sexta-feira, 21 de março de 2014

Uruguai vai receber cinco detentos de Guantánamo
Presidente José Mujica diz que prisioneiros serão recebidos na condição de refugiados temporários; EUA não confirmam acordo
VEJA

Lado externo da prisão americana na Baía de Guantánamo, em Cuba
Lado externo da prisão americana na Baía de Guantánamo, em Cuba (Reuters)
O Uruguai aceitou um pedido dos Estados Unidos para receber cinco prisioneiros que estão sendo mantidos na base militar dos EUA na baía de Guantánamo, em Cuba. A informação foi confirmada nesta quinta-feira pelo presidente uruguaio, José Mujica. Segundo ele, os prisioneiros serão recebidos na condição de refugiados temporários.
O governo do presidente Barack Obama, que pretende fechar o centro usado como cárcere para suspeitos de terrorismo, tem feito contato com vários países para realocar detentos que já ganharam o direito à liberdade, mas que não podem ser mandados para seus países de origem. 
Se concluída a transferência, o Uruguai se tornará o primeiro país sul-americano a aceitar detentos da prisão."É um pedido feito por razões de direitos humanos", afirmou Mujica. Questionado se teria pedido alguma contrapartida ao governo americano, Mujica respondeu que não costuma fazer favores de graça, mas que “dessa vez é preciso fazer isso”.
“'Não se deve fazer novela, não há nenhum acordo. É uma questão de direitos humanos. Há 120 pessoas que estão presas há 13 anos. Não viram um juiz, não viram um promotor, e o presidente dos Estados Unidos quer tirar esse problema das costas”, explicou Mujica à imprensa. "Eles estão vindo como refugiados e haverá um lugar para eles no Uruguai se quiserem trazer suas famílias", disse Mujica, que passou 14 anos na prisão antes e durante a ditadura de 1973-1985 no Uruguai.
Autoridades norte-americanas confirmaram a existência de conversas com o Uruguai sobre Guantánamo, mas disseram que não dariam mais detalhes.
A informação foi adiantada pela manhã pelo jornal semanal uruguaio Búsqueda. Segundo a revista, a intenção dos EUA é “distribuir os detentos em mais de uma dúzia de países de várias partes do mundo” e que “Mujica decidiu aceitar a proposta após uma série de consultas e de enviar emissários aos Estados Unidos e a Guantánamo”.
A prisão em Guantánamo tem sido alvo de críticas de grupos defensores dos direitos humanos. Alguns de seus prisioneiros estão na base há uma década ou mais, sem acusação formal ou julgamento. 
Os Estados Unidos já mandaram 43 prisioneiros de Guantánamo para 17 países desde que Obama assumiu a Presidência, em 2009. Outros 38 foram mandados para seus países de origem. Ainda restam 154 na prisão. 
Com agências Reuters, EFE e France-Presse

Nenhum comentário: