quinta-feira, 18 de maio de 2017

Enfático, mas omisso
Pronunciamento de Michel Temer não explica e omite o principal
O presidente Michel Temer, em seu pronunciamento desta tarde, procurou preencher com o tom enfático a evidente lacuna naquilo que pretendia ser uma explicação a respeito do conteúdo da conversa gravada com Joesley Batista: a referência ao deputado Rodrigo Rocha Loures como intermediário com o qual o empresário poderia tratar “de tudo” em nome dele, o presidente da República. Temer não citou o personagem, assim como ignorou qualquer referência à frase “é preciso manter isso, viu?” dita a Joesley que acabar de lhe informar sobre o pagamento de quantias semanais a Eduardo Cunha e Lúcio Funaro (ambos presos) em troca do silêncio dos dois.
Temer acertou ao não atribuir a denúncia a perseguições políticas, mas errou ao qualificar a crise política como um “fantasma”, quando não há nada de etéreo na conturbação que se seguiu à divulgação da notícia por Lauro Jardim, de O Globo. Sim, o presidente não solicitou o pagamento da mesada, mas não é disso que se trata no caso e sim do aval ao procedimento e a orientação para que fosse mantido. Quanto à ênfase na negativa sobre renúncia, tem validade restrita: depende dos acontecimentos seguintes à divulgação da íntegra das gravações feitas por Joesley Batista sob a orientação da Polícia Federal.

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