Capitalização da Caixa ainda é obscura, e Temer pede ajuda ao TCU
Julianna Sofia - FSP
O presidente Michel Temer anda ligando para ministros do Tribunal de Contas da União (TCU)
para pedir atenção especial da corte a uma intricada e, por ora,
obscura operação para capitalizar a Caixa Econômica Federal. O banco
precisa tirar da cartola R$ 10 bilhões para poder continuar emprestando
em 2018 —ano eleitoral.
A Caixa esteve no centro das pedaladas fiscais praticadas pela gestão de
Dilma Rousseff. A petista, no mínimo, fez vista grossa ao uso indevido
de dinheiro do banco no pagamento de despesas sociais do governo
federal. Custou-lhe a cadeira.
Agora, o governo temerista divide-se em uma disputa política e técnica. O
banco público está sob comando do fisiológico PP e tem mais da metade
de sua cúpula entregue a partidos. O pepista Gilberto Occhi já sondou o
TCU sobre a engenharia da capitalização, expondo variadas e inventivas
possibilidades para a operação.
Desde usar dinheiro devolvido pelo BNDES ao Tesouro Nacional —hipótese
vetada já na largada— a refinanciar uma dívida de R$ 10 bilhões que a
Caixa tem com o FGTS. Esse débito, que vence em um prazo para lá de 15
anos, seria substituído por bônus perpétuos. O banco deve R$ 300 bilhões
ao fundo do trabalhador.
Outra ideia seria repassar uma carteira de créditos em infraestrutura ao
BNDES. São papagaios originados com recursos do banco de fomento, que
seriam a ele transferidos para limpar o balanço da Caixa.
A secretária do Tesouro e presidente do conselho de administração da
Caixa, Ana Paula Vescovi, já se levantou contra a sanha criativa. Diz
que o banco tem condições de resolver internamente a questão. O BNDES
reage insolentemente a quaisquer investidas sobre seu cofre.
O debate da capitalização é simultâneo à discussão sobre a Caixa
tornar-se uma S.A. e ganhar o verniz da governança —primeiro passo rumo à
venda de ações do banco estatal?
Em meio à quizumba, Temer usa linha direta com a gerência do TCU.
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