sexta-feira, 11 de abril de 2014

Angela Merkel tem acesso negado a seu arquivo na NSA
Governo americano tem relutado em responder questionamentos da Alemanha
VEJAA chanceler alemã Angela Merkel
A chanceler alemã Angela Merkel (Stefanie Loos/Reuters)
A três semanas da visita de Angela Merkel a Washington, a frustração do governo alemão com a administração Barack Obama aumenta com a recusa em dar acesso a informações sobre as comunicações da chanceler que foram espionadas pela Agência de Segurança Nacional (NSA). A visita será a primeira desde que documentos vazados pelo ex-analista de inteligência Edward Snowden revelaram que os serviços de inteligência americano interceptaram conversas telefônicas de Merkel.
O encontro entre os dois líderes tem o objetivo exatamente de promover uma reaproximação depois da controvérsia, mas a posição americana até aqui não está convencendo a chanceler, segundo informação do britânico The Guardian. A última proposta apresentada pela Alemanha previa a criação de um pacto mútuo de “não espionagem” entre os dois países e foi negada pelos EUA sob a alegação de que Berlim não se mostrou capaz de fornecer o material e os dados que os americanos julgavam necessários.
Em outubro, Obama garantiu pessoalmente a Merkel que a NSA não estava mais monitorando suas chamadas telefônicas e prometeu que isso não voltaria a ocorrer no futuro. Washington, no entanto, não respondeu a uma série de questões levantadas por Berlim logo após a divulgação dos documentos liberados por Snowden. Há duas semanas, a revista alemã Der Spiegel, em parceria com o portal The Intercept, do jornalista americano Glenn Greenwald, veiculou que a NSA manteve mais de 300 relatórios referentes a Merkel em um banco de dados especial.
“Se dois terços do que Snowden reporta, ou do que é reportado em atribuição a ele, for real, então concluímos que os Estados Unidos estão agindo sem limites. Os americanos deviam estar interessados em melhorar essa situação e somente palavras não servirão de nada”, disse o ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, à Der Spiegel.
A insatisfação de Berlim com a administração Obama ilustra a preocupação que empresas de tecnologia e grupos defensores dos direitos humanos nutriam após o presidente anunciar um pacote de medidas para reformar os métodos da NSA. No anúncio, Obama assegurou que chefes de estado aliados não seriam mais espionados e novas políticas para proteger a privacidade dos cidadãos estrangeiros seriam adotadas. As denúncias contra abusos da agência americana, no entanto, ainda não tiveram fim.
A questão da espionagem americana vem sendo debatida com vigor na Alemanha. O chefe da comissão de inquérito sobre a vigilância da NSA, Clemens Binninger, renunciou ao posto esta semana depois que parlamentares discordaram sobre convidar ou não Snowden para prestar esclarecimentos. Binninger, do partido democrata-cristão de Merkel, argumentou que a maior parte das informações que ele poderia fornecer já eram públicas.

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