Doria sinaliza que não bancaria eventual candidatura ao governo
Thaís Bilenky - FSP
Emissários do prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), sinalizaram à equipe do governador Geraldo Alckmin (PSDB) que ele estaria disposto a concorrer ao governo paulista como plano B
ao projeto presidencial. Demonstraram, contudo, resistência ao
autofinanciamento, como feito na eleição de 2016, segundo relatos de
alckmistas.
Após algum tempo sem se encontrarem reservadamente, os dois jantaram
juntos na terça-feira (24) na ala residencial do Palácio dos
Bandeirantes.
A discussão sobre a disputa estadual esquentou depois de o Datafolha mostrar que Doria não decolou no projeto presidencial.
Aliados de Alckmin dizem que o prefeito faria um bom palanque caso o
governador saia candidato a presidente. Não veem, porém, possibilidade
de ele empenhar seu capital político para viabilizar a candidatura de
Doria como fez em 2016.
Por sua vez, apesar de mais propenso a discutir o governo paulista, o
prefeito não descarta o Planalto. Segundo auxiliares, ele vê episódios
recentes de desgaste como o bate-boca
com o ex-governador Alberto Goldman (PSDB) como passíveis de superação e
só disputará o Bandeirantes se não conseguir se lançar à Presidência.
Na eleição municipal, Doria ficou desconfortável ao constatar que o PSDB
não arcaria com gastos como ele esperava. Em 2016, o tucano pagou 36%
(R$ 4,4 milhões) do total de R$ 12,5 milhões da campanha. O partido
arcou com 20% (R$ 2,5 milhões).
Com doações de empresas ainda vetadas pela legislação eleitoral, o
financiamento de pessoas físicas e do próprio candidato continuarão
sendo relevantes em 2018.
De toda forma, para que Doria saia candidato a governador, será necessário encaixar algumas peças no xadrez eleitoral.
Eventual candidatura do senador José Serra (PSDB-SP) ao governo paulista ganha corpo.
Além da preferência de seu nome pelo PSD, cujo presidente, Gilberto
Kassab, manifestou o desejo de concorrer como vice-governador, outros
aliados de Alckmin como o PTB teriam resistência a apoiar Doria. O
presidente estadual da sigla, Campos Machado, é dos mais ferrenhos
críticos do prefeito tucano.
Também entra na equação o vice de Alckmin, Márcio França (PSB), que
pretende disputar a reeleição se assumir o governo paulista com eventual
desincompatibilização do tucano.
Nesse cenário, já chegou aos ouvidos tucanos uma composição em que
França seria o candidato a governador apoiado pelo PSDB, que lançaria
Alckmin candidato a presidente e Doria como seu vice.
Defensores da ideia advogam que a chapa começaria a campanha com pelo
menos 16% de intenção de votos e levaria grandes partidos para a
coligação. Com o maior tempo de TV, teria chances de ganhar no primeiro
turno, argumentam.
Céticos do lado de Alckmin e de Doria ponderam que a chapa não seria complementar e teria dificuldades no Nordeste.
GENRO DE ABÍLIO
Por fora corre o cientista político Luiz Felipe d'Avila, genro do
empresário Abilio Diniz, que vem se aproximado de aliados de Alckmin
como os prefeitos de Santos, Paulo Alexandre Barbosa (PSDB), e de
Ribeirão Preto, Duarte Nogueira (PSDB).
Neófito, é desconhecido, mas não tem a rejeição dos políticos
tradicionais. Com bom trânsito entre caciques tucanos, o pré-candidato
publicou depoimento em que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB) elogia seu currículo e divulgará outro em que Alckmin lembrará de
quando abonou a primeira ficha de filiação de d'Avila ao PSDB, em 1993.
Sua ideia é se desvincular de rixas partidárias e desfazer a imagem de que é um "novo Doria".
Os secretários David Uip e Floriano Pesaro também manifestaram intenção em concorrer.
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