domingo, 30 de março de 2014

Cabral iria renunciar ao governo do Rio para candidatar-se ao Senado. Mas, com a ofensiva dos traficantes, como fica?
Ricardo Setti - VEJA
O governador recebe saudação da Polícia Militar ao inaugurar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em 2011: agora, na hora de renunciar, as coisas complicaram. Como é que fica Cabral? (Foto: Gabriel de Paiva / O Globo)
O governador recebe saudação da Polícia Militar ao inaugurar uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) em 2011: agora, na hora de renunciar para ser candidato ao Senado, as coisas se complicaram. Como é que fica Cabral? (Foto: Gabriel de Paiva / O Globo)
Tudo bem que o três vezes ex-prefeito do Rio e vereador Cesar Maia (DEM) é adversário político do governador Sérgio Cabral (PMDB).
Mas tem muito fundamento e levanta dúvidas esse texto que ele postou em seu ex-blog (nome maluco com que designa a newsletter que envia a milhares de interessados) sobre o prazo fatal que Cabral tem para deixar o cargo e poder concorrer — 5 de abril — e a situação que vive a segurança pública no Estado.
Criminosos vêm atacando diretamente a Polícia Militar e a promovendo atentados à menina dos olhos da gestão de Cabral, as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs).
Confiram, porque é interessante. O título em negrito é do original:
CONSCIÊNCIA DE CULPA! APÓS OFENSIVA DOS TRAFICANTES, CABRAL NÃO SABE SE SAI OU SE FICA!
1. O governador Sérgio Cabral havia decidido sair no início de abril e passar o cargo para Pezão, seu vice e candidato a governador. Mas a atual crise, com ações terroristas de traficantes sobre as UPPs, recolocou essa decisão para avaliação dele e seu entorno.
2. Sair nesse momento, em plena ofensiva dos traficantes contra as UPPs, passará a ideia de fujão.
Se sua imagem está estilhaçada, ficará quebrada de vez.
Afinal, não haveria como explicar seu pedido de ajuda de forças policiais e militares federais e simultaneamente sair fora e jogar a granada política no colo de seu vice e candidato Pezão.
Seus auxiliares mais íntimos já estavam com suas atividades pós-Cabral em programação.
3. O vice Pezão desenvolveu uma imagem de bonachão e tocador de obras. Como faria agora para ajustar essa imagem e passar a de durão?
Afinal, o quadro atual não tem solução em poucos meses e as ações repressivas serão inevitáveis.
Isso tudo com a Copa do Mundo no meio. Uma cidade ocupada militarmente para a Copa só faz sinalizar a crise na segurança pública. Isso no coração da comunicação de Cabral, que eram/são as UPPs.
4. A consciência de culpa de Cabral se intensifica e estressa entre as disjuntivas: sair e terminar de desintegrar sua imagem, eliminando qualquer chance de ser candidato a senador e agregar a marca do fujão que passou a granada política para seu sucessor; ou desistir da saída e permanecer, assumindo suas responsabilidades, tentando melhorar a sua imagem no caso de alguma tendência –mesmo que pequena- de melhoria desse quadro tão grave.
5. Uma decisão que conta com seu entorno próximo, sua enorme assessoria de comunicação e, claro…, sua consciência.

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