Rodrigo Constantino
A Kellogg’s, marca de cereais, anunciou
nesta terça-feira (24) que decidiu mudar a embalagem de um de seus
produtos após acusações de que o material transmitia racismo. A medida
veio depois que o escritor de ficção Saladin Ahmed chamou a atenção da
Kellogg’s pelo Twitter sobre o assunto.
A
ilustração trazia vários personagens em formato de milho com cores
claras se divertindo enquanto o único em cor escura era o faxineiro.
“Ei,
Kellogg’s, por que apenas o milho marrom em toda a caixa de cereal é o
faxineiro? Isso está ensinado racismo às crianças”, escreveu Ahmed na
mensagem junto com as fotos da embalagem.
“Sim, é
uma coisa muito pequena, mas quando você vê seu filho olhando para isso
durante o café da manhã e percebe que milhões de outras crianças estão
fazendo o mesmo…”, completou o escritor, em outro tweet.
A
companhia pediu desculpas. “Kellogg’s está comprometida com a
diversidade e a inclusão. Nós não pretendíamos ofender – pedimos
desculpas. A arte foi atualizada e estará nas lojas em breve”, disse a
resposta. Ahmed apreciou o retorno rápido.
Seria o caso de perguntar se o racismo
não está na cabeça de quem viu racismo ou preconceito ali. O trabalho de
faxineiro é degradante, por acaso? E se a realidade de determinado
lugar for essa mesma? Uma maioria de “brancos” (são amarelos, mas tudo
bem) num clube se divertindo, por exemplo, com um trabalhador de pele
mais escura no local? Retratar a realidade seria racismo?
Então retratar jogadores de basquete
como negros seria racismo contra brancos? Retratar rappers como negros
seria racismo contra brancos? A estatística não pode ser racista: ela
pode, no máximo, retratar o racismo, se essa for mesmo a causa das diferenças (e nem sempre é).
Além disso, há a questão do eterno duplo padrão da esquerda. João Luiz Mauad, colunista do Instituto Liberal, comentou:
Vejam como são as coisas. Quando um
grupo “puritano” pressiona o Santander sobre uma exposição que
consideram ofensiva aos seus valores – e o banco resolve cancelá-la,
para não perder clientes, é “censura”. Agora, quando a turma
politicamente correta vê racismo numa simples embalagem de pipoca – e o
fabricante resolve remodelá-la, para não perder clientes, é “cidadania”.
Boicotar ou pressionar um banco por
conta de uma “exposição de arte” com pedofilia é um absurdo, coisa de
obscurantista reacionário. Mas pressionar uma empresa por conta de uma
capa de pipoca com um desenho de seres amarelos, com um deles mais
escuro, isso é fantástico, progressista, libertador, do bem!
E o mimimi continua a todo vapor…
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