quarta-feira, 28 de junho de 2017

Policial sobrevoa Supremo da Venezuela e exige saída de Maduro
Presidente acusou helicóptero de ter disparado contra o prédio e classificou a ação como ‘terrorismo’
VEJA
Imagem de arquivo mostra o prédio do Supremo venezuelano, em CaracasImagem de arquivo mostra o prédio do Supremo venezuelano, em Caracas (Carlos Garcia Rawlins/Reuters)
Um inspetor da polícia científica da Venezuela, identificado como Oscar Pérez, sobrevoou na tarde desta terça-feira a sede do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) em Caracas com um helicóptero do órgão, levando uma mensagem que pedia a “liberdade” do país, e, mais tarde, divulgou um vídeo no qual exige a renúncia do presidente Nicolás Maduro.
Maduro acusou o helicóptero de ter disparado e jogado granadas contra o prédio do Supremo venezuelano e classificou a ação como um “ataque terrorista” contra o país. “As Forças Armadas foram acionadas para defender a tranquilidade. Mais cedo ou mais tarde vamos capturar o helicóptero e os que realizaram este ataque terrorista”, afirmou o presidente no Palácio Presidencial de Miraflores.
O governo venezuelano enfrenta protestos diários há quase três meses, desde que o Supremo assumiu as funções do Legislativo, controlado pela oposição ao chavismo. Apesar do recuo na medida, dias depois, os manifestantes seguiram nas ruas contra Maduro. A violenta repressão aos atos já deixou mais de 70 mortos.

Manifesto

O agente do Corpo de Pesquisa Científica (CICPC) foi fotografado a bordo da aeronave com uma bandeira onde se lia “350 Liberdade”, em referência ao artigo da Constituição que determina “desconhecer qualquer regime que contrarie as garantias democráticas”.
Enquanto sobrevoava os céus de Caracas, Peréz divulgou um manifesto no Instagram. Em uma série de vídeos, o policial lê, acompanhado de homens encapuzados e armados, uma mensagem em que condena a tirania, “o governo criminoso” e “a morte de inocentes” e pede a renúncia de Maduro e seus ministros e a convocação de eleições gerais.
“Somos uma coalizão de funcionários militares, policiais e civis na busca do equilíbrio e contra esse governo transitório criminoso. Não pertencemos nem temos tendências político-partidárias. Somos nacionalistas, patriotas e institucionalistas”, diz o inspetor.
Peréz também convoca uma mobilização de venezuelanos a bases militares do país para “recuperar a Venezuela”. “É dever dos funcionários de segurança do Estado desarticular grupos paramilitares. Esse combate é contra a impunidade imposta por este governo, contra a tirania e contra a morte de jovens que lutam pelos seus direitos.”

Maduro

Maduro afirmou que “forças especiais” já foram enviadas para localizar o helicóptero e os responsáveis por esse “ataque terrorista”. Segundo o presidente, as primeiras informações indicam que o agente do CICPC era piloto do ex-ministro Miguel Rodríguez Torres, que tem se manifestado contra o governo.
O presidente culpou o partido de oposição Primeiro Justiça de adotar um “caminho de violência” e acusou os principais líderes da legenda de comandarem “todos os fatos violentos” conhecidos.
Além disso, Maduro disse que espera que a Mesa da Unidade Democrática (MUD), principal aliança de oposição, se pronuncie sobre o fato e que o Ministério Público, agora crítico ao governo, tome medidas sobre o assunto. A sede do TSJ foi cercada por policiais depois do sobrevoo do helicóptero.

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