sábado, 6 de dezembro de 2014

Carla Bruni, um capital político de Sarkozy
Gabriela Cañas - El País
Oficialmente, Nicolas Sarkozy só obteve recentemente a vitória nas primárias de seu partido, a UMP (União por um Movimento Popular), e agora é seu presidente. Ninguém descarta, porém, que esse seja o primeiro passo para ascender novamente à Presidência da República francesa em 2017.
Diante de tal perspectiva, a capa da imprescindível revista "Paris Match" desta semana pode ser uma verdadeira declaração de intenções: Nicolas Sarkozy posa sorridente junto de sua mulher, a cantora e modelo Carla Bruni, que aparece carinhosamente sentada sobre os joelhos do marido.
Bruni, sem dúvida, é um capital da longa campanha do político para voltar ao Eliseu. No interior da revista há mais fotos: ela acaricia o rosto dele em um escada rolante, o aplaude na primeira fila em um comício ou o olha de maneira afetuosa, sentada a seu lado, em outro ato do partido. "Adoro escutá-lo", confessa a esse semanário, sábio coquetel de política e fofocas que vende quase 600 mil exemplares por semana.
Nos últimos dias, o destaque é para Nicolas Sarkozy, que desde segunda-feira está formando sua equipe dentro da UMP para se preparar solidamente para as próximas campanhas eleitorais. Mas faz tempo que as mulheres, direta ou indiretamente, têm um papel importante na política francesa.
Sarkozy acaba de nomear como número 2 do partido Nathalie Kosciusko-Morizet, que Anne Hidalgo derrotou por pouco nas eleições para a prefeitura de Paris, e conta com o apoio pessoal de duas ex-primeiras-damas de peso: a própria Carla Bruni e Bernadette Chirac. Esta última, algumas páginas adiante na mesma edição da "Paris Match", declara o seguinte: "Conheço Sarkozy há muito tempo. Ele é muito sentimental e não gosta de ver as pessoas sofrerem. Tenho confiança nele".
Carla Bruni disse que odeia política e a imagem que a imprensa faz dela, mas suas declarações apenas confirmam a aparência de um político feliz no casamento e homem sensível disposto a reconduzir a França ao bom caminho. "Nicolas gosta de resolver os problemas", assegura ela. "Eu prefiro não tê-los."
Aliás, ela preferia que o marido não voltasse à política, conforme ele prometeu em 2012 quando perdeu as eleições presidenciais para François Hollande, porém reconhece que a paixão de Sarkozy é a política e respeita sua decisão. A "Paris Match" celebra o achado da cantora: "Nicolas estava parado na via de acesso para a rodovia. A entrada na rodovia é um momento perigoso. Agora, isso acabou. Ele está ativo e fará um bom trabalho de saneamento".
Sarkozy parece consciente da valorização que pode obter graças a Carla Bruni, que certamente já prepara seu próximo disco, a ser lançado no próximo outono. Em 2 de outubro passado, em um de seus comícios, com Bruni presente na primeira fila, o político disse ao público: "A última vez que estive aqui em Troyes foi para carregar o violão de minha mulher".
Carla Bruni parece ser a melhor aluna de Bernadette Chirac, a mais atenta a seus conselhos. "É preciso estar presente e ajudar o presidente da República com discrição e 'savoir-faire'", explica Chirac, que também atua na política como membro da assembleia provincial de Sarran.
"Na verdade, nada é simples nesse palácio onde a vida gira em torno do presidente." Foi esse o conselho que ela deu a Valérie Trierweiler, então companheira de Hollande e agora milionária graças à sua vingança literária, "Obrigada por esse Momento", recém-traduzido para o inglês.
De fato, nada parece simples para as mulheres no Palácio do Eliseu. Seu atual inquilino trocou os cinco funcionários da área privativa do palácio, porque a análise da foto de François Hollande com sua namorada Julie Gayet nos jardins do palácio revelou que só pode ter sido tirada dos aposentos internos.
Por ora, Carla Bruni disse que prefere não pensar no regresso ao Eliseu, um palácio maldito também para ela. "Veremos o que acontecerá em breve", respondeu laconicamente a esse respeito.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves

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