Governo começa a punir hoje deputados infiéis
Andreza Matais - OESP
O ‘Diário Oficial da União’ começa a trazer hoje demissões
de apadrinhados de deputados que votaram a favor da abertura de processo
contra Michel Temer. Serão punidos nessa primeira leva os deputados que
sempre foram bem tratados pelo governo, tendo seus pleitos atendidos,
mas, nas palavras de um ministro, se “acovardaram”. O governo decidiu
cumprir rápido a promessa de que os traidores não serão perdoados para
recompensar sua base de apoio. Os cargos serão redistribuídos entre os
que ajudaram a enterrar a segunda denúncia.
Foi mais. O governo considera que teve 276
votos contra a segunda denúncia e não os 251 mostrados no placar. A
conta inclui os 25 ausentes. Quem não votou, na prática, ajudou Temer.
Nem tanto. Mesmo seguindo essa lógica, o
governo teve menos votos na segunda denúncia comparada à primeira. Na
ocasião, o governo recebeu, somados votos e ausências, o apoio de 283
deputados.
No script. Deputados avisaram ao
governo que se ausentariam da sessão porque estavam sendo pressionados
por eleitores a votar contra Temer. A falta foi a estratégia encontrada
para evitar o voto contrário.
Articulações… Aliados de Michel Temer já
começaram a traçar o perfil de novos ministros para sugerir ao
presidente no momento em que 12 terão de se desincompatibilizar para
disputar as eleições de 2018.
…nos bastidores. O primeiro da lista é o
assessor especial Mozart Vianna. Respeitado e conhecido no Congresso,
ele é cotado para assumir a articulação política, cargo ocupado por
Antonio Imbassahy, que deve concorrer à reeleição de deputado federal.
Atrasado. O deputado Edmilson Rodrigues
(PSOL-PA) não conseguiu votar a favor da denúncia da PGR contra Temer
porque estava no banheiro. Quando correu de volta ao microfone, o
presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não permitiu o voto fora da ordem.
Outra chance. Com o “acidente” que tirou um voto da oposição, um grupo de deputados quer mudar o regimento para permitir uma segunda chamada.
Marcha lenta. Quatro meses depois do
julgamento da chapa Dilma-Temer, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
ainda não publicou o acórdão que permite ao Ministério Público recorrer
da decisão que rejeitou a cassação da chapa.
Tudo… O TSE informou que os acórdãos
costumam ser publicados um mês após o julgamento. Mas, devido a
ineditismo, essa ação não se encaixa nos padrões dos demais processos.
…Novo. Segundo o tribunal, os ministros
Gilmar Mendes e Luiz Fux ainda estão revisando seus votos. Os demais já
finalizaram. E até quando eles podem entregar os votos? “Não há prazo
regimental para conclusão da revisão para a publicação do acórdão”, diz o
TSE.
CLICK. Centrais sindicais se reuniram ontem
para tratar do ato, dia 10 de novembro, que vai protestar contra a
reforma trabalhista e a portaria do trabalho escravo.
Muita coisa. Joesley e Ricardo Saud, da
JBS, pediram ao ministro Edson Fachin mais tempo para complementarem
suas delações premiadas. O prazo, já prorrogado uma vez, termina no fim
do mês.
Mais isso. Os delatores querem ainda que
seja suspenso o período de seis meses para pagamento da multa estipulada
no acordo, que começa em novembro.
Diz aí. Fachin decidiu ouvir a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, antes de tomar sua decisão.
PRONTO, FALEI!
“Jamais veremos um Congresso tão ruim quanto este que vê com
naturalidade as denúncias de corrupção e obstrução de justiça contra o
presidente”, DO DEPUTADO MIRO TEIXEIRA (REDE-RJ), sobre o resultado da votação que livrou o Temer de processo no Supremo.
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