Fies sustentável
FSP
A exemplo de outros programas tornados vitrines da gestão de Dilma
Rousseff (PT), o Fies (Fundo de Financiamento Estudantil) cresceu de
forma voluntarista e desordenada. A busca por maximizar cifras e impacto
eleitoral muitas vezes deixou em segundo plano a qualidade dos
resultados e a sustentação orçamentária.
Criado no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o Fies teve sua
expansão acelerada a partir de 2010, quando foram facilitadas as
condições de acesso. Naquele ano, 16 mil alunos de ensino superior
ingressaram no programa. Em 2014, o número saltou para 732 mil. Depois
houve retrocesso, com queda para 192 mil em 2016.
Mesmo com a retração, os contratos ativos continuam a acarretar um custo
elevado —no ano passado o governo desembolsou R$ 32 bilhões em
mensalidades e subsídios.
Não surpreende, portanto, que os critérios precisem ser revistos em face
do atual cenário de crise orçamentária. Mudanças são necessárias também
para melhorar os incentivos do sistema.
Os primeiros passos foram dados ainda com Dilma, em 2015, com a
exigência de nota mínima dos alunos no Enem para obtenção do empréstimo,
além de padrão de qualidade, medido pelo Ministério da Educação, das
instituições de ensino conveniadas.
Agora, o governo Michel Temer (PMDB) procura elevar a clientela do programa a 300 mil alunos em 2018, mas com redução dos subsídios oficiais e da inadimplência, que chega 46%.
Pelo sistema atual, o estudante começa a pagar o empréstimo 18 meses
após o término do curso. As novas regras estipulam um desconto
automático de no mínimo 10% nos salários dos recém-formados, sem prazo
de carência. O mecanismo se assemelha ao do crédito consignado, que tem
inadimplência baixa e juros menores.
Visando preservar o acesso de pessoas de menor poder aquisitivo, o
governo prevê uma modalidade de financiamento específica, sem juros (só
correção monetária), para alunos cuja renda familiar per capita seja de
até três salários mínimos. Para os demais grupos, os juros serão
variáveis.
As faculdades privadas também terão que aumentar aportes com recursos
próprios, uma forma de compartilhar o risco do empréstimo, hoje
concentrado na União.
É meritório, claro, incentivar a inclusão no ensino superior, mas a
queda geral de receitas impõe maior controle sobre os gastos públicos.
Garantir o retorno dos valores investidos é a melhor forma de assegurar a
perenidade do Fies.
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