Aprovar a reforma trabalhista é essencial
O Globo
Há uma rara conjugação de problemas, nos planos econômico, político e
jurídico, algo como uma tempestade perfeita, e a sociedade e seus
representantes não têm alternativa a não ser enfrentá-los e vencê-los. O
aspecto positivo é que tudo está em movimento. Não existe impasse
insuperável: o futuro do governo Temer está em jogo no TSE, que,
espera-se, casse a chapa Dilma-Temer; o Supremo apara arestas na questão
do foro para fazer tramitar da melhor maneira possível o grande volume
de processos contra políticos abertos nos desdobramentos da Lava-Jato e
outras operações — decisivo no enfrentamento da corrupção sistêmica e
pluripartidária —; e, no Congresso, a base do governo procura se
articular para dar continuidade às reformas. Assim é que deve ser,
independentemente do destino do governo.
Por isso, a votação prevista para amanhã, na Comissão de Assuntos
Econômicos do Senado (CAE), do projeto da reforma trabalhista já
aprovado na Câmara tem especial importância. Pois firmará a correta
postura do Legislativo de avançar com a pauta de mudanças
imprescindíveis para que os sinais de recuperação emitidos pelo PIB do
primeiro trimestre se consolidem e apontem para a retomada do
crescimento sustentado, característica que a economia brasileira perdeu a
partir de 2009, com o intervencionismo lulopetista.
Na conhecida tática do “quanto pior, melhor”, a oposição tumultuou a
última sessão da CAE, para impedir que fosse lido o projeto, porque sabe
que a aprovação desta reforma — factível, por não exigir maioria
qualificada, mas simples — abre espaço para a retomada da tramitação da
reforma estratégica da Previdência e melhora as expectativas dos agentes
econômicos e da sociedade com relação ao país. O que prejudica quem
aposta no aprofundamento da crise para facilitar seu projeto de poder.
Mesmo à custa de mais desemprego e pobreza.
Antes de ir ao plenário, o projeto ainda terá de passar pelas
comissões de Constituição e Justiça e de Assuntos Sociais, mas sua
aprovação amanhã pela CAE ajudará a romper a paralisia que o agravamento
da situação de Temer provocou. Assim, protege-se a economia e a
população do destino de um presidente impopular que luta apenas para se
proteger de investigações já permitidas pelo Supremo.
O núcleo da reforma — a permissão para que acordos entre empregador e
empregados, com o aval dos sindicatos, se sobreponham à parte da
arcaica CLT — será grande ajuda para acelerar a reversão do brutal
desemprego de 14 milhões de pessoas, à medida que as engrenagens da
economia forem ganhando velocidade.
As positivas implicações políticas e econômicas desta votação de amanhã justificam todo empenho da bancada da situação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário