segunda-feira, 24 de novembro de 2014

Líder do PT no Senado nega propina da Petrobras e diz que abre mão de sigilos bancário, fiscal e telefônico
Em depoimento, ex-diretor da estatal disse que Humberto Costa recebeu R$ 1 milhão para campanha em 2010

O líder do PT no Senado, senador Humberto Costa (PE), divulgou nota na madrugada deste domingo afirmando que abre mão de seu sigilo bancário, fiscal e telefônico para provar que não recebeu doação de campanha do esquema de corrupção na Petrobras. Ele negou, classificando como inconsistente e inverossímel, a acusação de que teria recebido R$ 1 milhão para sua campanha ao Senado, em 2010. A denúncia contra o senador foi feita à Justiça pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, como parte do acordo de delação premiada, segundo reportagem publicada na edição deste domingo do jornal “O Estado de S. Paulo”.
"Sou defensor da apuração de todas as denúncias que envolvam a Petrobras ou qualquer outro órgão do governo. Porém, entendo que isso deve ser feito com o cuidado de não macular a honra e a dignidade de pessoas idôneas. O fato de o sr. Paulo Roberto estar incluído em um processo de delação premiada não dá a todas as suas denúncias o condão de expressar a realidade dos fatos", diz o texto.
A nota destaca que Humberto Costa, que foi ministro da Saúde no governo Lula, não responde a qualquer ação criminal, civil ou administrativa por atos realizados em sua vida pública. E informa que o senador aguardará o pronunciamento da Procuradoria-Geral da República sobre o teor da denúncia, abrindo mão desde já dos sigilos constitucionais:
"Aguardo com absoluta tranquilidade o pronunciamento da Procuradoria-Geral da República sobre o teor de tais afirmações, ocasião em que serão inteiramente desqualificadas. Quando então, tomarei as medidas cabíveis. Informo ainda que me coloco inteiramente à disposição de todos os órgãos de investigação afetos a esse caso para quaisquer esclarecimentos e, antecipadamente, disponibilizo a abertura dos meus sigilos bancário, fiscal e telefônico."
O senador chama a atenção para a falta de provas ou detalhes operacionais relacionados à acusação: "Causa espécie o fato de que ao afirmar a existência de tal doação, o sr. Paulo Roberto não apresente qualquer prova, não sabendo dizer a origem do dinheiro, quem fez a doação, de que maneira e quem teria recebido."
Segundo a reportagem, Paulo Roberto teria dito que o dinheiro destinado à campanha do senador faria parte da cota de 1% do Partido Progressista (PP) sobre recursos desviados na Diretoria de Abastecimento, então controlada pelo partido. Ainda segundo o jornal, o pedido de doação teria sido feito a Paulo Roberto pelo empresário Márcio Barbosa Beltrão, que é amigo de infância do senador Costa.
"Conheço e sou amigo de infância do sr. Mário Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco (Assinpra), que também foi partícipe da mesma luta pela refinaria. Porém, em nenhum momento eu o pedi e ele muito menos exerceu o papel de solicitar recursos ao sr. Paulo Roberto para a campanha ao Senado de 2010", diz o texto.
O líder do PT conta que conheceu Paulo Roberto Costa em 2004, no processo de implantação da refinaria Abreu e Lima em Pernambuco, e que a relação entre ambos "se deu no campo institucional". A nota lembra que políticos, empresários e representantes de outros segmentos da sociedade pernambuca participaram do processo.

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