A direita e o conservadorismo
Nivaldo Cordeiro - MSM
Liberais e esquerdistas acham que podem aperfeiçoar o mundo e a alma humana. Conservadores sabem que essa tarefa é impossível e que todas as revoluções levam a uma destruição insana, por conta dessa miragem perfectibilista.
No artigo anterior (Direita, volver!) o foco do meu argumento era o segmento político da direita, como o título bem exalta, e não o conservadorismo, ali sublinhado apenas para diferenciá-lo da direita liberal. O liberalismo doutrinal é sempre problemático, pois ele é filho do Iluminismo e tem um vocação revolucionária. O liberalismo tido por "clássico" acabou por ser o contrapeso da revolução, emblematicamente representada pela Revolução Francesa, porque afinal a ordem precisa ser restabelecida para a vida prática possa continuar. O grande contributo teórico dos liberais está no âmbito da ciência econômica, pois os economistas liberais demonstraram a racionalidade superior do Estado mínimo e das livres trocas. Esse ramo do liberalismo constitui seu segmento à direita do espectro político.
Desde logo: entendo por direita o posicionamento político que propõe o Estado mínimo, em oposição aos movimentos políticos de esquerda, de natureza coletivista. E também aquele que busca um marco jurídico em consonância com o Direito Natural. Há também a esquerda liberal, que põe foco na quebra dos valores morais e no igualitarismo. Este ramo do liberalismo virou linha auxiliar dos movimentos coletivistas, atualmente mergulhados na revolução cultural.
Digo isso porque quero comentar a réplica escrita por Joel Pinheiro, autor que conheço de suas atividades na editoria da revista Dicta&Contradicta (Conservadorismo religioso não se salva - Uma resposta a Nivaldo Cordeiro). Até então eu não sabia que o autor do texto anteriormente comentado era o Joel, pois o mesmo não estava assinado.
O fato é que fiz um comentário rápido, no contexto em que analisava o segmento da direita. Mas Joel puxou o argumento para discutir conservadorismo. Eu sou conservador, embora no âmbito econômico endosse sem rodeios o programa liberal clássico. Chamo a atenção aqui para o excelente texto do lusitano João Pereira Coutinho, publicado na própria revista Dicta&Contradicta (Em busca do equilíbrio) que fez excelente resumo das ideias conservadoras. O Joel, na réplica, usou o termo como Coutinho lembrou que liberais e esquerdistas fazem ao se referir a alguém conservador, sempre com um tom acusatório e censurante:
" Conservador é um bom termo de insulto. Vivemos num tempo progressista: um tempo que acredita na missão transformadora da política rumo a um fim determinado. O conservador é a pedra na engrenagem. Ele levanta dúvidas. E, levantando dúvidas, ele coloca em causa a suprema vaidade do ser humano: a vaidade na sua razão e na capacidade da razão para produzir resultados perfeitos.Este é o tom vulgar do insulto: o conservador como obscurantista, retrógado, reacionário".
Posso dizer que quase me senti insultado pelo Joel, nesses termos: "Olha o conservador!", como se dissesse: "Olha o estúpido!".
Joel se queixou que conservadores como eu não têm um programa de governo. Tem sim: evitar mudanças abruptas, em situação de normalidade. Isso é um programa. Liberais e esquerdistas acham que podem aperfeiçoar o mundo e a alma humana. Conservadores sabem que essa tarefa é impossível e que todas as revoluções levam a uma destruição insana, por conta dessa miragem perfectibilista. Ele escreveu: "E o conservadorismo é uma ideologia medrosa: subjuga sua mente ao peso do passado, como forma de fugir da responsabilidade (em verdade inescapável) do pensamento individual".
Essa é uma visão errada do conservadorismo, pois ele não é uma ideologia: o conservador está sempre de olho no real e desconfia daqueles que o querem aperfeiçoar por força de lei. Tampouco está sob o jugo do passado, apenas sabe que o fatos sociais, como os naturais, não dão saltos. Sempre que se tenta, o que se tem produzido são pilhas de cadáveres.
Joel chega ao cerne de seu argumento ao escrever: "O verdadeiro inimigo do conservadorismo não é o socialismo, ou a esquerda (que pode ser conservadora, como são os nossos velhos conservadores - ACM, Sarney, etc. - e como era a elite do partido comunista na União Soviética), mas a razão".
Antes: "Ao elogiar o surto de moralismo e escândalo que tomou conta das eleições presidenciais passadas, Nivaldo apenas ilustra a fraqueza de sua própria posição: pois se aquela histeria é exemplo do que, na concepção dele, devemos almejar, se aquele é o tipo de debate político que ele espera do Brasil, então estamos num dilema entre o estatismo amoral e o fundamentalismo furioso. O ideal do conservador religioso está mais para uma turba de fanáticos do que para uma população educada e bem-intencionada".
O que citei (não elogiei, não era o caso) é que José Serra foi para o segundo turno nas últimas eleições presidenciais porque houve uma mudança no voto conservador, contra o PT, que está deformando o sistema jurídico nacional, penalizando as virtudes e obrigando a prática dos vícios. Em todo mundo está havendo a reação à revolução cultural e aqui também. Aí que eu havia sublinhado o foco moral dos conservadores, que diverge assim dos liberais como o Joel, e sua força político-eleitoral.
Joel não percebe que estamos em pleno processo revolucionário niilista, nos mesmos termos que viveu a Alemanha no anos 30. Thomas Mann deixou registrado na sua obra que aquele movimento político foi possível porque, antes, na Alemanha, tivemos o esteticismo, tão "avançado" como o programa de revolução cultural levado a cabo pelo PT, apoiado pelo liberais que se julgam senhores da razão. O custo para a Alemanha e todo o mundo daquela loucura niilista não foi nada pequeno.
Joel, aliás, argumentou: "A origem e o fundamento da ética revelada por Deus na Bíblia é a natureza humana; e a natureza humana é cognoscível pela razão; e quando derivada da razão, chamamo-la de lei natural". Ele parece ser um bom herdeiro do estoicismo. Acontece que, superior à lei natural da razão, está a lei divina, que se deu a conhecer pela Revelação. Por isso Cristo se fez necessário. É próprio da arrogância dos tempos modernos confundir a razão com a fonte de tudo, até mesmo da própria divindade, uma besteira monumental, o erro mais colossal. Deus está acima da razão, essa é a obviedade que os modernos, como Joel, não conseguem mais enxergar.
Mas importa o fato político fundado na moral: um número considerável de brasileiros agora se deu conta do malefício que os revolucionários do PT, ajudados pelos liberais esclarecidos como Joel, estão fazendo em matéria de costumes e estão dispostos a dar um basta, a sair da passividade. Candidatos que defendem o aborto, o gayzismo e coisas assemelhadas terão muitas dificuldades nas próximas eleições, porque essa gente conservadora não apenas vota, mas faz campanha. A lei moral é inegociável.
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
A MINISTRA DO ABORTO OU UM ABORTO DE MINISTRA?
Censura na universidade: aborto e menoridade mental
José Maria e Silva - MSM
A nova ministra das Mulheres – uma intelectual universitária que se intitulou “avó do aborto” e revelou ter aprendido a sugar fetos – é uma prova de que acadêmico no Brasil é inimputável.
Era uma vez uma feminista que defendia a legalização do aborto e, buscando ser coerente consigo mesma, resolveu vivenciar o que pregava. Começou submetendo-se a dois abortos, mas, insatisfeita por ter que depender de médicos (geralmente homens), decidiu radicalizar a libertação das mulheres, capacitando-as a fazer aborto sem precisar de terceiros. Para isso, reuniu as colegas e foi fazer estágio em clínicas de aborto. Seu método era o da aspiração: enfiava no útero um tubo oco com uma ponta afiada e, com uma sucção 28 vezes mais forte do que a de um aspirador de pó, despedaçava o corpinho do feto. Pode ser que, numa dessas experiências, ela tenha sido obrigada a usar uma pinça para extrair o crânio do futuro bebê (que não costuma ser aspirado pelo tubo), mas isso é suposição. O que agora se sabe é que a feminista deste relato – a nova ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci – fez curso de aborto na Colômbia. E parece ter ficado tão entusiasmada com a experiência que, anos depois, chegou a se intitular “avó do aborto”.
O que se lê acima parece mas não é ficção: a própria ministra Eleonora Menicucci, recém-empossada na Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres pela presidente Dilma Rousseff, foi quem chamou a si mesma de “avó do aborto” e revelou ter aprendido a aspirar fetos em clínicas de aborto na Colômbia. O depoimento em que conta essa história foi descoberto pelo jornalista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, e publicado em seu blog em 13 de fevereiro. A entrevista fazia parte de uma pesquisa científica do Instituto de Estudos de Gênero do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina. Fazia, não faz mais: no dia seguinte à denúncia, o depoimento de Eleonora Menicucci foi retirado da Internet, num evidente caso de censura.
Em qualquer democracia do mundo, uma censura do gênero seria inadmissível e a imprensa não daria paz à ministra: ela teria que se explicar, sobretudo porque integra um governo que se comprometeu a abandonar a causa da legalização do aborto. É provável que, se a ministra fosse apenas política, essa cobrança ocorresse. Mas como Eleonora Menicucci é uma intelectual universitária, professora da Universidade Federal de São Paulo e livre-docente da USP, ela goza da inimputabilidade dos acadêmicos e não precisa dar satisfações sobre o que faz ou pensa. O seu espantoso depoimento praticamente não teve repercussão no país, mesmo o aborto tendo sido tema da campanha eleitoral de 2010. Religiosos que se opunham à sua legalização chegaram a ser perseguidos pela Justiça Eleitoral, a pretexto de que estavam atacando a candidata Dilma Rousseff.
“Programa Aborto em Casa”
O jornal O Estado de S. Paulo foi o único veículo da grande imprensa que repercutiu a denúncia. Mesmo assim, de forma enviesada, desprezando os fatos e protegendo Eleonora Menicucci. Na pequena chamada de capa, o jornal diz que a transcrição de uma entrevista de 2004 “atribui à ministra” a revelação de que ela fez curso de aborto. Ora, uma entrevista não atribui nada à pessoa que a concedeu – simplesmente confessa o que a própria quis dizer. É o caso da entrevista de Eleonora, em que ela própria afirma: “Eu integrei um grupo do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. E, nesse período, estive também pelo Coletivo fazendo um treinamento de aborto na Colômbia”. A entrevistadora Joana Maria Pedro quer saber como era o tal “curso de aborto” e Eleonora explica: “Era nas Clínicas de Aborto. A gente aprendia a fazer aborto. Com aspiração Amiu [Aspiração Manual Intra-Uterina]. Com sucção”.
As respostas são entrecortadas por exclamações da entrevistadora, que parece deslumbrada com a missão do coletivo feminista. Segundo Eleonora Menicucci, o trabalho do coletivo consistia em autocapacitar as mulheres para fazer aborto. “E que as pessoas não médicas pudessem lidar com o aborto” – afirma a atual ministra na entrevista. Sua ida à Colômbia, como integrante do coletivo, teve como objetivo aprender essas técnicas, que tinham início com o autoexame: a mulher, auxiliada por outras mulheres, aprendia a conhecer o interior do próprio corpo, explorando o colo do útero. Na entrevista, Eleonora Menicucci classifica essa prática de “coisa muito linda”. Pelo visto, o feminismo radical da atual ministra e suas colegas já quis implantar uma espécie de “Programa Aborto em Casa”.
Em curta nota enviada à imprensa por sua assessoria, a ministra das Mulheres disse que nunca esteve na Colômbia e que a entrevista “contém imprecisões”. Segundo a reportagem do Estadão, a ministra alegou que havia pedido a retirada da entrevista do portal da Universidade Federal de Santa Catarina já em 2010, devido às alegadas imprecisões. Mas a pesquisadora Joana Maria Pedro afirmou que o pedido de Eleonora foi feito em 2011 e não confirma que tenha sido devido a imprecisões da entrevista. Segundo ela, Eleonora pediu a retirada de seu depoimento para evitar a exposição da própria filha. Ocorre que a ministra não parece muito preocupada em preservar sua intimidade. Em agosto de 2007, Eleonora Menicucci viveu seu momento BBB na laudatória reportagem “Senhoras guerrilheiras”, da revista TPM, da mesma editora da revista Trip. Assinada pelas jornalistas Nina Lemos e Isabel Marcondes, a reportagem tratou Eleonora como uma libertária heroína da luta armada. Segurando uma foto da filha e falando da neta, Eleonora declarou: “Não é porque eu tenho mais de 60 anos que não namoro. Me relaciono com homens e mulheres e tenho muito orgulho de minha filha, que é gay e teve uma filha por inseminação artificial”.
Entre o palanque e o hospício
Se uma livre-docente da USP escancara sua intimidade numa revista de variedades vendida em bancas, por que deveria arrancar os cabelos diante de um depoimento seu numa pesquisa científica? E por que demorou tanto a se incomodar, pedindo que a entrevista fosse retirada da Internet somente seis anos depois de publicada? Não faz sentido. Ainda mais que a entrevista estava hospedada no portal de uma universidade pública, num nicho altamente especializado e frequentado basicamente por pesquisadores. Como se vê, as alegações da entrevistada e entrevistadora não se sustentam. Foram apenas uma desculpa para justificar o sumiço da entrevista, fingindo que não foi censura. Essa é uma prática corriqueira nos meios universitários. Como as ciências humanas no Brasil oscilam entre o palanque e o manicômio, volta e meia os acadêmicos se vêm sem palavras para justificar seu desatino. Então, buscam censurar seus críticos e sumir com a própria produção.
Mas a pesquisadora Joana Pedro que entrevistou Eleonora Menicucci foi além. Segundo o Estadão, ao ser procurada para falar sobre a entrevista, a pesquisadora inicialmente confirmou o conteúdo da conversa. Mesmo assim, preferiu terceirizar a responsabilidade, atacando o jornalista Reinaldo Azevedo, ainda que sem citá-lo: “Estão usando uma entrevista feita para um trabalho de História para atacar uma pessoa. As pessoas podem ter feito coisas que não fazem mais”, disse Joana Pedro. Pelo que se depreende de suas palavras, uma entrevista para um trabalho de história carece de menos seriedade do que uma entrevista de Pedro Bial com seus manos e minas. Mas não adiantou muito. Ao dizer que “as pessoas podem ter feito coisas que não fazem mais”, ela está praticamente desmentindo a ministra e confirmando que o treinamento para aprender a fazer aborto na Colômbia realmente aconteceu.
Infelizmente, o Estadão, apesar de ter tido o mérito de se interessar pelo assunto, não se aprofundou na história. A reportagem do jornal informa textualmente: “A transcrição das gravações foi feita por uma estudante e revisada por outra aluna”. Com isso, acabou prestando um serviço à ministra, conferindo credibilidade à sua alegação de que havia “imprecisões” no depoimento, uma vez que ele teria sido feito por alunas. Ocorre que todos os envolvidos na produção da entrevista de Eleonora Menicucci eram pesquisadores experientes. Começando pela historiadora Joana Maria Pedro, que é professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Quando entrevistou Eleonora, em 2004, Joana Pedro já tinha feito seu pós-doutorado na Université d’Avignon, na França (concluído em 2002) e trazia na bagagem uma tese de doutorado em história social na USP, defendida 14 anos antes, em 1992, além de um mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina, concluído em 1979.
Bagagem acadêmica
É certo que a entrevista feita por Joana Pedro envergonharia um foca, mas não é por falta de currículo da entrevistadora ou da entrevistada. Sua produção cientifica se estende por um currículo de 38 páginas, que mostra dezenas de artigos publicados e participações em congressos. Joana Pedro já integrou 30 bancas examinadoras de mestrado e 30 de doutorado, além de 20 qualificações de doutorado. Atualmente está orientado uma dissertação de mestrado e 10 teses de doutorado. E já concluiu a orientação de 33 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado, além da supervisão de seis pós-doutorados. A despeito de toda essa bagagem acadêmica, a historiadora não encontrou argumentos para defender sua entrevista da acusação de conter “imprecisões” – o que põe em dúvida a qualidade de sua produção acadêmica.
Mas persiste a afirmação do Estadão de que a transcrição e revisão da entrevista foram feitas por duas estudantes, o que, em tese, poderia justificar as imprecisões. Na verdade, só a transcrição foi feita por uma aluna, mesmo assim não era uma aluna qualquer. Quando transcreveu a entrevista, a estudante Joana Vieira Borges já era bolsista de iniciação científica do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) há dois anos e estava fazendo seu trabalho de conclusão de curso na graduação em história na Universidade Federal de Santa Catarina, com a monografia “Os discursos sobre o mito da explosão demográfica e o silêncio sobre a atuação dos movimentos feministas de 1960-1970”, apresentada justamente em 2004. No ano seguinte, ingressaria no mestrado em história e, em 2008, começou o doutorado, sempre com a orientação de Joana Pedro. Em 2007, Joana Borges chegou a ser editora assistente da Revista de Estudos Feministas da Universidade Federal de Santa Catarina, o que atesta seu prestígio no meio acadêmico.
Depois de transcrita pela bolsista de iniciação cientifica do CNPq, a entrevista de Eleonora Menicucci ainda foi conferida por Luciana Fornazari Klanovicz, que, ao contrário do que diz o Estadão, também não era aluna, mas professora – e tinha iniciado o doutorado em história. Ela defenderia sua tese em 2008, com o título “Erotismo na Cultura dos Anos 80: Censura e Televisão na Revista Veja”, sob orientação de Joana Pedro. Além disso, em 2001, portanto três anos antes da entrevista, Luciana Klanovicz já havia concluído o mestrado em história na Universidade Federal de Santa Catarina e dava aulas na Universidade do Planalto Catarinense, além de ter sido professora de história e sociologia no ensino médio. Como se vê, a entrevista de Eleonora Menicucci foi realizada por uma renomada historiadora feminista e preparada por duas de suas discípulas mais promissoras, tanto que ambas recebiam bolsas do CNPq e seguiram carreira acadêmica. Já a historiadora Joana Maria Pedro, orientadora do grupo, é bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, ostentando em seu currículo o nível 1B, o segundo maior em qualificação.
Escrupulosos, mas medíocres
Portanto, é inadmissível que acadêmicos tão graduados cometam imprecisões numa entrevista a ponto de invalidá-la. Qualquer jornalista que incorra num erro tão grave, corre o risco de perder o emprego – e o jornalista costuma trabalhar sozinho, lutando contra o relógio, ao contrário do pesquisador universitário. Sem contar que uma das especialidades da pesquisadora Joana Pedro é justamente a história oral, tanto que integrou a diretoria nacional da Associação Brasileira de História Oral, entre 2006 e 2008, como secretária. A pesquisa em história oral exige rigorosa metodologia para a realização, transcrição e conferência de entrevistas e depoimentos; tão rigorosas, em termos de fidelidade ao depoente ou entrevistado, que chegam a ficar sem sabor quando postas no papel por pesquisadores escrupulosos, mas medíocres, incapazes de conciliar fidelidade e recriação.
Foi justamente isso o que ocorreu na entrevista de Eleonora Menicucci, que se estende desnecessariamente por 20 páginas. O que a ministra chama de “imprecisões” é justamente o excesso de fidelidade das pesquisadoras, que tentaram transcrever até o compasso da respiração da entrevistada e sua entrevistadora. E Joana Pedro não ajuda – suas perguntas são meras interjeições, que não formam um fio condutor. A cada frase de Eleonora, Joana Pedro murmurava “hum”, “tá certo”, ou repetia o final da frase da entrevistada. Na transcrição, tudo isso aparece, inclusive uma frase de Joana: “Certo. Eu acho que tem alguém tocando a porta”. E entre parênteses, a transcrição indica: “Interrupção”. Tudo isso dá a impressão de caos – o que não deixa de ser mais uma prova de fidelidade da transcrição, fazendo a entrevista espelhar o cérebro de suas protagonistas.
Quase ao final da entrevista, a pesquisadora Joana Maria Pedro diz: “Bom, eu iria te perguntar se tu autorizas a divulgação da entrevista. Eu vou te mandar de qualquer maneira a transcrição, se tu quiser acrescentar ou tirar alguma coisa”. E Eleonora responde: “Quero. Quero”. Como Eleonora ainda não era ministra e vivia integralmente no mundo da academia, é praticamente certo que ela recebeu a transcrição da entrevista e a aprovou. Por isso, é inaceitável que somente agora ela venha reclamar da entrevista. Sem contar que o termo “imprecisão” é inadequado para descrever seu relato do treinamento de aborto na Colômbia. Se esse treinamento não existiu, então a entrevista não foi imprecisa – foi criminosa. É caso de Código Penal. Se a ministra estiver falando a verdade, se de fato não aprendeu a fazer aborto por sucção, então ela tem a obrigação moral de processar Joana Maria Pedro por calúnia. A ministra foi acusada de um crime – pelas leis brasileiras e colombianas.
Clandestinidade científica
A presidente do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, Ana Galatti, disse ao Estadão que desconhece o treinamento de aborto promovido pelo grupo na Colômbia e alega que o coletivo desenvolve apenas o autoexame entre as mulheres. Mas não é bem assim. Num artigo sobre aborto escrito por duas integrantes do grupo, Maria Tereza Verardo (citada pela ministra) e Maria Jucinete de Souza, elas contam que o grupo presta uma espécie de assistência social e psicológica para as mulheres que desejam interromper a gravidez – antes e depois do procedimento. As militantes acolhem a mulher, ouvem suas queixas pelo tempo que for necessário e depois a encaminham para a realização do aborto, aconselhando que não vá sozinha, mas acompanhada de uma amiga. E se a mulher não tiver uma amiga de confiança e pedir que uma feminista do coletivo a acompanhe? Elas vão rechaçar o apelo? Talvez não. Tanto que as pesquisadoras admitem: “Como podemos observar, trabalhar com a temática do aborto não é muito fácil. Qualquer deslize e corremos o risco de estarmos infringindo a lei”.
Essa mesma preocupação foi externada por outra militante do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. A médica Carmem Simone Diniz Grilo, doutora em medicina pela USP, com pós-doutorado na Unicamp e livre-docência na Faculdade Nacional de Saúde Pública, mencionou as lutas do coletivo ao apresentar seu memorial para o concurso de professor doutor da USP em 2002. Ela conta que, em sua primeira tentativa de fazer o mestrado (interrompida por ter assumido um cargo no governo Erundina), resolveu estudar o trabalho do coletivo com o aborto provocado. E conta: “No meio da pesquisa tivemos problemas legais (não por fazer qualquer procedimento ilegal, pois a isso nunca nos propusemos, mas por informar as mulheres, o que caracterizaria cumplicidade). Nossos advogados nos orientaram a desaparecer com qualquer registro, inclusive a pesquisa em curso, cujo relatório final virou um documento clandestino e excessivamente cifrado, e questões de segurança me impediam de usá-lo como material empírico para a dissertação”.
Ora, a universidade vive pregando transparência e deve saber que a clandestinidade facilita distorções e excessos. Por mais que a maioria das militantes do coletivo tenha se limitado a acolher humanitariamente as mulheres que pretendiam abortar, a clandestinidade desse trabalho pode ter facilitado experiências mais ousadas, como a relatada pela agora ministra Eleonora Menicucci. Por isso, a Universidade Federal de Santa Catarina tem o dever de se explicar. Não só ela, mas toda a universidade brasileira. Não é possível que um trabalho acadêmico seja censurado – sob a pecha de impreciso – e nenhuma explicação seja dada ao contribuinte que o financia. Já passa da hora de se cobrar responsabilidade dos intelectuais universitários. A polêmica entrevista com Eleonora Menicucci foi apenas uma das 150 entrevistas realizadas pela equipe da pesquisadora Joana Maria Pedro com mulheres do Cone Sul que lutaram contra os governos militares. Isso envolve dinheiro público. E não é admissível que um acadêmico fique anos envolvido nesse trabalho e não seja capaz nem mesmo de se responsabilizar pelo que diz ou escreve. É preciso dar um basta na menoridade mental da universidade brasileira.
José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.
José Maria e Silva - MSM
A nova ministra das Mulheres – uma intelectual universitária que se intitulou “avó do aborto” e revelou ter aprendido a sugar fetos – é uma prova de que acadêmico no Brasil é inimputável.
Era uma vez uma feminista que defendia a legalização do aborto e, buscando ser coerente consigo mesma, resolveu vivenciar o que pregava. Começou submetendo-se a dois abortos, mas, insatisfeita por ter que depender de médicos (geralmente homens), decidiu radicalizar a libertação das mulheres, capacitando-as a fazer aborto sem precisar de terceiros. Para isso, reuniu as colegas e foi fazer estágio em clínicas de aborto. Seu método era o da aspiração: enfiava no útero um tubo oco com uma ponta afiada e, com uma sucção 28 vezes mais forte do que a de um aspirador de pó, despedaçava o corpinho do feto. Pode ser que, numa dessas experiências, ela tenha sido obrigada a usar uma pinça para extrair o crânio do futuro bebê (que não costuma ser aspirado pelo tubo), mas isso é suposição. O que agora se sabe é que a feminista deste relato – a nova ministra das Mulheres, Eleonora Menicucci – fez curso de aborto na Colômbia. E parece ter ficado tão entusiasmada com a experiência que, anos depois, chegou a se intitular “avó do aborto”.
O que se lê acima parece mas não é ficção: a própria ministra Eleonora Menicucci, recém-empossada na Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres pela presidente Dilma Rousseff, foi quem chamou a si mesma de “avó do aborto” e revelou ter aprendido a aspirar fetos em clínicas de aborto na Colômbia. O depoimento em que conta essa história foi descoberto pelo jornalista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, e publicado em seu blog em 13 de fevereiro. A entrevista fazia parte de uma pesquisa científica do Instituto de Estudos de Gênero do Centro de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal de Santa Catarina. Fazia, não faz mais: no dia seguinte à denúncia, o depoimento de Eleonora Menicucci foi retirado da Internet, num evidente caso de censura.
Em qualquer democracia do mundo, uma censura do gênero seria inadmissível e a imprensa não daria paz à ministra: ela teria que se explicar, sobretudo porque integra um governo que se comprometeu a abandonar a causa da legalização do aborto. É provável que, se a ministra fosse apenas política, essa cobrança ocorresse. Mas como Eleonora Menicucci é uma intelectual universitária, professora da Universidade Federal de São Paulo e livre-docente da USP, ela goza da inimputabilidade dos acadêmicos e não precisa dar satisfações sobre o que faz ou pensa. O seu espantoso depoimento praticamente não teve repercussão no país, mesmo o aborto tendo sido tema da campanha eleitoral de 2010. Religiosos que se opunham à sua legalização chegaram a ser perseguidos pela Justiça Eleitoral, a pretexto de que estavam atacando a candidata Dilma Rousseff.
“Programa Aborto em Casa”
O jornal O Estado de S. Paulo foi o único veículo da grande imprensa que repercutiu a denúncia. Mesmo assim, de forma enviesada, desprezando os fatos e protegendo Eleonora Menicucci. Na pequena chamada de capa, o jornal diz que a transcrição de uma entrevista de 2004 “atribui à ministra” a revelação de que ela fez curso de aborto. Ora, uma entrevista não atribui nada à pessoa que a concedeu – simplesmente confessa o que a própria quis dizer. É o caso da entrevista de Eleonora, em que ela própria afirma: “Eu integrei um grupo do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. E, nesse período, estive também pelo Coletivo fazendo um treinamento de aborto na Colômbia”. A entrevistadora Joana Maria Pedro quer saber como era o tal “curso de aborto” e Eleonora explica: “Era nas Clínicas de Aborto. A gente aprendia a fazer aborto. Com aspiração Amiu [Aspiração Manual Intra-Uterina]. Com sucção”.
As respostas são entrecortadas por exclamações da entrevistadora, que parece deslumbrada com a missão do coletivo feminista. Segundo Eleonora Menicucci, o trabalho do coletivo consistia em autocapacitar as mulheres para fazer aborto. “E que as pessoas não médicas pudessem lidar com o aborto” – afirma a atual ministra na entrevista. Sua ida à Colômbia, como integrante do coletivo, teve como objetivo aprender essas técnicas, que tinham início com o autoexame: a mulher, auxiliada por outras mulheres, aprendia a conhecer o interior do próprio corpo, explorando o colo do útero. Na entrevista, Eleonora Menicucci classifica essa prática de “coisa muito linda”. Pelo visto, o feminismo radical da atual ministra e suas colegas já quis implantar uma espécie de “Programa Aborto em Casa”.
Em curta nota enviada à imprensa por sua assessoria, a ministra das Mulheres disse que nunca esteve na Colômbia e que a entrevista “contém imprecisões”. Segundo a reportagem do Estadão, a ministra alegou que havia pedido a retirada da entrevista do portal da Universidade Federal de Santa Catarina já em 2010, devido às alegadas imprecisões. Mas a pesquisadora Joana Maria Pedro afirmou que o pedido de Eleonora foi feito em 2011 e não confirma que tenha sido devido a imprecisões da entrevista. Segundo ela, Eleonora pediu a retirada de seu depoimento para evitar a exposição da própria filha. Ocorre que a ministra não parece muito preocupada em preservar sua intimidade. Em agosto de 2007, Eleonora Menicucci viveu seu momento BBB na laudatória reportagem “Senhoras guerrilheiras”, da revista TPM, da mesma editora da revista Trip. Assinada pelas jornalistas Nina Lemos e Isabel Marcondes, a reportagem tratou Eleonora como uma libertária heroína da luta armada. Segurando uma foto da filha e falando da neta, Eleonora declarou: “Não é porque eu tenho mais de 60 anos que não namoro. Me relaciono com homens e mulheres e tenho muito orgulho de minha filha, que é gay e teve uma filha por inseminação artificial”.
Entre o palanque e o hospício
Se uma livre-docente da USP escancara sua intimidade numa revista de variedades vendida em bancas, por que deveria arrancar os cabelos diante de um depoimento seu numa pesquisa científica? E por que demorou tanto a se incomodar, pedindo que a entrevista fosse retirada da Internet somente seis anos depois de publicada? Não faz sentido. Ainda mais que a entrevista estava hospedada no portal de uma universidade pública, num nicho altamente especializado e frequentado basicamente por pesquisadores. Como se vê, as alegações da entrevistada e entrevistadora não se sustentam. Foram apenas uma desculpa para justificar o sumiço da entrevista, fingindo que não foi censura. Essa é uma prática corriqueira nos meios universitários. Como as ciências humanas no Brasil oscilam entre o palanque e o manicômio, volta e meia os acadêmicos se vêm sem palavras para justificar seu desatino. Então, buscam censurar seus críticos e sumir com a própria produção.
Mas a pesquisadora Joana Pedro que entrevistou Eleonora Menicucci foi além. Segundo o Estadão, ao ser procurada para falar sobre a entrevista, a pesquisadora inicialmente confirmou o conteúdo da conversa. Mesmo assim, preferiu terceirizar a responsabilidade, atacando o jornalista Reinaldo Azevedo, ainda que sem citá-lo: “Estão usando uma entrevista feita para um trabalho de História para atacar uma pessoa. As pessoas podem ter feito coisas que não fazem mais”, disse Joana Pedro. Pelo que se depreende de suas palavras, uma entrevista para um trabalho de história carece de menos seriedade do que uma entrevista de Pedro Bial com seus manos e minas. Mas não adiantou muito. Ao dizer que “as pessoas podem ter feito coisas que não fazem mais”, ela está praticamente desmentindo a ministra e confirmando que o treinamento para aprender a fazer aborto na Colômbia realmente aconteceu.
Infelizmente, o Estadão, apesar de ter tido o mérito de se interessar pelo assunto, não se aprofundou na história. A reportagem do jornal informa textualmente: “A transcrição das gravações foi feita por uma estudante e revisada por outra aluna”. Com isso, acabou prestando um serviço à ministra, conferindo credibilidade à sua alegação de que havia “imprecisões” no depoimento, uma vez que ele teria sido feito por alunas. Ocorre que todos os envolvidos na produção da entrevista de Eleonora Menicucci eram pesquisadores experientes. Começando pela historiadora Joana Maria Pedro, que é professora titular da Universidade Federal de Santa Catarina. Quando entrevistou Eleonora, em 2004, Joana Pedro já tinha feito seu pós-doutorado na Université d’Avignon, na França (concluído em 2002) e trazia na bagagem uma tese de doutorado em história social na USP, defendida 14 anos antes, em 1992, além de um mestrado na Universidade Federal de Santa Catarina, concluído em 1979.
Bagagem acadêmica
É certo que a entrevista feita por Joana Pedro envergonharia um foca, mas não é por falta de currículo da entrevistadora ou da entrevistada. Sua produção cientifica se estende por um currículo de 38 páginas, que mostra dezenas de artigos publicados e participações em congressos. Joana Pedro já integrou 30 bancas examinadoras de mestrado e 30 de doutorado, além de 20 qualificações de doutorado. Atualmente está orientado uma dissertação de mestrado e 10 teses de doutorado. E já concluiu a orientação de 33 dissertações de mestrado e 18 teses de doutorado, além da supervisão de seis pós-doutorados. A despeito de toda essa bagagem acadêmica, a historiadora não encontrou argumentos para defender sua entrevista da acusação de conter “imprecisões” – o que põe em dúvida a qualidade de sua produção acadêmica.
Mas persiste a afirmação do Estadão de que a transcrição e revisão da entrevista foram feitas por duas estudantes, o que, em tese, poderia justificar as imprecisões. Na verdade, só a transcrição foi feita por uma aluna, mesmo assim não era uma aluna qualquer. Quando transcreveu a entrevista, a estudante Joana Vieira Borges já era bolsista de iniciação científica do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) há dois anos e estava fazendo seu trabalho de conclusão de curso na graduação em história na Universidade Federal de Santa Catarina, com a monografia “Os discursos sobre o mito da explosão demográfica e o silêncio sobre a atuação dos movimentos feministas de 1960-1970”, apresentada justamente em 2004. No ano seguinte, ingressaria no mestrado em história e, em 2008, começou o doutorado, sempre com a orientação de Joana Pedro. Em 2007, Joana Borges chegou a ser editora assistente da Revista de Estudos Feministas da Universidade Federal de Santa Catarina, o que atesta seu prestígio no meio acadêmico.
Depois de transcrita pela bolsista de iniciação cientifica do CNPq, a entrevista de Eleonora Menicucci ainda foi conferida por Luciana Fornazari Klanovicz, que, ao contrário do que diz o Estadão, também não era aluna, mas professora – e tinha iniciado o doutorado em história. Ela defenderia sua tese em 2008, com o título “Erotismo na Cultura dos Anos 80: Censura e Televisão na Revista Veja”, sob orientação de Joana Pedro. Além disso, em 2001, portanto três anos antes da entrevista, Luciana Klanovicz já havia concluído o mestrado em história na Universidade Federal de Santa Catarina e dava aulas na Universidade do Planalto Catarinense, além de ter sido professora de história e sociologia no ensino médio. Como se vê, a entrevista de Eleonora Menicucci foi realizada por uma renomada historiadora feminista e preparada por duas de suas discípulas mais promissoras, tanto que ambas recebiam bolsas do CNPq e seguiram carreira acadêmica. Já a historiadora Joana Maria Pedro, orientadora do grupo, é bolsista de produtividade em pesquisa do CNPq, ostentando em seu currículo o nível 1B, o segundo maior em qualificação.
Escrupulosos, mas medíocres
Portanto, é inadmissível que acadêmicos tão graduados cometam imprecisões numa entrevista a ponto de invalidá-la. Qualquer jornalista que incorra num erro tão grave, corre o risco de perder o emprego – e o jornalista costuma trabalhar sozinho, lutando contra o relógio, ao contrário do pesquisador universitário. Sem contar que uma das especialidades da pesquisadora Joana Pedro é justamente a história oral, tanto que integrou a diretoria nacional da Associação Brasileira de História Oral, entre 2006 e 2008, como secretária. A pesquisa em história oral exige rigorosa metodologia para a realização, transcrição e conferência de entrevistas e depoimentos; tão rigorosas, em termos de fidelidade ao depoente ou entrevistado, que chegam a ficar sem sabor quando postas no papel por pesquisadores escrupulosos, mas medíocres, incapazes de conciliar fidelidade e recriação.
Foi justamente isso o que ocorreu na entrevista de Eleonora Menicucci, que se estende desnecessariamente por 20 páginas. O que a ministra chama de “imprecisões” é justamente o excesso de fidelidade das pesquisadoras, que tentaram transcrever até o compasso da respiração da entrevistada e sua entrevistadora. E Joana Pedro não ajuda – suas perguntas são meras interjeições, que não formam um fio condutor. A cada frase de Eleonora, Joana Pedro murmurava “hum”, “tá certo”, ou repetia o final da frase da entrevistada. Na transcrição, tudo isso aparece, inclusive uma frase de Joana: “Certo. Eu acho que tem alguém tocando a porta”. E entre parênteses, a transcrição indica: “Interrupção”. Tudo isso dá a impressão de caos – o que não deixa de ser mais uma prova de fidelidade da transcrição, fazendo a entrevista espelhar o cérebro de suas protagonistas.
Quase ao final da entrevista, a pesquisadora Joana Maria Pedro diz: “Bom, eu iria te perguntar se tu autorizas a divulgação da entrevista. Eu vou te mandar de qualquer maneira a transcrição, se tu quiser acrescentar ou tirar alguma coisa”. E Eleonora responde: “Quero. Quero”. Como Eleonora ainda não era ministra e vivia integralmente no mundo da academia, é praticamente certo que ela recebeu a transcrição da entrevista e a aprovou. Por isso, é inaceitável que somente agora ela venha reclamar da entrevista. Sem contar que o termo “imprecisão” é inadequado para descrever seu relato do treinamento de aborto na Colômbia. Se esse treinamento não existiu, então a entrevista não foi imprecisa – foi criminosa. É caso de Código Penal. Se a ministra estiver falando a verdade, se de fato não aprendeu a fazer aborto por sucção, então ela tem a obrigação moral de processar Joana Maria Pedro por calúnia. A ministra foi acusada de um crime – pelas leis brasileiras e colombianas.
Clandestinidade científica
A presidente do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde, Ana Galatti, disse ao Estadão que desconhece o treinamento de aborto promovido pelo grupo na Colômbia e alega que o coletivo desenvolve apenas o autoexame entre as mulheres. Mas não é bem assim. Num artigo sobre aborto escrito por duas integrantes do grupo, Maria Tereza Verardo (citada pela ministra) e Maria Jucinete de Souza, elas contam que o grupo presta uma espécie de assistência social e psicológica para as mulheres que desejam interromper a gravidez – antes e depois do procedimento. As militantes acolhem a mulher, ouvem suas queixas pelo tempo que for necessário e depois a encaminham para a realização do aborto, aconselhando que não vá sozinha, mas acompanhada de uma amiga. E se a mulher não tiver uma amiga de confiança e pedir que uma feminista do coletivo a acompanhe? Elas vão rechaçar o apelo? Talvez não. Tanto que as pesquisadoras admitem: “Como podemos observar, trabalhar com a temática do aborto não é muito fácil. Qualquer deslize e corremos o risco de estarmos infringindo a lei”.
Essa mesma preocupação foi externada por outra militante do Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde. A médica Carmem Simone Diniz Grilo, doutora em medicina pela USP, com pós-doutorado na Unicamp e livre-docência na Faculdade Nacional de Saúde Pública, mencionou as lutas do coletivo ao apresentar seu memorial para o concurso de professor doutor da USP em 2002. Ela conta que, em sua primeira tentativa de fazer o mestrado (interrompida por ter assumido um cargo no governo Erundina), resolveu estudar o trabalho do coletivo com o aborto provocado. E conta: “No meio da pesquisa tivemos problemas legais (não por fazer qualquer procedimento ilegal, pois a isso nunca nos propusemos, mas por informar as mulheres, o que caracterizaria cumplicidade). Nossos advogados nos orientaram a desaparecer com qualquer registro, inclusive a pesquisa em curso, cujo relatório final virou um documento clandestino e excessivamente cifrado, e questões de segurança me impediam de usá-lo como material empírico para a dissertação”.
Ora, a universidade vive pregando transparência e deve saber que a clandestinidade facilita distorções e excessos. Por mais que a maioria das militantes do coletivo tenha se limitado a acolher humanitariamente as mulheres que pretendiam abortar, a clandestinidade desse trabalho pode ter facilitado experiências mais ousadas, como a relatada pela agora ministra Eleonora Menicucci. Por isso, a Universidade Federal de Santa Catarina tem o dever de se explicar. Não só ela, mas toda a universidade brasileira. Não é possível que um trabalho acadêmico seja censurado – sob a pecha de impreciso – e nenhuma explicação seja dada ao contribuinte que o financia. Já passa da hora de se cobrar responsabilidade dos intelectuais universitários. A polêmica entrevista com Eleonora Menicucci foi apenas uma das 150 entrevistas realizadas pela equipe da pesquisadora Joana Maria Pedro com mulheres do Cone Sul que lutaram contra os governos militares. Isso envolve dinheiro público. E não é admissível que um acadêmico fique anos envolvido nesse trabalho e não seja capaz nem mesmo de se responsabilizar pelo que diz ou escreve. É preciso dar um basta na menoridade mental da universidade brasileira.
José Maria e Silva é sociólogo e jornalista.
FALTA DE INTELIGÊNCIA OU DE BOM SENSO?
‘Atendi ao pedido dele’, diz pai de menino morto com jet ski
Mitchell, de 9 anos, estava em um bote arrastado pelo jet ski e morreu ao bater cabeça
O Globo
SÃO PAULO - O pai do menino de 9 anos que morreu em um acidente envolvendo um jet ski no domingo, na represa Billings, em Ribeirão Pires, no ABC paulista, quebrou o silêncio e falou sobre a morte do único filho, Mitchell Guilherme Pereira de Carvalho. Ele disse que fez a vontade do filho. Era ele quem pilotava o jet ski, puxando um bote onde estavam Mitchell e um sobrinho. Mas a boia se chocou contra uma pilastra embaixo de uma ponte. O menino se feriu e morreu.
- Se pudesse retroceder no tempo, ou ainda que pudesse avançar, eu avançaria pra passar essa fase - disse o pai Antonio Edvan Moreira de Carvalho, de 40 anos. Ele e a mulher estão hospedados na casa de parentes, no litoral paulista. Era ele quem pilotava um jet ski na represa Billings. E, em um bote, rebocava o filho, e um sobrinho, de 14 anos. O acidente aconteceu embaixo de uma ponte.
- Ele queria ir de qualquer maneira. Estava até bravo. Alguma coisa pedia que eu não fosse, mas eu atendi o pedido dele - contou o pai. Antonio pegou um jet ski e o bote emprestados. Era a segunda vez que andava de jet ski. Ele nega que estava correndo. - O jet ski com a boia fica pesado - revelou emocionado, o pai. O passeio durou dez minutos.
- Naquele dia tinha muito movimento de jet ski. Eu vi ele bater. Meu sobrinho caiu da boia e ele (Mitchell) ficou caído dentro do bote. Eu liguei o jet ski, voltei, puxei ele para cima. Tomei rumo à margem, coloquei ele no carro e nós fomos para o hospital. O coração dele batia, asm ele não resistiu - disse o pai, indiciado por homicídio culposo. Ele pilotava o equipamento sem habilitação.
- Eu não queria fazer aquilo, não queria puxar ele, mas ele insistiu. Às vezes, você vai fazer o gosto do filho e acaba fazendo uma besteira sem saber.”
Porém, o pai admitiu saber que era necessária habilitação para pilotar o equipamento em praias. Antonio disse que não haverá punição maior do que já se sentir em um cárcere de remorso e culpa. Ele chegou a ser preso, mas pagou fiança e foi liberado.
Mitchell, de 9 anos, estava em um bote arrastado pelo jet ski e morreu ao bater cabeça
O Globo
SÃO PAULO - O pai do menino de 9 anos que morreu em um acidente envolvendo um jet ski no domingo, na represa Billings, em Ribeirão Pires, no ABC paulista, quebrou o silêncio e falou sobre a morte do único filho, Mitchell Guilherme Pereira de Carvalho. Ele disse que fez a vontade do filho. Era ele quem pilotava o jet ski, puxando um bote onde estavam Mitchell e um sobrinho. Mas a boia se chocou contra uma pilastra embaixo de uma ponte. O menino se feriu e morreu.
- Se pudesse retroceder no tempo, ou ainda que pudesse avançar, eu avançaria pra passar essa fase - disse o pai Antonio Edvan Moreira de Carvalho, de 40 anos. Ele e a mulher estão hospedados na casa de parentes, no litoral paulista. Era ele quem pilotava um jet ski na represa Billings. E, em um bote, rebocava o filho, e um sobrinho, de 14 anos. O acidente aconteceu embaixo de uma ponte.
- Ele queria ir de qualquer maneira. Estava até bravo. Alguma coisa pedia que eu não fosse, mas eu atendi o pedido dele - contou o pai. Antonio pegou um jet ski e o bote emprestados. Era a segunda vez que andava de jet ski. Ele nega que estava correndo. - O jet ski com a boia fica pesado - revelou emocionado, o pai. O passeio durou dez minutos.
- Naquele dia tinha muito movimento de jet ski. Eu vi ele bater. Meu sobrinho caiu da boia e ele (Mitchell) ficou caído dentro do bote. Eu liguei o jet ski, voltei, puxei ele para cima. Tomei rumo à margem, coloquei ele no carro e nós fomos para o hospital. O coração dele batia, asm ele não resistiu - disse o pai, indiciado por homicídio culposo. Ele pilotava o equipamento sem habilitação.
- Eu não queria fazer aquilo, não queria puxar ele, mas ele insistiu. Às vezes, você vai fazer o gosto do filho e acaba fazendo uma besteira sem saber.”
Porém, o pai admitiu saber que era necessária habilitação para pilotar o equipamento em praias. Antonio disse que não haverá punição maior do que já se sentir em um cárcere de remorso e culpa. Ele chegou a ser preso, mas pagou fiança e foi liberado.
SERÁ?
Kassab diz que Serra deixará PSDB se for eleito
OESP
Em seus diálogos privados, Gilberto Kassab informa que, se for eleito para a prefeitura de São Paulo, o tucano José Serra vai romper com o PSDB e abandonar os quadros da legenda.
OESP
Em seus diálogos privados, Gilberto Kassab informa que, se for eleito para a prefeitura de São Paulo, o tucano José Serra vai romper com o PSDB e abandonar os quadros da legenda.
O JUDICIÁRIO PODRE E OS SEUS JUÍZES VAGABUNDOS
CNJ deve punir juízes 'vagabundos', diz corregedora
Eliana Calmon, a mesma que falou dos 'bandidos de toga', defendeu no Senado a retomada das investigações para proteger os magistrados sérios
Felipe Recondo, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – A corregedora-nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, afirmou nesta terça-feira, 28, que é preciso expor as mazelas do Judiciário e punir juízes “vagabundos” para proteger os magistrados honestos que, ela ressaltou, são a maioria.
“Faço isso em prol da magistratura séria e decente e que não pode ser confundida com meia dúzia de vagabundos que estão infiltrados na magistratura”, disse em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para discutir a proposta de emenda constitucional que amplia e reforça os poderes correcionais do CNJ.
No ano passado, declarações da ministra de que a magistratura brasileira enfrentava "gravíssimos problemas de infiltração de bandidos, escondidos atrás da toga" gerou crise entre o Judiciário e o CNJ. Na ocasião, Eliana Calmon defendia o poder de o órgão investigar magistrados supeitos de cometer irregularidades.
Nessa terça, a ministra afirmou ser necessário retomar a investigação que começou a ser feita no ano passado nos tribunais de Justiça para coibir pagamentos elevados e suspeitos a desembargadores e servidores. A investigação iniciada pelo CNJ no tribunal de Justiça de São Paulo e que seria estendida a outros 21 tribunais foi interrompida por uma liminar concedida no último dia do ano judiciário pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. O processo hoje está sob relatoria do ministro Luiz Fux e não há prazo para que seja julgado.
Eliana Calmon, a mesma que falou dos 'bandidos de toga', defendeu no Senado a retomada das investigações para proteger os magistrados sérios
Felipe Recondo, de O Estado de S.Paulo
BRASÍLIA – A corregedora-nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, afirmou nesta terça-feira, 28, que é preciso expor as mazelas do Judiciário e punir juízes “vagabundos” para proteger os magistrados honestos que, ela ressaltou, são a maioria.
“Faço isso em prol da magistratura séria e decente e que não pode ser confundida com meia dúzia de vagabundos que estão infiltrados na magistratura”, disse em sessão da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, para discutir a proposta de emenda constitucional que amplia e reforça os poderes correcionais do CNJ.
No ano passado, declarações da ministra de que a magistratura brasileira enfrentava "gravíssimos problemas de infiltração de bandidos, escondidos atrás da toga" gerou crise entre o Judiciário e o CNJ. Na ocasião, Eliana Calmon defendia o poder de o órgão investigar magistrados supeitos de cometer irregularidades.
Nessa terça, a ministra afirmou ser necessário retomar a investigação que começou a ser feita no ano passado nos tribunais de Justiça para coibir pagamentos elevados e suspeitos a desembargadores e servidores. A investigação iniciada pelo CNJ no tribunal de Justiça de São Paulo e que seria estendida a outros 21 tribunais foi interrompida por uma liminar concedida no último dia do ano judiciário pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski. O processo hoje está sob relatoria do ministro Luiz Fux e não há prazo para que seja julgado.
MILITARES CRITICAM GOVERNO PETISTA
Militares reafirmam críticas a Dilma e confrontam Amorim
Texto anterior com ataques à presidente foi retirado da internet após intervenção do Planalto e das três Forças
Nota divulgada ontem conta com o apoio de 98 militares da reserva, entre eles 13 generais e coronel Brilhante Ustra
LUCAS FERRAZ - FSP
Em nota divulgada ontem, 98 militares da reserva reafirmaram recentes ataques feitos por clubes militares à presidente Dilma Rousseff e disseram não reconhecer autoridade no ministro da Defesa, Celso Amorim, para proibi-los de expressar opiniões.
A nota, intitulada "Eles que Venham. Por Aqui Não Passarão", também ataca a Comissão da Verdade, que apontará, sem poder de punir, responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura. Aprovada no ano passado, a comissão espera só a indicação dos membros para começar a funcionar.
"[A comissão é um] ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo", diz o texto, endossado por, entre outros, 13 generais.
Apesar de fora da ativa, todos ainda devem, por lei, seguir a hierarquia das Forças, das quais Dilma e Amorim são os chefes máximos.
O novo texto foi divulgado no site "A Verdade Sufocada" (www.averdadesufocada.com), mantido pela mulher de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército e um dos que assinam o documento.
Ustra, ex-chefe do DOI-Codi (aparelho da repressão do Exército) em São Paulo, é acusado de torturar presos políticos na ditadura, motivo pelo qual é processado na Justiça. Ele nega os crimes.
A atual nota reafirma o teor de outra, do último dia 16, na qual os clubes Militar, Naval e de Aeronáutica fizeram críticas a Dilma, dizendo que ela se afastava de seu papel de estadista ao não "expressar desacordo" sobre declarações recentes de auxiliares e do PT contra a ditadura.
Após mal-estar e intervenção do Planalto, de Amorim e dos comandantes das Forças, os clubes tiveram de retirar o texto da internet.
CRÍTICA A AMORIM
"Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do manifesto do dia 16", afirma a nota de ontem, que lembra que o texto anterior foi tirado da internet "por ordem do ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo".
Agora, os militares dizem que o "Clube Militar [da qual a maioria faz parte] não se intimida e continuará atento e vigilante".
A primeira das três declarações que geraram a nota foi da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), para quem a Comissão da Verdade pode levar a punições, apesar da Lei da Anistia.
Depois, Eleonora Menicucci (Mulheres) fez em discurso "críticas exacerbadas aos governos militares", segundo o texto. Já o PT, em uma resolução, disse que deveria priorizar o resgate de seu papel para o fim da ditadura.
Texto anterior com ataques à presidente foi retirado da internet após intervenção do Planalto e das três Forças
Nota divulgada ontem conta com o apoio de 98 militares da reserva, entre eles 13 generais e coronel Brilhante Ustra
LUCAS FERRAZ - FSP
Em nota divulgada ontem, 98 militares da reserva reafirmaram recentes ataques feitos por clubes militares à presidente Dilma Rousseff e disseram não reconhecer autoridade no ministro da Defesa, Celso Amorim, para proibi-los de expressar opiniões.
A nota, intitulada "Eles que Venham. Por Aqui Não Passarão", também ataca a Comissão da Verdade, que apontará, sem poder de punir, responsáveis por mortes, torturas e desaparecimentos na ditadura. Aprovada no ano passado, a comissão espera só a indicação dos membros para começar a funcionar.
"[A comissão é um] ato inconsequente de revanchismo explícito e de afronta à Lei da Anistia com o beneplácito, inaceitável, do atual governo", diz o texto, endossado por, entre outros, 13 generais.
Apesar de fora da ativa, todos ainda devem, por lei, seguir a hierarquia das Forças, das quais Dilma e Amorim são os chefes máximos.
O novo texto foi divulgado no site "A Verdade Sufocada" (www.averdadesufocada.com), mantido pela mulher de Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército e um dos que assinam o documento.
Ustra, ex-chefe do DOI-Codi (aparelho da repressão do Exército) em São Paulo, é acusado de torturar presos políticos na ditadura, motivo pelo qual é processado na Justiça. Ele nega os crimes.
A atual nota reafirma o teor de outra, do último dia 16, na qual os clubes Militar, Naval e de Aeronáutica fizeram críticas a Dilma, dizendo que ela se afastava de seu papel de estadista ao não "expressar desacordo" sobre declarações recentes de auxiliares e do PT contra a ditadura.
Após mal-estar e intervenção do Planalto, de Amorim e dos comandantes das Forças, os clubes tiveram de retirar o texto da internet.
CRÍTICA A AMORIM
"Em uníssono, reafirmamos a validade do conteúdo do manifesto do dia 16", afirma a nota de ontem, que lembra que o texto anterior foi tirado da internet "por ordem do ministro da Defesa, a quem não reconhecemos qualquer tipo de autoridade ou legitimidade para fazê-lo".
Agora, os militares dizem que o "Clube Militar [da qual a maioria faz parte] não se intimida e continuará atento e vigilante".
A primeira das três declarações que geraram a nota foi da ministra Maria do Rosário (Direitos Humanos), para quem a Comissão da Verdade pode levar a punições, apesar da Lei da Anistia.
Depois, Eleonora Menicucci (Mulheres) fez em discurso "críticas exacerbadas aos governos militares", segundo o texto. Já o PT, em uma resolução, disse que deveria priorizar o resgate de seu papel para o fim da ditadura.
O BRASIL, DE FATO, NÃO É UM PAÍS SÉRIO
PR quer lançar Tiririca na disputa em SP
FSP
O PR afirmou ontem que cogita lançar o deputado federal na disputa municipal em São Paulo. Um dos objetivos, segundo lideranças, seria evitar indisposições com PSDB ou e o PT. Outro seria puxar votos para os vereadores da capital paulistana.
FSP
O PR afirmou ontem que cogita lançar o deputado federal na disputa municipal em São Paulo. Um dos objetivos, segundo lideranças, seria evitar indisposições com PSDB ou e o PT. Outro seria puxar votos para os vereadores da capital paulistana.
O PT E A QUEIMA DE ARQUIVO
Desvios abasteciam PT e outros partidos, diz irmão do prefeito
FSP
DE SÃO PAULO - Bruno Daniel, irmão de Celso Daniel (PT), prefeito de Santo André que foi morto em 2002, afirmou anteontem que outros partidos, além do PT,se beneficiaram do suposto esquema de desvios de recursos na administração municipal. O Ministério Público vê no esquema a motivação da encomenda da morte de Daniel.
"Ele cometeu erros ao aceitar arrecadar recursos de forma ilegal e desviar essa arrecadação para financiamento de campanhas, que não eram só do PT", afirmou no programa "Roda Viva", da TV Cultura. Bruno, no entanto, não citou quem seriam os aliados.
Daniel foi encontrado morto com oito tiros, dois dias depois de ter sido sequestrado. Segundo os promotores, a morte foi encomendada porque o prefeito se opôs aos desvios. Para a Polícia Civil, houve crime comum. Dos 7 denunciados no caso, apenas 1 já foi julgado e condenado.
FSP
DE SÃO PAULO - Bruno Daniel, irmão de Celso Daniel (PT), prefeito de Santo André que foi morto em 2002, afirmou anteontem que outros partidos, além do PT,se beneficiaram do suposto esquema de desvios de recursos na administração municipal. O Ministério Público vê no esquema a motivação da encomenda da morte de Daniel.
"Ele cometeu erros ao aceitar arrecadar recursos de forma ilegal e desviar essa arrecadação para financiamento de campanhas, que não eram só do PT", afirmou no programa "Roda Viva", da TV Cultura. Bruno, no entanto, não citou quem seriam os aliados.
Daniel foi encontrado morto com oito tiros, dois dias depois de ter sido sequestrado. Segundo os promotores, a morte foi encomendada porque o prefeito se opôs aos desvios. Para a Polícia Civil, houve crime comum. Dos 7 denunciados no caso, apenas 1 já foi julgado e condenado.
O JOGO JÁ COMEÇOU
A quem vencer Serra na prévia, nem as batatas
JOSÉ NÊUMANNE - O Estado de S.Paulo
Apesar de ser o maior colégio eleitoral municipal do País, a capital paulista nunca protagonizou eleições para a Prefeitura que tivessem consequências nos pleitos imediatos para a Presidência da República nem para o governo do Estado. Este ano, contudo, o panorama parece ser bastante diferente: nos governos federal e de Estados importantes como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco, a aliança governista, sob o comando do Partido dos Trabalhadores (PT), tem uma espinha entalada na garganta de seu projeto de conquista do poder pelo voto popular: apesar de terem vencido as três últimas eleições nacionais, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff foram derrotados tanto na capital como no Estado de São Paulo. E, tendo mudado de armas e bagagem para São Bernardo do Campo, onde elegeu para a prefeitura seu sucessor na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, Luiz Marinho, o ex-presidente resolveu usar seu capital de popularidade para começar o projeto de conquista do último bastião adversário, São Paulo de Piratininga, pela eleição de um correligionário de confiança, para, no passo seguinte, subir as colinas do Morumbi.
O projeto de Lula é audacioso e arriscado: depois de ter sido diagnosticado um câncer em sua laringe, local estratégico para o exercício de seu maior trunfo, o discurso, usou a desvantagem para retirar de cena a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy e impor ao partido o noviço Fernando Haddad. Assumiu tarefa hercúlea num desafio à lógica e à sensatez. Seu ex-ministro da Educação, novo, bonito e sem rejeição que assuste, não é conhecido, mas tem um passado capaz de condená-lo: as lambanças cometidas pela burocracia que comandou na realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prato cheio para adversários no horário gratuito dos partidos no rádio e na TV.
Afastados os pretendentes não ungidos pelo chefão popularíssimo, Fernando Haddad não conseguiu até agora tirar proveito das vantagens que seus adversários da oposição, os tucanos em particular, lhe têm oferecido de mão beijada. Único no palanque petista, ainda não se demonstrou capaz de ganhar terreno com o tempo perdido na escolha do candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) para domingo que vem, quando se realizará sua prévia.
Tudo mudaria para melhor se Gilberto Kassab, do Partido Social Democrata (PSD), tivesse, como chegou a anunciar, confirmado o apoio à chapa do PT. Mas foi o anúncio que fez os ventos favoráveis ao projeto de Lula, Dilma e Haddad mudarem de direção. Ao ensaiar seu surpreendente movimento para a esquerda, o prefeito paulistano sentiu-se forçado a deixar patente que apoiaria incondicionalmente o ex-governador José Serra. Desde que o processo sucessório foi deflagrado em São Paulo, o tucano nunca hesitou em se dizer fora da luta pela Prefeitura para manter acesa a chama de sua ambição de enfrentar Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014. Kassab acreditou nisso até o fim e, aí, deu o pretexto para o recuo inesperado, mas que se tornou inexorável, de Serra.
Num pleito difícil e disputado como será o deste ano no maior município do País, só um louco abriria mão do apoio do prefeito, que manda no PSD, ou seja, decidirá para que candidato irá o tempo disponível para seu partido no horário gratuito no rádio e na televisão (se o ganhar no Supremo) e trabalhará a máquina administrativa da Prefeitura. Essa obviedade vem recheada com uma revelação: na entrevista que deu na semana passada ao Valor Econômico, o secretário das Finanças que Kassab herdou de Serra, Mauro Ricardo Costa, anunciou que este ano os cofres paulistanos estão abarrotados para transformar a cidade num canteiro de obras, reluzente e sólido trunfo de qualquer candidato em cujo palanque o prefeito subir. Somente um político alienado deixaria de considerar os efeitos que poderão produzir os planos habitacionais, escolas e hospitais que forem construídos com as sobras de caixa da Prefeitura, que o secretário sovina que virou estroina calcula entre R$ 4,3 bilhões e R$ 6 bilhões.
Nem o governador paulista, Geraldo Alckmin, de posse dos cordéis que manipulam o teatro de marionetes da eleição municipal, se sentiria confortável em manter o pé atrás em relação à candidatura de seu ex-chefe e sempre rival. Ao anunciar que o único tucano que apoiará será Serra, Kassab escreveu o roteiro da retirada de seu companheiro de chapa em 2004 de sua posição, que ele imaginava irremovível, de se guardar para disputar com o senador e ex-governador mineiro Aécio Neves a legenda preferencial contra a presidente petista, daqui a três anos.
Dos quatro inscritos na prévia marcada para o dia 4, os secretários estaduais Andrea Matarazzo e Bruno Covas já apoiaram o ex-governador, empurrados pelo clamor do óbvio ululante. A importância do pleito não comporta movimentos de ambição ou vaidade. Até este texto ser escrito, contudo, outro subordinado de Alckmin, o secretário José Aníbal, e o deputado Ricardo Tripoli insistiam em enfrentar o ineludível. O pior que lhes pode acontecer se mantiverem a teimosia até o fim será um deles vencer Serra nas prévias. Pois, se isso ocorrer, fatalmente Kassab correrá para o regaço de Dilma, Lula e Haddad, que o esperam ansiosamente; Alckmin lavará as mãos da sorte de qualquer uma das candidaturas, de vez que terá cumprido o seu dever de pedir que os pretendentes renunciassem em nome não da disciplina nem dos interesses maiores do partido, mas do apreço aos fatos; e Serra terá atendido ao apelo dos companheiros e readquirirá autoridade moral para disputar o que sempre lhe interessou mais: a convenção contra Aécio e a eleição contra o PT.
Se ocorrer a improvável vitória de um adversário de Serra nas prévias, seja Aníbal, seja Tripoli, o malogro eleitoral não premiará nenhum dos dois sequer com o saco de batatas que Machado de Assis dizia ser reservado aos vencedores nas guerras tribais.
*JORNALISTA E ESCRITOR, É EDITORIALISTA DO 'JORNAL DA TARDE'
JOSÉ NÊUMANNE - O Estado de S.Paulo
Apesar de ser o maior colégio eleitoral municipal do País, a capital paulista nunca protagonizou eleições para a Prefeitura que tivessem consequências nos pleitos imediatos para a Presidência da República nem para o governo do Estado. Este ano, contudo, o panorama parece ser bastante diferente: nos governos federal e de Estados importantes como Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Pernambuco, a aliança governista, sob o comando do Partido dos Trabalhadores (PT), tem uma espinha entalada na garganta de seu projeto de conquista do poder pelo voto popular: apesar de terem vencido as três últimas eleições nacionais, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff foram derrotados tanto na capital como no Estado de São Paulo. E, tendo mudado de armas e bagagem para São Bernardo do Campo, onde elegeu para a prefeitura seu sucessor na presidência do Sindicato dos Metalúrgicos, Luiz Marinho, o ex-presidente resolveu usar seu capital de popularidade para começar o projeto de conquista do último bastião adversário, São Paulo de Piratininga, pela eleição de um correligionário de confiança, para, no passo seguinte, subir as colinas do Morumbi.
O projeto de Lula é audacioso e arriscado: depois de ter sido diagnosticado um câncer em sua laringe, local estratégico para o exercício de seu maior trunfo, o discurso, usou a desvantagem para retirar de cena a senadora e ex-prefeita Marta Suplicy e impor ao partido o noviço Fernando Haddad. Assumiu tarefa hercúlea num desafio à lógica e à sensatez. Seu ex-ministro da Educação, novo, bonito e sem rejeição que assuste, não é conhecido, mas tem um passado capaz de condená-lo: as lambanças cometidas pela burocracia que comandou na realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), prato cheio para adversários no horário gratuito dos partidos no rádio e na TV.
Afastados os pretendentes não ungidos pelo chefão popularíssimo, Fernando Haddad não conseguiu até agora tirar proveito das vantagens que seus adversários da oposição, os tucanos em particular, lhe têm oferecido de mão beijada. Único no palanque petista, ainda não se demonstrou capaz de ganhar terreno com o tempo perdido na escolha do candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) para domingo que vem, quando se realizará sua prévia.
Tudo mudaria para melhor se Gilberto Kassab, do Partido Social Democrata (PSD), tivesse, como chegou a anunciar, confirmado o apoio à chapa do PT. Mas foi o anúncio que fez os ventos favoráveis ao projeto de Lula, Dilma e Haddad mudarem de direção. Ao ensaiar seu surpreendente movimento para a esquerda, o prefeito paulistano sentiu-se forçado a deixar patente que apoiaria incondicionalmente o ex-governador José Serra. Desde que o processo sucessório foi deflagrado em São Paulo, o tucano nunca hesitou em se dizer fora da luta pela Prefeitura para manter acesa a chama de sua ambição de enfrentar Dilma Rousseff na eleição presidencial de 2014. Kassab acreditou nisso até o fim e, aí, deu o pretexto para o recuo inesperado, mas que se tornou inexorável, de Serra.
Num pleito difícil e disputado como será o deste ano no maior município do País, só um louco abriria mão do apoio do prefeito, que manda no PSD, ou seja, decidirá para que candidato irá o tempo disponível para seu partido no horário gratuito no rádio e na televisão (se o ganhar no Supremo) e trabalhará a máquina administrativa da Prefeitura. Essa obviedade vem recheada com uma revelação: na entrevista que deu na semana passada ao Valor Econômico, o secretário das Finanças que Kassab herdou de Serra, Mauro Ricardo Costa, anunciou que este ano os cofres paulistanos estão abarrotados para transformar a cidade num canteiro de obras, reluzente e sólido trunfo de qualquer candidato em cujo palanque o prefeito subir. Somente um político alienado deixaria de considerar os efeitos que poderão produzir os planos habitacionais, escolas e hospitais que forem construídos com as sobras de caixa da Prefeitura, que o secretário sovina que virou estroina calcula entre R$ 4,3 bilhões e R$ 6 bilhões.
Nem o governador paulista, Geraldo Alckmin, de posse dos cordéis que manipulam o teatro de marionetes da eleição municipal, se sentiria confortável em manter o pé atrás em relação à candidatura de seu ex-chefe e sempre rival. Ao anunciar que o único tucano que apoiará será Serra, Kassab escreveu o roteiro da retirada de seu companheiro de chapa em 2004 de sua posição, que ele imaginava irremovível, de se guardar para disputar com o senador e ex-governador mineiro Aécio Neves a legenda preferencial contra a presidente petista, daqui a três anos.
Dos quatro inscritos na prévia marcada para o dia 4, os secretários estaduais Andrea Matarazzo e Bruno Covas já apoiaram o ex-governador, empurrados pelo clamor do óbvio ululante. A importância do pleito não comporta movimentos de ambição ou vaidade. Até este texto ser escrito, contudo, outro subordinado de Alckmin, o secretário José Aníbal, e o deputado Ricardo Tripoli insistiam em enfrentar o ineludível. O pior que lhes pode acontecer se mantiverem a teimosia até o fim será um deles vencer Serra nas prévias. Pois, se isso ocorrer, fatalmente Kassab correrá para o regaço de Dilma, Lula e Haddad, que o esperam ansiosamente; Alckmin lavará as mãos da sorte de qualquer uma das candidaturas, de vez que terá cumprido o seu dever de pedir que os pretendentes renunciassem em nome não da disciplina nem dos interesses maiores do partido, mas do apreço aos fatos; e Serra terá atendido ao apelo dos companheiros e readquirirá autoridade moral para disputar o que sempre lhe interessou mais: a convenção contra Aécio e a eleição contra o PT.
Se ocorrer a improvável vitória de um adversário de Serra nas prévias, seja Aníbal, seja Tripoli, o malogro eleitoral não premiará nenhum dos dois sequer com o saco de batatas que Machado de Assis dizia ser reservado aos vencedores nas guerras tribais.
*JORNALISTA E ESCRITOR, É EDITORIALISTA DO 'JORNAL DA TARDE'
O JOGO JÁ COMEÇOU
Federaliza-se a eleição em São Paulo
O Estado de S.Paulo - Editorial
O projeto de poder, com inegável competência idealizado e até agora executado por Luiz Inácio Lula da Silva, "passa, necessariamente, pela imposição da hegemonia do Partido dos Trabalhadores (PT) em seu Estado de origem, São Paulo, a começar pela reconquista da Prefeitura da capital", conforme opinamos neste espaço em 29 de janeiro. Ao se desembaraçar das dúvidas e angústias que o impediam de tomar a decisão agora anunciada de disputar as prévias que indicarão o candidato de seu partido a prefeito da capital em outubro próximo, José Serra cria um fato político que transcende os limites do Município. Reanima a possibilidade - que em termos de nomes ainda é uma questão aberta a ser definida no devido tempo - de existência de uma alternativa ao lulopetismo no comando dos destinos nacionais. E a melhor evidência de que o panorama do pleito municipal paulistano mudou significativamente é o verdadeiro tumulto que a novidade causou nas hostes petistas.
Com todas as cautelas que os vaticínios eleitorais recomendam, parece óbvio que o nome de Serra se colocava como o único, entre os disponíveis nas forças de oposição ao poder central, capaz de disputar o pleito municipal contra Lula - o verdadeiro candidato por detrás do nome que o próprio chefão do PT escolheu a dedo para representá-lo. E isso leva à curiosa conclusão de que, ao final de contas, Lula acabou escalando os dois candidatos que deverão polarizar o pleito de outubro.
Está claro, portanto, que a eleição do prefeito de São Paulo está "federalizada", no sentido de que colocará em jogo muito mais do que o comando político-administrativo da maior metrópole brasileira. Para Lula e seu partido, é ponto de honra vencer as eleições na capital paulista e, a partir daí, conquistar em 2014 o governo do Estado, que estará completando 20 anos nas mãos de seu maior adversário - o PSDB. Não é por outra razão que, do alto de seu incontrastável poder dentro do PT, Lula atropelou todas as lideranças do partido em São Paulo para impor sua escolha pessoal: a candidatura de Fernando Haddad, que, com seu apoio, o ex-presidente considera capaz de superar a rejeição que historicamente a classe média paulistana demonstra em relação à legenda petista.
Tão determinado está o lulopetismo a fazer o que for necessário para vencer o pleito em São Paulo, que as lideranças mais identificadas com Lula não hesitaram um segundo em abrir os braços à possibilidade de aliança com um adversário figadal, o prefeito Gilberto Kassab. A entrada de Serra na disputa poupou os petistas, e o próprio Kassab, da espinhosa missão de justificar uma esperteza inadmissível para quem faz política com um mínimo de coerência. Estão aí a senadora Marta Suplicy e seu pesadelo de "acordar de mãos dadas" com o prefeito a demonstrar que tudo tem limite. Mas essa é uma lição que deve ter sido muito mais útil para o eleitor que, se parou um segundo para pensar, só pode ter concluído que sua capacidade de discernimento estava sendo indecorosamente subestimada.
Daqui para a frente, restará aos tucanos e seus aliados jogar o jogo eleitoral paulistano no campo em que Lula o colocou: a temática nacional. E para isso será necessário, fugindo ao tom das três campanhas presidenciais em que foram derrotados, colocar muito claramente as divergências com o modo lulopetista de governar. São nove anos de uma experiência extremamente vulnerável que, por um lado, corrompe o aparelho do Estado em nome da governabilidade, e, por outro, provoca um crescente déficit de capacidade gerencial que compromete os benefícios sociais de que Lula e seus companheiros se proclamam curadores exclusivos.
De qualquer modo, é importante que, apesar do rumo político que a campanha eleitoral inevitavelmente tomará, candidatos e partidos não se esqueçam de que esta é a maior metrópole do País, com mais de 10 milhões de habitantes e problemas à altura de seu gigantismo. A população paulistana, portanto, merece e exige de seu futuro prefeito propostas concretas voltadas para a solução dos graves problemas que enfrenta em todas as áreas, da social à de infraestrutura.
O Estado de S.Paulo - Editorial
O projeto de poder, com inegável competência idealizado e até agora executado por Luiz Inácio Lula da Silva, "passa, necessariamente, pela imposição da hegemonia do Partido dos Trabalhadores (PT) em seu Estado de origem, São Paulo, a começar pela reconquista da Prefeitura da capital", conforme opinamos neste espaço em 29 de janeiro. Ao se desembaraçar das dúvidas e angústias que o impediam de tomar a decisão agora anunciada de disputar as prévias que indicarão o candidato de seu partido a prefeito da capital em outubro próximo, José Serra cria um fato político que transcende os limites do Município. Reanima a possibilidade - que em termos de nomes ainda é uma questão aberta a ser definida no devido tempo - de existência de uma alternativa ao lulopetismo no comando dos destinos nacionais. E a melhor evidência de que o panorama do pleito municipal paulistano mudou significativamente é o verdadeiro tumulto que a novidade causou nas hostes petistas.
Com todas as cautelas que os vaticínios eleitorais recomendam, parece óbvio que o nome de Serra se colocava como o único, entre os disponíveis nas forças de oposição ao poder central, capaz de disputar o pleito municipal contra Lula - o verdadeiro candidato por detrás do nome que o próprio chefão do PT escolheu a dedo para representá-lo. E isso leva à curiosa conclusão de que, ao final de contas, Lula acabou escalando os dois candidatos que deverão polarizar o pleito de outubro.
Está claro, portanto, que a eleição do prefeito de São Paulo está "federalizada", no sentido de que colocará em jogo muito mais do que o comando político-administrativo da maior metrópole brasileira. Para Lula e seu partido, é ponto de honra vencer as eleições na capital paulista e, a partir daí, conquistar em 2014 o governo do Estado, que estará completando 20 anos nas mãos de seu maior adversário - o PSDB. Não é por outra razão que, do alto de seu incontrastável poder dentro do PT, Lula atropelou todas as lideranças do partido em São Paulo para impor sua escolha pessoal: a candidatura de Fernando Haddad, que, com seu apoio, o ex-presidente considera capaz de superar a rejeição que historicamente a classe média paulistana demonstra em relação à legenda petista.
Tão determinado está o lulopetismo a fazer o que for necessário para vencer o pleito em São Paulo, que as lideranças mais identificadas com Lula não hesitaram um segundo em abrir os braços à possibilidade de aliança com um adversário figadal, o prefeito Gilberto Kassab. A entrada de Serra na disputa poupou os petistas, e o próprio Kassab, da espinhosa missão de justificar uma esperteza inadmissível para quem faz política com um mínimo de coerência. Estão aí a senadora Marta Suplicy e seu pesadelo de "acordar de mãos dadas" com o prefeito a demonstrar que tudo tem limite. Mas essa é uma lição que deve ter sido muito mais útil para o eleitor que, se parou um segundo para pensar, só pode ter concluído que sua capacidade de discernimento estava sendo indecorosamente subestimada.
Daqui para a frente, restará aos tucanos e seus aliados jogar o jogo eleitoral paulistano no campo em que Lula o colocou: a temática nacional. E para isso será necessário, fugindo ao tom das três campanhas presidenciais em que foram derrotados, colocar muito claramente as divergências com o modo lulopetista de governar. São nove anos de uma experiência extremamente vulnerável que, por um lado, corrompe o aparelho do Estado em nome da governabilidade, e, por outro, provoca um crescente déficit de capacidade gerencial que compromete os benefícios sociais de que Lula e seus companheiros se proclamam curadores exclusivos.
De qualquer modo, é importante que, apesar do rumo político que a campanha eleitoral inevitavelmente tomará, candidatos e partidos não se esqueçam de que esta é a maior metrópole do País, com mais de 10 milhões de habitantes e problemas à altura de seu gigantismo. A população paulistana, portanto, merece e exige de seu futuro prefeito propostas concretas voltadas para a solução dos graves problemas que enfrenta em todas as áreas, da social à de infraestrutura.
BISCATÓN E A ARGENTINA SUCATEADA
Acidente de trem na Argentina evidencia a precariedade da rede ferroviária
Christine Legrand - Le Monde
Já era de se esperar. É o que comentam a mídia, os sindicatos e os usuários após o acidente ferroviário que resultou em 51 mortos e 703 feridos, na quarta-feira (22), em uma estação de Buenos Aires. Com a abertura de uma investigação, os observadores apontam as falhas da companhia privada Trenes de Buenos Aires (TBA) e as do governo, na parte de fiscalização.
Na segunda-feira (27), após vários dias de silêncio, a presidente Cristina Kirchner pediu para que a Justiça se pronuncie rapidamente para determinar os responsáveis, afirmando que ela “não hesitaria em tomar todas as providências necessárias”. O Estado entrou com uma ação ao lado das vítimas, mas não cancelou o contrato da TBA.
O trem que não freou tinha mais de 50 anos de idade. Ele transportava 2.000 pessoas, ou seja, o dobro de sua capacidade. Seis meses atrás, um acidente na mesma linha, que atende o subúrbio pobre do oeste de Buenos Aires, havia resultado em 11 mortes e 212 feridos.
Entre 2002 e 2008, o auditor-geral da nação havia emitido quatro relatórios advertindo sobre o não cumprimento das normas elementares de segurança e de manutenção dos trens, e alertando sobre “os riscos para os usuários”. O maquinista afirma ter avisado que tinha problemas para frear. A TBA nega esse depoimento, sugerindo uma “falha humana” do jovem. Funcionários da ferrovia afirmam ter denunciado regularmente falhas mecânicas, além de sofrerem punições caso se recusassem a operar os trens. Os sindicatos não estão acima de qualquer suspeita.
A oposição fala em corrupção. Um juiz, próximo do governo, acaba de invalidar como provas e-mails que reforçavam as acusações que pesavam sobre o ex-ministro dos Transportes, Ricardo Jaime – que teve de renunciar, em 2009, depois de se ver envolvido em quinze casos de corrupção. Entre eles, o uso de um avião particular pago pela TBA, cujos proprietários, aliados do governo, exploram diversas concessões de transporte público.
Os argentinos se queixam das condições de segurança a bordo de trens decrépitos e lotados, alguns passageiros são obrigados a se equilibrar nas soleiras ou sobre os tetos. Às vezes, eles protestam bloqueando vias férreas ou incendiando vagões. Três dias após o acidente, a descoberta em um carro do 51º corpo – um jovem de 20 anos – intensificou a fúria: a estação foi tomada por manifestantes.
A Argentina tinha a melhor rede ferroviária da América Latina e uma das mais extensas do mundo. Ela foi privatizada nos anos 1990 pelo presidente peronista Carlos Menem (1989-1999). O desmantelamento dos trens condenou as populações do interior ao isolamento. Quando chegou ao poder em 2003, o peronista Néstor Kirchner prometeu a nacionalização dos trens. Mas depois os Kirchner se entusiasmaram com o projeto de um trem-bala por uma extensão de 700 quilômetros. Estimado em 2,5 bilhões de euros, o projeto foi abandonado diante das críticas que lembravam o péssimo estado de toda a rede.
Tradutor: Lana Lim
Christine Legrand - Le Monde
Já era de se esperar. É o que comentam a mídia, os sindicatos e os usuários após o acidente ferroviário que resultou em 51 mortos e 703 feridos, na quarta-feira (22), em uma estação de Buenos Aires. Com a abertura de uma investigação, os observadores apontam as falhas da companhia privada Trenes de Buenos Aires (TBA) e as do governo, na parte de fiscalização.
Na segunda-feira (27), após vários dias de silêncio, a presidente Cristina Kirchner pediu para que a Justiça se pronuncie rapidamente para determinar os responsáveis, afirmando que ela “não hesitaria em tomar todas as providências necessárias”. O Estado entrou com uma ação ao lado das vítimas, mas não cancelou o contrato da TBA.
O trem que não freou tinha mais de 50 anos de idade. Ele transportava 2.000 pessoas, ou seja, o dobro de sua capacidade. Seis meses atrás, um acidente na mesma linha, que atende o subúrbio pobre do oeste de Buenos Aires, havia resultado em 11 mortes e 212 feridos.
Entre 2002 e 2008, o auditor-geral da nação havia emitido quatro relatórios advertindo sobre o não cumprimento das normas elementares de segurança e de manutenção dos trens, e alertando sobre “os riscos para os usuários”. O maquinista afirma ter avisado que tinha problemas para frear. A TBA nega esse depoimento, sugerindo uma “falha humana” do jovem. Funcionários da ferrovia afirmam ter denunciado regularmente falhas mecânicas, além de sofrerem punições caso se recusassem a operar os trens. Os sindicatos não estão acima de qualquer suspeita.
A oposição fala em corrupção. Um juiz, próximo do governo, acaba de invalidar como provas e-mails que reforçavam as acusações que pesavam sobre o ex-ministro dos Transportes, Ricardo Jaime – que teve de renunciar, em 2009, depois de se ver envolvido em quinze casos de corrupção. Entre eles, o uso de um avião particular pago pela TBA, cujos proprietários, aliados do governo, exploram diversas concessões de transporte público.
Os argentinos se queixam das condições de segurança a bordo de trens decrépitos e lotados, alguns passageiros são obrigados a se equilibrar nas soleiras ou sobre os tetos. Às vezes, eles protestam bloqueando vias férreas ou incendiando vagões. Três dias após o acidente, a descoberta em um carro do 51º corpo – um jovem de 20 anos – intensificou a fúria: a estação foi tomada por manifestantes.
A Argentina tinha a melhor rede ferroviária da América Latina e uma das mais extensas do mundo. Ela foi privatizada nos anos 1990 pelo presidente peronista Carlos Menem (1989-1999). O desmantelamento dos trens condenou as populações do interior ao isolamento. Quando chegou ao poder em 2003, o peronista Néstor Kirchner prometeu a nacionalização dos trens. Mas depois os Kirchner se entusiasmaram com o projeto de um trem-bala por uma extensão de 700 quilômetros. Estimado em 2,5 bilhões de euros, o projeto foi abandonado diante das críticas que lembravam o péssimo estado de toda a rede.
Tradutor: Lana Lim
ELEIÇÕES NOS EUA
A uma semana da Super Terça, Romney vence prévias de Arizona e Michigan
BBC-BRASIL
O líder na corrida pela indicação republicana para as eleições presidenciais deste ano, Mitt Romney, assegurou duas importantes vitórias na terça-feira.
Ele venceu no Arizona, com uma margem maior que a esperada, e em seu Estado natal, Michigan, onde estava praticamente empatado com seu principal rival, o pré-candidato Rick Santorum.
"Não ganhamos por uma grande margem, mas conseguimos o suficiente e é isso que conta", disse Romney.
No Arizona, Romney lidera com 47% dos votos contra 27% de Santorum, e em Michigan, com a apuração praticamente concluída, ele conseguiu 41% contra 38% do rival.
Analistas dizem que os resultados impulsionam a campanha de Romney uma semana antes da chamada Super Terça, quando outros dez Estados realizam primárias.
Os dois outros pré-candidatos na disputa republicana, Ron Paul e Newt Gingrich, nem fizeram campanha nas últimas prévias, concentrando seus esforços na disputa da semana que vem.
Discurso de vitória
Após se declarar vitorioso nas primárias de terça, Romney disse que insistiria em uma mesma mensagem nas próximas semanas.
"Precisamos de mais empregos, menos dívidas, e um governo menor."
"Temos de ouvir isso todos os dias", disse o pré-candidato.
Ele também criticou a política econômica do presidente Barack Obama e afirmou que os Estados Unidos precisam de uma "recuperação desta recuperação".
Já Santorum disse a seus partidários que foi para "o quintal do oponente" e conseguiu um resultado melhor que o esperado.
Enquanto a campanha no Arizona não recebeu muito investimento dos pré-candidatos, a do Michigan foi mais disputada.
Lá, Romney e um comitê independente que o apóia gastaram quase US$ 4 milhões (R$ 6,8 milhões) em publicidade.
'Dificuldades'
Na terça-feira, Romney pareceu admitir que ele teve dificuldades em conquistar os votos conservadores em um Estado em que se esperava que ele tivesse bons resultados, já que além de ser seu Estado natal, o pai do pré-candidato foi governador do Michigan.
Ele disse que sua falta de conexão com a ala direita do partido vem de sua relutância em fazer comentários "incendiários".
No fim, pesquisas de boca-de-urna revelaram que cerca de metade dos eleitores apóia "fortemente" o candidato que recebeu seu voto.
No Michigan, as regras permitem que não-republicanos se registrem como membros do partido e votem nas primárias, o que significa que cerca de 10% dos eleitores se identificaram como democratas.
As duas primárias de terça foram o primeiro teste para Rick Santorum desde que ele venceu prévias em três Estados em fevereiro.
Romney venceu disputas anteriores em New Hampshire e na Flórida, mas vinha enfrentando dificuldades nas últimas semanas.
O ex-governador do Massachussets tem atualmente 152 delegados, contra 72 de Santorum.
É necessário o apoio de 1.144 delegados para obter a indicação republicana e disputar a Presidência dos EUA com o democrata Barack Obama.
BBC-BRASIL
O líder na corrida pela indicação republicana para as eleições presidenciais deste ano, Mitt Romney, assegurou duas importantes vitórias na terça-feira.
Ele venceu no Arizona, com uma margem maior que a esperada, e em seu Estado natal, Michigan, onde estava praticamente empatado com seu principal rival, o pré-candidato Rick Santorum.
"Não ganhamos por uma grande margem, mas conseguimos o suficiente e é isso que conta", disse Romney.
No Arizona, Romney lidera com 47% dos votos contra 27% de Santorum, e em Michigan, com a apuração praticamente concluída, ele conseguiu 41% contra 38% do rival.
Analistas dizem que os resultados impulsionam a campanha de Romney uma semana antes da chamada Super Terça, quando outros dez Estados realizam primárias.
Os dois outros pré-candidatos na disputa republicana, Ron Paul e Newt Gingrich, nem fizeram campanha nas últimas prévias, concentrando seus esforços na disputa da semana que vem.
Discurso de vitória
Após se declarar vitorioso nas primárias de terça, Romney disse que insistiria em uma mesma mensagem nas próximas semanas.
"Precisamos de mais empregos, menos dívidas, e um governo menor."
"Temos de ouvir isso todos os dias", disse o pré-candidato.
Ele também criticou a política econômica do presidente Barack Obama e afirmou que os Estados Unidos precisam de uma "recuperação desta recuperação".
Já Santorum disse a seus partidários que foi para "o quintal do oponente" e conseguiu um resultado melhor que o esperado.
Enquanto a campanha no Arizona não recebeu muito investimento dos pré-candidatos, a do Michigan foi mais disputada.
Lá, Romney e um comitê independente que o apóia gastaram quase US$ 4 milhões (R$ 6,8 milhões) em publicidade.
'Dificuldades'
Na terça-feira, Romney pareceu admitir que ele teve dificuldades em conquistar os votos conservadores em um Estado em que se esperava que ele tivesse bons resultados, já que além de ser seu Estado natal, o pai do pré-candidato foi governador do Michigan.
Ele disse que sua falta de conexão com a ala direita do partido vem de sua relutância em fazer comentários "incendiários".
No fim, pesquisas de boca-de-urna revelaram que cerca de metade dos eleitores apóia "fortemente" o candidato que recebeu seu voto.
No Michigan, as regras permitem que não-republicanos se registrem como membros do partido e votem nas primárias, o que significa que cerca de 10% dos eleitores se identificaram como democratas.
As duas primárias de terça foram o primeiro teste para Rick Santorum desde que ele venceu prévias em três Estados em fevereiro.
Romney venceu disputas anteriores em New Hampshire e na Flórida, mas vinha enfrentando dificuldades nas últimas semanas.
O ex-governador do Massachussets tem atualmente 152 delegados, contra 72 de Santorum.
É necessário o apoio de 1.144 delegados para obter a indicação republicana e disputar a Presidência dos EUA com o democrata Barack Obama.
terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
Ciganos x Houaiss: faltam judeus, baianos, japoneses…
Sérgio Rodrigues - VEJA
A palavra de hoje, cigano, está aqui menos pela curiosidade etimológica do que por razões antropológicas. Sua origem guarda algum interesse, mas não tanto quanto o triste destino que acabou tendo em nosso país: o de pivô numa ação grotesca em que o Ministério Público Federal pede a apreensão do dicionário Houaiss por trazer, entre as acepções do vocábulo, esta, devidamente identificada como pejorativa: “que ou aquele que trapaceia; velhaco, burlador”.
Supor que dicionários inventem os sentidos das palavras, em vez de simplesmente registrar com o maior rigor possível os usos decididos coletivamente por uma comunidade de falantes ao longo de sua história, é uma crença obscurantista e autoritária. Sua origem deve ser buscada no cruzamento entre a velha ignorância e uma doença intelectual mais recente: a ilusão politicamente correta de que, para consertar as injustiças do mundo, basta submeter a linguagem à censura prévia.
A ação partiu de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A última do gênero a ter repercussão semelhante – e que felizmente não deu em nada, como esta também não deve dar – originou-se há cerca de dez anos em Campinas (SP), iniciada por cidadãos de origem judaica contra o mesmo dicionário, que no verbete judeu registra a acepção pejorativa de “pessoa usurária, avarenta”.
Não deve ficar nisso. O Brasil é um país vasto, e, como se sabe, tem poucos problemas verdadeiros, o que deixa ao MPF tempo de sobra para garimpar outros verbetes insultuosos no melhor, mais completo e mais rigoroso dicionário da língua portuguesa. Seguem algumas ideias para poupar aos esclarecidos procuradores parte do trabalho:
1. Baiano – tolo, negro, mulato, ignorante, fanfarrão etc.
2. Japonês – indivíduo estranho, forasteiro ou parasita.
3. Francês – falsamente delicado; hipócrita, fingido.
4. Polaca – mulher da vida, meretriz.
E isso é só o começo! Esses lexicógrafos deviam estar todos atrás das grades, não?
Quanto à etimologia: importamos a palavra cigano no início do século 16 do francês antigo cigain, mas sua raiz mais profunda deve ser buscada no grego athígganos (“intocável”), que o Houaiss define como “nome dado a certo grupo de heréticos da Ásia Menor, que evitava o contato com estranhos, a que os ciganos foram comparados quando de sua irrupção na Europa Central”.
Sérgio Rodrigues - VEJA
A palavra de hoje, cigano, está aqui menos pela curiosidade etimológica do que por razões antropológicas. Sua origem guarda algum interesse, mas não tanto quanto o triste destino que acabou tendo em nosso país: o de pivô numa ação grotesca em que o Ministério Público Federal pede a apreensão do dicionário Houaiss por trazer, entre as acepções do vocábulo, esta, devidamente identificada como pejorativa: “que ou aquele que trapaceia; velhaco, burlador”.
Supor que dicionários inventem os sentidos das palavras, em vez de simplesmente registrar com o maior rigor possível os usos decididos coletivamente por uma comunidade de falantes ao longo de sua história, é uma crença obscurantista e autoritária. Sua origem deve ser buscada no cruzamento entre a velha ignorância e uma doença intelectual mais recente: a ilusão politicamente correta de que, para consertar as injustiças do mundo, basta submeter a linguagem à censura prévia.
A ação partiu de Uberlândia, no Triângulo Mineiro. A última do gênero a ter repercussão semelhante – e que felizmente não deu em nada, como esta também não deve dar – originou-se há cerca de dez anos em Campinas (SP), iniciada por cidadãos de origem judaica contra o mesmo dicionário, que no verbete judeu registra a acepção pejorativa de “pessoa usurária, avarenta”.
Não deve ficar nisso. O Brasil é um país vasto, e, como se sabe, tem poucos problemas verdadeiros, o que deixa ao MPF tempo de sobra para garimpar outros verbetes insultuosos no melhor, mais completo e mais rigoroso dicionário da língua portuguesa. Seguem algumas ideias para poupar aos esclarecidos procuradores parte do trabalho:
1. Baiano – tolo, negro, mulato, ignorante, fanfarrão etc.
2. Japonês – indivíduo estranho, forasteiro ou parasita.
3. Francês – falsamente delicado; hipócrita, fingido.
4. Polaca – mulher da vida, meretriz.
E isso é só o começo! Esses lexicógrafos deviam estar todos atrás das grades, não?
Quanto à etimologia: importamos a palavra cigano no início do século 16 do francês antigo cigain, mas sua raiz mais profunda deve ser buscada no grego athígganos (“intocável”), que o Houaiss define como “nome dado a certo grupo de heréticos da Ásia Menor, que evitava o contato com estranhos, a que os ciganos foram comparados quando de sua irrupção na Europa Central”.
ESPANHA RECLAMA DA POLÍTICA DE "CHUMBO TROCADO" DO BRASIL
Espanha critica endurecimento do Brasil para entrada de turistas do País
Governo brasileiro decidiu que passaria a tratar os europeus da mesma forma que Madri trata os brasileiros
Jamil Chade - OESP
GENEBRA - O governo da Espanha critica a postura do Brasil em relação ao endurecimento das condições para a entrada de espanhóis ao País e diz que as novas medidas adotadas pelo Brasil são "injustificadas " e que são "além do normal ". Questionado pelo Estado durante um evento em Genebra, o secretário de Assuntos Externos da Espanha, Gonzalo de Benito, insistiu que Madri tentará reverter as decisões de Brasília antes da entrada em vigor das medidas, no dia 2 de abril.
A Espanha vive sua pior crise econômica desde a volta da democracia, em 1977. O desemprego chega a 22% da população e metade dos jovens não tem trabalho.
A crise também reverteu o sentido da migração. Entre 2000 e 2007, a Espanha recebeu 5 milhões de imigrantes, a maioria da América Latina. Mas, pela primeira vez em 30 anos, a Espanha registrou em 2011 um êxodo de pessoas maior que a chegada de imigrantes. Uma parte importante desse contingente tem justamente ido ao Brasil.
Diante do fluxo cada vez maior de espanhóis, o governo brasileiro decidiu que passaria a tratar os europeus da mesma forma que Madri trata os brasileiros.
No final de 2011, a reportagem esteve no consulado do Brasil em Madri, apenas para constatar as longas filas de espanhóis fazendo solicitações de vistos para trabalhar no Brasil. Fontes do Itamaraty, porém, admitiam já na época que um número importante de espanhóis estava desembarcando como turistas no Brasil e então partindo em busca de emprego.
A partir do dia 2 de abril, o espanhol que chegue ao País terá de mostrar que tem passagem de volta marcada, comprovação de uma reserva de hotel e dinheiro suficiente para se manter. Isso significará R$ 170,00 por dia.
Se o turista for permanecer em casa de parentes ou amigos, uma carta terá de ser mostrada. O documento terá de conter uma assinatura reconhecida em cartório.
Negociação - Para o secretário espanhol, Madri não desistiu e vai continuar a pressionar o governo brasileiro a rever suas leis. "Isso é algo que estamos falando com o Brasil. Claro que cada país pode colocar as condições que quiser para a entrada de pessoas em seu território. Mas entendemos que diante do conjunta das relações que temos com a América Latina e em especial com o Brasil, não se justifica que espanhóis tenham restrições a entrada que vão mais além do normal e do que tínhamos até agora ", declarou o secretário.
Benito defendeu que haja ainda um acordo antes do dia 2 de abril. Mas não indicou que estaria disposto a rever as regras para a entrada dos brasileiros. " Esperamos chegar a uma solução e que o fluxo de intercâmbio continue com normalidade e sem os obstáculos que sejam os minimamente imprescindíveis ", disse.
Nos últimos anos, porém, o Brasil foi o alvo de o maior número de deportações em aeroportos espanhóis entre todas as nacionalidades e, apesar das queixas do Itamaraty, pouco foi feito para rever essa situação. Em 2010, 1,6 mil brasileiros foram barrados na Espanha, sob a alegação de que estavam tentando entrar ilegalmente para trabalhar sem visto.
Até agosto de 2011, esse número tinha sido de 1005 e o volume continua em franca queda diante da decisão de brasileiros de não buscar empregos na Espanha.
Benito não acredita que a medida brasileira seja agora uma retaliação. " São medidas que vamos tomando diante dos fluxos que temos. Mas esperamos chegar a uma melhoria nas condições para a entrada de espanhóis no Brasil ", concluiu.
Governo brasileiro decidiu que passaria a tratar os europeus da mesma forma que Madri trata os brasileiros
Jamil Chade - OESP
GENEBRA - O governo da Espanha critica a postura do Brasil em relação ao endurecimento das condições para a entrada de espanhóis ao País e diz que as novas medidas adotadas pelo Brasil são "injustificadas " e que são "além do normal ". Questionado pelo Estado durante um evento em Genebra, o secretário de Assuntos Externos da Espanha, Gonzalo de Benito, insistiu que Madri tentará reverter as decisões de Brasília antes da entrada em vigor das medidas, no dia 2 de abril.
A Espanha vive sua pior crise econômica desde a volta da democracia, em 1977. O desemprego chega a 22% da população e metade dos jovens não tem trabalho.
A crise também reverteu o sentido da migração. Entre 2000 e 2007, a Espanha recebeu 5 milhões de imigrantes, a maioria da América Latina. Mas, pela primeira vez em 30 anos, a Espanha registrou em 2011 um êxodo de pessoas maior que a chegada de imigrantes. Uma parte importante desse contingente tem justamente ido ao Brasil.
Diante do fluxo cada vez maior de espanhóis, o governo brasileiro decidiu que passaria a tratar os europeus da mesma forma que Madri trata os brasileiros.
No final de 2011, a reportagem esteve no consulado do Brasil em Madri, apenas para constatar as longas filas de espanhóis fazendo solicitações de vistos para trabalhar no Brasil. Fontes do Itamaraty, porém, admitiam já na época que um número importante de espanhóis estava desembarcando como turistas no Brasil e então partindo em busca de emprego.
A partir do dia 2 de abril, o espanhol que chegue ao País terá de mostrar que tem passagem de volta marcada, comprovação de uma reserva de hotel e dinheiro suficiente para se manter. Isso significará R$ 170,00 por dia.
Se o turista for permanecer em casa de parentes ou amigos, uma carta terá de ser mostrada. O documento terá de conter uma assinatura reconhecida em cartório.
Negociação - Para o secretário espanhol, Madri não desistiu e vai continuar a pressionar o governo brasileiro a rever suas leis. "Isso é algo que estamos falando com o Brasil. Claro que cada país pode colocar as condições que quiser para a entrada de pessoas em seu território. Mas entendemos que diante do conjunta das relações que temos com a América Latina e em especial com o Brasil, não se justifica que espanhóis tenham restrições a entrada que vão mais além do normal e do que tínhamos até agora ", declarou o secretário.
Benito defendeu que haja ainda um acordo antes do dia 2 de abril. Mas não indicou que estaria disposto a rever as regras para a entrada dos brasileiros. " Esperamos chegar a uma solução e que o fluxo de intercâmbio continue com normalidade e sem os obstáculos que sejam os minimamente imprescindíveis ", disse.
Nos últimos anos, porém, o Brasil foi o alvo de o maior número de deportações em aeroportos espanhóis entre todas as nacionalidades e, apesar das queixas do Itamaraty, pouco foi feito para rever essa situação. Em 2010, 1,6 mil brasileiros foram barrados na Espanha, sob a alegação de que estavam tentando entrar ilegalmente para trabalhar sem visto.
Até agosto de 2011, esse número tinha sido de 1005 e o volume continua em franca queda diante da decisão de brasileiros de não buscar empregos na Espanha.
Benito não acredita que a medida brasileira seja agora uma retaliação. " São medidas que vamos tomando diante dos fluxos que temos. Mas esperamos chegar a uma melhoria nas condições para a entrada de espanhóis no Brasil ", concluiu.
ENEM
Banca com três corretores fará avaliação final de redações do Enem com diferença de notas UOL
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) terá uma banca com três corretores para dar a nota final nas redações do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que tiverem discrepâncias nas notas dos dois avaliadores iniciais. Até o último exame, apenas um especialista era chamado para avaliar redações que tivessem diferenças de mais de 300 pontos entre as notas dos dois corretores.
A diferença de 300 pontos para chamar a banca também deve mudar. Segundo a assessoria de imprensa do Inep, a diminuição desse número está em discussão, mas nenhuma decisão foi tomada ainda.
Além das alterações na correção da redação, o órgão também está formando uma comissão com nomes indicados pela Abave (Associação Brasileira de Avaliação Educacional) para avaliar as questões acadêmicas do processo. O exame já é supervisionado por uma comissão técnica.
Correção da redação na Justiça
No Enem 2011, candidatos entraram com processos na Justiça pedindo a revisão das notas de redação do exame - o edital não previa a possibilidade de recurso e, tampouco, de vista das provas.
O primeiro caso de nota alterada aconteceu em São Paulo: um estudante teve a nota revista de 0 para 880 após entrar na Justiça com um pedido de vista da redação, mesmo sem mostrar a prova. As cópias mostram que houve dois erros: na primeira leitura, o corretor anulou a prova por fuga ao tema - situação em que deveria ter dado nota zero. Apesar de os outros dois corretores terem atribuído nota 880, devendo valer a última correção, o aluno acabou ficando com a primeira avaliação, que estava errada.
Em Minas Gerais, outro candidato teve a nota de uma das provas alterada - de 0 para 440 - após entrar em contato com o MEC. Segundo o ministério, o número de identidade dele estava errado em um dos cartões de resposta. Por isso, é como se ele não tivesse feito uma parte do exame. Como o erro foi registrado em ata, diz o ministério, foi possível encontrar o exame do candidato e corrigi-lo.
O MEC (Ministério da Educação) confirmou que 129 candidatos tiveram notas retificadas em função de "erro material". O Ministério Público Federal conseguiu uma liminar que permitia que todos os candidatos vissem as redações do Enem 2011 corrigidas, mas a liminar foi suspensa pela Justiça.
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) terá uma banca com três corretores para dar a nota final nas redações do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) que tiverem discrepâncias nas notas dos dois avaliadores iniciais. Até o último exame, apenas um especialista era chamado para avaliar redações que tivessem diferenças de mais de 300 pontos entre as notas dos dois corretores.
A diferença de 300 pontos para chamar a banca também deve mudar. Segundo a assessoria de imprensa do Inep, a diminuição desse número está em discussão, mas nenhuma decisão foi tomada ainda.
Além das alterações na correção da redação, o órgão também está formando uma comissão com nomes indicados pela Abave (Associação Brasileira de Avaliação Educacional) para avaliar as questões acadêmicas do processo. O exame já é supervisionado por uma comissão técnica.
Correção da redação na Justiça
No Enem 2011, candidatos entraram com processos na Justiça pedindo a revisão das notas de redação do exame - o edital não previa a possibilidade de recurso e, tampouco, de vista das provas.
O primeiro caso de nota alterada aconteceu em São Paulo: um estudante teve a nota revista de 0 para 880 após entrar na Justiça com um pedido de vista da redação, mesmo sem mostrar a prova. As cópias mostram que houve dois erros: na primeira leitura, o corretor anulou a prova por fuga ao tema - situação em que deveria ter dado nota zero. Apesar de os outros dois corretores terem atribuído nota 880, devendo valer a última correção, o aluno acabou ficando com a primeira avaliação, que estava errada.
Em Minas Gerais, outro candidato teve a nota de uma das provas alterada - de 0 para 440 - após entrar em contato com o MEC. Segundo o ministério, o número de identidade dele estava errado em um dos cartões de resposta. Por isso, é como se ele não tivesse feito uma parte do exame. Como o erro foi registrado em ata, diz o ministério, foi possível encontrar o exame do candidato e corrigi-lo.
O MEC (Ministério da Educação) confirmou que 129 candidatos tiveram notas retificadas em função de "erro material". O Ministério Público Federal conseguiu uma liminar que permitia que todos os candidatos vissem as redações do Enem 2011 corrigidas, mas a liminar foi suspensa pela Justiça.
PORTUGAL EM CRISE
Portugal anuncia liberação de nova parcela de empréstimo
Em entrevista coletiva, o ministro de Finanças português, Vítor Gaspar, falou que o país receberá um novo lance de ajuda, de 14,9 bilhões de euros da 'troika'
VEJA
Gaspar afirmou que Portugal está no caminho certo e negou qualquer modificação no acordo (Manuel de Almeida/EFE)
O governo português anunciou nesta terça-feira que receberá um novo lance de ajuda, de 14,9 bilhões de euros da troika, grupo formado pela União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. O empréstimo foi liberado depois que as instituições afirmaram que Portugal cumpriu com o programa de ajustes pactuado em troca de seu resgate financeiro.
Em entrevista coletiva, o ministro de Finanças português, Vítor Gaspar, destacou que Portugal está "no bom caminho" para conseguir seus objetivos nos prazos marcados e que a análise trimestral positiva dos técnicos da troika respalda as ações empreendidas pelo Executivo. Gaspar também descartou a possibilidade de pedir qualquer tipo de modificação do acordo assinado em 2011 apesar da piora de suas previsões econômicas.
De acordo com o ministro, a postura se justifica pela necessidade de dar sinais de credibilidade perante a hipótese de o país necessitar de um novo resgate. "Nossos parceiros internacionais manifestaram repetidamente sua disponibilidade para prestar o apoio adicional necessário a Portugal, se por condições que escaparem do controle do país, surgirem dificuldades para retornar ao mercado", disse Gaspar.
As novas estimativas do governo calculam um retrocesso da economia para este ano de 3,3%, três décimos pior que em cálculos anteriores. Além disso, Portugal deve reduzir seu déficit público em 2012 em até 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e a previsão é que a taxa de desemprego alcançará 14,5%.
Terceiro país da zona do euro a se beneficiar de um plano de resgate financeiro, depois de Grécia e Irlanda, Portugal se comprometeu a aplicar um plano de extrema austeridade e reformas ao longo de três anos em troca de um empréstimo concedido em maio de 2011 pela UE e pelo FMI.
No entanto, o país prevê voltar a emitir dívida em longo prazo no segundo semestre de 2013, um objetivo questionado por analistas, agências de qualificação e investidores devido aos juros insustentáveis que este tipo de títulos cotam no mercado secundário, usado como valor de referência.
Na última semana, o presidente do BCE, Mario Draghi, deu uma entrevista ao The Wall Street Journal afirmando que o país não representava risco semelhante ao da Grécia, e que estava a caminho de uma recuperação.
(Com agência EFE e France-Presse)
Em entrevista coletiva, o ministro de Finanças português, Vítor Gaspar, falou que o país receberá um novo lance de ajuda, de 14,9 bilhões de euros da 'troika'
VEJA
Gaspar afirmou que Portugal está no caminho certo e negou qualquer modificação no acordo (Manuel de Almeida/EFE)
O governo português anunciou nesta terça-feira que receberá um novo lance de ajuda, de 14,9 bilhões de euros da troika, grupo formado pela União Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional. O empréstimo foi liberado depois que as instituições afirmaram que Portugal cumpriu com o programa de ajustes pactuado em troca de seu resgate financeiro.
Em entrevista coletiva, o ministro de Finanças português, Vítor Gaspar, destacou que Portugal está "no bom caminho" para conseguir seus objetivos nos prazos marcados e que a análise trimestral positiva dos técnicos da troika respalda as ações empreendidas pelo Executivo. Gaspar também descartou a possibilidade de pedir qualquer tipo de modificação do acordo assinado em 2011 apesar da piora de suas previsões econômicas.
De acordo com o ministro, a postura se justifica pela necessidade de dar sinais de credibilidade perante a hipótese de o país necessitar de um novo resgate. "Nossos parceiros internacionais manifestaram repetidamente sua disponibilidade para prestar o apoio adicional necessário a Portugal, se por condições que escaparem do controle do país, surgirem dificuldades para retornar ao mercado", disse Gaspar.
As novas estimativas do governo calculam um retrocesso da economia para este ano de 3,3%, três décimos pior que em cálculos anteriores. Além disso, Portugal deve reduzir seu déficit público em 2012 em até 4,5% do Produto Interno Bruto (PIB) e a previsão é que a taxa de desemprego alcançará 14,5%.
Terceiro país da zona do euro a se beneficiar de um plano de resgate financeiro, depois de Grécia e Irlanda, Portugal se comprometeu a aplicar um plano de extrema austeridade e reformas ao longo de três anos em troca de um empréstimo concedido em maio de 2011 pela UE e pelo FMI.
No entanto, o país prevê voltar a emitir dívida em longo prazo no segundo semestre de 2013, um objetivo questionado por analistas, agências de qualificação e investidores devido aos juros insustentáveis que este tipo de títulos cotam no mercado secundário, usado como valor de referência.
Na última semana, o presidente do BCE, Mario Draghi, deu uma entrevista ao The Wall Street Journal afirmando que o país não representava risco semelhante ao da Grécia, e que estava a caminho de uma recuperação.
(Com agência EFE e France-Presse)
WOODSTOCK - 2016
Rio não tem vagas suficientes para receber Olimpíadas
O número de camas disponíveis é de 67 mil. No entanto, as Olimpíadas devem receber cerca de 200 mil pessoas cadastradas, entre atletas, imprensa, voluntários e organizadores - sem contar os turistas que o evento irá atrair
VEJA
O Brasil recebeu, em 2011, cerca de 5,4 milhões de turistas estrangeiros e um número ainda desconhecido, porém não menos importante, de turistas nacionais. Contudo, de acordo com um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, as 27 capitais brasileiras têm condições de hospedar, juntas, 373.673 pessoas, se forem levados em consideração todos os leitos duplos e individuais existentes atualmente.
O caso do Rio de Janeiro é o mais emblemático para ilustrar o déficit de vagas no sistema hoteleiro nacional. Na cidade que sediará os Jogos Olímpicos, o número de camas disponíveis é de 67.536. No entanto, as Olimpíadas devem receber cerca de 200 mil pessoas cadastradas, entre atletas, imprensa, voluntários e organizadores - sem contabilizar os turistas que o evento irá atrair.
O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos lembrou que a cidade se comprometeu em contrato, e, portanto, tem condições de fornecer 48 mil quartos, distribuídos entre hotéis, vilas olímpicas e cabines de cruzeiros. Mas a capital dos jogos deve receber ainda cerca de 380 mil turistas estrangeiros, de acordo com estimativas do Ministério do Turismo.
Apesar do déficit na rede hoteleira, há espaço para aumentar a capacidade hoteleira nas capitais do país, e ainda melhorar a qualidade da hospedagem, segundo a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.
"Há espaço para aumentar e melhorar. Algumas capitais já estão tomando iniciativa de ampliar essa capacidade. Brasília implodiu alguns hotéis, reduziu a sua capacidade atual para ampliar em seguida. Esses hotéis vão ser reconstruídos, ampliando capacidade produtiva. São investimentos que a pesquisa não vê agora", ressaltou Wasmália.
"Eu vejo investimentos em algumas capitais e vejo também necessidade de investimentos em algumas melhorias, muitas vezes até de reformulação, de modernização do próprio serviço de hospedagem, que vai se beneficiar com certeza desses investimentos", afirmou a presidente do IBGE. "O que estamos fazendo é uma linha de base para acompanhamento disso até as vésperas do evento, para que a gente possa saber, acompanhar de perto, e estimular esses investimentos."
A pesquisa identificou 554.227 vagas na rede de hospedagem existente nas 27 capitais do País. No entanto, Wasmália ressaltou que há modalidades que não estão incluídas no cálculo e que devem servir para aumentar o número de vagas, como os apartamentos alugados por temporada. A infraestrutura hoteleira de cidades no entorno das capitais também deve ser utilizada para aumentar a capacidade de hospedagem.
"O que esperamos é que as cidades do entorno das capitais onde ocorrerão os eventos contribuam, oferecendo a sua própria capacidade (de hospedagem). No Rio de Janeiro, com certeza a capacidade de Niterói vai ser utilizada para apoiar o evento", previu a presidente do IBGE.
A Pesquisa de Serviços de Hospedagem 2011 é o primeiro levantamento censitário sobre as condições de hotelaria no Brasil encomendado pelo Ministério do Turismo. O objetivo do levantamento foi identificar deficiências na rede hoteleira e também oportunidades para o setor privado, diante da perspectiva do aumento do turismo graças a eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Pouco conforto - Outra dificuldade é que o país ainda possui poucos hotéis de padrão internacional, os considerados de luxo ou muito confortáveis. De todos os estabelecimentos existentes nas capitais, 85,5% encaixam-se nos padrões de médio e baixo conforto e qualidades dos serviços. Apenas 14,5% foram considerados de luxo ou muito confortáveis. No Rio de Janeiro, a situação é um pouco melhor, 23,5% dos estabelecimentos atendem à classificação de luxo ou superior. Em São Paulo, que sediará seis jogos da Copa de 2014, esse porcentual cai para 19,6%.
(Com Agência Estado)
O número de camas disponíveis é de 67 mil. No entanto, as Olimpíadas devem receber cerca de 200 mil pessoas cadastradas, entre atletas, imprensa, voluntários e organizadores - sem contar os turistas que o evento irá atrair
VEJA
O Brasil recebeu, em 2011, cerca de 5,4 milhões de turistas estrangeiros e um número ainda desconhecido, porém não menos importante, de turistas nacionais. Contudo, de acordo com um levantamento divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira, as 27 capitais brasileiras têm condições de hospedar, juntas, 373.673 pessoas, se forem levados em consideração todos os leitos duplos e individuais existentes atualmente.
O caso do Rio de Janeiro é o mais emblemático para ilustrar o déficit de vagas no sistema hoteleiro nacional. Na cidade que sediará os Jogos Olímpicos, o número de camas disponíveis é de 67.536. No entanto, as Olimpíadas devem receber cerca de 200 mil pessoas cadastradas, entre atletas, imprensa, voluntários e organizadores - sem contabilizar os turistas que o evento irá atrair.
O Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos lembrou que a cidade se comprometeu em contrato, e, portanto, tem condições de fornecer 48 mil quartos, distribuídos entre hotéis, vilas olímpicas e cabines de cruzeiros. Mas a capital dos jogos deve receber ainda cerca de 380 mil turistas estrangeiros, de acordo com estimativas do Ministério do Turismo.
Apesar do déficit na rede hoteleira, há espaço para aumentar a capacidade hoteleira nas capitais do país, e ainda melhorar a qualidade da hospedagem, segundo a presidente do IBGE, Wasmália Bivar.
"Há espaço para aumentar e melhorar. Algumas capitais já estão tomando iniciativa de ampliar essa capacidade. Brasília implodiu alguns hotéis, reduziu a sua capacidade atual para ampliar em seguida. Esses hotéis vão ser reconstruídos, ampliando capacidade produtiva. São investimentos que a pesquisa não vê agora", ressaltou Wasmália.
"Eu vejo investimentos em algumas capitais e vejo também necessidade de investimentos em algumas melhorias, muitas vezes até de reformulação, de modernização do próprio serviço de hospedagem, que vai se beneficiar com certeza desses investimentos", afirmou a presidente do IBGE. "O que estamos fazendo é uma linha de base para acompanhamento disso até as vésperas do evento, para que a gente possa saber, acompanhar de perto, e estimular esses investimentos."
A pesquisa identificou 554.227 vagas na rede de hospedagem existente nas 27 capitais do País. No entanto, Wasmália ressaltou que há modalidades que não estão incluídas no cálculo e que devem servir para aumentar o número de vagas, como os apartamentos alugados por temporada. A infraestrutura hoteleira de cidades no entorno das capitais também deve ser utilizada para aumentar a capacidade de hospedagem.
"O que esperamos é que as cidades do entorno das capitais onde ocorrerão os eventos contribuam, oferecendo a sua própria capacidade (de hospedagem). No Rio de Janeiro, com certeza a capacidade de Niterói vai ser utilizada para apoiar o evento", previu a presidente do IBGE.
A Pesquisa de Serviços de Hospedagem 2011 é o primeiro levantamento censitário sobre as condições de hotelaria no Brasil encomendado pelo Ministério do Turismo. O objetivo do levantamento foi identificar deficiências na rede hoteleira e também oportunidades para o setor privado, diante da perspectiva do aumento do turismo graças a eventos como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016.
Pouco conforto - Outra dificuldade é que o país ainda possui poucos hotéis de padrão internacional, os considerados de luxo ou muito confortáveis. De todos os estabelecimentos existentes nas capitais, 85,5% encaixam-se nos padrões de médio e baixo conforto e qualidades dos serviços. Apenas 14,5% foram considerados de luxo ou muito confortáveis. No Rio de Janeiro, a situação é um pouco melhor, 23,5% dos estabelecimentos atendem à classificação de luxo ou superior. Em São Paulo, que sediará seis jogos da Copa de 2014, esse porcentual cai para 19,6%.
(Com Agência Estado)
O QUE ESTÃO FAZENDO COM AS CRIANÇAS?
Crianças: inocentes peões da tirania ideológica
Julio Severo - MSM
Congresso Nacional estimula crianças a encarar homossexualismo como normalidade.
Na Alemanha nazista, as crianças, desde a escola, eram “ensinadas” a adorar os valores nazistas.
Na União Soviética, as crianças eram incentivadas a fazer trabalhos escolares elogiando os valores comunistas. Os melhores elogiadores ganhavam um prêmio.
A disposição estatal de produzir cidadãos bajuladores, desde a infância, é uma praga, com manifestações clínicas maiores em governos mais tirânicos.
No Brasil, a Câmara dos Deputados está promovendo um concurso para premiar crianças e adolescentes com idades entre 9 e 14 anos que escrevam o melhor roteiro de radionovela sobre o tema “Gênero”.
O objetivo é incentivar crianças e adolescentes a questionar a “tradição” de se considerar certas atividades como tipicamente masculinas e outras como exclusivamente femininas. Se você pensou que brincar de boneca é só para meninas e brincar de carrinho é só para meninos, o governo se incumbiu de jogar muitas dúvidas na mente das crianças.
Esse questionamento dos papéis sexuais, sob a ideologia de “gênero”, já vem ocorrendo nas escolas há um bom tempo. O site da Câmara diz: “É comum ver meninas que jogam bola e meninos que gostam de realizar tarefas domésticas receberem apelidos depreciativos, como forma de crítica à adoção de comportamentos considerados masculinos e femininos, respectivamente”.
Para eliminar, desde cedo, as diferenças entre o sexo masculino e feminino, o governo tem investido em campanhas anti-“bullying”. Com o concurso da Câmara, espera-se que alunos que já absorveram essa campanha e as mensagens das novelas possam expressar em suas próprias palavras suas críticas aos papéis sexuais tradicionais.
O site da Câmara mostra também que o fato de que existem crianças que ainda trazem esses papéis, aprendidos no lar, é “motivo de preocupação entre os especialistas da Organização das Nações Unidas… do Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres”, os quais querem reeducar as crianças do mundo inteiro a ver os papéis masculinos e femininos como invenção social.
O site da Câmara ainda diz: “A equipe do portal Plenarinho também quer estimular crianças e adolescentes brasileiros a refletir sobre o assunto. Para isso, está promovendo um concurso que vai selecionar o melhor roteiro de radionovela escrito por estudantes com idades entre 9 e 14 anos sobre a questão de ‘gênero’. O vencedor vai ter o texto adaptado para veiculação na Rádio Câmara e receber um jogo, DVD e livro como prêmio”.
Na União Soviética e na Alemanha nazista, as campanhas de doutrinação para as crianças atingiam toda a sociedade, e se os pais tentassem proteger os filhos, eles eram denunciados e acusados. No Brasil de tirania ideológica gay, os pais olham o próprio governo fazendo lavagem cerebral em seus filhos, sem nada poderem fazer. Governo e mídia andam de braços dados para impor a doutrinação gay das crianças.
Conselhos Tutelares, que se autointitulam de “protetores das crianças”, desprezam os clamores dos pais contra os abusos do governo na educação das crianças, que estão à mercê da doutrinação gay promovida nas escolas e meios de comunicação.
É a sociedade da lavagem cerebral, onde crianças treinadas para bajular os valores estatais são premiadas. Essas crianças brasileiras agora juntam-se às pobres crianças alemães e soviéticas premiadas por nazistas e comunistas, num jogo ideológico cósmico pela deformação de mentes e corações.
Não é de hoje que alerto sobre esses perigos. Em 1998, eu disse no meu livro “O Movimento Homossexual”:
No entanto, conforme a moderna teoria feminista, a palavra “gênero” (assim como preferência ou orientação sexual) pode expressar uma variedade sexual muito mais ampla do que o restritivo masculino/feminino da palavra sexo. Poderia ajudar a equiparar o homossexualismo, o lesbianismo e outras perversões ao tradicional relacionamento sexual entre homem e mulher.
O fato é que o movimento homossexual e o feminista estão tentando minimizar as diferenças entre os homens e as mulheres no trabalho, lazer e moda. A finalidade é demolir os padrões sexuais tradicionais e criar um ambiente favorável à homossexualização da sociedade.
Conforme diz o Dr. James Dobson:
“A tendência de misturar os papéis masculinos e femininos está em moda na sociedade atual.
As mulheres jogam futebol e usam calças. Os homens assistem a novelas e usam brincos. Vê-se pouca identidade sexual no comprimento de seus cabelos, em suas maneiras, interesses ou ocupações, e a tendência é se igualar ainda mais. Tal falta de distinção entre os homens e as mulheres causa muita confusão na mente das crianças com relação à sua própria identidade de papel sexual. Elas ficam sem um modelo claro para imitar e acabam tendo de andar sozinhas como que cegas, à procura da conduta e atitudes apropriadas para elas. É quase certo que esse obscurecimento dos papéis sexuais está contribuindo para a explosão do homossexualismo e da confusão sexual que enfrentamos hoje. A História mostra que as atitudes unissex sempre apareceram antes da deterioração e destruição das sociedades que se deixaram levar por essa tendência. O Dr. Charles Winick, professor de Antropologia na Universidade Municipal de Nova Iorque, estudou duas mil culturas diversas e encontrou cinqüenta e cinco que se caracterizavam pela ambigüidade sexual. Nenhuma delas sobreviveu...”
A eliminação das diferenças entre o sexo masculino e o feminino é extremamente prejudicial à saúde psicológica das crianças. Foi o que notou, por exemplo, certa mãe cuja filha de dez anos voltava da escola com atitudes cada vez mais hostis em relação ao trabalho doméstico como função da mulher. Depois de muito pesquisar, ela acabou descobrindo algo. Na sala de aula, a professora, sem o conhecimento dos pais, apresentava uma boneca e um boneco de papel nus. Os estudantes deveriam vestir-lhes uma roupa masculina de trabalho a fim de mostrar que ambos os sexos podem escolher qualquer profissão. Além disso, os livros didáticos só apresentavam figuras opostas aos papéis tradicionais, como a de um pai dando mamadeira ao bebê e a de uma mãe trabalhando como bombeiro. Tudo feito em nome da “igualdade sexual”.
A sociedade como um todo sente-se impotente diante das mudanças comportamentais que o feminismo e o homossexualismo tentam impor. Nesse clima, muitos cristãos, assim como Ló, simplesmente se acomodam, achando que pouco ou nada podem fazer.
Ló não era homossexual. O simples fato de viver numa sociedade onde o homossexualismo era aceito não o tornou um deles. Ele nem mesmo gostava do que faziam. “Todos os dias esse homem bom, que vivia entre eles, sofria no seu bom coração, ao ver e ouvir as coisas más que aquela gente fazia.” (2 Pe 2.8 – BLH.) Mas a sua passividade e inércia lhe custaram caro.
Primeiro perdeu seus valores morais e espirituais, depois ficou sem a esposa e, por último, sobreveio-lhe a ruína moral e espiritual de seu lar e filhas.
Distribua esta mensagem a todos os pais que precisam conhecer os perigos contra seus filhos.
Julio Severo - MSM
Congresso Nacional estimula crianças a encarar homossexualismo como normalidade.
Na Alemanha nazista, as crianças, desde a escola, eram “ensinadas” a adorar os valores nazistas.
Na União Soviética, as crianças eram incentivadas a fazer trabalhos escolares elogiando os valores comunistas. Os melhores elogiadores ganhavam um prêmio.
A disposição estatal de produzir cidadãos bajuladores, desde a infância, é uma praga, com manifestações clínicas maiores em governos mais tirânicos.
No Brasil, a Câmara dos Deputados está promovendo um concurso para premiar crianças e adolescentes com idades entre 9 e 14 anos que escrevam o melhor roteiro de radionovela sobre o tema “Gênero”.
O objetivo é incentivar crianças e adolescentes a questionar a “tradição” de se considerar certas atividades como tipicamente masculinas e outras como exclusivamente femininas. Se você pensou que brincar de boneca é só para meninas e brincar de carrinho é só para meninos, o governo se incumbiu de jogar muitas dúvidas na mente das crianças.
Esse questionamento dos papéis sexuais, sob a ideologia de “gênero”, já vem ocorrendo nas escolas há um bom tempo. O site da Câmara diz: “É comum ver meninas que jogam bola e meninos que gostam de realizar tarefas domésticas receberem apelidos depreciativos, como forma de crítica à adoção de comportamentos considerados masculinos e femininos, respectivamente”.
Para eliminar, desde cedo, as diferenças entre o sexo masculino e feminino, o governo tem investido em campanhas anti-“bullying”. Com o concurso da Câmara, espera-se que alunos que já absorveram essa campanha e as mensagens das novelas possam expressar em suas próprias palavras suas críticas aos papéis sexuais tradicionais.
O site da Câmara mostra também que o fato de que existem crianças que ainda trazem esses papéis, aprendidos no lar, é “motivo de preocupação entre os especialistas da Organização das Nações Unidas… do Comitê para a Eliminação da Discriminação contra as Mulheres”, os quais querem reeducar as crianças do mundo inteiro a ver os papéis masculinos e femininos como invenção social.
O site da Câmara ainda diz: “A equipe do portal Plenarinho também quer estimular crianças e adolescentes brasileiros a refletir sobre o assunto. Para isso, está promovendo um concurso que vai selecionar o melhor roteiro de radionovela escrito por estudantes com idades entre 9 e 14 anos sobre a questão de ‘gênero’. O vencedor vai ter o texto adaptado para veiculação na Rádio Câmara e receber um jogo, DVD e livro como prêmio”.
Na União Soviética e na Alemanha nazista, as campanhas de doutrinação para as crianças atingiam toda a sociedade, e se os pais tentassem proteger os filhos, eles eram denunciados e acusados. No Brasil de tirania ideológica gay, os pais olham o próprio governo fazendo lavagem cerebral em seus filhos, sem nada poderem fazer. Governo e mídia andam de braços dados para impor a doutrinação gay das crianças.
Conselhos Tutelares, que se autointitulam de “protetores das crianças”, desprezam os clamores dos pais contra os abusos do governo na educação das crianças, que estão à mercê da doutrinação gay promovida nas escolas e meios de comunicação.
É a sociedade da lavagem cerebral, onde crianças treinadas para bajular os valores estatais são premiadas. Essas crianças brasileiras agora juntam-se às pobres crianças alemães e soviéticas premiadas por nazistas e comunistas, num jogo ideológico cósmico pela deformação de mentes e corações.
Não é de hoje que alerto sobre esses perigos. Em 1998, eu disse no meu livro “O Movimento Homossexual”:
No entanto, conforme a moderna teoria feminista, a palavra “gênero” (assim como preferência ou orientação sexual) pode expressar uma variedade sexual muito mais ampla do que o restritivo masculino/feminino da palavra sexo. Poderia ajudar a equiparar o homossexualismo, o lesbianismo e outras perversões ao tradicional relacionamento sexual entre homem e mulher.
O fato é que o movimento homossexual e o feminista estão tentando minimizar as diferenças entre os homens e as mulheres no trabalho, lazer e moda. A finalidade é demolir os padrões sexuais tradicionais e criar um ambiente favorável à homossexualização da sociedade.
Conforme diz o Dr. James Dobson:
“A tendência de misturar os papéis masculinos e femininos está em moda na sociedade atual.
As mulheres jogam futebol e usam calças. Os homens assistem a novelas e usam brincos. Vê-se pouca identidade sexual no comprimento de seus cabelos, em suas maneiras, interesses ou ocupações, e a tendência é se igualar ainda mais. Tal falta de distinção entre os homens e as mulheres causa muita confusão na mente das crianças com relação à sua própria identidade de papel sexual. Elas ficam sem um modelo claro para imitar e acabam tendo de andar sozinhas como que cegas, à procura da conduta e atitudes apropriadas para elas. É quase certo que esse obscurecimento dos papéis sexuais está contribuindo para a explosão do homossexualismo e da confusão sexual que enfrentamos hoje. A História mostra que as atitudes unissex sempre apareceram antes da deterioração e destruição das sociedades que se deixaram levar por essa tendência. O Dr. Charles Winick, professor de Antropologia na Universidade Municipal de Nova Iorque, estudou duas mil culturas diversas e encontrou cinqüenta e cinco que se caracterizavam pela ambigüidade sexual. Nenhuma delas sobreviveu...”
A eliminação das diferenças entre o sexo masculino e o feminino é extremamente prejudicial à saúde psicológica das crianças. Foi o que notou, por exemplo, certa mãe cuja filha de dez anos voltava da escola com atitudes cada vez mais hostis em relação ao trabalho doméstico como função da mulher. Depois de muito pesquisar, ela acabou descobrindo algo. Na sala de aula, a professora, sem o conhecimento dos pais, apresentava uma boneca e um boneco de papel nus. Os estudantes deveriam vestir-lhes uma roupa masculina de trabalho a fim de mostrar que ambos os sexos podem escolher qualquer profissão. Além disso, os livros didáticos só apresentavam figuras opostas aos papéis tradicionais, como a de um pai dando mamadeira ao bebê e a de uma mãe trabalhando como bombeiro. Tudo feito em nome da “igualdade sexual”.
A sociedade como um todo sente-se impotente diante das mudanças comportamentais que o feminismo e o homossexualismo tentam impor. Nesse clima, muitos cristãos, assim como Ló, simplesmente se acomodam, achando que pouco ou nada podem fazer.
Ló não era homossexual. O simples fato de viver numa sociedade onde o homossexualismo era aceito não o tornou um deles. Ele nem mesmo gostava do que faziam. “Todos os dias esse homem bom, que vivia entre eles, sofria no seu bom coração, ao ver e ouvir as coisas más que aquela gente fazia.” (2 Pe 2.8 – BLH.) Mas a sua passividade e inércia lhe custaram caro.
Primeiro perdeu seus valores morais e espirituais, depois ficou sem a esposa e, por último, sobreveio-lhe a ruína moral e espiritual de seu lar e filhas.
Distribua esta mensagem a todos os pais que precisam conhecer os perigos contra seus filhos.
TV PAGA: DIGA NÃO À CENSURA
Novas regras podem restringir avanço da TV paga no País, dizem empresas
Nova lei, aprovada em 2011, criou cotas de conteúdo nacional e reforçou os poderes da Ancine, que colocou em consulta pública uma regulamentação que é criticada pelas operadoras
Renato Cruz - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O setor de TV paga está em clima de guerra. No ano passado, foi aprovada a Lei 12.485/11, que acabou com a proibição do controle de empresas de TV a cabo por empresas estrangeiras. Esse ponto agradou ao mercado, mas outras regras, como a imposição de cotas de conteúdo nacional na programação, sempre foram criticadas pelas empresas.
Agora que os controles das empresas já começaram a mudar, as armas se voltam para os pontos que desagradaram na lei, cuja regulamentação encontra-se em consulta pública na Agência Nacional de Cinema (Ancine). Além das cotas, as companhias temem um aumento da burocracia e queixam-se de que a agência quer exercer um controle exagerado sobre o mercado.
No fim de semana, a Sky publicou anúncios conclamando os espectadores a protestarem contra as novas regras, que afetariam "diretamente os direitos dos consumidores e a liberdade de expressão". A Ancine se defende, dizendo que busca somente cumprir a lei.
A Sky decidiu ir à Justiça. Outras empresas procuram reduzir os danos neste momento de definição do regulamento. "O custo aumenta com as cotas de conteúdo nacional, que é mais caro porque não tem escala", afirmou Alexandre Annenberg, presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA). "Isso pode restringir o crescimento do setor, que avançou 30% no ano passado."
Os assinantes de TV paga somaram 12,7 milhões em 2011. "Além disso, está se traçando um cenário de excesso de burocratização, o que atrasa investimentos", disse Annenberg. "Por excesso de zelo, pode-se criar uma sistemática demorada, complicada e custosa."
Cotas. Os canais de filmes e variedades terão de incluir três horas e meia semanais de conteúdo nacional no horário nobre. Esportes e jornalismo não entram na conta. A lei também definiu cotas de canais nacionais nos pacotes. Um dos pontos que preocupam as empresas é que a Ancine terá o poder de classificar programas e canais, para dizer quais servem ou não para cumprir as cotas. As empresas também deverão submeter à Ancine as informações sobre todos os pacotes contratados pelos seus clientes.
"Todas as operadoras têm essa informação, e podem fornecê-la à Ancine", disse Manoel Rangel, diretor presidente da agência. "A lei instituiu a obrigatoriedade das cotas, e a agência precisa ter condições de fiscalizar se estão sendo cumpridas."
O regulamento prevê até que a Ancine pode solicitar balanços financeiros das empresas e contratos firmados com fornecedores. "A agência precisa de informações", disse Rangel. "A intervenção é mínima no mercado privado." O presidente da Ancine destacou que várias reclamações das empresas dizem respeito à lei. "Cabe à Ancine cumpri-la. Estão querendo promover um terceiro turno de votação da lei."
Mas nem tudo são críticas. Apesar de se preocupar com o "excesso de regulamentação", Mariana Filizola, diretora geral da NeoTV (associação de pequenas empresas de TV paga), considerou um ponto positivo a exigência de que os contratos com as programadoras internacionais sejam assinados no Brasil.
Kiko Mistrorigo, vice-presidente da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV), lembrou que três horas e meia por semana de conteúdo nacional são somente meia hora por dia. "A Discovery Kids, com o Peixonauta, já cumpre a regra", exemplificou. Ele é um dos criadores da série brasileira de animação, exibida hoje em 70 países.
Do Blog:
A TV paga corre o risco de virar um canal Brasil: cheio de porcarias, geralmente de esquerda e que ninguém assiste.
Nova lei, aprovada em 2011, criou cotas de conteúdo nacional e reforçou os poderes da Ancine, que colocou em consulta pública uma regulamentação que é criticada pelas operadoras
Renato Cruz - O Estado de S. Paulo
SÃO PAULO - O setor de TV paga está em clima de guerra. No ano passado, foi aprovada a Lei 12.485/11, que acabou com a proibição do controle de empresas de TV a cabo por empresas estrangeiras. Esse ponto agradou ao mercado, mas outras regras, como a imposição de cotas de conteúdo nacional na programação, sempre foram criticadas pelas empresas.
Agora que os controles das empresas já começaram a mudar, as armas se voltam para os pontos que desagradaram na lei, cuja regulamentação encontra-se em consulta pública na Agência Nacional de Cinema (Ancine). Além das cotas, as companhias temem um aumento da burocracia e queixam-se de que a agência quer exercer um controle exagerado sobre o mercado.
No fim de semana, a Sky publicou anúncios conclamando os espectadores a protestarem contra as novas regras, que afetariam "diretamente os direitos dos consumidores e a liberdade de expressão". A Ancine se defende, dizendo que busca somente cumprir a lei.
A Sky decidiu ir à Justiça. Outras empresas procuram reduzir os danos neste momento de definição do regulamento. "O custo aumenta com as cotas de conteúdo nacional, que é mais caro porque não tem escala", afirmou Alexandre Annenberg, presidente da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA). "Isso pode restringir o crescimento do setor, que avançou 30% no ano passado."
Os assinantes de TV paga somaram 12,7 milhões em 2011. "Além disso, está se traçando um cenário de excesso de burocratização, o que atrasa investimentos", disse Annenberg. "Por excesso de zelo, pode-se criar uma sistemática demorada, complicada e custosa."
Cotas. Os canais de filmes e variedades terão de incluir três horas e meia semanais de conteúdo nacional no horário nobre. Esportes e jornalismo não entram na conta. A lei também definiu cotas de canais nacionais nos pacotes. Um dos pontos que preocupam as empresas é que a Ancine terá o poder de classificar programas e canais, para dizer quais servem ou não para cumprir as cotas. As empresas também deverão submeter à Ancine as informações sobre todos os pacotes contratados pelos seus clientes.
"Todas as operadoras têm essa informação, e podem fornecê-la à Ancine", disse Manoel Rangel, diretor presidente da agência. "A lei instituiu a obrigatoriedade das cotas, e a agência precisa ter condições de fiscalizar se estão sendo cumpridas."
O regulamento prevê até que a Ancine pode solicitar balanços financeiros das empresas e contratos firmados com fornecedores. "A agência precisa de informações", disse Rangel. "A intervenção é mínima no mercado privado." O presidente da Ancine destacou que várias reclamações das empresas dizem respeito à lei. "Cabe à Ancine cumpri-la. Estão querendo promover um terceiro turno de votação da lei."
Mas nem tudo são críticas. Apesar de se preocupar com o "excesso de regulamentação", Mariana Filizola, diretora geral da NeoTV (associação de pequenas empresas de TV paga), considerou um ponto positivo a exigência de que os contratos com as programadoras internacionais sejam assinados no Brasil.
Kiko Mistrorigo, vice-presidente da Associação Brasileira de Produtoras Independentes de Televisão (ABPITV), lembrou que três horas e meia por semana de conteúdo nacional são somente meia hora por dia. "A Discovery Kids, com o Peixonauta, já cumpre a regra", exemplificou. Ele é um dos criadores da série brasileira de animação, exibida hoje em 70 países.
Do Blog:
A TV paga corre o risco de virar um canal Brasil: cheio de porcarias, geralmente de esquerda e que ninguém assiste.
ELIÂNICAS
Fim de uma era
Eliane Cantanhêde - FSP
BRASÍLIA - A promessa das Farc de acabar com sequestro de civis é um reconhecimento de exaustão, a vitória do antigo e do atual governos da Colômbia e um alívio para toda a América do Sul, onde os principais problemas diplomáticos giram em torno da guerrilha colombiana.
Acaloradas votações na OEA, Colômbia versus Venezuela, Colômbia versus Equador, troca de farpas entre Bogotá e Brasília, tudo isso é gerado pela existência e incrível resistência das Farc. Com o declínio do grupo -que, frise-se, ainda tem estimados 9.000 guerrilheiros- e com Chávez ocupado em salvar a própria vida, o ambiente tende a desanuviar.
Surgidas como guerrilha comunista, as Farc sobreviveram à perestroika, ao Muro de Berlim, ao êxtase capitalista da China e ao fim de praticamente todos os grupos armados na América Latina. Mas, se não morreu, transformou-se. Ou desfigurou-se.
Ao longo das décadas, as Farc se transformaram num "Frankenstein": a utopia comunista cedeu ao pragmatismo do narcotráfico, os inimigos deixaram de ser os imperialistas para ser qualquer um -inclusive meros civis. Em nome do povo, as Farc viraram o pavor do povo.
O Brasil atravessou todos esses momentos recusando-se a reconhecer as Farc como "grupo terrorista", como pedia Álvaro Uribe e seguiu pedindo seu sucessor Juan Manuel Santos. Vá-se entender por que...
O fato é que as Farc estão cercadas, grampeadas, sem comunicação, sem abastecimento e não têm mais para onde correr, literalmente, depois que a Colômbia assumiu todos os riscos e ônus internacionais e invadiu território equatoriano para liquidar o líder Raúl Reyes.
Na sequência, o ícone Manuel Marulanda foi morto e o troféu Ingrid Betancourt foi libertado numa ação espetacular de inteligência.
Estamos vendo o início do fim das Farc e, com ele, o fim de uma era e de uma geração que sonhou e acordou entre os Andes e a Patagônia.
Eliane Cantanhêde - FSP
BRASÍLIA - A promessa das Farc de acabar com sequestro de civis é um reconhecimento de exaustão, a vitória do antigo e do atual governos da Colômbia e um alívio para toda a América do Sul, onde os principais problemas diplomáticos giram em torno da guerrilha colombiana.
Acaloradas votações na OEA, Colômbia versus Venezuela, Colômbia versus Equador, troca de farpas entre Bogotá e Brasília, tudo isso é gerado pela existência e incrível resistência das Farc. Com o declínio do grupo -que, frise-se, ainda tem estimados 9.000 guerrilheiros- e com Chávez ocupado em salvar a própria vida, o ambiente tende a desanuviar.
Surgidas como guerrilha comunista, as Farc sobreviveram à perestroika, ao Muro de Berlim, ao êxtase capitalista da China e ao fim de praticamente todos os grupos armados na América Latina. Mas, se não morreu, transformou-se. Ou desfigurou-se.
Ao longo das décadas, as Farc se transformaram num "Frankenstein": a utopia comunista cedeu ao pragmatismo do narcotráfico, os inimigos deixaram de ser os imperialistas para ser qualquer um -inclusive meros civis. Em nome do povo, as Farc viraram o pavor do povo.
O Brasil atravessou todos esses momentos recusando-se a reconhecer as Farc como "grupo terrorista", como pedia Álvaro Uribe e seguiu pedindo seu sucessor Juan Manuel Santos. Vá-se entender por que...
O fato é que as Farc estão cercadas, grampeadas, sem comunicação, sem abastecimento e não têm mais para onde correr, literalmente, depois que a Colômbia assumiu todos os riscos e ônus internacionais e invadiu território equatoriano para liquidar o líder Raúl Reyes.
Na sequência, o ícone Manuel Marulanda foi morto e o troféu Ingrid Betancourt foi libertado numa ação espetacular de inteligência.
Estamos vendo o início do fim das Farc e, com ele, o fim de uma era e de uma geração que sonhou e acordou entre os Andes e a Patagônia.
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