quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Luz atuou de forma 'profissional, habitual e serial' em desvios, diz PF sobre alvo da Lava-Jato
Fase ‘Blackout’ desta quinta-feira mira operadores financeiros de desvios na Petrobras
 Policiais federais carregam malotes recolhidos na 38ª fase da Lava-Jato - Marcia Foletto / Agência O Globo 
A Polícia Federal detalha ao vivo a 38ª fase da Operação Lava-Jato, deflagrada na manhã desta quinta-feira no Rio. A incursão, denominada “Blackout”, mira operadores financeiros envolvidos em desvios na Petrobras. Foram expedidos 15 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão preventiva. Os principais alvos da PF nesta manhã, que inclusive inspiram o nome da nova fase, são Jorge Luz e Bruno Luz — pai e filho, respectivamente. Como não foram encontrados em casa, a polícia trabalha com a hipótese de estarem fora do país.
A nova fase da Lava-Jato apura o pagamento de US$ 40 milhões de propinas ao longo de dez anos, cujos beneficiários são políticos — entre eles, senadores — e diretores da Petrobras.
O delegado da PF Maurício Moscardi Grilo confirmou que os Jorge e Bruno Luz estão nos Estados Unidos. Um deles, desde agosto do ano passado; o outro, desde janeiro deste ano. Ambos já foram incluídos na lista da Interpol, de acordo com Grilo. O procurador Diogo Castor de Mattos ressaltou que os alvos da nova fase estavam na mira dos investigadores há muito tempo. Ele explicou, em coletiva de imprensa, que Luz pai e Luz filho atuavam de forma conjunta como lobistas, principalmente na área internacional da estatal petroleira.
— Eram grandes operadores do esquema. Mantinham conexões tanto com diretores corruptos da Petrobras quanto com agentes políticos. Atuavam principalmente com o PMDB, por vezes também na diretoria de abastecimento e de serviços [da estatal] — detalhou Mattos. — Faziam o meio de campo entre quem queria pagar a propina e quem queria receber o dinheiro ilícito. Isso, por intermédio de contas offshore no exterior, já identificadas na Suíça e nas Bahamas.
Segundo a PF, Jorge e Bruno Luz geriam empresas dentro do país que recebiam recursos de empreiteiras investigadas na Lava-Jato e eram próximos a outro operador já preso na operação, João Augusto Henriques.
— Há todo um acervo provatório de que essas pessoas estiveram envolvidas de forma profissional, habitual e serial em crimes com valores expressivos de milhões de dólares na Petrobras — ressaltou o procurador, que ainda frisou a necessidade dos pedidos de prisão preventiva diante da evasão de pai e filho aos Estados Unidos.
O procurador destacou que vai entrar em contato com as autoridades estrangeiras para garantir o retorno de pai e filho — "espontaneamente ou por processo de extradição". Bruno Luz também é cidadão português.
Segundo a PF, os dois vão responder por crimes de corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas e lavagem de dinheiro. A investigação mostrou que Jorge Luz promovia o esquema ao lado de políticos do PMDB, PT e PP. O operador criava oportunidades de negócios para companhias nacionais e multinacionais em troca de uma comissão a ser repartida com parlamentares. Inteligente e discreto, Luz aparecia pouco e registrava a maioria de seus bens em nome de filhos e irmãs.
LUZ DELATADO
O empresário Milton Schahin, um dos sócios do Grupo Schahim havia entregado em abril do ano passado ao juiz Sérgio Moro documentos que comprovariam o pagamento de cerca de US$ 2,5 milhões em propina por exigência de Jorge Luz, apontado como operador de propina do PMDB na Petrobras.
No início desta semana, Schahin assinou acordo de delação com o Ministério Público Federal, ainda não homologado pela Justiça. Milton afirmou em depoimento a Moro ter ouvido de Luz que o dinheiro seria destinado a Nestor Cerveró, Fernando Soares, o Baiano, Edson Musa e Luis Carlos Moreira.

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