Líder de caminhoneiros ataca governo e descarta proposta
Para Ivar Schmidt, que
utiliza o Whatsapp para conversar com colegas grevistas e abomina os
sindicatos, o que Executivo propôs é um absurdo
Gabriel Castro - VEJA
O caminhoneiro Ivar Schmidt é o principal porta-voz do Comando
Nacional do Transporte, uma entidade sem personalidade jurídica que tem
causado dor de cabeça tanto ao governo quanto aos sindicatos que
deveriam representar a categoria. Líder do movimento que paralisa
estradas em todo o país, ele conversou com a reportagem do site VEJA na
noite desta quarta-feira. Minutos antes, Ivar havia deixado uma reunião
infrutífera com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel
Rossetto, que tomou a frente das negociações sobre o tema.
A audiência só ocorreu por insistência de Ivar. Durante o dia,
Rossetto priorizara o diálogo com os sindicatos de caminhoneiros –
embora a paralisação tenha sido articulada sem a participação de
entidades de classe. O diálogo entre os representantes regionais do
movimento se dá por meio das redes sociais e principalmente pelo
aplicativo de celular Whatsapp, que permite a troca instantânea
de mensagens. Foi por meio do programa que, na noite desta quarta-feira,
Ivar orientou os colegas a manterem o bloqueio. Confira a entrevista:
Como foi a reunião com o ministro Miguel Rossetto?
Desde ontem o pessoal do governo tenta me desqualificar como
representante do movimento. Hoje a gente participou da reunião, o
governo expôs alguns absurdos e no meio dessa reunião tentaram me
desqualificar novamente. Eu me retirei da reunião, porque a gente não
concorda com aquilo que foi exposto. Aí me levaram para outra sala,
falamos com o Robinson Almeida, do gabinete do ministro, e ele expôs as
mesmas ideias.
Ele disse que não reconhecia a sua liderança?
Isso.
O que o senhor achou da proposta do governo?
Isso é um absurdo. Nós estamos com lucro zero, aí o governo nos propõe
de ficar tendo lucro zero mais seis meses. Eu acho que eles não regulam
certo da cabeça. Devem estar com problema. Infelizmente não teve acordo,
nós não aceitamos a proposta.
Quantos são os pontos de bloqueio hoje?
São 128 pontos de bloqueio, em nove estados.
O senhor tem influência sobre quantos desses pontos?
Cerca de cem. Eu acho que hoje deve ter aumentado, porque a gente criou
um grupo de Whatsapp para todos os líderes e eles foram adicionando
outros colegas.
Esse episódio mostra que os sindicatos perderam o poder de representatividade?
Com certeza. O nosso movimento abomina sindicato, associação, federação,
confederação. E esses segmentos tentaram nos representar nas últimas
décadas e nunca resolveram nosso problemas. Então, a gente está aqui.
Vou ficar em Brasília até resolver isso.
Há alguma reunião marcada para esta quinta-feira?
O secretário do ministro ficou de nos telefonar para marcar uma reunião.
Qual foi o recado que o senhor passou aos colegas pelo Whatsapp depois do encontro com o ministro?
O recado é claríssimo: o movimento continua.
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