segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Na origem da festa, desfilava o carrus navalis
O carnaval brasileiro deve muito à Família Real portuguesa. O povo adorava a monarquia e homenageava tanto os deuses pagãos, como rainhas e princesas
Deonísio da Silva - Blog do Augusto NunesDesfile da escola de samba Vai-Vai, no Sambódromo do Anhembi, em São Paulo (SP) - 26/02/2017
A Igreja pôs-se a organizar todas as festas pagãs, no século IV. O Carnaval foi uma das festas deslocadas. Realizado entre 17 e 23 de Dezembro, veio a ter lugar à entrada da quaresma, separado da festa do deus Solis Invictus, o Sol Invicto, que por sua vez foi substituída pelo Natal.
Os festejos eram realizados à entrada da quaresma e em algumas culturas, como na luso-brasileira, tiveram originalmente a variante de entrudo, do latim introitus, entrada. Isto é, entrada da quaresma.
No primeiro Carnaval autorizado pelo Papa, proliferaram as alegorias, as comparações, as corridas de corcundas e de anões, os atos de jogar farinha e ovos uns nos outros etc., que perduraram por séculos!
A sátira também teve seu lugar. Rainhas, princesas e outras autoridades eram representadas por célebres beldades, como as prostitutas mais conhecidas e devidamente disfarçadas no meio de mulheres virtuosas, sem excluir os bobos da corte, também misturados a outros bobos, tratados como reis nos desfiles.
O Brasil faz o maior carnaval do mundo, e o Carnaval do Rio de Janeiro é anunciado como o maior espetáculo da Terra. Vemos também algumas influências do carnaval italiano de Veneza, principalmente com os seus bailes de máscaras, que escondiam a identidade das pessoas, que assim podiam ser o que quisessem.
Não podemos esquecer que pessoa veio do latim persona e quer dizer justamente máscara.
O carnaval brasileiro deve muito à Família Real portuguesa que para cá veio em 1808. O povo adorava a monarquia e nos desfiles homenageava tanto os deuses pagãos, incluindo o rei Momo, como rainhas e princesas, misturando-os a divindades de diversas culturas.
A grande marca do carnaval é a inclusão social. Só fica de fora quem quiser. Todos estão convidados a festejar. Durante três dias (que no Brasil são cinco, pois as festas vão de sexta a Quarta-feira de Cinzas), o rico e o pobre, patrões e empregados, feios e bonitos, todos comportam-se como se fossem iguais.
Os meses que antecedem o Carnaval são de dieta para milhares de pessoas. Inverte-se o preceito: a abstinência precede o Carnaval! As lipos também.
Na Quarta-feira de Cinzas, volta a realidade, que somente será abolida no próximo Carnaval.

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