França e Alemanha divergem sobre solução para Grécia
Alemães propõem que gregos deixem zona do euro por cinco anos; franceses tentam manter país na moeda única
Reunião entre líderes europeus sobre proposta da Grécia para obter nova ajuda se prolongou até esta madrugada
RAQUEL LANDIM - FSP
A Alemanha aumentou a pressão sobre a Grécia neste domingo (12) e propôs
a saída do país da zona do euro por cinco anos em troca da
reestruturação de sua dívida.
A possibilidade chegou a ser incluída no esboço de um compromisso
produzido pelos ministros de Finanças da Europa, embora esteja entre
colchetes, o que significa que nem todos os países concordam com esse
trecho.
"No caso de um acordo não ser atingido, devem ser oferecidas à Grécia
negociações rápidas para um tempo fora da zona do euro, com possível
reestruturação de dívida", diz o documento de apenas quatro páginas
publicado na internet por um jornal grego.
Os ministros de Finanças da Europa passaram o fim de semana em
negociações, mas deixaram a decisão para os líderes europeus, que
entraram a madrugada desta segunda (13) reunidos. Até a conclusão desta
edição, eles ainda negociavam em Bruxelas.
O impasse prosseguia porque, enquanto os alemães pediam mais austeridade
aos gregos, a França tentava encontrar uma maneira de manter o país na
zona do euro.
Antes do início da reunião, a chanceler alemã Angela Merkel disse que
"não haveria um acordo a qualquer custo". Já o presidente francês
François Hollande afirmou que estava em jogo "nossa concepção de
Europa".
No esboço feito pelos ministros, que seria utilizado como base pelos
líderes, havia um caminho frágil para um entendimento. O primeiro passo
seria o governo grego aprovar reformas importantes até quarta-feira.
Essas reformas seriam precondições para negociações de um terceiro
pacote de ajuda à Grécia, o que impediria o país de dar o calote e
deixar a moeda única.
Com a deterioração da economia grega, os ministros europeus estimam que a
Grécia precisa de mais € 86 bilhões (cerca de R$ 341 bi), sendo € 10
bilhões imediatamente.
No dia 20 de julho, os gregos têm que pagar € 4,2 bilhões de juros para o
Banco Central Europeu e não se sabe de onde virá o dinheiro.
Só a reestruturação do sistema bancário custaria entre € 10 bilhões e €
25 bilhões. Há duas semanas, os bancos gregos estão fechados com os
saques limitados.
RENDIÇÃO
Para analistas, as reformas exigidas pelos credores significam a
"rendição" dos gregos. Eles pedem que a Grécia aprove em três dias um
sistema de arrecadação de impostos por valor agregado, uma reforma das
pensões, além de criar de instituições capazes de garantir a reforma
fiscal.
No médio prazo, o país teria que implementar um amplo programa de
privatizações. Os alemães chegaram a propor que a Grécia transfira para
um fundo € 50 bilhões em ativos, que serviriam como garantia da dívida.
Não estava previsto qualquer perdão para a dívida grega, apenas um
período maior de carência e melhores condições de pagamento. Um corte
real nos débitos só ocorreria com o país fora do euro.
Em plebiscito recente, os gregos disseram "não" a novas medidas de
austeridades. Na quinta-feira, o primeiro-ministro Alex Tsipras mudou de
rumo e enviou uma proposta de acordo aos credores. A situação política
no país, no entanto, é instável.
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