Rogério Marinho diz que 'há claro processo de sabotagem' de juízes com reforma trabalhista
Deputado critica reação e mobilização de parte da magistratura que é contra a reforma
Bárbara Nascimento - O Globo
O deputado Rogério Marinho (PSDB-RN), que relatou a lei da reforma trabalhista
na Câmara dos Deputados, criticou nesta quinta-feira a reação de
juízes, desembargadores e auditores fiscais contra as modificações na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Para ele, a mobilização de
parte da magistratura é um “claro processo de sabotagem” e ressalta que
“não é papel de juiz elaborar lei”, mas cumpri-la.
Na semana passada, a
Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra) divulgou uma
espécie de cartilha sobre como interpretar a reforma trabalhista. Ao
todo, foram produzidos 125 enunciados que contestam o texto aprovado em
julho, que entra em vigor no dia 11 de novembro, e o consideram
inconstitucional. Eles recomendam que isso seja seguido por procuradores
e auditores durante o exercício da profissão.
CONFIRA perguntas e respostas sobre a reforma trabalhista
Para
Marinho, é normal que um juiz faça “o controle difuso da lei” e declare
inconstitucionalidade de artigos, mas reclama da forma como isso foi
feito:
— O que não crível, democrático é que uma associação promova
cartilhas ensinando a descumprir a lei. Me parece uma desobediência
civil, um claro processo de sabotagem, uma agressão à própria lei da
magistratura. Isso não me parece correto do ponto de vista da
Constituição.
—
A grande maioria da magistratura vai cumprir a lei. Até porque não é
papel de juiz elaborar lei, papel de juiz é julgar lei de acordo com o
que foi elaborado pelo Legislativo — disse.
PROMESSA PARA ALTERAÇÕES
Questionado, Marinho
afirmou defender que o presidente Michel Temer cumpra sua palavra e
envie ao Congresso um texto para modificar alguns itens da reforma
trabalhista aprovada. Ele diz, no entanto, discordar do formato. Para
acelerar e viabilizar a aprovação do projeto no Senado, o governo
costurou com os parlamentares a edição de uma medida provisória (MP)
para modificar os trechos que eles julgavam necessários. Isso porque,
caso as alterações fossem feitas diretamente no projeto, ele teria que
voltar para a Câmara.
— A minha discrepância em relação ao processo é o instrumento que
está sendo utilizado. Eu advogo que o presidente cumpra sua palavra, mas
através de um projeto de urgência constitucional. Porque com uma MP a
gente corre o risco de reabrir toda a discussão a respeito de uma lei e
de uma agenda que já foi transposta dentro do Parlamento.
Marinho, que inicialmente se posicionou de forma contrária a mudanças
no projeto, afirmou acreditar que o texto vai “contribuir para melhorar
o próprio escopo do projeto”, mas ressaltou que é importante não
modificar a essência da proposta. Segundo ele, o grupo de trabalho que
trata da edição da MP junto à Casa Civil tem aperfeiçoado o acordo que
foi feito com o Senado. Esse grupo é composto por representantes das
duas casas legislativas, Casa Civil e Ministério do Trabalho.
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