Estimulando o consumo até não ter mais o que consumir
Na sexta-feira o Banco Central anunciou um novo pacote de
estímulo à economia, injetando 30 bilhões de reais através da redução do
depósito compulsório que os bancos precisam deixar junto ao Banco
Central, ou seja, fazendo com que esse dinheiro deixe de ficar no cofre
do BC, sendo disponibilizado para crédito, em um momento onde a economia
brasileira está estagnada pelo excesso de crédito que gerou um
endividamento recorde das famílias brasileiras e do próprio Governo.
É assustador voltar a falar sobre estímulo a economia quando
praticamente todos os economistas do país já declararam que o modelo de
crescimento econômico baseado no consumo está esgotado e superado. De
minha parte, eu sequer acredito que consumo possa ser modelo de
crescimento econômico. O que faz uma economia crescer é o aumento da
produtividade, que se faz com investimento em tecnologia e educação. E
para que haja esse investimento, precisamos poupar recursos, e não
gastá-los em estímulos ao consumo. Investindo em produtividade, o
consumo cresce de maneira natural e sustentável, mas isso só é possível
com poupança.
Mas o Brasil não investe em produtividade e continua insistindo na
lamentável política de consumo. Reportagem de ontem do Jornal o Globo
mostra que, de acordo com estudo da Confederação Nacional da Indústria, o
setor industrial não pretende fazer investimentos relevantes pelos
próximos dez anos, e isso faz todo o sentido dentro de um ambiente de
baixíssima concorrência em virtude da alta burocracia interna e do
protecionismo contra produtos externos, mas mina por completo o
crescimento brasileiro. Sem nenhuma coincidência, outra reportagem do
mesmo jornal, só que hoje, mostra que os estímulos do Governo ao consumo
no setor automobilístico e de linha branca, entre outros, praticamente
não gerou efeitos.
A insistência com essa política demonstra claramente que ela não será
mudada e que um novo Governo com as mesmas políticas vai gerar os
mesmos erros atuais. Ainda bem que eu não sou do Santander. Aqui no IL
não perdemos o emprego quando falamos obviedades econômicas contra o PT.
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