sábado, 29 de novembro de 2014
Na lei e na marra
O Estado de S.Paulo
O caso da ocupação batizada de Nova
Palestina, em terreno situado na Estrada do M'Boi Mirim, na zona sul, é
um bom exemplo da combinação de desprezo pela lei com o beneplácito da
autoridade que, para não ser acusada de cumplicidade, promove a sua
mudança para se adaptar às exigências dos ditos movimentos sociais.
Haddad acaba de, por decreto, criar as condições para que se construam
3.500 moradias em parte do terreno, como mostrou reportagem do Estado.
Isso não deveria ser possível, porque o total dessa área, de 1 milhão de metros quadrados, estava destinado à construção de parque, já que ela está localizada às margens da Represa de Guarapiranga, portanto em área de proteção de manancial. Mas na situação que se criou em São Paulo, quando o MTST quer uma coisa, ele consegue na lei ou na marra. No caso, foi nas duas. Na marra, porque por ocasião da votação do Plano Diretor, no ano passado, o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, pressionou os vereadores - por meio de manifestações e a montagem de um acampamento em frente à Câmara Municipal durante uma semana - a fazer mudanças legais que atendessem às suas exigências.
E na lei, porque os vereadores, acuados e amedrontados, mudaram os critérios de zoneamento daquela área, que de zona de preservação permanente (Zepam) passou a zona especial de interesse social (Zeis), apta a receber as moradias reivindicadas por Boulos. Quanto à proteção dos mananciais, que se dane. Para evitar que o desastre fosse total, estabeleceu-se que as moradias - cuja distribuição o MTST quer controlar - vão ocupar 30% da área, ficando os 70% restantes para o projetado parque. Com o risco de o MTST, sendo como é, invadir também essa parte. O que Haddad está fazendo agora é consagrar por decreto o que a Câmara aprovou - com o seu apoio e, principalmente, sob pressão dos manifestantes. Com o MTST é assim - na lei ou na marra. Ou nos dois.
Ceder à chantagem - porque é chantagem que o MTST faz, para atingir objetivos políticos, sob o disfarce de defesa dos desvalidos - nunca dá certo. Como se sabe, o chantagista é insaciável e vê em cada concessão apenas um sinal de fraqueza. Não admira que tenha quase triplicado o número de invasões promovidas pelos sem-teto nos dois primeiros anos do governo Haddad, em comparação com os dois últimos da administração de Gilberto Kassab, como mostra a reportagem da Folha de S.Paulo, com base em dados da Polícia Militar. Elas saltaram de 257 para 681.
E Boulos ainda tem o desplante de reclamar: "O diálogo com a gestão Haddad é muito ruim". Imagine-se se ele fosse bom. Haddad que se prepare, portanto, porque isso deve ser um aviso de que vem mais coisa por aí. O prefeito ainda não percebeu - e talvez não perceba nunca - que agindo assim com o MTST ele só vai complicar ainda mais a já difícil questão habitacional.
Em vez de fazer um esforço para ver com mais clareza o que se passa e para conter o incontrolável apetite do MTST, Haddad prefere jogar a culpa das invasões sobre o governo do Estado, argumentando que é obrigação dele evitá-las. Essa, como se diz, é de cabo de esquadra. Não há como negar razão à Secretaria da Segurança Pública em sua resposta: "Em vez de tentar transferir responsabilidades, o prefeito precisa dar explicações sobre sua política, que incentiva invasões ao premiar aqueles que as promovem, deixando à Polícia Militar o ônus de mediar os conflitos de interesses advindos das reintegrações de posse".
O Estado de S.Paulo
A questão habitacional na capital paulista
não poderia estar pior. O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto
(MTST)continua em sua tática de atropelar as normas legais e ao mesmo
tempo se queixar de que o que consegue é pouco. Já o prefeito Fernando
Haddad - quando necessário com o aval de sua bancada na Câmara Municipal
-, quanto mais concede ao MTST, mais vê crescer as invasões. O
resultado é o tumulto nos programas habitacionais, pelo risco de os
militantes sem teto furarem a fila dos que neles estão inscritos há mais
tempo.
Isso não deveria ser possível, porque o total dessa área, de 1 milhão de metros quadrados, estava destinado à construção de parque, já que ela está localizada às margens da Represa de Guarapiranga, portanto em área de proteção de manancial. Mas na situação que se criou em São Paulo, quando o MTST quer uma coisa, ele consegue na lei ou na marra. No caso, foi nas duas. Na marra, porque por ocasião da votação do Plano Diretor, no ano passado, o coordenador do MTST, Guilherme Boulos, pressionou os vereadores - por meio de manifestações e a montagem de um acampamento em frente à Câmara Municipal durante uma semana - a fazer mudanças legais que atendessem às suas exigências.
E na lei, porque os vereadores, acuados e amedrontados, mudaram os critérios de zoneamento daquela área, que de zona de preservação permanente (Zepam) passou a zona especial de interesse social (Zeis), apta a receber as moradias reivindicadas por Boulos. Quanto à proteção dos mananciais, que se dane. Para evitar que o desastre fosse total, estabeleceu-se que as moradias - cuja distribuição o MTST quer controlar - vão ocupar 30% da área, ficando os 70% restantes para o projetado parque. Com o risco de o MTST, sendo como é, invadir também essa parte. O que Haddad está fazendo agora é consagrar por decreto o que a Câmara aprovou - com o seu apoio e, principalmente, sob pressão dos manifestantes. Com o MTST é assim - na lei ou na marra. Ou nos dois.
Ceder à chantagem - porque é chantagem que o MTST faz, para atingir objetivos políticos, sob o disfarce de defesa dos desvalidos - nunca dá certo. Como se sabe, o chantagista é insaciável e vê em cada concessão apenas um sinal de fraqueza. Não admira que tenha quase triplicado o número de invasões promovidas pelos sem-teto nos dois primeiros anos do governo Haddad, em comparação com os dois últimos da administração de Gilberto Kassab, como mostra a reportagem da Folha de S.Paulo, com base em dados da Polícia Militar. Elas saltaram de 257 para 681.
E Boulos ainda tem o desplante de reclamar: "O diálogo com a gestão Haddad é muito ruim". Imagine-se se ele fosse bom. Haddad que se prepare, portanto, porque isso deve ser um aviso de que vem mais coisa por aí. O prefeito ainda não percebeu - e talvez não perceba nunca - que agindo assim com o MTST ele só vai complicar ainda mais a já difícil questão habitacional.
Em vez de fazer um esforço para ver com mais clareza o que se passa e para conter o incontrolável apetite do MTST, Haddad prefere jogar a culpa das invasões sobre o governo do Estado, argumentando que é obrigação dele evitá-las. Essa, como se diz, é de cabo de esquadra. Não há como negar razão à Secretaria da Segurança Pública em sua resposta: "Em vez de tentar transferir responsabilidades, o prefeito precisa dar explicações sobre sua política, que incentiva invasões ao premiar aqueles que as promovem, deixando à Polícia Militar o ônus de mediar os conflitos de interesses advindos das reintegrações de posse".
O Palácio do Planalto ofende a VEJA, e os fatos ofendem o Palácio do Planalto. Ou: Que tal dar explicações, presidente?
Reinaldo Azevedo - VEJA
Reinaldo Azevedo - VEJA
O governo federal teve uma ideia genial diante da reportagem de
VEJA evidenciando que, em 2009, tanto o então presidente Lula como a
então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, poderiam ter dado um murro
na mesa e interrompido a roubalheira na Petrobras — caso fosse, claro!,
do interesse do petismo fazê-lo. Em vez de dar uma reposta decente, o
governo preferiu ofender a VEJA.
Só para
lembrar: computadores do Palácio do Planalto apreendidos pela PF na
operação que investigava as lambanças de Erenice Guerra, amigona da
agora presidente, trazem um e-mail de Paulo Roberto Costa a Dilma
alertando o governo que o TCU havia apontado irregularidades na
construção das refinarias Abreu e Lima, em Pernambuco, e Getúlio Vargas,
no Paraná, e no terminal do porto de Barra do Riacho, no Espírito
Santo. O tribunal recomendara a suspensão de repasse de verbas para
esses empreendimentos, o que o Congresso acatou. Paulo Roberto, mero
diretor de Abastecimento da Petrobras, acreditem!, recomendava que o
governo buscasse uma “saída política” para manter o fluxo de verbas, a
exemplo do que se fizera em 2007 e 2008. A “solução” veio: Lula vetou a
suspensão dos recursos, o dinheiro continuou a fluir, e a roubalheira se
manteve intocada.
Ora que
mimo! Um diretorzinho da Petrobras — que agora confessa ter sido o homem
que gerenciava a propina do PP, repassando recursos também para o PT —
estimula uma ministra de Estado, que também presidia o Conselho da
Petrobras, a ignorar os alertas de desvios de recursos feitos pelo TCU.
O Planalto
foi indagado a respeito do e-mail. Ignorou o assunto e afirmou que o
governo, então, encaminhou as restrições do TCU à Controladoria-Geral da
União. Como se sabe, nada aconteceu. Não fosse Youssef ser investigado
pela PF, que chegou ao descalabro na Petrobras, tudo teria continuado na
mesma. Publicada a reportagem, o Palácio do Planalto preferiu sair com
uma nota malcriada contra a revista.
Não é, claro!, a primeira vez. Quando VEJA trouxe a primeira reportagem com
detalhes do esquema, relatados por Paulo Roberto na delação premiada,
as baterias do PT e do Planalto se voltaram contra a… revista! Dilma
admitiu pela primeira vez a existência da roubalheira há meros 37 dias,
em 18 de outubro.
Reação igualmente bucéfala aconteceu quando a revista informou que
Alberto Youssef havia afirmado, no âmbito da delação premiada, que
Dilma e Lula sabiam de tudo. A mesma informação foi publicada depois por
todos os veículos de comunicação relevantes. Mas só a VEJA virou alvo
da fúria oficial.
Muito bem!
O líder da oposição no Congresso, Ronaldo Caiado (DEM-GO), quer que
Dilma e Lula sejam convocados a depor na CPI da Petrobras. E diz de modo
muito lógico: “Ela disse que não vai deixar pedra sobre pedra e que ela
está disposta a aprofundar toda a investigação. Nada mais justo do que
ela ir à CPI para esclarecer, em primeiro lugar, a fala do Alberto
Youssef e, agora, esse e-mail do Paulo Roberto Costa”. Ele informa que a
primeira convocação a ser solicitada, entretanto, será a do
ex-presidente Lula, que comandava o governo à época e que ignorou a
recomendação do TCU e liberou os recursos para as obras garantindo,
desse modo, a indústria dos desvios.
Pois é…
Todas as ofensas dirigidas contra a VEJA não conseguiram impedir que os
fatos começassem a vir à tona. Só um dos investigados na operação, Pedro
Barusco, da cota do PT, se dispõe a devolver aos cofres públicos US$
97 milhões roubados da Petrobras naquele escândalo cuja existência Dilma
se negava a reconhecer.
O Palácio ofende VEJA. E os fatos ofendem o Palácio.
Seis notas
CARLOS BRICKMANN - Blog do Augusto Nunes
Os Dez Mandamentos da Lei de Deus são severos, rígidos; e nem eles proíbem a mentira. O estadista britânico Winston Churchill dizia que a verdade é tão preciosa que precisa ser protegida por uma muralha de mentiras. A mentira, vemos, tem muitas vantagens; mas tem o poder de destruir quem acredita nela.
Todos assistimos à campanha eleitoral, todos assistimos hoje à desconstrução, pela presidente Dilma, daquilo que a candidata Dilma afirmava. Não tem grande importância: o importante é que a presidente tenha reconhecido, ao escolher sua equipe econômica, a necessidade de gastar menos do que o Governo arrecada, de evitar manobras criativas com a aritmética, de fingir que a inflação e as contas externas estão sob controle, que tudo vai bem e no melhor dos mundos.
Independentemente das promessas de campanha, Joaquim Levy é um bom nome para a Fazenda? Este colunista não tem a menor ideia: sabe que fez uma carreira sólida, que ocupa alto cargo num grande banco, mas se é capaz de formular uma política econômica é algo a ser visto no futuro. É coisa nova para ele.
Há quem ache que o ministro da Fazenda, de fato, será a presidente Dilma. Aí não vai dar certo: da mesma forma que nenhum presidente terá uma boa política econômica com ministros compreensivos como Guido Mantega, nenhum bom ministro aguentará ficar levando pitos, ouvindo gritos e cumprindo ordens.
Dizer uma coisa na propaganda e fazer outra, OK – desde que se faça o que é preciso. O que não pode ocorrer a um governo é acreditar na própria propaganda.
A palavra e o fato
Levy não é o que Dilma prometeu. E alguém tinha acreditado na promessa?
Fluxo de tráfego
Dizem que o líder chinês Deng Xiao-ping, que iniciou a modernização do país, ia de carona num carro dirigido por seu sucessor já indicado, Jiang Zen-min. Em determinado local, a estrada se bifurcava, e Jiang perguntou a Deng qual o caminho a seguir. Deng respondeu: “Dê sinal à esquerda e vire à direita”.
A história é ótima, embora (e talvez por isso) jamais tenha acontecido. Mas vai ao fundo da questão: o problema não é ser direita, esquerda ou centro, mas saber como fazer com que o dinheiro do Governo – e, portanto, da população que arca com as despesas – seja suficiente para pagar as contas, impulsionar o crescimento do país, oferecer uma rede de proteção eficiente a quem dela necessite. Que o Governo combata a inflação, acerte as contas externas, bote o país em dia.
Talvez assim dê para entender a frase incompreensível do deputado Gilberto Kassab, sobre seu partido: não é de direita, nem de centro, nem de esquerda.
Manda primeiro, conversa depois
Boa parte da resistência do PT à escolha de Joaquim Levy para a Fazenda e de Kátia Abreu, a líder dos ruralistas, para a Agricultura, deve-se à forma como foram escolhidos e anunciados. Não houve sequer aquela reunião formal, em que o comando partidário recebe a decisão consumada mas tem a chance de dizer que foi consultado e se prepara para justificar a escolha. Primeiro houve o anúncio, e o partido que se estressasse para explicar decisões que o surpreenderam; e, pior ainda, que tentasse conter as manifestações de inconformismo, sem ter tido o tempo de acertar as coisas com as bases.
Dilma pode até trazer ideias novas para o novo Governo, mas a maneira de implementá-las é a mesma de sempre.
Aqui e lá fora
Acredita que a Operação Lava-Jato e a Operação Juízo Final são um tsunami político? Pois não são: tsunami mesmo são as investigações americanas sobre a Petrobras, que a empresa acaba de confirmar. A SEC, equivalente americana à CVM, investiga a Petrobras para saber se os investidores que compraram seus recibos de depósito (ADR) na Bolsa de Nova York foram ou não prejudicados. E o Departamento de Justiça a investiga por denúncias de corrupção, de acordo com a Lei de Atos de Corrupção no Exterior.
Quem cuida do caso é a procuradora-geral assistente do Departamento de Justiça, Leslie Caldwell. A Petrobras contratou dois escritórios de advocacia, o brasileiro Trench, Rossi & Watanabe e o americano Gibson, Dunn & Crutcher, especializados nas leis americanas anticorrupção, que preparam uma auditoria das contas e práticas comerciais da empresa, para demonstrar que estão de acordo com as leis dos Estados Unidos. Foi uma legislação desse tipo, na Europa, que levou a multinacional alemã Siemens a contar ao menos parte do que sabia do cartel dos trens em São Paulo.
Gente sim, empresa não
Para os EUA, quem deve ser punido é a pessoa que agiu fora da lei, não a empresa. É importante, diz Leslie Caldwell, que o funcionário saiba, ao transgredir a lei, que corre o risco de ir para a prisão, e perdendo o que tiver acumulado.
Mas a festa continua
Está na coluna do ótimo Aziz Ahmed, em O Povo, do Rio: “Um avião da FAB sai no final do mês para Marrocos, levando uma comitiva de 28 pessoas da Secretaria de Direitos Humanos para participar do 2º Fórum Internacional de Direitos Humanos. No comando do tour, a titular da Secretaria, Ideli Salvatti.”
Participar do Fórum é importante. Mas levando 28 pessoas por nossa conta?
Os Dez Mandamentos da Lei de Deus são severos, rígidos; e nem eles proíbem a mentira. O estadista britânico Winston Churchill dizia que a verdade é tão preciosa que precisa ser protegida por uma muralha de mentiras. A mentira, vemos, tem muitas vantagens; mas tem o poder de destruir quem acredita nela.
Todos assistimos à campanha eleitoral, todos assistimos hoje à desconstrução, pela presidente Dilma, daquilo que a candidata Dilma afirmava. Não tem grande importância: o importante é que a presidente tenha reconhecido, ao escolher sua equipe econômica, a necessidade de gastar menos do que o Governo arrecada, de evitar manobras criativas com a aritmética, de fingir que a inflação e as contas externas estão sob controle, que tudo vai bem e no melhor dos mundos.
Independentemente das promessas de campanha, Joaquim Levy é um bom nome para a Fazenda? Este colunista não tem a menor ideia: sabe que fez uma carreira sólida, que ocupa alto cargo num grande banco, mas se é capaz de formular uma política econômica é algo a ser visto no futuro. É coisa nova para ele.
Há quem ache que o ministro da Fazenda, de fato, será a presidente Dilma. Aí não vai dar certo: da mesma forma que nenhum presidente terá uma boa política econômica com ministros compreensivos como Guido Mantega, nenhum bom ministro aguentará ficar levando pitos, ouvindo gritos e cumprindo ordens.
Dizer uma coisa na propaganda e fazer outra, OK – desde que se faça o que é preciso. O que não pode ocorrer a um governo é acreditar na própria propaganda.
A palavra e o fato
Levy não é o que Dilma prometeu. E alguém tinha acreditado na promessa?
Fluxo de tráfego
Dizem que o líder chinês Deng Xiao-ping, que iniciou a modernização do país, ia de carona num carro dirigido por seu sucessor já indicado, Jiang Zen-min. Em determinado local, a estrada se bifurcava, e Jiang perguntou a Deng qual o caminho a seguir. Deng respondeu: “Dê sinal à esquerda e vire à direita”.
A história é ótima, embora (e talvez por isso) jamais tenha acontecido. Mas vai ao fundo da questão: o problema não é ser direita, esquerda ou centro, mas saber como fazer com que o dinheiro do Governo – e, portanto, da população que arca com as despesas – seja suficiente para pagar as contas, impulsionar o crescimento do país, oferecer uma rede de proteção eficiente a quem dela necessite. Que o Governo combata a inflação, acerte as contas externas, bote o país em dia.
Talvez assim dê para entender a frase incompreensível do deputado Gilberto Kassab, sobre seu partido: não é de direita, nem de centro, nem de esquerda.
Manda primeiro, conversa depois
Boa parte da resistência do PT à escolha de Joaquim Levy para a Fazenda e de Kátia Abreu, a líder dos ruralistas, para a Agricultura, deve-se à forma como foram escolhidos e anunciados. Não houve sequer aquela reunião formal, em que o comando partidário recebe a decisão consumada mas tem a chance de dizer que foi consultado e se prepara para justificar a escolha. Primeiro houve o anúncio, e o partido que se estressasse para explicar decisões que o surpreenderam; e, pior ainda, que tentasse conter as manifestações de inconformismo, sem ter tido o tempo de acertar as coisas com as bases.
Dilma pode até trazer ideias novas para o novo Governo, mas a maneira de implementá-las é a mesma de sempre.
Aqui e lá fora
Acredita que a Operação Lava-Jato e a Operação Juízo Final são um tsunami político? Pois não são: tsunami mesmo são as investigações americanas sobre a Petrobras, que a empresa acaba de confirmar. A SEC, equivalente americana à CVM, investiga a Petrobras para saber se os investidores que compraram seus recibos de depósito (ADR) na Bolsa de Nova York foram ou não prejudicados. E o Departamento de Justiça a investiga por denúncias de corrupção, de acordo com a Lei de Atos de Corrupção no Exterior.
Quem cuida do caso é a procuradora-geral assistente do Departamento de Justiça, Leslie Caldwell. A Petrobras contratou dois escritórios de advocacia, o brasileiro Trench, Rossi & Watanabe e o americano Gibson, Dunn & Crutcher, especializados nas leis americanas anticorrupção, que preparam uma auditoria das contas e práticas comerciais da empresa, para demonstrar que estão de acordo com as leis dos Estados Unidos. Foi uma legislação desse tipo, na Europa, que levou a multinacional alemã Siemens a contar ao menos parte do que sabia do cartel dos trens em São Paulo.
Gente sim, empresa não
Para os EUA, quem deve ser punido é a pessoa que agiu fora da lei, não a empresa. É importante, diz Leslie Caldwell, que o funcionário saiba, ao transgredir a lei, que corre o risco de ir para a prisão, e perdendo o que tiver acumulado.
Mas a festa continua
Está na coluna do ótimo Aziz Ahmed, em O Povo, do Rio: “Um avião da FAB sai no final do mês para Marrocos, levando uma comitiva de 28 pessoas da Secretaria de Direitos Humanos para participar do 2º Fórum Internacional de Direitos Humanos. No comando do tour, a titular da Secretaria, Ideli Salvatti.”
Participar do Fórum é importante. Mas levando 28 pessoas por nossa conta?
DÓRICAS
Alta ansiedade
Dora Kramer - OESP
Nem é preciso circular pelos bastidores para
ver como os ânimos andam exaltados no Parlamento. Basta ligar a
televisão. Ontem mesmo o líder do DEM na Câmara, Mendonça Filho,
informou publicamente ao presidente do Senado, Renan Calheiros, que ele
representava a "vergonha do Congresso Nacional". Desnecessário
discorrer sobre a razão da expressão nem lembrar quem são os
responsáveis pela recondução de Calheiros ao cargo do qual fora obrigado
a renunciar para não ter o mandato cassado. Por aí se vê como suas
excelências costumavam ser mais condescendentes entre si.
Desde a volta das atividades legislativas após as eleições, a cada avanço na Operação Lava Jato os nervos ficam mais retesados, o ar quase em estado sólido de tão tenso o ambiente. Todos desconfiam de quase todos, enquanto garantem que não têm nada com isso. Fala-se em 70 pessoas citadas, cinco partidos referidos, sendo que três deles - PP, PT e PMDB - já com modus operandi e autorias rascunhadas nos acordos de delação premiada de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.
A notícia mais recente, publicada ontem no Estado, relata que segundo Costa o modelo do PMDB atuava com vários operadores, cada um atendendo a uma corrente diferente do partido. Passou a funcionar depois que ele, indicado inicialmente pelo PP para a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, precisou robustecer seu apoio político para permanecer no cargo.
Aqui a história toma dois rumos. Um conhecido e que necessariamente nada tem de ilegal e outro pertencente ao conteúdo dos depoimentos envolvendo políticos que estão na posse do Supremo Tribunal Federal.
Paulo Roberto entrou em contato com o partido a conselho da então recentemente eleita presidente Dilma Rousseff. Ele deveria se entender com o PMDB. E assim fez em reunião com o também recentemente eleito vice-presidente Michel Temer, por intermédio de Moreira Franco, atual ministro da Secretaria de Aviação Civil. Se desse entendimento político decorreram outros tipos de desdobramentos, seria leviano e precipitado concluir.
Mas, como qualquer tipo de contato com Paulo Roberto levanta suspeitas, ficam todos na retranca. Até a oposição que, embora vá ter uma bancada de medalhões no Senado, aguarda a divulgação dos políticos envolvidos na Lava Jato para ver se Calheiros terá a ousadia de se candidatar de novo a presidente da Casa.
Melhor maneira. Em todo o período de campanha presidencial, o comitê financeiro do PT arrecadou R$ 565 mil em doações de pessoas físicas.
No início do ano, em menos de um mês o partido conseguiu amealhar R$ 2,7 milhões para pagar as multas impostas pela Justiça aos mensaleiros petistas. Ou seja, o PT tem uma extraordinária capacidade de mobilizar pessoas físicas e transformá-las em doadoras.
De onde decorre a dúvida sobre a insistência no financiamento público de campanhas, a aceitação de doações de empresas privadas (mais de R$ 340 milhões neste ano) e a resistência em utilizar em suas campanhas políticas a metodologia da "vaquinha" para o mensalão.
A não ser que os métodos usados para arrecadar dinheiro das multas não tenham sido os alegados.
Fio da meada. A julgar pela diferença dos valores entre os orçamentos iniciais e os custos finais das obras da Copa do Mundo - regidas por um regime de lei diferenciado aprovado com rapidez no Congresso - não será surpresa alguma se amanhã ou depois surgir outro escândalo de contratos superfaturados.
Afinal de contas, se, como diz o advogado do lobista Fernando Baiano, no Brasil "não se põe um paralelepípedo no chão" sem composição ilícita, imagine o que não deve ser feito para por tantos estádios fabulosos em pé.
Dora Kramer - OESP
Desde a volta das atividades legislativas após as eleições, a cada avanço na Operação Lava Jato os nervos ficam mais retesados, o ar quase em estado sólido de tão tenso o ambiente. Todos desconfiam de quase todos, enquanto garantem que não têm nada com isso. Fala-se em 70 pessoas citadas, cinco partidos referidos, sendo que três deles - PP, PT e PMDB - já com modus operandi e autorias rascunhadas nos acordos de delação premiada de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef.
A notícia mais recente, publicada ontem no Estado, relata que segundo Costa o modelo do PMDB atuava com vários operadores, cada um atendendo a uma corrente diferente do partido. Passou a funcionar depois que ele, indicado inicialmente pelo PP para a Diretoria de Abastecimento da Petrobrás, precisou robustecer seu apoio político para permanecer no cargo.
Aqui a história toma dois rumos. Um conhecido e que necessariamente nada tem de ilegal e outro pertencente ao conteúdo dos depoimentos envolvendo políticos que estão na posse do Supremo Tribunal Federal.
Paulo Roberto entrou em contato com o partido a conselho da então recentemente eleita presidente Dilma Rousseff. Ele deveria se entender com o PMDB. E assim fez em reunião com o também recentemente eleito vice-presidente Michel Temer, por intermédio de Moreira Franco, atual ministro da Secretaria de Aviação Civil. Se desse entendimento político decorreram outros tipos de desdobramentos, seria leviano e precipitado concluir.
Mas, como qualquer tipo de contato com Paulo Roberto levanta suspeitas, ficam todos na retranca. Até a oposição que, embora vá ter uma bancada de medalhões no Senado, aguarda a divulgação dos políticos envolvidos na Lava Jato para ver se Calheiros terá a ousadia de se candidatar de novo a presidente da Casa.
Melhor maneira. Em todo o período de campanha presidencial, o comitê financeiro do PT arrecadou R$ 565 mil em doações de pessoas físicas.
No início do ano, em menos de um mês o partido conseguiu amealhar R$ 2,7 milhões para pagar as multas impostas pela Justiça aos mensaleiros petistas. Ou seja, o PT tem uma extraordinária capacidade de mobilizar pessoas físicas e transformá-las em doadoras.
De onde decorre a dúvida sobre a insistência no financiamento público de campanhas, a aceitação de doações de empresas privadas (mais de R$ 340 milhões neste ano) e a resistência em utilizar em suas campanhas políticas a metodologia da "vaquinha" para o mensalão.
A não ser que os métodos usados para arrecadar dinheiro das multas não tenham sido os alegados.
Fio da meada. A julgar pela diferença dos valores entre os orçamentos iniciais e os custos finais das obras da Copa do Mundo - regidas por um regime de lei diferenciado aprovado com rapidez no Congresso - não será surpresa alguma se amanhã ou depois surgir outro escândalo de contratos superfaturados.
Afinal de contas, se, como diz o advogado do lobista Fernando Baiano, no Brasil "não se põe um paralelepípedo no chão" sem composição ilícita, imagine o que não deve ser feito para por tantos estádios fabulosos em pé.
sexta-feira, 28 de novembro de 2014
Um acordo nuclear com o Irã é uma miragem Parece uma fantasia pensar que podemos chegar a um acordo que satisfaça os dois lados. Isso soa impossível
Rasheed Abou-Alsamh - O Globo
Rasheed Abou-Alsamh - O Globo
A prorrogação da discussão
sobre um acordo nuclear do grupo P5+1 (China, França, EUA, Grã-Bretanha,
Rússia mais a Alemanha) com o Irã esta semana, por mais sete meses,
pode parecer um bom sinal. Mas, para muitos observadores céticos, esse
tempo adicional depois de várias prévias prorrogações só serve para dar
mais oportunidades para aqueles de linha-dura em ambos os campos, dos
americanos e iranianos, afiarem as facas, sabotando as negociações.
Afinal de contas, todo mundo sabe que o regime iraniano quer obter armas nucleares de qualquer jeito, e os poderes ocidentais, principalmente os Estados Unidos, querem evitar isso a qualquer custo. Sendo assim, parece uma fantasia utópica pensar que podemos chegar a um acordo que satisfaça os dois lados. Isso parece impossível, e o presidente americano, Barack Obama, como sempre fazendo o papel de bom moço, deixou-se aberto a críticas, no Congresso americano, de que ia aceitar um acordo nuclear menos que aceitável para se sair bem na fita.
Esquecemo-nos que não são o ministro iraniano de Relações Estrangeiras, Mohammad Javad Zarif, o principal negociador do Irã, e nem o presidente iraniano, Hassan Rouhani, apesar de sempre estarem sorrindo para as câmeras, que decidem a política nuclear do país. Isso fica nas mãos do Supremo Líder Espiritual, aiatolá Ali Khamenei, que sempre manteve uma linha-dura contra o Ocidente em geral, e os Estados Unidos em particular. “A habilidade de Rouhani de negociar um acordo nuclear está sendo impedida pela inflexibilidade do Khamenei”, disse Suzanne Maloney, uma especialista sobre o Irã, para o site da “Foreign Policy”. A “Foreign Policy” nota que no verão passado Khamenei fez demandas maximalistas sobre a capacidade de enriquecimento nuclear desejada pelo Irã. O líder disse que o Irã queria a capacidade de enriquecer 190 mil unidades de trabalho separadas (ou SWU em sua sigla em inglês), enquanto o Ocidente só queria deixar os iranianos com 10 mil SWU.
O problema maior para um acordo com os iranianos vai ser o novo Congresso americano, que será empossado no dia 3 de janeiro. Depois das eleições este mês — em que os republicanos tomaram o controle do Senado americano e ampliaram sua maioria na Câmara dos Deputados —, Obama vai enfrentar duras críticas dos republicanos a qualquer acordo com os iranianos. Há meses já, muitos republicanos, e até alguns democratas, têm clamado por mais sanções econômicas contra o Irã, algo que a administração Obama tem rejeitado, alegando que isso ia espantar os iranianos e acabar com qualquer chance de ter um acordo. Como o acadêmico americano Jeffrey Lewis, especialista em desarmamento, nota em artigo para a “Foreign Policy”, os republicanos já têm um projeto de lei que impôs mais sanções ao Irã e que quase foi à votação no Senado este ano. Mas só não foi adiante porque o líder da maioria, Harry Reid, recusou-se a deixá-lo ser enviado para discussão. Lewis diz que a proposta tinha 60 votos a favor, e que no novo Senado em janeiro vai ter 64, incluindo 16 democratas. Ele nota que só falta mais um voto para ser uma maioria à prova de veto presidencial.
E, se tudo isso não bastasse para fazer a vida de Obama um inferno, há a constante ameaça israelense de lançar um ataque contra instalações nucleares iranianas em uma ação preventiva, para proteger-se de um regime que sempre fala em destruir Israel.
Os sauditas também veem as negociações nucleares com o Irã com muita suspeita, temerosos de que Obama possa entregar demais para os iranianos na sua aflição de deixar um legado de paz dos seus dois mandatos como presidente.
Eu duvido que o Irã vá ceder em pontos-chave para o P5+1, que seriam: limitar drasticamente o número de centrífugas que eles possuem, mandar o combustível nuclear usado para ser processado fora do país e autorizar a inspeção internacional de todas as suas instalações nucleares a cada seis meses. Essas medidas seriam as mínimas necessárias para assegurar ao mundo que os iranianos não estão armazenando bastante combustível nuclear para fabricar bombas.
O Irã já se mostrou bem maleável em termos de absorver os baques econômicos das sanções, que já lhe custaram mais de US$ 100 bilhões em renda de vendas de petróleo perdidas até agora. De acordo com Aaron David Miller, um ex-oficial do Departamento de Estado americano, o Irã continua vendendo petróleo para a China e outros países asiáticos, exportando 525 mil barris de óleo ultraleve por dia nos últimos meses, o que está lhe rendendo cerca de US$ 6 bilhões ao ano. O Irã também assinou um acordo com a Rússia no valor de US$ 20 bilhões, de troca de petróleo por mercadorias.
Miller diz que os líderes religiosos iranianos querem guardar a capacidade de ter armamentos nucleares e, ao mesmo tempo, livrar-se o quanto podem das sanções. Eles veem a capacidade de fabricar armas nucleares como um trunfo contra aqueles que querem derrubar o regime, e para difundir sua imagem na região como um poder regional. Isso é exatamente o que os EUA, os israelenses e os sauditas não querem. E é por isso que acho muito difícil, se não quase impossível, que um acordo nuclear seja alcançado com o Irã.
Os aiatolás em Teerã querem o poder xiita a qualquer custo, e, com os americanos contra isso, é algo que pode terminar numa guerra pavorosa.
Afinal de contas, todo mundo sabe que o regime iraniano quer obter armas nucleares de qualquer jeito, e os poderes ocidentais, principalmente os Estados Unidos, querem evitar isso a qualquer custo. Sendo assim, parece uma fantasia utópica pensar que podemos chegar a um acordo que satisfaça os dois lados. Isso parece impossível, e o presidente americano, Barack Obama, como sempre fazendo o papel de bom moço, deixou-se aberto a críticas, no Congresso americano, de que ia aceitar um acordo nuclear menos que aceitável para se sair bem na fita.
Esquecemo-nos que não são o ministro iraniano de Relações Estrangeiras, Mohammad Javad Zarif, o principal negociador do Irã, e nem o presidente iraniano, Hassan Rouhani, apesar de sempre estarem sorrindo para as câmeras, que decidem a política nuclear do país. Isso fica nas mãos do Supremo Líder Espiritual, aiatolá Ali Khamenei, que sempre manteve uma linha-dura contra o Ocidente em geral, e os Estados Unidos em particular. “A habilidade de Rouhani de negociar um acordo nuclear está sendo impedida pela inflexibilidade do Khamenei”, disse Suzanne Maloney, uma especialista sobre o Irã, para o site da “Foreign Policy”. A “Foreign Policy” nota que no verão passado Khamenei fez demandas maximalistas sobre a capacidade de enriquecimento nuclear desejada pelo Irã. O líder disse que o Irã queria a capacidade de enriquecer 190 mil unidades de trabalho separadas (ou SWU em sua sigla em inglês), enquanto o Ocidente só queria deixar os iranianos com 10 mil SWU.
O problema maior para um acordo com os iranianos vai ser o novo Congresso americano, que será empossado no dia 3 de janeiro. Depois das eleições este mês — em que os republicanos tomaram o controle do Senado americano e ampliaram sua maioria na Câmara dos Deputados —, Obama vai enfrentar duras críticas dos republicanos a qualquer acordo com os iranianos. Há meses já, muitos republicanos, e até alguns democratas, têm clamado por mais sanções econômicas contra o Irã, algo que a administração Obama tem rejeitado, alegando que isso ia espantar os iranianos e acabar com qualquer chance de ter um acordo. Como o acadêmico americano Jeffrey Lewis, especialista em desarmamento, nota em artigo para a “Foreign Policy”, os republicanos já têm um projeto de lei que impôs mais sanções ao Irã e que quase foi à votação no Senado este ano. Mas só não foi adiante porque o líder da maioria, Harry Reid, recusou-se a deixá-lo ser enviado para discussão. Lewis diz que a proposta tinha 60 votos a favor, e que no novo Senado em janeiro vai ter 64, incluindo 16 democratas. Ele nota que só falta mais um voto para ser uma maioria à prova de veto presidencial.
E, se tudo isso não bastasse para fazer a vida de Obama um inferno, há a constante ameaça israelense de lançar um ataque contra instalações nucleares iranianas em uma ação preventiva, para proteger-se de um regime que sempre fala em destruir Israel.
Os sauditas também veem as negociações nucleares com o Irã com muita suspeita, temerosos de que Obama possa entregar demais para os iranianos na sua aflição de deixar um legado de paz dos seus dois mandatos como presidente.
Eu duvido que o Irã vá ceder em pontos-chave para o P5+1, que seriam: limitar drasticamente o número de centrífugas que eles possuem, mandar o combustível nuclear usado para ser processado fora do país e autorizar a inspeção internacional de todas as suas instalações nucleares a cada seis meses. Essas medidas seriam as mínimas necessárias para assegurar ao mundo que os iranianos não estão armazenando bastante combustível nuclear para fabricar bombas.
O Irã já se mostrou bem maleável em termos de absorver os baques econômicos das sanções, que já lhe custaram mais de US$ 100 bilhões em renda de vendas de petróleo perdidas até agora. De acordo com Aaron David Miller, um ex-oficial do Departamento de Estado americano, o Irã continua vendendo petróleo para a China e outros países asiáticos, exportando 525 mil barris de óleo ultraleve por dia nos últimos meses, o que está lhe rendendo cerca de US$ 6 bilhões ao ano. O Irã também assinou um acordo com a Rússia no valor de US$ 20 bilhões, de troca de petróleo por mercadorias.
Miller diz que os líderes religiosos iranianos querem guardar a capacidade de ter armamentos nucleares e, ao mesmo tempo, livrar-se o quanto podem das sanções. Eles veem a capacidade de fabricar armas nucleares como um trunfo contra aqueles que querem derrubar o regime, e para difundir sua imagem na região como um poder regional. Isso é exatamente o que os EUA, os israelenses e os sauditas não querem. E é por isso que acho muito difícil, se não quase impossível, que um acordo nuclear seja alcançado com o Irã.
Os aiatolás em Teerã querem o poder xiita a qualquer custo, e, com os americanos contra isso, é algo que pode terminar numa guerra pavorosa.
Consulados do México nos EUA se preparam para avalanche de imigrantes
Pablo Ximénez de Sandoval - El País
As medidas de imigração anunciadas pelo presidente dos EUA na última
quinta-feira (20) beneficiarão cerca de 5 milhões de pessoas hoje sem
documentos de residência, mas ao mesmo tempo vão gerar uma montanha
burocrática.
Calcula-se que 60% dos 11,7 milhões de sem documentos que vivem nos EUA sejam mexicanos. Aqueles que cumprirem os requisitos precisarão de cédulas consulares, passaportes e certidões de nascimento para provar sua identidade, o que por sua vez exigirá que a administração mexicana trabalhe a pleno rendimento.
"O objetivo é que nenhum mexicano que tenha a possibilidade de se regularizar fique de fora", disse nesta segunda-feira (24) Carlos Sada, cônsul-geral do México em Los Angeles, a cidade com mais pessoas nessa situação. Sada acrescentou que na anistia decretada pelo presidente Ronald Reagan em 1986 houve mexicanos que "não se regularizaram por falta de informação". "Vivemos com essa frustração", disse.
O México conta com o precedente do programa Daca (que protege da deportação os que chegaram menores de forma irregular, os chamados "sonhadores"). O programa Daca já tem 650 mil beneficiários, dos quais 500 mil são mexicanos. Dos 5 milhões de possíveis beneficiários, 1,1 milhão vivem na Califórnia, segundo Linda López, responsável por assuntos de Imigração na Prefeitura de Los Angeles. Cerca de 800 mil são mexicanos e a maioria deles vive no condado de Los Angeles.
"O desafio está aqui", disse Sada em uma entrevista coletiva na segunda-feira de manhã no Consulado Geral em Los Angeles. Ele considera que a cidade californiana é a que receberá mais pressão na busca por documentos. O cônsul-geral recomendou que os mexicanos comecem já a se registrar no serviço Mexitel.
O México tem 50 consulados nos EUA, a maior rede diplomática que um país tem em outro país. As pessoas que quiserem regularizar sua situação nos EUA primeiro têm de provar sua nacionalidade, e os consulados são a única instituição que pode fazê-lo. Algumas têm passaportes vencidos, mas outras não têm qualquer prova de nacionalidade. Essas são "as mais vulneráveis", disse Sada, pois terão um caminho mais longo a percorrer.
Essas pessoas precisam conseguir primeiro uma certidão de nascimento de seu Estado de origem. Mas é um tipo de documento que não tem foto, e por isso é preciso buscar qualquer tipo de papel que prove sua identidade, por exemplo, um boletim escolar. "A instrução que temos do México é para sermos mais flexíveis" na burocracia para conseguir a cédula consular, explicou Sada.
Por exemplo, o consulado poderia comprovar sua origem mexicana por meio de uma entrevista pessoal, que seria suficiente para obter algum tipo de documento provisório.
O novo programa para evitar deportações começará a funcionar em abril, mas tanto o consulado mexicano quanto as associações de ajuda legal a imigrantes recomendam que as pessoas comecem já a reunir a documentação. "Utilizem esses 180 dias", pediu Angélica Salas, da organização Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes em Los Angeles.
Salas explicou que as pessoas têm de buscar três tipos de documentos: algo que prove seu laço familiar com um filho ou um cônjuge, se acreditarem que se qualificam nesse requisito; uma prova de identidade; e uma prova de que se encontravam nos EUA no dia do anúncio, por exemplo, "um recibo".
Nessa etapa, a informação é fundamental, concordam no consulado, na Prefeitura de Los Angeles e nas organizações de ajuda legal. "Se tiver filhos americanos, não pode ser deportado", disse o cônsul Sada. Todos devem saber que embora o programa comece em abril as medidas já têm efeito desde o dia em que o presidente fez o discurso, na última quinta-feira (20). Inclusive para aqueles que tiveram um filho nesse dia, salientou Angélica Salas.
Ela pediu que as pessoas não tenham medo de ser deportadas ao tratar com as autoridades. "A única coisa que garante a deportação é mentir" na documentação, disse. "Mas não quero que as pessoas se autodesclassifiquem. É melhor que revisem seu caso. Ainda encontramos hoje jovens de Daca que não o pediram na época."
No Consulado Geral do México em Los Angeles trabalham mais de 110 pessoas. Já com os trâmites para obter carteiras de motorista (uma novidade que a Califórnia introduz a partir de janeiro de 2015), registrou um aumento de atividade de 20%, explicou Sada a "El País".
A sede central concede cerca de 400 documentos de identidade por dia, que somam cerca de mil com os escritórios consulares móveis. Sada estima que precisará de 20 a 30 agentes além dos 60 que tem atualmente e provavelmente esse novo processo obrigará o consulado a dar expediente também à tarde.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
Calcula-se que 60% dos 11,7 milhões de sem documentos que vivem nos EUA sejam mexicanos. Aqueles que cumprirem os requisitos precisarão de cédulas consulares, passaportes e certidões de nascimento para provar sua identidade, o que por sua vez exigirá que a administração mexicana trabalhe a pleno rendimento.
"O objetivo é que nenhum mexicano que tenha a possibilidade de se regularizar fique de fora", disse nesta segunda-feira (24) Carlos Sada, cônsul-geral do México em Los Angeles, a cidade com mais pessoas nessa situação. Sada acrescentou que na anistia decretada pelo presidente Ronald Reagan em 1986 houve mexicanos que "não se regularizaram por falta de informação". "Vivemos com essa frustração", disse.
O México conta com o precedente do programa Daca (que protege da deportação os que chegaram menores de forma irregular, os chamados "sonhadores"). O programa Daca já tem 650 mil beneficiários, dos quais 500 mil são mexicanos. Dos 5 milhões de possíveis beneficiários, 1,1 milhão vivem na Califórnia, segundo Linda López, responsável por assuntos de Imigração na Prefeitura de Los Angeles. Cerca de 800 mil são mexicanos e a maioria deles vive no condado de Los Angeles.
"O desafio está aqui", disse Sada em uma entrevista coletiva na segunda-feira de manhã no Consulado Geral em Los Angeles. Ele considera que a cidade californiana é a que receberá mais pressão na busca por documentos. O cônsul-geral recomendou que os mexicanos comecem já a se registrar no serviço Mexitel.
O México tem 50 consulados nos EUA, a maior rede diplomática que um país tem em outro país. As pessoas que quiserem regularizar sua situação nos EUA primeiro têm de provar sua nacionalidade, e os consulados são a única instituição que pode fazê-lo. Algumas têm passaportes vencidos, mas outras não têm qualquer prova de nacionalidade. Essas são "as mais vulneráveis", disse Sada, pois terão um caminho mais longo a percorrer.
Essas pessoas precisam conseguir primeiro uma certidão de nascimento de seu Estado de origem. Mas é um tipo de documento que não tem foto, e por isso é preciso buscar qualquer tipo de papel que prove sua identidade, por exemplo, um boletim escolar. "A instrução que temos do México é para sermos mais flexíveis" na burocracia para conseguir a cédula consular, explicou Sada.
Por exemplo, o consulado poderia comprovar sua origem mexicana por meio de uma entrevista pessoal, que seria suficiente para obter algum tipo de documento provisório.
O novo programa para evitar deportações começará a funcionar em abril, mas tanto o consulado mexicano quanto as associações de ajuda legal a imigrantes recomendam que as pessoas comecem já a reunir a documentação. "Utilizem esses 180 dias", pediu Angélica Salas, da organização Coalizão pelos Direitos Humanos dos Imigrantes em Los Angeles.
Salas explicou que as pessoas têm de buscar três tipos de documentos: algo que prove seu laço familiar com um filho ou um cônjuge, se acreditarem que se qualificam nesse requisito; uma prova de identidade; e uma prova de que se encontravam nos EUA no dia do anúncio, por exemplo, "um recibo".
Nessa etapa, a informação é fundamental, concordam no consulado, na Prefeitura de Los Angeles e nas organizações de ajuda legal. "Se tiver filhos americanos, não pode ser deportado", disse o cônsul Sada. Todos devem saber que embora o programa comece em abril as medidas já têm efeito desde o dia em que o presidente fez o discurso, na última quinta-feira (20). Inclusive para aqueles que tiveram um filho nesse dia, salientou Angélica Salas.
Ela pediu que as pessoas não tenham medo de ser deportadas ao tratar com as autoridades. "A única coisa que garante a deportação é mentir" na documentação, disse. "Mas não quero que as pessoas se autodesclassifiquem. É melhor que revisem seu caso. Ainda encontramos hoje jovens de Daca que não o pediram na época."
No Consulado Geral do México em Los Angeles trabalham mais de 110 pessoas. Já com os trâmites para obter carteiras de motorista (uma novidade que a Califórnia introduz a partir de janeiro de 2015), registrou um aumento de atividade de 20%, explicou Sada a "El País".
A sede central concede cerca de 400 documentos de identidade por dia, que somam cerca de mil com os escritórios consulares móveis. Sada estima que precisará de 20 a 30 agentes além dos 60 que tem atualmente e provavelmente esse novo processo obrigará o consulado a dar expediente também à tarde.
Tradutor: Luiz Roberto Mendes Gonçalves
O perigo do fundamentalismo
Merval Pereira - O Globo
O Sultanato de Omã, onde se realiza desde domingo a reunião da
Academia da Latinidade, pretende assumir cada vez mais um papel de
mediador dos conflitos da região onde oficialmente está situado, o
Oriente Médio. Mas esse papel está sendo desempenhado muito mais pelo
exemplo do que pela interferência direta nos conflitos.
Ser classificado como um país do Oriente Médio é um problema para os
investimentos internacionais, mas confere a Omã posição geopolítica
estratégica - fica na Península Arábica e se limita ao norte com o
Golfo de Omã (do outro lado, as costas do Irã e Paquistão), a leste e
sul com o Mar da Arábia, e a oeste com o Iémen, a Arábia Saudita e os
Emirados Árabes Unidos.
Pelo Estreito de Ormuz (entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico) passam 75% de toda a produção de petróleo do mundo. A renda per capita é de U$ 25 mil dólares, graças basicamente ao petróleo, que representa 80% de sua economia.
Mas, como explicou Ahmed Bin Yousuf Al Harthy, ministro das Relações Exteriores, em conversa ontem com membros da Academia, a intenção é "aprender com o passado, mas não ficar preso a ele, olhar para o futuro. Caminhar dos valores compartilhados para valores comuns".
Sua receita poderia ser considerada quase ingênua, mas é fundamental para uma região de conflitos, onde a sombra do Estado Islâmico deu ares mais graves aos já instalados. "Paz, respeito mútuo,tolerância" definem as linhas mestras da política externa de Omã.
O Sheik Abdullah bin Mohammed Al-Salmi, Ministro dos Assuntos Religiosos, fez a abertura do Seminário, que tem o título geral de " "Valores comuns num mundo de pluralismo cultural", dando o tom da política de seu país, que pode ser resumido em duas palavras: reconciliação e perdão. Ele ressaltou, para espanto geral, o papel que a Igreja Católica no Concílio do Vaticano II (1962-1965), que exortou relações amigáveis entre Judeus e Muçulmanos, um apelo que, para o Ministro, representou uma grande concessão aos muçulmanos que classificavam sua religião como uma fé com origens em Abrahão como o judaismo e o cristianismo.
O apelo do Vaticano promoveu uma relação mais próxima de cristãos e muçulmanos no mundo árabe que foi depois prejudicada pela Guerra Civil libanesa de 1975 a 1990. Na avaliação do Ministro dos Assuntos Religiosos, foram fatores políticos e estratégicos, mais do que religiosos, que obstruíram esses promissores novos caminhos.
O Ministro considera que estamos em uma época apropriada para fazermos um balanço das duas décadas passadas. Para ele, olhando pelo ângulo religiosos ou pelo ético, a experiência pluralística de Omã agregou novas e promissoras dimensões. Como exemplo, ele lembra que a região experimentou dois levantes recentes, os movimentos por mudanças conhecidos como Primavera Árabe, e o radicalismo político do Islã conhecido como "jihadismo".
Graças à política de coexistência e ao pluralismo, o país foi capaz de lidar com esses movimentos, ao contrário de outros estados vizinhos, que foram incendiados pelas revoltas. Mesmo admitindo que não é possível garantir que nada acontecerá, o Ministro avalia que o modelo político omani tem grande perspectiva de estabilidade e sucesso.
Promovendo reforma e visões iluministas, no entanto, o Ministro admite que houve problemas devido a hábitos religiosos arraigados na sociedade árabe. A politização do Islã e o "jihadismo" são as manifestações mais óbvias. Esse extremismo pode ser atribuído, de um lado, a questões religiosas de algumas sociedades da região, mas há questões de política internacional, como a guerra do Afeganistão, que também têm sua culpa, diz o Ministro dos Assuntos Religiosos.
Ele porém ressalva que os países árabes aceitaram o chamado por uma ética global e assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, mas nas últimas três décadas tem havido grande relutância por parte do Ocidente em reconhecer esses valores compartilhados.
Com o surgimento de noções como "O fim da História" e " Choque de Civilizações", fomos avisados de que valores como paz, tolerância e reconhecimento não são de fato compartilhados porque vocês e nós os entendemos de maneiras diferentes, lembrou o Ministro. Não há nada, no entanto, em nossa religião que nos separe, declarou.
O Ministro defendeu uma urgente reforma religiosa para combater a distorção de conceitos em que partidos políticos religiosos e facções têm se engajado. "Creio que instituições religiosas fortes podem derrotar o fundamentalismo, seja no Ocidente ou no mundo árabe".
Pelo Estreito de Ormuz (entre o Golfo de Omã e o Golfo Pérsico) passam 75% de toda a produção de petróleo do mundo. A renda per capita é de U$ 25 mil dólares, graças basicamente ao petróleo, que representa 80% de sua economia.
Mas, como explicou Ahmed Bin Yousuf Al Harthy, ministro das Relações Exteriores, em conversa ontem com membros da Academia, a intenção é "aprender com o passado, mas não ficar preso a ele, olhar para o futuro. Caminhar dos valores compartilhados para valores comuns".
Sua receita poderia ser considerada quase ingênua, mas é fundamental para uma região de conflitos, onde a sombra do Estado Islâmico deu ares mais graves aos já instalados. "Paz, respeito mútuo,tolerância" definem as linhas mestras da política externa de Omã.
O Sheik Abdullah bin Mohammed Al-Salmi, Ministro dos Assuntos Religiosos, fez a abertura do Seminário, que tem o título geral de " "Valores comuns num mundo de pluralismo cultural", dando o tom da política de seu país, que pode ser resumido em duas palavras: reconciliação e perdão. Ele ressaltou, para espanto geral, o papel que a Igreja Católica no Concílio do Vaticano II (1962-1965), que exortou relações amigáveis entre Judeus e Muçulmanos, um apelo que, para o Ministro, representou uma grande concessão aos muçulmanos que classificavam sua religião como uma fé com origens em Abrahão como o judaismo e o cristianismo.
O apelo do Vaticano promoveu uma relação mais próxima de cristãos e muçulmanos no mundo árabe que foi depois prejudicada pela Guerra Civil libanesa de 1975 a 1990. Na avaliação do Ministro dos Assuntos Religiosos, foram fatores políticos e estratégicos, mais do que religiosos, que obstruíram esses promissores novos caminhos.
O Ministro considera que estamos em uma época apropriada para fazermos um balanço das duas décadas passadas. Para ele, olhando pelo ângulo religiosos ou pelo ético, a experiência pluralística de Omã agregou novas e promissoras dimensões. Como exemplo, ele lembra que a região experimentou dois levantes recentes, os movimentos por mudanças conhecidos como Primavera Árabe, e o radicalismo político do Islã conhecido como "jihadismo".
Graças à política de coexistência e ao pluralismo, o país foi capaz de lidar com esses movimentos, ao contrário de outros estados vizinhos, que foram incendiados pelas revoltas. Mesmo admitindo que não é possível garantir que nada acontecerá, o Ministro avalia que o modelo político omani tem grande perspectiva de estabilidade e sucesso.
Promovendo reforma e visões iluministas, no entanto, o Ministro admite que houve problemas devido a hábitos religiosos arraigados na sociedade árabe. A politização do Islã e o "jihadismo" são as manifestações mais óbvias. Esse extremismo pode ser atribuído, de um lado, a questões religiosas de algumas sociedades da região, mas há questões de política internacional, como a guerra do Afeganistão, que também têm sua culpa, diz o Ministro dos Assuntos Religiosos.
Ele porém ressalva que os países árabes aceitaram o chamado por uma ética global e assinaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos das Nações Unidas, mas nas últimas três décadas tem havido grande relutância por parte do Ocidente em reconhecer esses valores compartilhados.
Com o surgimento de noções como "O fim da História" e " Choque de Civilizações", fomos avisados de que valores como paz, tolerância e reconhecimento não são de fato compartilhados porque vocês e nós os entendemos de maneiras diferentes, lembrou o Ministro. Não há nada, no entanto, em nossa religião que nos separe, declarou.
O Ministro defendeu uma urgente reforma religiosa para combater a distorção de conceitos em que partidos políticos religiosos e facções têm se engajado. "Creio que instituições religiosas fortes podem derrotar o fundamentalismo, seja no Ocidente ou no mundo árabe".
Gilberto Carvalho, temendo o desemprego, entra no ramo da comédia
Reinaldo Azevedo - VEJA
Reinaldo Azevedo - VEJA
Danilo
Gentili que se cuide! Outros grandes do stand up ponham as barbas de
molho. O meu amigo Carioca, o maior humorista e imitador do Brasil —
porque bem informado, o que faz toda a diferença —, que se prepare para a
batalha. Eduardo Sterblitch, que conferiu método ao nonsense, não mais
dormirá em paz. Há um novo competidor na praça. Perto de ficar
desempregado, o ministro Gilberto Carvalho, secretário-geral da
Presidência, está no mercado. Depois de ter respondido por alguns dos
maiores desastres do governo Dilma, ele resolveu entrar no ramo da
graça. Agora ele decidiu ser piadista.
Vamos ver.
O modelo tipicamente petista para a economia produz inflação no teto da
meta, juros cavalares de 11,25% ao ano, déficit na balança comercial,
déficit em transações correntes, déficit no governo central e déficit
nas contas públicas. Não só isso: ainda que a estatal não tivesse sido
vítima de um assalto organizado, os companheiros teriam levado a
Petrobras, a maior empresa do país, à beira do abismo, uma vez que
usaram o preço dos combustíveis para fazer política econômica das mais
vagabundas.
O sistema
tributário brasileiro virou um samba-do-petismo-doido, com um festival
de desonerações e incentivos que não conseguiram impedir que a indústria
vivesse o pior momento de sua história. O país está de mãos atadas,
preso a um Mercosul que virou um fardo. O modelo petista, em suma, tem,
em razão da conjuntura internacional, um breve passado de atenuação da
miséria — chamar o modelo de “distribuição de renda” é mais do que falta
de rigor técnico; é falta de vergonha na cara — e não tem futuro
nenhum.
Com a
falência do modelo petista, revelada pela saída melancólica do ministro
Guido Mantega, Dilma teve de chamar aquele que os petistas e as
esquerdas no geral consideravam o satã de um tal “neoliberalismo”, uma
corrente de pensamento econômico inventada pela mente perturbada de
esquerdistas. Seu nome é Joaquim Levy, oficializado hoje como futuro
ministro da Fazenda e homem da transição. A presidente fará a transição
de Dilma para Dilma, e Levy prepara o terreno para a posse de Levy. A
concorrência no mundo da comédia é grande. Mesmo os humoristas a favor —
uma categoria asquerosamente crescente no Brasil — acabarão enfrentando
dificuldades. Mas sigamos.
Nesta
quinta, vendo-se na contingência de explicar o nome de Levy como
ministro da Fazenda, afirmou o comediante involuntário Gilberto
Carvalho: “Sinceramente só vejo com bons olhos a nomeação do Levy. E é
evidente que, ao aceitar ser ministro desse projeto, ele está aderindo a
esse projeto e à filosofia econômica desse projeto. O nome dele é
importante porque, pela trajetória dele, ele traz uma credibilidade, ele
contribui com o nosso projeto”.
Uau! É
verdade! Então podemos esperar de Levy um modelo que produza déficits
crescentes, que fraude a Lei de Diretrizes Orçamentárias, que faça os
gastos subir a um ritmo muito superior à arrecadação, que avance no
caixa como se não houvesse amanhã, que capte dinheiro no mercado a
11,25% ao ano para emprestar a alguns nababos a 5%. Já cheguei a achar
que Carvalho não batesse bem dos pinos. Hoje, me vi tentado a ter a
certeza disso. Mas não! Como diria Polônio, a personagem de Hamlet, de
Shakespeare, não se trata de loucura, mas de método.
Segundo a
metafísica campanheira, tudo cabe no PT: uma tese e também o seu
contrário. Imaginem Aécio vitorioso e se vendo obrigado a reajustar os
combustíveis e a tarifa de energia elétrica, elevando a taxa de juros,
anunciando, adicionalmente a diminuição do papel do BNDES na economia… É
claro que os petistas botariam o bloco na rua, não é mesmo? Como são
eles a implementar tais medidas, então estas passam a ser legítimas e
encaradas como progressistas.
Não me espanta que essa gente trate corruptos comprovados como “heróis do povo brasileiro”.
Em poucas palavras
Oliver - - Blog do Augusto Nunes
Aécio Neves reapareceu na “mídia” ─ aquela coisinha estúpida que os
bolivarianos andam tentando turbinar por aqui para tentar convencer a
plebe rude que a tevê brasileira é independente ─ com a tirada sagaz do
homem da CIA presidindo a KGB. Já não era sem tempo. Pelo descanso do
guerreiro, quase ficamos sem oposição no país, tendo que ouvir as mesmas
ladainhas de sempre daqueles esquerdistas recuperados que se acham
nossos representantes com baixos teores de moralidade. A coisa tá
esquisita no palácio, como bem delineou o post do Rey-BH. Também comungo
da tese de que esta é uma cortina de fumaça ─ um recuo tático ─ diante
da avalanche de protestos que o Petê e seus bracinhos amestrados andam
engolindo depois da igualmente estranha votação presidencial deste
outubro cinza.É o preço a pagar por uma eleição posta em xeque pela sua empenada
representatividade. Como ninguém me disse como se deu a fiscalização
tucana no pleito, podemos deduzir qualquer coisa, não é mesmo? Inclusive
que houve fraude em Minas e na eleição presidencial, uma vez que os
caras fecham as portas das pocilgas quando não querem o cheiro de povo
atrapalhando o roteiro biltre. Pois é. Venho martelando meu teclado por
aqui reiterando uma obviedade que um bom capitalismo na veia se
incumbiria de remediar: a lei da oferta e da procura. Por ela, 51
milhões de eleitores, para ficar no mínimo, esperam por uma oposição com
maiúsculas no pedaço. E o que temos? O governo pautando a cena, como
sempre. Os mesmos heróis mortos de overdose tentando nos convencer de
que ir pras ruas defender o fim da marmelada não é boa política ─ pois
nem política o é, e sim o fim dela ─ e que a justiça que não vê uma
quadrilha onde já existe um exército será mais que suficiente para
garantir o xeque-mate na bojuda e descobrir quais das assinaturas nos
comprovantes de propina são efetivamente da dupla formada pelo bêbado e a
desequilibrada.
O desfile imoral dos 300 menestréis do menestrério de Dilma do Chefe já prepara apoteoses por aqui. Uma fauna. Na atual conjuntura, uma figurinha premiada de uma Kátia não está valendo duas de uma Rose, por exemplo. Virou tudo um balaio. É evidente que a seita que tudo vê, tudo controla e tudo rouba tenta blindar o palacinho de manifestações mais ferozes e domar a indigência reinante para que as cabecinhas coroadas pela fraude em andamento não sejam rapidamente empaladas e distribuídas harmonicamente pelos prédios da Esplanada dos Menestréis da vigarice. Como o arrastão é um troço sem parente, vou continuar a afirmar que a dona vem sendo salva por que ainda não foi à tevê aparelhada para pedir que vistam verde e amarelo para defender o seu governo. Está por um fio. Um aumento mal engolido, um reajuste da tabela esquecido numa gaveta e lá virá a turba dos descontentes a turbinar a primavera árabe que pode acontecer aqui mesmo, no verão e em pleno Brasil. Vai indo, país. Leve toda a esquerdalharia junto. O Titanic também não afundava, lembram?
O desfile imoral dos 300 menestréis do menestrério de Dilma do Chefe já prepara apoteoses por aqui. Uma fauna. Na atual conjuntura, uma figurinha premiada de uma Kátia não está valendo duas de uma Rose, por exemplo. Virou tudo um balaio. É evidente que a seita que tudo vê, tudo controla e tudo rouba tenta blindar o palacinho de manifestações mais ferozes e domar a indigência reinante para que as cabecinhas coroadas pela fraude em andamento não sejam rapidamente empaladas e distribuídas harmonicamente pelos prédios da Esplanada dos Menestréis da vigarice. Como o arrastão é um troço sem parente, vou continuar a afirmar que a dona vem sendo salva por que ainda não foi à tevê aparelhada para pedir que vistam verde e amarelo para defender o seu governo. Está por um fio. Um aumento mal engolido, um reajuste da tabela esquecido numa gaveta e lá virá a turba dos descontentes a turbinar a primavera árabe que pode acontecer aqui mesmo, no verão e em pleno Brasil. Vai indo, país. Leve toda a esquerdalharia junto. O Titanic também não afundava, lembram?
A LDO que enxovalha Constituição e a lei e a lógica da chantagem. Ou: na relação Dilma-PMDB, quem chantageia quem?
Reinaldo Azevedo - VEJA
Reinaldo Azevedo - VEJA
Entendo
— mas o Supremo dará a última palavra — que é simplesmente
inconstitucional o que o governo Dilma pretende fazer com a Lei de
Diretrizes Orçamentárias. O projeto de lei, com ou sem a anuência do
Congresso, fere o Artigo 165 da Constituição.
O governo
tem de ter uma meta estabelecida, não importa qual — nem que seja a
admissão do déficit. O que não pode é não ter meta nenhuma, como,
curiosamente, está no tal projeto. Mais: se um presidente da República,
de forma deliberada, desrespeita a lei orçamentária, comete crime de
responsabilidade — está na Lei 1.079 —, o que dá ensejo a um processo de
impeachment. Será que exagero? Levo a interpretação do texto legal ao
limite? Não! Exponho a legislação. Apenas isso.
A votação
do projeto, prevista para esta quarta, foi adiada para a semana que vem.
A despeito da determinação de Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do
Senado e do Congresso, de atropelar o Regimento para manter em curso uma
sessão sem quórum, a base não conseguiu reunir o número de
parlamentares necessário da Câmara e do Senado para a sessão conjunta.
Como não poderia deixar de ser, os próprios petistas começaram a
espalhar o boato de que o PMDB estava enfiando a faca no pescoço de
Dilma: o partido estaria cobrando mais espaço no governo em troca da
aprovação do projeto.
É possível
que isso seja verdade? É claro que é. Ou assim não se fazem as coisas
na República? Para que tem servido, ao longo de 12 anos, o PMDB? Sozinho
ou mesmo com a ajuda de outras legendas, o PT nada pode no Congresso.
Quem lhe garante a maioria necessária são os peemedebistas. Podemos dar
uma de inocentes, embarcar na canoa petista e sair por aí a vituperar
apenas contra o PMDB.
Mas
esperem: quem chantageia quem na relação governo-PMDB? São os
peemedebistas que dizem ao governo “só aprovamos tal medida se tivermos
tal cargo”, ou é o governo que diz aos peemedebistas “só lhes dou tal
cargo se vocês aprovarem tal medida?”. Afinal, convenham: o partido
ganhou a eleição junto com o PT. A rigor, não precisa brigar por espaço.
É natural que o tenha. Pergunto, em suma, quem comanda essa relação
perversa de troca. E a resposta me parece óbvia: dá o tom da convivência
quem pode mais e quem tem a caneta. No caso, é Dilma.
De resto, o
PT sabe como a fidelidade do PMDB lhe foi importante em momentos
cruciais, não é? E este é, sim, um deles. Não tivesse o governo se
exposto, em razão das múltiplas bobagens que fez na área orçamentária e
fiscal, à pressão dos parlamentares de sua base, não haveria por que
ser chantageado agora.
É claro
que o PMDB sabe que estará quebrando um galhão para Dilma. O partido
impõe um preço para endossar o descalabro. E Dilma impõe um preço para
lhe conceder fatias do poder.
A patética pesquisa do PT
O Estado de S.Paulo
Na esperança, afinal frustrada, de pelo menos
estancar a hemorragia em 2010, um perplexo dirigente paulista da
agremiação propôs numa reunião o que poderia se revelar um primeiro
passo em busca da luz no fim do túnel. Por que, perguntou ele aos
interlocutores, não encomendamos uma pesquisa para saber o que o
eleitorado gostaria que fosse o nosso programa? O tucano decerto não se
deu conta de que isso representaria uma abdicação: embora pesquisas
periódicas sobre políticas que mexem com o sentimento popular tenham se
incorporado em toda parte às práticas partidárias, o que se espera de
uma sigla é que seja capaz de persuadir o público de que as suas
propostas são as que mais bem atendem o interesse geral. A isso se chama
liderança.
A ideia, logicamente, não foi adiante. Serve, em todo caso, como lembrete de que não há partidos imunes a iniciativas cujos autores podem achar o máximo da modernidade, mas que são apenas patéticas. Agora, quem diria, o inimigo mortal dos tucanos, o PT, resolveu perguntar aos brasileiros por que se tornou tão mal-amado. O fato, em si, é inconteste. Não só a presidente Dilma Rousseff escapou por muito pouco de ser desalojada do Planalto - obtendo uma vitória eleitoral que não a poupou de sair politicamente derrotada da campanha -, como o partido retrocedeu em todas as disputas. No primeiro turno do pleito presidencial, a sigla teve 4,3 milhões de votos a menos do que em 2010. Na segunda rodada, a perda foi de 1,2 milhão, embora nesses quatro anos tenham surgido 7 milhões de novos eleitores.
No ABCD paulista, onde nasceram o PT e a CUT, Dilma só derrotou Aécio Neves em Diadema - e por uma diferença aquém de 8%. A bancada federal petista encolheu de 88 para 70 membros. As bancadas estaduais, de 149 para 108. A agremiação não conseguiu reeleger nem o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que não chegou ao segundo turno, nem o do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, que chegou, mas acabou goleado. O estigma de promotor da corrupção que o partido fez por merecer, a fadiga de amplos setores do eleitorado com 12 anos de poder petista, a virtual estagnação econômica e, não menos importante, a percepção da incompetência da presidente explicam a rejeição ao petismo, que chega a ser avassaladora em São Paulo.
Pois bem. Como se isso não fosse evidente, a legenda mandou fazer uma sondagem em âmbito nacional, acompanhada de pesquisas qualitativas, para ouvir da sociedade o que os seus grãos-companheiros saberiam por conta própria, não fosse a cegueira de que foram acometidos, há muito, pela fantasia de serem os exclusivos portadores do progresso nacional e da redenção do povo injustiçado. Eis por que, antes até de receber das urnas as más notícias que os desconcertaram, ficaram aturdidos com o desgosto, também por eles, dos manifestantes de junho de 2013, não raro acompanhado de agressivo antipetismo. A memória do mensalão, o colapso dos serviços públicos - debitado em primeiro lugar à administração federal - e a ojeriza ao sistema político, sem distinguir o PT do conjunto dos partidos execrados, estilhaçaram a profana ignorância do apparat petista sobre o que germinava em surdina no País.
Embora sustentado também pelo contribuinte, via Fundo Partidário, o PT que faça o que quiser com o seu dinheiro. Por exemplo, torrá-lo numa pesquisa que, de um lado, deverá apenas confirmar o óbvio - e, de outro, dificilmente induzirá a elite estrelada a deixar as práticas afrontosas que já são a sua segunda natureza.
O Estado de S.Paulo
Depois do segundo triunfo do presidente Lula
nas urnas, apesar do fardo do mensalão que ele carregava, líderes
tucanos começaram a se perguntar por que o partido não havia conseguido
capitalizar contra o seu principal beneficiário o que até então
constituía o maior escândalo político da democracia brasileira. A esse
fracasso se somou outro: o definhamento do PSDB no Congresso Nacional.
Em 1998, na esteira da consagradora reeleição do presidente Fernando
Henrique, a legenda viu a sua bancada na Câmara dos Deputados ampliar-se
de 62 para 99 cadeiras. Com o advento da era Lula, porém, começou o
longo declínio tucano: os 99 caíram a 70 em 2002 e a 66 daí a quatro
anos.
A ideia, logicamente, não foi adiante. Serve, em todo caso, como lembrete de que não há partidos imunes a iniciativas cujos autores podem achar o máximo da modernidade, mas que são apenas patéticas. Agora, quem diria, o inimigo mortal dos tucanos, o PT, resolveu perguntar aos brasileiros por que se tornou tão mal-amado. O fato, em si, é inconteste. Não só a presidente Dilma Rousseff escapou por muito pouco de ser desalojada do Planalto - obtendo uma vitória eleitoral que não a poupou de sair politicamente derrotada da campanha -, como o partido retrocedeu em todas as disputas. No primeiro turno do pleito presidencial, a sigla teve 4,3 milhões de votos a menos do que em 2010. Na segunda rodada, a perda foi de 1,2 milhão, embora nesses quatro anos tenham surgido 7 milhões de novos eleitores.
No ABCD paulista, onde nasceram o PT e a CUT, Dilma só derrotou Aécio Neves em Diadema - e por uma diferença aquém de 8%. A bancada federal petista encolheu de 88 para 70 membros. As bancadas estaduais, de 149 para 108. A agremiação não conseguiu reeleger nem o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, que não chegou ao segundo turno, nem o do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, que chegou, mas acabou goleado. O estigma de promotor da corrupção que o partido fez por merecer, a fadiga de amplos setores do eleitorado com 12 anos de poder petista, a virtual estagnação econômica e, não menos importante, a percepção da incompetência da presidente explicam a rejeição ao petismo, que chega a ser avassaladora em São Paulo.
Pois bem. Como se isso não fosse evidente, a legenda mandou fazer uma sondagem em âmbito nacional, acompanhada de pesquisas qualitativas, para ouvir da sociedade o que os seus grãos-companheiros saberiam por conta própria, não fosse a cegueira de que foram acometidos, há muito, pela fantasia de serem os exclusivos portadores do progresso nacional e da redenção do povo injustiçado. Eis por que, antes até de receber das urnas as más notícias que os desconcertaram, ficaram aturdidos com o desgosto, também por eles, dos manifestantes de junho de 2013, não raro acompanhado de agressivo antipetismo. A memória do mensalão, o colapso dos serviços públicos - debitado em primeiro lugar à administração federal - e a ojeriza ao sistema político, sem distinguir o PT do conjunto dos partidos execrados, estilhaçaram a profana ignorância do apparat petista sobre o que germinava em surdina no País.
Embora sustentado também pelo contribuinte, via Fundo Partidário, o PT que faça o que quiser com o seu dinheiro. Por exemplo, torrá-lo numa pesquisa que, de um lado, deverá apenas confirmar o óbvio - e, de outro, dificilmente induzirá a elite estrelada a deixar as práticas afrontosas que já são a sua segunda natureza.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
terça-feira, 25 de novembro de 2014
Empresa alvo da Lava Jato tem bens bloqueados para pagar funcionários
Iesa Óleo e Gás, que teve diretor preso na última fase da operação da PF, deve demitir cerca de mil funcionários após a Petrobrás rescindir contrato com ela
Gabriela Lara - O Estado de S. Paulo
Porto Alegre - A Justiça do Trabalho determinou o bloqueio de valores em contas bancárias da IESA Óleo e Gás e da Petrobrás, como forma de garantir o pagamento das verbas rescisórias de cerca de 1 mil trabalhadores que correm o risco de serem dispensados da planta da IESA no Polo Naval de Charqueadas, a 60 km de Porto Alegre.
Semana passada, após a prisão de um diretore da IESA na operação Lava Jato, a Petrobrás rescindiu o contrato firmado com a empresa no Rio Grande do Sul para a produção de módulos de plataformas do pré-sal, no valor de US$ 800 milhões. Com a notícia, a IESA informou que os colaboradores que atuavam no projeto em Charqueadas seriam dispensados. Como a companhia está mergulhada em uma crise financeira - o grupo Inepar, que controla a IESA, entrou com pedido de recuperação judicial em setembro -, representantes sindicais protocolaram uma ação junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, para zelar pelos direitos dos trabalhadores.
De acordo com a decisão da juíza Lila França, titular da Vara de Trabalho de São Jerônimo, ficarão bloqueados valores até o limite de R$ 30 milhões, quantia que servirá para pagar os salários e as indenizações aos funcionários, caso a demissão se concretize. A magistrada também ordenou o rastreio de veículos em nome das empresas demandadas, além do sequestro de bens - especialmente os compressores da Petrobrás existentes no pátio da IESA.
No último sábado, a juíza já havia determinado que a IESA colocasse em licença remunerada os trabalhadores que pretendia demitir, sob pena de multa de R$ 100 milhões em caso de descumprimento. De acordo com a magistrada, a demissão em massa, se ocorresse, deveria ser negociada coletivamente.
Em nota, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região informou que a juíza está em contato com o Ministério Público para agendar uma audiência entre as partes o mais breve possível.
Iesa Óleo e Gás, que teve diretor preso na última fase da operação da PF, deve demitir cerca de mil funcionários após a Petrobrás rescindir contrato com ela
Gabriela Lara - O Estado de S. Paulo
Porto Alegre - A Justiça do Trabalho determinou o bloqueio de valores em contas bancárias da IESA Óleo e Gás e da Petrobrás, como forma de garantir o pagamento das verbas rescisórias de cerca de 1 mil trabalhadores que correm o risco de serem dispensados da planta da IESA no Polo Naval de Charqueadas, a 60 km de Porto Alegre.
Semana passada, após a prisão de um diretore da IESA na operação Lava Jato, a Petrobrás rescindiu o contrato firmado com a empresa no Rio Grande do Sul para a produção de módulos de plataformas do pré-sal, no valor de US$ 800 milhões. Com a notícia, a IESA informou que os colaboradores que atuavam no projeto em Charqueadas seriam dispensados. Como a companhia está mergulhada em uma crise financeira - o grupo Inepar, que controla a IESA, entrou com pedido de recuperação judicial em setembro -, representantes sindicais protocolaram uma ação junto ao Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, para zelar pelos direitos dos trabalhadores.
De acordo com a decisão da juíza Lila França, titular da Vara de Trabalho de São Jerônimo, ficarão bloqueados valores até o limite de R$ 30 milhões, quantia que servirá para pagar os salários e as indenizações aos funcionários, caso a demissão se concretize. A magistrada também ordenou o rastreio de veículos em nome das empresas demandadas, além do sequestro de bens - especialmente os compressores da Petrobrás existentes no pátio da IESA.
No último sábado, a juíza já havia determinado que a IESA colocasse em licença remunerada os trabalhadores que pretendia demitir, sob pena de multa de R$ 100 milhões em caso de descumprimento. De acordo com a magistrada, a demissão em massa, se ocorresse, deveria ser negociada coletivamente.
Em nota, o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região informou que a juíza está em contato com o Ministério Público para agendar uma audiência entre as partes o mais breve possível.
ROMBO HISTÓRICO – Um “conservador”, que está sob porrete das esquerdas, terá de consertar as burradas do petismo
Reinaldo Azevedo - VEJA
Reinaldo Azevedo - VEJA
Dia
desses, um dos colunistas de nariz marrom da imprensa brasileira,
acostumado a escrever de joelhos, estranhava que Dilma Rousseff tivesse
escolhido Joaquim Levy para o Ministério da Fazenda. Afinal, argumentava
ele, o homem é um “conservador”, um crítico da política econômica em
curso. E, segundo o “desanalista”, tudo vai tão bem com o país que o
desemprego continua baixo — para ele, evidência de que estamos no
caminho certo.
Pois bem.
As transações correntes em outubro tiveram um déficit de US$ 8,13
bilhões — oficialmente, é o maior desde 1980 porque tal medição, com os
critérios atuais, começou a ser feita nesse ano, mas é o maior desde
1947, quando se começou a fazer tal contabilidade. O ministro Guido
Mantega pode se orgulhar: sua gestão produziu o maior buraco nas
transações correntes em 67 anos.
Querem
mais? Para novembro, o BC projeta déficit de US$ 8 bilhões nas
transações correntes. Se a projeção se confirmar, o resultado acumulado
do ano passará de US$ 70,7 bilhões até outubro para US$ 78,7 bilhões. No
acumulado em 12 meses, o déficit externo equivale a 3,73% do PIB
(Produto Interno Bruto), o maior desde fevereiro de 2002 (3,94% do PIB).
Os números
que vão acima são próprios de um modelo que deu errado, a despeito do
que diga o oficialismo. É o fim do mundo? Não é? Caminhamos pra lá? Não
tão depressa. Mas estaremos condenados à mediocridade se não houver uma
alteração substancial da equação. Não sei se Joaquim Levy, futuro
ministro da Fazenda, conseguirá operar a mudança. Uma coisa é certa: ela
não se dará se continuarmos na metafísica de agora.
Os
Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) somaram US$ 4,979 bilhões em
outubro, resultado que ficou abaixo dos US$ 5,439 bilhões registrados no
mesmo período do ano passado. No acumulado do ano até o mês passado, o
IED soma US$ 51,194 bilhões, o equivalente a 2,71% do Produto Interno
Bruto (PIB). É um alento em meio às más notícias.
Faltando
apenas dois meses para o fim do ano, o número acumulado de 2014 ainda
precisa somar mais US$ 11,8 bilhões para alcançar a previsão do BC, de
terminar com US$ 63 bilhões. Nos últimos 12 meses até outubro, o IED
está em US$ 66,003 bilhões, o que corresponde a 2,91% do PIB. O número
não chega a financiar o rombo, mas compensa em parte o desastre. Mas
resta evidente que algo de profundamente errado se passa com a economia.
Acabou,
definitivamente, aquele ciclo da economia mundial em que, com o
supercrescimento da China e a supervalorização das commodities
brasileiras, saldos positivos na balança comercial compensavam
desequilíbrios. O déficit na balança no mês passado ficou em US$ 1,17
bilhão de dólares, o pior desde outubro de 1998.
Os
petistas e as esquerdas deveriam estar felizes. O abacaxi na economia,
vejam vocês, terá de ser descascado não por um esquerdista ou por um
populista, mas por um economista que eles consideram “conservador”. Pois
é… Um conservador terá de consertar as burradas do petismo. Tomara que
consiga.
A equação de Dilma
José Paulo Kupfer - OESP
O processo de definição dos nomes que vão compor a equipe econômica, na partida do segundo mandato de Dilma Rousseff, é um caso clássico do peculiar estilo de comunicação da presidente. Mesmo tendo escolhido economistas cujo perfil atende aos reclamos de uma necessária correção de rumos na condução da economia, Dilma produziu tensão, incertezas e desconfianças. Desagradou à esquerda e à direita, deixando com um pé atrás a faixa do centro que viu as indicações com bons olhos. Está claro que, no segundo mandato, vencer a batalha da comunicação, campo em não tem mostrado habilidade nata, será crucial para Dilma.
Não há dúvida sobre a filiação ideológica do indicado para a Fazenda, Joaquim Levy - o economista é um fiscalista militante. Mas também não há dúvida de que os desarranjos nas contas públicas se tornaram, ao cabo do primeiro governo Dilma, a mãe dos desequilíbrios macroeconômicos que hoje se refletem em pressões inflacionárias, cambiais e no setor externo, contribuindo para constranger o crescimento e ameaçar os ganhos sociais das últimas duas décadas. Um nome como o de Levy, tudo isso considerado, deveria fazer sentido. Só que, no ambiente contaminado do momento, detonou reações negativas para todos os lados.
Sua escolha por Dilma é um reconhecimento tácito de que fracassaram os experimentos de política econômica do primeiro mandato e, de fato, não promoveram os benefícios esperados. Passado o embate eleitoral, deveria importar menos a impressão de que Levy estaria melhor num governo oposicionista do que o fato de a decisão de convidá-lo representar um bem-vindo aceno à mudança, na direção de um ajuste.
Ninguém pode negar que o figurino ideológico que veste bem em Levy, o economista com doutorado na Universidade de Chicago, meca do pensamento econômico ortodoxo, é o do formulador de políticas liberais. Contudo, essa constatação, isolada, não autoriza a concluir que seu nome não foi digerido pela direção do PT, como tem circulado. É possível assegurar que, nessa esfera, não houve veto, ao contrário do que possivelmente ocorreria se a preferência recaísse no ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
A comunicação tumultuada na divulgação dos nomes da equipe econômica não permitiu que se tivesse a menor ideia das atribuições delegadas aos escolhidos - um ponto-chave da equação do novo governo. Não se pode esquecer que é comum, nas montagens de equipes ministeriais, adaptar as tarefas e objetivos das Pastas não só às necessidades do momento na economia, mas também aos da política e até ao perfil dos escolhidos. Fazenda e Planejamento, por exemplo, já desempenharam desde as funções críticas de formulação e condução das grandes políticas até a mera atividade de acompanhar Orçamentos. De Simonsen-Velloso, no governo militar, até Mantega-Belchior, em Dilma 1, passando por Malan-Serra, nos primeiros tempos de FHC e Palocci-Mantega, no Lula 1, esses arranjos são a regra, não a exceção.
Com Levy e o ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa, de perfil moderadamente desenvolvimentista, no Planejamento, a montagem que parece definida para o segundo mandato de Dilma lembra a que inaugurou os anos Lula. Tanto naquele tempo quanto agora, um governo mais à esquerda iniciou o mandato em meio a desajustes macroeconômicos, com um grupo mais ortodoxo na Fazenda e outro mais heterodoxo no Planejamento. Funcionou.
Sim, há diferenças marcantes entre um período e outro. A principal delas é que, na entrada dos anos 2000, a economia global se encontrava numa etapa ascendente e agora vive uma fase de baixa, com risco de se estender. Outra remete às características pessoais de Lula e Dilma. É sabido que a presidente tem sido insistentemente aconselhada a deixar os ministérios a cargo dos ministros. Mas seu histórico intervencionista faz com que ainda prevaleçam justificadas desconfianças.
José Paulo Kupfer - OESP
O processo de definição dos nomes que vão compor a equipe econômica, na partida do segundo mandato de Dilma Rousseff, é um caso clássico do peculiar estilo de comunicação da presidente. Mesmo tendo escolhido economistas cujo perfil atende aos reclamos de uma necessária correção de rumos na condução da economia, Dilma produziu tensão, incertezas e desconfianças. Desagradou à esquerda e à direita, deixando com um pé atrás a faixa do centro que viu as indicações com bons olhos. Está claro que, no segundo mandato, vencer a batalha da comunicação, campo em não tem mostrado habilidade nata, será crucial para Dilma.
Não há dúvida sobre a filiação ideológica do indicado para a Fazenda, Joaquim Levy - o economista é um fiscalista militante. Mas também não há dúvida de que os desarranjos nas contas públicas se tornaram, ao cabo do primeiro governo Dilma, a mãe dos desequilíbrios macroeconômicos que hoje se refletem em pressões inflacionárias, cambiais e no setor externo, contribuindo para constranger o crescimento e ameaçar os ganhos sociais das últimas duas décadas. Um nome como o de Levy, tudo isso considerado, deveria fazer sentido. Só que, no ambiente contaminado do momento, detonou reações negativas para todos os lados.
Sua escolha por Dilma é um reconhecimento tácito de que fracassaram os experimentos de política econômica do primeiro mandato e, de fato, não promoveram os benefícios esperados. Passado o embate eleitoral, deveria importar menos a impressão de que Levy estaria melhor num governo oposicionista do que o fato de a decisão de convidá-lo representar um bem-vindo aceno à mudança, na direção de um ajuste.
Ninguém pode negar que o figurino ideológico que veste bem em Levy, o economista com doutorado na Universidade de Chicago, meca do pensamento econômico ortodoxo, é o do formulador de políticas liberais. Contudo, essa constatação, isolada, não autoriza a concluir que seu nome não foi digerido pela direção do PT, como tem circulado. É possível assegurar que, nessa esfera, não houve veto, ao contrário do que possivelmente ocorreria se a preferência recaísse no ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles.
A comunicação tumultuada na divulgação dos nomes da equipe econômica não permitiu que se tivesse a menor ideia das atribuições delegadas aos escolhidos - um ponto-chave da equação do novo governo. Não se pode esquecer que é comum, nas montagens de equipes ministeriais, adaptar as tarefas e objetivos das Pastas não só às necessidades do momento na economia, mas também aos da política e até ao perfil dos escolhidos. Fazenda e Planejamento, por exemplo, já desempenharam desde as funções críticas de formulação e condução das grandes políticas até a mera atividade de acompanhar Orçamentos. De Simonsen-Velloso, no governo militar, até Mantega-Belchior, em Dilma 1, passando por Malan-Serra, nos primeiros tempos de FHC e Palocci-Mantega, no Lula 1, esses arranjos são a regra, não a exceção.
Com Levy e o ex-secretário executivo da Fazenda Nelson Barbosa, de perfil moderadamente desenvolvimentista, no Planejamento, a montagem que parece definida para o segundo mandato de Dilma lembra a que inaugurou os anos Lula. Tanto naquele tempo quanto agora, um governo mais à esquerda iniciou o mandato em meio a desajustes macroeconômicos, com um grupo mais ortodoxo na Fazenda e outro mais heterodoxo no Planejamento. Funcionou.
Sim, há diferenças marcantes entre um período e outro. A principal delas é que, na entrada dos anos 2000, a economia global se encontrava numa etapa ascendente e agora vive uma fase de baixa, com risco de se estender. Outra remete às características pessoais de Lula e Dilma. É sabido que a presidente tem sido insistentemente aconselhada a deixar os ministérios a cargo dos ministros. Mas seu histórico intervencionista faz com que ainda prevaleçam justificadas desconfianças.
Recuo improvável
João Bosco Rabello - OESP
A presidente Dilma Rousseff atravessa agora a
etapa da reação da base aliada, mais especificamente do PT e do PMDB, às
nomeações não anunciadas oficialmente, mas confirmadas
extra-oficialmente, para a área econômica e do ministério da Agricultura
para seu segundo mandato.
São reações esperadas, talvez mais aguerridas pela
falta de aviso pévio da presidente. O que sinaliza também para a
orientação aplicada a essa etapa: são nomes que ela não admite discutir
no contexto das negociações para ocupação do ministério.
Nesse caso, as decisões da presidente não poderão
sofrer recuo, sob pena de uma demonstração de vulnerabilidade diante da
pressão de uma base parlamentar que precisa se submeter às
circunstâncias de crise que marcam o início do segundo mandato.
A receita para a economia é ortodoxa, o que impõe um
perfil ortodoxo para a sua condução e que torna a discussão sobre
conservadorismo e desenvolvimentismo inútil no presente. A nomeação de
Nelson Barbosa para o Planejamento, é, nesse sentido, um contraponto
aceitável para Joaquim Levy , que terá com ele uma interlocução com um
desenvolvimentista.
A outra nomeação, da senadora Kátia Abreu (PMDB-TO),
para a Agricultura, é mais fácil de compor com o PT do que com o PMDB.
Para compensar o PT, este terá Miguel Rosseto na Secretaria-Geral da
Presidência, entre outros.
A reação maior a Kátia é do PMDB – e não pelos
motivos até aqui arrolados pelo partido: sua condição de
“neo-peemedebista”, ou sua suposta indiferença com a agricultura
familiar. A reação se deve à inconformação do partido com a perda de um
feudo que domina há muitos anos, sem eficiência e, não raras vezes, com
escândalos, como o que retirou de cena o ex-ministro da pasta, Wagner
Rossi.
Anunciada mesmo extraoficialmente, Kátia deve ficar
com o ministério. Voltar atrás para Dilma seria mais que ceder a uma
reclamação da base: seria capitular diante do líder do PMDB, Eduardo
Cunha (RJ), com quem trava renitente duelo e cuja candidatura à
presidência da Câmara desafia a liderança da presidente sobre a base.
Já de outras vezes, ficou claro que o líder do PMDB
não abre mão da influência do partido para os cargos da Agricultura, a
começar pela cadeira do ministro. O faz legitimamente e com aval da
bancada, mas uma vez tendo a presidente dado o passo sem consulta ao
partido – ao que tudo indica, mesmo ao vice Michel Temer -, estabeleceu o
fato consumado.
Dilma pretende redimensionar o papel do ministério da
Agricultura, podendo mesmo fazer retornar à Pasta a Secretaria da
pesca, hoje com status de ministério, mergulhada em ineficiência e
com problemas legais como o da distribuição de benefícios para muito
além dos pescadores.
O ministério será caracterizado como gestor de um
segmento da economia que mais contribui para o PIB nacional. Precisará
ser visto como fomento da alimentação interna e externa, com um pé nas
pesquisas, via Embrapa, e outro na infraestrutura, que o liga, pelos
interesses do setor, aos meios de distribuição da produção.
A etapa posterior à da reação deverá comprometer a
presidente com um esquema de compensação ao PMDB que, segundo o
vice-presidente Michel Temer, responsável pela filiação de Kátia Abreu
ao partido, se dará durante o mês de dezembro.
A escolha de Joaquim Levy para a Fazenda também
parece irreversível, a menos que se admita uma derroita presidencial
antes de começar o segundo mandato -e, pior, para a própria base de
sustentação. A repercussão positiva de Levy na Fazenda já se fez sentir
com as reações favoráveis do mercado e de renomados economistas.
O próprio PT exibe uma crítica quase burocrática, já
substituída pelas manifestações e apoio de suas lideranças no Senado.
Além disso, o ex-presidente Lula é o fator moderador no contexto – ele
mesmo um defensor da nomeação de um perfil ortodoxo para a Pasta, que
fazia recair no ex-presidente do Banco central, Henrique Meirelles.
Joaquim Levy é uma nomeação que neutraliza, em parte,
o discurso oposicionista de irresponsabilidade do governo na condução
da economia daqui em diante. Sua presença no governo atende ao
receituário que o PSDB pregou na campanha, o que rende o discurso de
estelionato eleitoral, mas na prática cria uma dificuldade para a
oposição.
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