Mensagens do eleitor paulistano
Na diversidade de São Paulo, o prefeito é visto hoje como alguém que mais atrapalha do que ajuda
Mauro Paulino - FSP
Ao final da eleição, há diversas mensagens enviadas pelos eleitores. A principal delas, que pautou os movimentos das campanhas e das intenções de voto, é a insatisfação demonstrada com o estado atual da cidade de São Paulo.
Perto da totalidade dos que aqui vivem -88%- anseiam que as ações do próximo prefeito sejam, de um modo geral, diferentes das do atual, cuja administração é aprovada por apenas 19%.
A campanha eleitoral fez com que esse desejo de mudança, que já atingia 80% durante o primeiro turno, só aumentasse.
Não é por acaso que na atualização do DNA Paulistano, série de cadernos especiais sobre São Paulo publicada pela Folha, somente oito dos 96 distritos receberam avaliações de seus moradores acima das verificadas em 2008.
A vida dos paulistanos, diante dos problemas impostos pelo cotidiano, mostra a eles, diariamente, que o poder público não dá conta da demanda por serviços e atenção.
Dessa forma, mais da metade dos eleitores assumem que não votariam "de jeito nenhum" no candidato mais identificado com a atual administração e, além disso, reconhecido como o que deixou a prefeitura como herança para alguém que, aos olhos de quem vota, atravancou o avanço da cidade.
O prefeito, mais do que qualquer outro governante, tem o poder de interferir diretamente na vida dos habitantes. E, na diversidade de São Paulo, é visto hoje como alguém que mais atrapalha do que ajuda.
O encantamento com Celso Russomanno em boa parte do primeiro turno foi um alerta nesse sentido: finalmente um prefeito disposto a ajudar. No momento em que decidiu diferenciar as tarifas de ônibus, evidenciou-se como mais um estorvo no cotidiano, gerando a debandada para portos menos inseguros.
Também por isso o recorde de votos brancos e nulos conscientes, que se configura agora também no segundo turno da eleição.
O que se espera de um novo prefeito é que trate dos anseios mais prementes em cada bairro da cidade, que saiba identificar as demandas específicas e que personifique o interesse por resolvê-los.
O cidadão que depende dos serviços públicos não tem a opção de ficar alheio à eleição para a prefeitura e não permite que temas alheios interfiram em seu voto.
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