Brasília reage com conformismo a feriadão do STF e viagem de deputados
Leandro Colon - FSP
"A gente precisa encerrar a denúncia e voltar para a agenda de
reformas", afirmou o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na
véspera da votação em plenário que barrou a segunda acusação da PGR
contra Michel Temer.
No dia seguinte à sessão que salvou o presidente, a Casa estava às moscas. Na sexta (27), Maia e uma comitiva de deputados decolaram para um tour de uma semana por Israel, Palestina, Itália e Portugal.
Não há tanta pressa para a retomada da agenda de votações. A viagem,
de carona nas asas da FAB, prevê uma agenda oficial que inclui almoço
com embaixadores brasileiros, encontros com empresários locais, além de
visita a autoridades, entre elas o primeiro-ministro israelense,
Benjamin Netanyahu.
Os deputados montaram um roteiro de turismo em Jerusalém e Belém nesta
terça (31) com um dia livre (sábado, 4) para passear em Lisboa.
Ali do lado da Câmara, no Supremo, sob o comando de Cármen Lúcia, a semana promete não existir.
Uma canetada
transferiu o Dia do Servidor Público, celebrado oficialmente em 28 de
outubro, para a próxima sexta (3), um dia depois do feriado de Finados.
Será ponto facultativo aos funcionários do tribunal.
Como 1º de novembro já é feriado no Judiciário (mais um, aliás),
ministros e servidores ganharam um esquema diferenciado de descanso. O
STJ não perdeu tempo e fez o mesmo. Em ofício endereçado à presidente do
STF, o ministro Marco Aurélio Mello se disse "perplexo" com a manobra
que ampliou o feriadão.
Cármen Lúcia declarou, em um discurso no mês de agosto, que é preciso
"acabar com os privilégios" e afirmou querer "mudar o Brasil".
Brasília, terra do serviço público, sempre reagiu com conformismo ao
comportamento dos Poderes de utilizar-se de subterfúgios para emendar
feriados, adiando sessões do Judiciário e do Legislativo. Uma prática
que mantém privilégios para poucos e não muda em nada o país.
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