Os ineditismos do presidente Temer
Além de primeiro presidente em exercício
denunciado por corrupção, Temer se notabiliza por se cercar de pessoas
com problemas na Justiça e Ministério Público
O Globo
O advogado do presidente Michel Temer, Antônio Cláudio Mariz,
protocolou ontem a defesa que fará do cliente na Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara. Avança o relógio da tramitação do
pedido da Procuradoria-Geral da República para processar Temer no
Supremo Tribunal Federal, assunto a ser votado na CCJ, prevê-se, na
penúltima semana do mês. Não importa o resultado, a decisão final será
do plenário da Casa.
Enquanto isso, o presidente Michel Temer acumula ineditismos. Além de
ostentar o posto de primeiro presidente da República em exercício a ser
denunciado por corrupção, Temer tem, e teve, ao redor auxiliares e
aliados com diversos tipos de problemas com a Justiça e o Ministério
Público. Numa dimensão nunca vista pelo menos em passado recente.
O mais novo caso é do ex-ministro Geddel Vieira, preso na
segunda-feira, sob a acusação de tentar obstruir o trabalho da Justiça
nas investigações sobre tramas de Eduardo Cunha, já trancafiado, Lúcio
Funaro, idem, e Fábio Cleto. Em questão, falcatruas com dinheiro do
fundo de investimento do FGTS, o FI-FGTS, na Caixa Econômica, com a
cobrança de propinas a empresários.
A Caixa, cedida pelo PT, depois da aproximação com o PMDB, para ser
feudo deste partido, abrigou o próprio Geddel Vireira como um dos
vice-presidentes. No governo Dilma Rousseff, Cunha, um dos chefes da
legenda, nomeou Fábio Cleto como dono da chave de cofres do FI-FGTS, e
lá instalou um guichê de recolhimento de propinas, confiadas ao doleiro
Funaro. Geddel foi ministro da Secretaria de Governo de Temer com este
prontuário.
Outro do círculo próximo a Temer fora de circulação é o ex-ministro
do Turismo, Henrique Eduardo Alves, preso sob a acusação de desvio de
verbas na construção da Arena das Dunas, Natal, no Rio Grande do Norte,
estado do político.
Dois assessores muito próximos ao presidente, com gabinetes no
Planalto, também não escapam desta marca. O ministro-chefe da Casa
Civil, Eliseu Padilha, e Moreira Franco, ministro que ocupa a secretaria
que foi de Geddel. Padilha e Moreira são investigados pela Lava-Jato.
A lista é extensa. Outro dos ex-assessores, preso e solto há pouco, é
o deputado suplente pelo PMDB do Paraná Rodrigo Rocha Loures, o qual,
na gravação feita por Joesley Batista, Temer indicou para o empresário
resolver com ele “tudo”.
Batista gravou uma conversa posterior com Loures sobre o pagamento de
uma propina com muitos zeros, para o político ajudar a resolver
problemas do grupo JBS no Cade. Para Joesley e o diretor da empresa
Ricardo Saud, o destinatário do dinheiro seria Temer.
Falcatruas não são uma exclusividade do PMDB. O mesmo se vê no PT e
na cúpula do PSDB. O problema para Temer é que o político da vez a ser
julgado no Legislativo é ele. Com assessores com este perfil, o trabalho
do advogado Antônio Carlos Mariz fica mais pesado.
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