segunda-feira, 13 de julho de 2015

Nova York permitirá que parentes visitem túmulos em vala comum em ilha inóspita
Corey Kilgannon - NYT
Don Emmert/AFP
Casa abandonada em Hart Island, ilha desabitada de Nova York que contém o maior cemitério dos EUA Casa abandonada em Hart Island, ilha desabitada de Nova York que contém o maior cemitério dos EUA
Em uma grande mudança na política de como Nova York administra seu cemitério de indigentes, a prefeitura entrou em acordo em um processo judicial e passará a permitir que parentes visitem os túmulos de Hart Island, próxima de City Island, no Bronx.
O Departamento de Correção da prefeitura, que coordena as operações em Hart Island, entrou em acordo em uma ação coletiva apresentada pela União Pelas Liberdades Civis de Nova York (Nyclu, na sigla em inglês) em prol dos parentes de pessoas enterradas lá.
Ambos os lados anunciaram o acordo, que consideraram histórico, na útlima quarta-feira (8).
O comissário correcional, Joseph Ponte, disse que o acordo fará com que o departamento "permita o acesso ao cemitério de Hart Island de uma forma segura e compassiva".
"Estamos ansiosos para implementar este acordo histórico", continuou Ponte, "e prometemos colaborar com a Nyclu para transformar em realidade o acesso compassivo que ela vislumbra."
Segundo o acordo, a prefeitura promoverá visitas mensais para parentes e outros visitantes, disse Christopher Dunn, advogado da organização pelas liberdades civis que liderou a defesa do caso.
O Departamento de Correção leva detentos de Rikers Island para a ilha de ônibus e ferry para trabalhar enterrando os mortos, inclusive recém-nascidos, em valas comuns. Nos últimos anos, o departamento tem promovido visitas mensais regulares, uma vez por mês, nos dias úteis, para que os parentes se reúnam em uma área memorial na ilha, perto da área de sepultamento. Mas funcionários impediam que as pessoas visitassem os túmulos, que não são marcados, embora os nomes e a localização dos mortos estejam registrados em um banco de dados da prefeitura.
Essas viagens durante os dias de semana continuarão, mas o acordo também acrescenta visitas mensais aos fins de semana para os parentes, sendo que cada um pode levar até quatro pessoas que não precisam ser da família.
A prefeitura oferecerá duas viagens de balsa de ida e volta — com espaço para 50 passageiros no total — a partir do dia 19 de julho, para transportar os visitantes para a ilha, e depois escoltá-los até os túmulos.
A ilha de 40 hectares tem recebido, sem cerimônias, indigentes, pobres, natimortos e outros corpos não identificados da cidade, que chegam de caminhão e balsa, entregues pelos necrotérios dos bairros. A prefeitura enterra até 1.500 corpos por ano, empilhados em caixões de pinho em longas valas.
Funcionários do Departamento de Correção mantiveram por muito tempo restrições rígidas sobre as informações de sepultamento e enfatizavam a necessidade de manter a ilha restrita por causa das condições perigosas,  de preocupações de segurança por causa dos presos que trabalham lá e da ausência de infra-estrutura.
O acordo entra em detalhes, listando os parentes que têm permissão para visitar os mortos, entre eles pais, irmãos, primos de segundo grau, guardiães legais e parceiros. O acordo especifica que os visitantes poderão deixar flores (sem vasos), pequenos bichos de pelúcia, bandeiras e cobertores como lembranças nos túmulos.
Dunn disse que três pessoas, de duas famílias, foram os principais autores do processo, e que nenhuma quis falar com a reportagem.
Ele disse acreditar que o acordo acabará fazendo com que as áreas de sepultamento sejam abertas ao público.
"As pessoas começarão a visitar túmulos este mês e mais pessoas vão querer visitar, e mais pessoas entenderão que é uma má ideia o Departamento de Correção administrar o cemitério", disse ele.
Na verdade, um projeto de lei pendente na Câmara Municipal transferiria a administração da ilha para o departamento de parques da prefeitura. Sua principal defensora, a vereadora Elizabeth S. Crowley, democrata do Queens, disse que uma audiência sobre o projeto será realizada no outono.
Tradutora: Eloise De Vylder
Contra falta de espaço, Japão aposta em cemitérios high-tech
Os japoneses estão procurando alternativas para o enterro de entes queridos, como o prédio Shinjuku Rurikoin Byakurengedo, um ossário de vários andares projetado por Kiyoshi Takeyama, que usa tecnologia avançada de automação, desenvolvida pela Toyota, para facilitar o armazenamento e o acesso aos restos mortais - Noriko Hayashi/BBC Brasil

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