sábado, 15 de novembro de 2014

Embarcação misteriosa achada na Suécia é de invasor estrangeiro
Dan Bilefsky - NYT
As autoridades suecas disseram nesta sexta-feira (14) que uma embarcação misteriosa, detectada nas águas próximas de Estocolmo, era um submarino estrangeiro que violou suas águas territoriais.
Apesar de muitos na Suécia e em outros lugares suspeitarem que o submarino era russo, as autoridades suecas disseram que não puderam determinar a nacionalidade do invasor. A Rússia negou ter realizado qualquer operação recente em águas suecas.
"As Forças Armadas Suecas agora confirmam que um submarino violou a integridade territorial sueca. Os resultados da análise após a operação de inteligência realizada em outubro são inequívocos", disse o mais alto oficial militar da Suécia, o general Sverker Goranson, emdeclaração publicada no site das forças armadas da Suécia.
"O território da Suécia foi violado de modo sério e inaceitável por um poder estrangeiro", disse Goranson, acrescentando que "a gravidade disso é óbvia".
O primeiro-ministro da Suécia, Stefan Lofven, foi citado pela agência de notícias "The Associated Press" como tendo dito que a invasão às águas territoriais suecas foi "totalmente inaceitável".
Goranson disse que prova foi obtida por uma operação de inteligência realizada em outubro, durante a qual a busca pela embarcação desconhecida provocou a maior mobilização desse tipo na Suécia desde o final da Guerra Fria. Helicópteros e navios, incluindo caça-minas, realizaram uma varredura pelo arquipélago em busca de um submarino. A busca foi encerrada após uma semana.
As autoridades suecas disseram hoje que a primeira suspeita de que um submarino estrangeiro tinha se infiltrado em águas suecas ocorreu em 17 de outubro, depois que vários cidadãos relataram ter avistado um objeto suspeito nas águas próximas do arquipélago de Estocolmo.
Na ocasião, a imprensa sueca noticiou que os militares tinham detectado um pedido de socorro do que acreditavam ser um submarino russo que teria encalhado debaixo d'água. Alimentando ainda mais o mistério, as notícias diziam que a Suécia tinha interceptado mensagens criptografadas transmitidas entre águas suecas e o enclave russo de Kaliningrado. Os russos negaram enfaticamente qualquer envolvimento.
Apesar das autoridades suecas terem sido cuidadosas ao não mencionarem qualquer país, as forças armadas suecas mesmo assim reuniram na sexta-feira várias evidências para provar que a embarcação desconhecida era um submarino estrangeiro. As forças armadas disseram que uma foto tirada por um civil mostrava um objeto se movendo em uma velocidade de cerca de um nó, assim como o "spray causado quando as águas saem das escotilhas na parte superior de um submarino".
Além disso, sensores das forças armadas suecas confirmaram "ecos" em águas suecas, e os militares indicaram que traços de um objeto não identificado foram encontradas debaixo d'água. As forças armadas disseram que um morador do arquipélago de Estocolmo também relatou observar "um corpo submerso com características distintas".
"Cada uma dessas observações tem alta credibilidade", disseram as forças armadas. "Somadas a outras observações e um submarino confirmado, elas geram um padrão."
Tendo como fundo a crescente tensão entre o Ocidente e Moscou, particularmente em torno da crise na Ucrânia, a busca pela embarcação --apelidada de "caçada aos vermelhos em outubro" nas redes sociais-- capturou a imaginação de muitos suecos, ao mesmo tempo causando alarme na região.
O episódio gerou numerosas teorias de conspiração na Suécia, um país neutro que não faz parte da OTAN e onde as lembranças da Guerra Fria ainda estão vivas. Alguns especularam que os russos estavam testando um novo mini-submarino; outros sugeriram que um espião russo foi enviado por Moscou, depois que um homem misterioso foi avistado nadando perto da embarcação desconhecida. Alguns relatos na imprensa rebateram que o homem misterioso era, na verdade, um pescador.
O episódio trouxe lembranças de outro incidente em 1981, quando a Suécia descobriu um submarino soviético encalhado na costa sueca em Karlskrona, no sul do país. As autoridades suecas mantiveram a embarcação por dez dias, impedindo os soviéticos de resgatarem a tripulação. A Suécia suspeitava que armas nucleares estavam a bordo.
Tradutor: George El Khouri Andolfato

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