A vitória da corrupção
PLÁCIDO FERNANDES VIEIRA - Correio Braziliense
É
a gravíssima a confissão de um executivo da Toyo Setal de que parte dos
recursos desviados da Petrobras, entre 2008 e 2011, ia parar nos cofres
do PT, por meio de doações oficiais ao partido. O caso, se comprovado,
configura um crime "quase" perfeito, com a quadrilha se valendo da
Justiça Eleitoral para lavar dinheiro roubado via aditivos contratuais
com a estatal. Uma ousadia e tanto.
Como se trata de delação
premiada, o diretor da empreiteira não pode mentir. Se o fizer, corre o o
risco de perder o benefício judicial de redução da pena. Então, fica a
pergunta: a grana da corrupção irrigou a campanha de Dilma em 2010? Se a
resposta for sim, o escândalo da Petrobras pode chegar ao topo da
cadeia de comando no Planalto e ter desdobramentos muito mais graves do
que o mensalão.
À medida que as investigações da Operação
Lava-Jato avançam, fica evidente o desconforto do governo com as
revelações que vêm à tona. Não bastasse o noticiário negativo sobre as
maracutaias na Petrobras, o juiz federal que chefia as investigações,
Sergio Moro, afirmou haver indícios de que o mesmo esquema de ladroagem
descoberto na maior estatal brasileira se estende a cerca de 750 obras
públicas de infraestrutura no país.
Em linguagem figurada, é como
se o câncer da corrupção, transmitido pela mesma organização criminosa,
provocasse infecção generalizada no Brasil. Todo o "mapeamento" da
sangria está detalhado, segundo o juiz, em agenda do doleiro Alberto
Youssef apreendida pela Polícia Federal. São bilhões e bilhões de reais
afanados dos cofres públicos. Dinheiro de impostos que você, leitor, e
todos os brasileiros pagam. Sim: poderia melhorar a precária situação de
escolas e hospitais no país. Em vez disso, serve para enriquecer
corruptos e projetos de poder eivados de populismo e tentações
autoritárias.
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