Entre o vermelho e o azul
Dizer que a presidente Dilma foi reeleita devido aos 12 milhões de
votos que tirou de diferença para Aécio Neves no Nordeste do país é
simplificar a explicação para sua vitória, uma simplificação que coloca o
Nordeste contra o Sul, pobres contra ricos, nós contra eles, mote
reducionista que, este sim, divide o país, mas foi muito usado na
campanha petista, especialmente por Lula nos palanques.
Uma presidente que venceu no Rio e em Minas Gerais não pode ser tida como representante apenas de uma parte do país. E um candidato oposicionista que teve 48,3% dos votos não pode representar apenas os eleitores mais ricos e instruídos. O que divide o país hoje pode ser a disputa de petistas e antipetistas, mas com várias nuances. Há o antipetista de direita, mas os há também na esquerda.
E em diversas regiões do país. É inegável que o PT vem perdendo eleitores ao longo desses doze anos. Em 2002, o mapa do Brasil foi pintado de vermelho com um solitário pontinho azul, o estado do Piauí, único onde Serra venceu. O interessante é que, naquele ano, o Piaui era o Estado onde havia mais bolsas assistencialistas no governo Fernando Henrique.
O avanço das oposições foi lentamente pintando o mapa de azul, e os candidatos do PSDB que chegaram ao segundo turno, fosse Serra ou Alckmin, receberam cerca de 40% dos votos. Em 2010, a votação oposicionista cresceu para 44% e este ano chegou a 48,3%. É possível também dizer-se que Aécio Neves perdeu a eleição justamente em Minas Gerais, Estado que o PSDB governava há 12 anos e de onde ele esperava sair já no primeiro turno com cerca de 3 milhões de votos à frente de Dilma.
Não só perdeu a eleição para governador no primeiro turno como foi derrotado pela presidente Dilma nos dois turnos. É fato que ele reduziu bastante a diferença para o PT, que sempre venceu em Minas para presidente, a ponto de os maus resultados de Serra e Alckmin no Estado serem atribuídos a um suposto corpo mole dos tucanos.
O resultado deste ano provou que Minas é também um Estado vermelho no tocante à disputa presidencial, e que a dificuldade para vencer lá foi subestimada pela candidatura tucana. Se Aécio, que perdeu por cerca de 550 mil votos no segundo turno, tivesse vencido por uma diferença de 1 milhão e 800 mil votos, como Dilma venceu em 2010 e os tucanos mineiros esperavam, ele teria saído vencedor da eleição presidencial.
O panamenho José Perigault, que fundou o Ibope juntamente com Paulo Montenegro, descobriu certa ocasião que o bairro do Méier era representativo de todo o Estado do Rio de Janeiro. O resultado de uma pesquisa no bairro dava praticamente o mesmo resultado do estado. Muitos anos depois, Carlos Augusto Montenegro, filho do fundador e atual presidente do Ibope, descobriu que o Estado de Minas Gerais é o reflexo do Brasil. Tem sua parte nordeste na região do Vale do Jequitinhonha, e por isso faz parte da Sudene; ao mesmo tempo é a segunda economia do país (disputando com o Rio), com uma região fortemente industrializada, grande influência paulista na divisa com São Paulo; Juiz de Fora é muito ligada ao Rio de Janeiro; e o estado tem no agronegócio uma parte influente de sua economia.
Minas Gerais deu um grande e decisivo empurrão para Dilma, onde presidente reeleita teve cerca de 52,40% dos votos válidos no Estado, enquanto o tucano teve por volta de 47,60%. No país, o resultado final foi 51,64% para Dilma contra 48,36% de Aécio. Enquanto o tucano ganhou em Belo Horizonte e no Sul de Minas, a petista venceu no próspero Triângulo Mineiro e em cidades médias importantes, como Juiz de Fora, assim como na região mais carente do Estado, o Vale do Jequitinhonha, onde teve uma votação nordestina: 65,82% dos votos. No Norte, ela obteve 71,07%.
A presidente venceu ainda no rico Triângulo Mineiro, com 56,81%. Aécio levou vantagem em Belo Horizonte, com 64,27%. Por isso, o tucano venceu na mesorregião chamada Metropolitana de Belo Horizonte e no Sul/Sudoeste; Oeste; e Central Mineira. Segundo dados do TRE mineiro, Dilma Rousseff conseguiu a maior votação, proporcionalmente, em Bonito de Minas, município no Norte do estado, enquanto o candidato pelo PSDB Aécio Neves alcançou o melhor desempenho em Santa Rita do Sapucaí, no Sul.
Em Minas, como no Brasil, o norte é vermelho e o Sul é azul, mas há muitas nuances entre esses dois extremos.
Uma presidente que venceu no Rio e em Minas Gerais não pode ser tida como representante apenas de uma parte do país. E um candidato oposicionista que teve 48,3% dos votos não pode representar apenas os eleitores mais ricos e instruídos. O que divide o país hoje pode ser a disputa de petistas e antipetistas, mas com várias nuances. Há o antipetista de direita, mas os há também na esquerda.
E em diversas regiões do país. É inegável que o PT vem perdendo eleitores ao longo desses doze anos. Em 2002, o mapa do Brasil foi pintado de vermelho com um solitário pontinho azul, o estado do Piauí, único onde Serra venceu. O interessante é que, naquele ano, o Piaui era o Estado onde havia mais bolsas assistencialistas no governo Fernando Henrique.
O avanço das oposições foi lentamente pintando o mapa de azul, e os candidatos do PSDB que chegaram ao segundo turno, fosse Serra ou Alckmin, receberam cerca de 40% dos votos. Em 2010, a votação oposicionista cresceu para 44% e este ano chegou a 48,3%. É possível também dizer-se que Aécio Neves perdeu a eleição justamente em Minas Gerais, Estado que o PSDB governava há 12 anos e de onde ele esperava sair já no primeiro turno com cerca de 3 milhões de votos à frente de Dilma.
Não só perdeu a eleição para governador no primeiro turno como foi derrotado pela presidente Dilma nos dois turnos. É fato que ele reduziu bastante a diferença para o PT, que sempre venceu em Minas para presidente, a ponto de os maus resultados de Serra e Alckmin no Estado serem atribuídos a um suposto corpo mole dos tucanos.
O resultado deste ano provou que Minas é também um Estado vermelho no tocante à disputa presidencial, e que a dificuldade para vencer lá foi subestimada pela candidatura tucana. Se Aécio, que perdeu por cerca de 550 mil votos no segundo turno, tivesse vencido por uma diferença de 1 milhão e 800 mil votos, como Dilma venceu em 2010 e os tucanos mineiros esperavam, ele teria saído vencedor da eleição presidencial.
O panamenho José Perigault, que fundou o Ibope juntamente com Paulo Montenegro, descobriu certa ocasião que o bairro do Méier era representativo de todo o Estado do Rio de Janeiro. O resultado de uma pesquisa no bairro dava praticamente o mesmo resultado do estado. Muitos anos depois, Carlos Augusto Montenegro, filho do fundador e atual presidente do Ibope, descobriu que o Estado de Minas Gerais é o reflexo do Brasil. Tem sua parte nordeste na região do Vale do Jequitinhonha, e por isso faz parte da Sudene; ao mesmo tempo é a segunda economia do país (disputando com o Rio), com uma região fortemente industrializada, grande influência paulista na divisa com São Paulo; Juiz de Fora é muito ligada ao Rio de Janeiro; e o estado tem no agronegócio uma parte influente de sua economia.
Minas Gerais deu um grande e decisivo empurrão para Dilma, onde presidente reeleita teve cerca de 52,40% dos votos válidos no Estado, enquanto o tucano teve por volta de 47,60%. No país, o resultado final foi 51,64% para Dilma contra 48,36% de Aécio. Enquanto o tucano ganhou em Belo Horizonte e no Sul de Minas, a petista venceu no próspero Triângulo Mineiro e em cidades médias importantes, como Juiz de Fora, assim como na região mais carente do Estado, o Vale do Jequitinhonha, onde teve uma votação nordestina: 65,82% dos votos. No Norte, ela obteve 71,07%.
A presidente venceu ainda no rico Triângulo Mineiro, com 56,81%. Aécio levou vantagem em Belo Horizonte, com 64,27%. Por isso, o tucano venceu na mesorregião chamada Metropolitana de Belo Horizonte e no Sul/Sudoeste; Oeste; e Central Mineira. Segundo dados do TRE mineiro, Dilma Rousseff conseguiu a maior votação, proporcionalmente, em Bonito de Minas, município no Norte do estado, enquanto o candidato pelo PSDB Aécio Neves alcançou o melhor desempenho em Santa Rita do Sapucaí, no Sul.
Em Minas, como no Brasil, o norte é vermelho e o Sul é azul, mas há muitas nuances entre esses dois extremos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário