo nada? - Esconde-se. Treme com todos os membros sem saber por quê. Dirige-se rumo a algo, alguém? - Pensa que sim, finge ser chamado, escolhido, coroado. É mortal? - Julga-se imortal, mas morre. Gosta da morte? - Detesta-a, não a compreende. Que faz contra a morte detestada? - Multiplica-a dentro e fora de si por toda a terra no mar e no ar, espalha-a nutre-se de vida, isto é, de morte. Com todo esse massacre, que quer ganhar? - Pensa perder de vista o fim, borrar o horizonte. Que espera afinal? - Sua morte, sua própria morte. E quando sua própria morte enfim chega? - Não a reconhece: pensa que é vida e prosternado chora." Jean Tardieu (1903/1995)

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Epigrama nº 02

"És precária e veloz, Felicidade. Custas a vir, e, quando vem, não te demoras. Foste tu que ensinaste aos homens que havia tempo, e, para te medir, se inventaram as horas. Felicidade, és coisa estranha e dolorosa. Fizeste para sempre a vida ficar triste: porque um dia se vê que as horas todas passam, e um tempo, despovoado e profundo persiste." C. Meireles
"E batalhamos. Dois tigres Colados de um só deleite Estilhaçando suas armaduras Amor e fúria Carícia, garra Tua luz E a Centelha rara De um corpo e duas batalhas." H. Hilst

POLITICAGENS

"Pedem-me para me pôr de joelhos, mas eu recuso sempre. Dizem-me que se nos pusermos de joelhos uns em cima dos outros poderemos chegar mais alto e ver mais longe, mas pedem-nos sempre, muito delicadamente, para ficarmos nós em baixo. Já os conheço. Conheço-os a TODOS." Voltei do Hades.

domingo, 22 de junho de 2008

"Variável, e consequentemente miserável, é a condição do homem! Nesse minuto estava bem e agora estou doente, no mesmo minuto. Surpreende-me essa mudança repentina, a alteração para pior, e não posso imputá-la nenhuma causa, nem chamá-la de nenhum nome."
John Donne (1572/1631)

domingo, 15 de junho de 2008

INFINITUDE DOS AMANTES

"Se até agora ainda não possuo todo o teu amor,
Querida, nunca o terei de todo.
Não posso soltar mais um suspiro, comover-me.
Nem suplicar a mais outra lágrima que corra:
É todo o meu tesouro, que deveria comprar-te -
Suspiros, lágrimas, juros e cartas - já gastei.
Porém, nada mais poderá me ser devido.
Além do proposto no negócio acordado:
Se então a tua dádiva foi de amor parcial,
Que parte a mim, parte a outros, caberia,
Querida, nunca te possuirei totalmente."
J. Donne

sábado, 14 de junho de 2008

Canção

"Quando suspiras, não suspiras ar, mas evolas a minha alma Quando choras, cruel carinhosa, definha o sangue da minha vida. Não é possível Que me ames como dizias Quando, na tua, a minha vida desperdiças. Tu que és o melhor de mim. Não deixes que teu coração adivinho prever-me algum mal, O destino pode revezar-te e executar os teus receios. Imagina antes que nós Nos viramos de lado para dormir: Aqueles que um ao outro se guardam Em vida, serão apartados." John Donne (1572/1631)

Pigmaleão desolado

"Tem mesmo momentos secretos, de malícia, em que pensa ficar só com ele, numa ilha deserta, longe de todos os laços e obrigações...
Todos temos esses instantes de sonho. Mas na hora dos negócios, na vida que ela leva realmente, longe da sua vida de devaneios e fantasias, Eliza gosta de Freddy e do coronel; e não gosta de Higgins. Galatéia não gosta muito de Pigmaleão; a relação dele com ela é demasiado divina para ser agradável."
George Bernard Shaw

quarta-feira, 11 de junho de 2008

"Formosa, hei de tocar-te com meu pensamento. Tocar-te e tocar e tocar até que de repente me dês um sorriso, timidamente obsceno." e. e. cummings

terça-feira, 10 de junho de 2008

"O desejo estraga tudo. Tenho 32 planos. 52 projetos. 30 estruturas perfeitas. O dia é claro e calmo e tem 24 horas. De repente chega o desejo e estraga tudo. O dia fica claro demais. E já não tem 24 horas. O tempo inteiro concentra-se num ponto. Aqui. Tenho o tempo concentrado aqui. Muitos minutos concentrados no sexo. O desejo é isto. Ter órgão a mais para o tempo que faz lá fora. Lá fora o tempo tem 24 horas. Cá dentro é bem mais pequeno. O tempo entra todo pelo sexo e quer deixar de existir. O esperma é o suicídio do tempo. O esperma sobe pela torre e atira-se lá de cima. É um suicídio Um suicídio do tempo. O desejo estraga tudo. Tinha tantos planos racionais para hoje. Os números eram quase perfeitos. O desejo estraga tudo, tudo." Gonçalo M. Tavares

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Notícias da Bicholândia

Credo!
Após as declarações de um certo cidadão sobre sua vida nas forças armadas, a imagem que tínhamos dela (pelo menos eu) foi transformada em cacos...
Vão crucificar o cidadão. Da mesma forma que fizeram com Oscar Wilde. Na época dele, existia homossexualismo (em doses generosas e, de ambas as partes), mas não se fazia estardalhaço da opção sexual.
Oscar Wilde teve muitos casos, mas foi preso porque fez propaganda da situação vivida.
Não se deve espantar os cavalos, dizia-se na época.
A bichôlandia se dividiu: uma condena o ato tresloucado de um cidadão que perdeu a noção;
outra bate palmas e diz que devem mostrar a real face do homossexualismo no Brasil.
O que eu posso dizer é que ele mostrou que os cidadãos devem ser melhor avaliados antes de integrarem as nossas forças armadas.
Mostrou-se caricato: a famigerada e milenar "bicha louca".
Mostrou com as suas declarações levianas que é um desequilibrado.
Torná-lo regra geral e estender a todos na sua situação não vai melhorar a "causa".

domingo, 8 de junho de 2008

D. Sebastião vem aí!

O final dos tempos está próximo. O poema de W. B. Yeats anuncia.
EUA: McCain (um tanto velho para o cargo) defende o grampo não autorizado pela justiça.
Toda filosofia do Iluminismo, que combatia o Leviatã, foi ocupar um amplo espaço na "lata de lixo da História".
Quanto ao outro candidato (inexperiente, acredita nas fábulas que ele mesmo conta), deixo para o pseudo intelectual Caetano Veloso: "Entre uma mulher e um preto, eu prefiro o preto."
Sem comentários.
Lula e o novo assalto aos cofres: O nosso grande líder disse que a hipocrisia em ano eleitoral lhe impede de tocar adiante os megaprojetos que tem em mente.
Existe uma coisa chamada justiça. Ela proíbe esse tipo de gasto para evitar exatamente aquilo que ele pretende.
Usar o NOSSO dinheiro para fins eleitorais é proibido por lei.
Talvez, em países como a Venezuela, Bolívia ou Cuba, projetos inacabados de países (afinal, isso é tudo um grande engano de Deus, segundo J. L. Borges) seja considerado normal.
Mas, aqui, pretendem-se construir uma civilização que acolha os nossos filhos.
Para isso, precisamos de regras.
Que valham para todos, bem entendido.

D. Sebatião vem aí!

sábado, 7 de junho de 2008

"Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo-li-ta.
Pela manhã ela era Lô, não mais que Lô, com seu metro e quarenta e sete de altura e calçando uma única meia soquete. Era Lola ao vestir os jeans desbotados. Era Dolly na escola. Era Dolores sobre a linha pontilhada. Mas em meus braços sempre foi Lolita."
Nabokov
Clássico da Literatura Universal. Todos os Homens devem um dia ter se sentido, assim, meio Humbert na vida.
"Acho que a mulher quer viver a sua própria vida; o homem, claro, a dele; e cada um dos dois procura levar o outro pro seu caminho, isto é, para o caminho errado. Um quer ir para o norte, o outro pro sul; o resultado é que os dois vão pro oeste, embora ambos detestem a região."
Pigmaleão,de George Bernard Shaw (1856/1950)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

"Uivo Eu vi os melhores cérebros da minha geração destruídos pela loucura Histérios, nus e famintos tragados pelas ruas negras da madrugada à procura de um pico raivoso, Hipsters angelicais queimando-se pela primitiva ligação celestial Nos dínamos chocantes das engrenagens da noite, Miseráveis e esfarrapados com olhos sagrados nas alturas do fumo Na escuridão sobrenatural dos prédios gelados flutuando Através do topo das cidades contemplando jazz..." Allen Ginsberg
Luiz Carlos Lisboa foi repórter, redatos,editorialista e correspondente no Rio de Janeiro. Trabalhou no O Estado de São Paulo e no Jornal da Tarde. Aposentado, mora em Princenton, Nova Jérsei, EUA.
Dele,são os vários textos abaixo transcritos. São para uma reflexão sobre o que somos e o que pretendemos com aquilo que fazemos no nosso cotidiano.
"Uma frase rabiscada a giz num quadro negro do Collège de France, durante a revolta estudantil de maio de 1968, fala por si mesma: "Não vejo senão aquilo em que acredito."
Somos cegos para tudo aquilo que alguma vez não registramos com as tintas da emoção. É quando há o desejo ou medo envolvidos que passo a ver pessoas, imagens, idéias ou projetos.
Nosso mundo é povoado daquelas coisas em que acreditamos, seja as que amamos, seja as que tememos. Do resto nós esquecemos, ou apenas ignoramos."
"Tomar para si alguma coisa ou alguém é um jogo que as crianças podem desistir de fazer muito cedo, quando descobrem que nada é completamente de ninguém. De fato, ter é uma idéia que não se consegue realizar, mas que às vezes nos acompanha por toda a vida. Poucas miragens persistem com tanta força e consomem tanta energia humana."

quinta-feira, 5 de junho de 2008

"Diante das águas que passam em silêncio por mim, levando folhas e ramos, dando voltas e fazendo desenhos em sua superfície, descubro que estou vendo um rio pela primeira vez na vida.
O que já conhecia era alguma coisa que se aprende nos livros, que tem um nome do qual se fala com respeito ou indiferença, uma paisagem que, de tanto ver, já não se entende.
O que descubro agora é um milagre sem nome, uma estrada viva e amorosa onde descanso meus olhos e banho meu coração."
"O encontro da alma com a beleza faz a poesia, convida à contemplação, aproxima da música - e deixa depois uma espécie de saudade que nos faz humildes com a vida e descontentes com todas as formas de banalidade."
"O primeiro homem que reuniu um buquê de flores tornou-se diferente do animal."
A meditação japonesa, antiga de dois mil anos, continua:
"Tornou-se um homem porque exigiu da natureza alguma coisa mais que a satisfação de suas necessidades imediatas. Entrando no domínio da arte, reconheceu a utilidade do inútil."

quarta-feira, 4 de junho de 2008

"A sabedoria que existe nas coisas comuns e familiares pode emergir de repente aos olhos de quem contempla o mundo com o espírito vazio. Basta ver a água, que toma a forma exata do recepiente onde está e se espalha quando libertada. Ela não se opõe, mas envolve, e não tem dúvida entre dois caminhos porque segue o que lhe é mais natural. O rio, a poça, o lago, a água que corre em nossa pele quando nos lavamos - falam de coisas que seria bom aprender."
"A idéia de modificar o mundo, as coisas, os homens, raramente tem alguma coisa a ver com a sua melhoria. Nossa maior contradição consiste em querer mudar aquilo que ainda não conhecemos bem - nós mesmos, os outros, a sociedade. Talvez o reformista deva ser conhecido antes, juntamente com a sua ânsia de mudança e reforma. Se conhecermos a nossa inquietação um pouco mais de perto, o mundo já não será o mesmo e não iniciaremos a mudança pelo exterior."
"Um brilho se sol numa janela distante enche de luz um espelho que ilumina um quarto. As cores que saem da sombra estavam ali escondidas, à espera da revelação, na claridade da beleza sem limites do mundo. E, como ela veio, ela vai e nos deixa outra vez na penumbra, no silêncio feliz de quem provou do milagre."
"O Fim É o fim, amigo querido, é o fim, único amigo, o fim dos planos que forjamos, o fim de tudo o que era firme, o fim sem apelo ou surpresa, o fim. Nunca mais te olharei nos olhos. Vê se imaginas o que vai ser de nós, ilimitados e libertos, desesperadamente necessitados da mão de um estranho num mundo desesperado. Perdidos num deserto romano de mágoas, com todas as crianças atacadas pela loucura, todas as crianças atacadas pela loucura, à espera da chuva de verão." Jim Morrison
Quem assistiu Apocalipse Now sabe o efeito que esse trecho de música representou e o impacto que ele causou. Os filmes de guerra (sobre o Vietnã) após Apocalipse Now nunca mais foram (ou serão) os mesmos.
"Tu perguntas se assim tudo se esvai nessa escassa névoa de memórias; se à hora que entorpece ou no suspiro da rebentação cumpre-se cada destino. Dizer que não eu gostaria, que urge a hora de passares além do tempo; talvez só quem quiser se infinite e tu hás de poder, quem sabe, não eu. Para os demais não vejo salvação, mas que alguém subverta todo o desígnio, cruze o passo, como quis se encontrasse. Quisera antes de me render mostrar-te essa via de escape tão lábil como nos revoltos campos do mar a espuma e o refego. O caminho termina nestas margens que corrói a maré com moto alterno. Teu coração próximo não me ouve e zarpa já talvez para o eterno." Eugenio Montale (1896/1981)

terça-feira, 3 de junho de 2008

Dando adeus à Amazônia
Enquanto o nosso sinistro do Meio Ambiente, o muito louco Carlos Minc, discute com o exterminador do Mato Grosso (60% do desmate teriam ocorrido nesse estado), Blairo Maggi (maior plantador de soja do planeta), o nosso serviço secreto a poderosa, incrível, fantástica e fantasiosa Agência Brasileira de Informações (que medo!) faz levantamento sobre a ficha do empresário sueco Johan Eliash, aquele que quer comprar a Amazônia (ofereceu US$ 50 bilhões por ela).
Nesse ínterim, os Ministérios do Meio Ambiente e da Justiça informaram que não desenvolveram estudos ou medidas sobre as terras que já teriam sido compradas pelo europeu.
A única certeza que eles têm é que o governo não sabe quantos estrangeiros possuem títulos de terra na Amazônia, onde eles têm propriedade e quanto elas valem!
Amazônia, adeus.
" A Segunda Vinda Rodando em giro cada vez mais largo, O falcão não escuta o falcoeiro; Tudo esboroa; o centro não segura; Mera anarquia avança sobre o mundo, Maré escura de sangue avança e afoga Os ritos de inocência em toda parte; Os melhores vacilam, e os piores Andam cheios de irada intensidade." W. B. Yeats Tragam-me os seus mortos, tragam-me os seus mortos!Darei a eles o descanso que as suas almas merecem!
"Traz-me o girassol que o transplante no meu terreno queimado de maresia, e a ansiedade de sua face amarela mostre aos azuis brilhantes do céu todo o dia. Tendem à claridade as coisas obscuras, exaurem-se os corpos num decorrer de tintes: esses em música. Esvaecer é portanto a ventura das venturas. Traz-me tu a planta que conduz aonde surgem loucas transparências e evapora-se a vida como essência; traz-me o girassol enlouquecido de luz." Eugenio Montale
O Estado das Coisas Pega ladrão! Pelas manchetes dos grandes jornais, tem-se a impressão de que não existe ninguém inocente no Rio de Janeiro: são traficantes, bicheiros, gigolôs, quadrilheiros, milícias, enfim, uma fauna bem variada. Metade da Assembléia Legislativa responde na justiça algum tipo de processo. O ex-governador e ex-secretário da justiça A. Garotinho foi acusado de comandar uma quadrilha... Final dos tempos... A Amazônia está dando adeus... De uma forma ou de outra, vamos perder a Amazônia: ou vira área/território internacional ou vira carvão para ceder lugar aos campos de produção. Incentivaram tanto o consumo com empréstimos, crediário e agora tentam refrear o consumo com juros altos para controlar a inflação, pois a demanda ficou maior que a oferta. O governo Lula, em ritmo de campanha gasta o que tem e o que não tem, acelerando o processo inflacionário. Para fazer caixa e sustentar suas campanhas quer criar um outro imposto para colocar no lugar da CPMF - o aumento de um outro, o IOF, não foi suficiente para aplacar o apetite dos petistas por verbas públicas. O Mercosul não funciona, está morto e enterrado. O Unasul é um pesadelo ou uma piada do nosso presidente em dia de ressaca! Nenhum escândalo político foi apurado, todos foram inocentados! O novo ministro do meio ambiente, Minc, parece que tomou o chá alucinógeno do ministro da cultura e os dois parecem querer reviver Woodstock! A TV por assinatura vai sofrer intervenção do Estado! A Bolívia surrupiou as refinarias da Petrobras! O Paraguai vai afanar energia de Itaipu que é comprada dele sob contrato em vigência! O último que sair, por gentileza, apague a luz!

segunda-feira, 2 de junho de 2008

"O Maio de 68 impôs o relativismo moral e intelectual a todos nós. Impôs a idéia de que não existia mais qualquer diferença entre bom e mau, verdade e falsidade, beleza e feiúra. Sua herança introduziu o cinismo na sociedade e na política, ajudando a enfraquecer a moralidade do capitalismo, a preparar o terreno para o inescrupuloso capitalismo das regalias e das proteções para executivos velhacos."
Nicolas Sarkozy

domingo, 1 de junho de 2008

"The Second Coming Turning and turning in the widening gyre The falcon cannot hear the falconer; Things fall apart; the centre cannot hold Mere anarchy is loosed upon the world, The blood-dimmed tide is loosed, and everywhere The ceremony of innocence is drowned; The best lack all conviction, while the worst Are full of passionate intensity" W. B. Yeats Tragam-me os seus mortos, tragam-me os seus mortos! O tempo se desfaz Pó, nada mais nos resta!
Um pouco de filosofia hegeliana não faz mal a ninguém:
"Mas a vida do espírito não se apavora diante da morte e não é a que dela se preserva pura. Ela é a vida que a suporta e nela se mantém."
Hegel
Aproveitando o meu período de estudo sobre William Blake:
"Pois o homem fechou a si mesmo, vendo as coisas através de estreitas fissuras de sua caverna."
"Nós somos os homens ocos Os homens empalhados Uns nos outros amparados O elmo cheio de nada. Ai de nós! Nossas vozes dessecadas, Quando juntos sussurramos, São quietas e inexpressas Como o vento na relva seca Ou pés de ratos sobre cacos Em nossa adega evaporada Fôrma sem forma, sombra sem cor, Força paralisada, gesto sem vigor; Aqueles que atravessaram De olhos retos, para o outro reino da morte Nos recordam - se o fazem - não como violentas Almas danadas, mas apenas Como os homens ocos Os homens empalhados. Os olhos que temo encontrar em sonhos No reino de sonho da morte Estes não aparecem: Lá, os olhos são como a lâmina Do sol nos ossos de uma coluna Lá, uma árvore brande os ramos E as vozes estão no frêmito Do vento que está cantando Mais distantes e solenes Que uma estrela agonizante." T. S. Eliot