sábado, 1 de agosto de 2015

Remissão
Tua memória, pasto de poesia, 
tua poesia, pasto dos vulgares, 
vão se engastando numa coisa fria 
a que tu chamas: vida, e seus pesares. 

Mas, pesares de quê? perguntaria, 
se esse travo de angústia nos cantares, 
se o que dorme na base da elegia 
vai correndo e secando pelos ares, 

e nada resta, mesmo, do que escreves 
e te forçou ao exílio das palavras, 
senão contentamento de escrever, 

enquanto o tempo, em suas formas breves 
ou longas, que sutil interpretavas, 
se evapora no fundo de teu ser?  

C. D. A.

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