sábado, 26 de dezembro de 2015

Rússia se une ao Talibã na guerra contra o Estado Islâmico
Inimigos históricos trocam informações de inteligência com vistas a deter o avanço dos terroristas do EI no Afeganistão
VEJA
Estado IslâmicoTerroristas Estado Islâmico: um inimigo comum(VEJA.com/Reprodução)
Diante do avanço dos terroristas do Estado Islâmico no Afeganistão, a Rússia decidiu aliar-se a um antigo inimigo, os fundamentalistas do Talibã, para trocar dados de serviços de inteligência. As informações são de reportagem da rede americana CNN. A porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do governo russo, Maria Zakharova, afirma que os contatos envolvem troca de informações que podem ajudar a combater um inimigo comum: o EI. O governo russo, porém, não planeja fornecer armas ao Talibã.
No fim da década de 1970, o Exército soviético, liderado por Moscou, invadiu o Afeganistão, dando início a uma guerra que só terminaria em 1989. Na ocasião, o Talibã lutou contra as tropas vermelhas, com apoio dos Estados Unidos. O conflito matou pelo menos 1 milhão de civis e obrigou mais de 4 milhões de afegãos a abandonarem o país.
Agora, o governo do presidente russo Vladimir Putin decidiu juntar-se ao inimigo de seu inimigo. Aliada ao governo do ditador sírio Bashar Assad, a Rússia combate os terroristas do Estado Islâmico na Síria - e, de quebra, também bombardeia os rebeldes que lutam contra Assad. Já os talibãs temem o avanço dos terroristas inimigos, que têm tomado território do grupo sobretudo no Afeganistão. Segundo informações do Exército americano, o EI conta com pelo menos 3.000 homens em solo afegão. O Talibã dominou o país árabe até 2001, quando foi deposto pelos Estados Unidos na esteira da guerra ao terror, mas nacos do Afeganistão são ainda reféns do regime.
Surgido como um braço da Al Qaeda, o EI é criticado até mesmo pelos terroristas do grupo em vista da brutalidade com que atua. Entre as atrocidades listadas em um relatório da ONU estão a crucificação e o enterro de crianças vivas. As que escapam da morte são vendidas em feiras, treinadas como soldados ou enviadas para a morte com explosivos presos ao corpo. Mulheres sírias e iraquianas são "casadas" a cada noite com um terrorista diferente, numa modalidade hipócrita de estupro coletivo. Os atos de selvageria incluem ainda queimar ou degolar reféns: tudo devidamente gravado e publicado na internet.
Outro fator de preocupação para Putin é a infiltração de terroristas do EI entre rebeldes da região do Cáucaso. A rebelião armada do Cáucaso russo é uma guerrilha islamita que nasceu das cinzas do movimento separatista checheno, vencido pelas forças russas. O grupo foi responsável pelos ataques terroristas ao metrô de Moscou em 2011, por exemplo.

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