terça-feira, 25 de abril de 2017

'Rio não tem caixa para pagar servidores em setembro', diz Crivella
Segundo o prefeito, o município vive uma ‘crise imensa’ 
Renan Rodrigues - O Globo
A prefeitura do Rio vive uma “crise imensa”, de acordo com o próprio prefeito Marcelo Crivella. Segundo ele, não haverá caixa para o pagamento de salário em setembro na atual condição do município, conforme adiantou Berenice Seara, colunista do jornal Extra. Na manhã desta terça-feira, na Clínica da Família Faim Pedro, em Padre Miguel, Crivella disse que espera uma resposta do BNDES e da Caixa Econômica a respeito de dívidas municipais que vencem neste ano.
— A prefeitura está vivendo uma crise imensa, que nunca viveu nos últimos 30 anos. Em decorrência de uma administração temerária, de muitas obras e também de uma queda de arrecadação com a crise do estado. Todo mundo sabe que o Estado do Rio quebrou. Temos 350 mil desempregados só na cidade do Rio. Claro que eu preciso renegociar a dívida com o BNDES e com a Caixa Econômica.
Para o prefeito, o Rio não pode arcar, nesse momento, com o pagamento de empréstimos estimados em R$ 1 bilhão que foram feitos para obras da Olimpíada:
— Eu tenho que dar prioridade para o pagamento dos salários das pessoas, da saúde, da merenda das crianças na escola. Estou renegociando desde janeiro e espero ter uma resposta agora no mês de maio. Segundo o Tesouro (municipal), se consultarem hoje, vocês vão ver que para setembro não há mais caixa para pagar os salários. Tudo isso pode ser revertido, se renegociarmos as dívidas que vencem esse ano.
Entre as ações para aumentar a arrecadação, Crivella pretende aprovar uma lei, na Câmara dos Vereadores, reduzindo as isenções de IPTU no município.
— Acho que a prefeitura já terá superado essa crise no ano que vem. A receita deve voltar ao normal. Acredito que a Câmara, inclusive, vai votar a nossa lei para diminuir as isenções de IPTU. O Rio tem de 1,1 milhão a 1,8 milhão de casas, apartamento e lojas comerciais que não pagam.
Com déficit, o FunPrevi — fundo de previdência dos servidores da prefeitura do Rio — também passa por uma situação difícil. A previsão para este ano é que o pagamento das 66 mil aposentadorias e 13 mil pensões representem R$ 4,7 bilhões. A receita do fundo, no entanto, é de apenas R$ 2,1 bilhões — um déficit de R$ 2,6 bilhões, o que representa 10% da receita total do orçamento do município, segundo o presidente do Previ-Rio, Luiz Alfredo Salomão. Crivella voltou a atacar a antiga gestão do peemedebista Eduardo Paes e defendeu, também, a contribuição dos inativos, “se for necessário”.
— Estou esperando decisão do Congresso Nacional sobre a previdência. Acredito que deve ser votada esta semana, no máximo, na outra. Em seguida, vamos cuidar da previdência do Rio que está quebrada. É uma pena. É bom fazer essa denúncia. Havia bilhões que foram gastos nessa euforia, obras da Olimpíada, colocando em risco o pagamento. Se necessário for, teremos que fazer a contribuição dos inativos — disse o prefeito, detalhando a proposta: — mas é bom lembrar que não são todos os inativos. Cerca de 10% deles, que ganham acima de R$ 5.500, e a contribuição só incide no que ultrapassa. É assim que a gente pretende equilibrar (as contas) e não atrasar o pagamento dos aposentados.

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