quinta-feira, 2 de abril de 2015

Construtora corta vagas, e obra olímpica pode parar
Queiroz Galvão atribui demissões a atraso em pagamentos desde 2014
Complexo Esportivo de Deodoro precisaria ficar pronto até dezembro; Prefeitura do Rio não comenta problema
RENATA AGOSTINI/LUCAS VETTORAZZO - FSP
A Queiroz Galvão ameaça paralisar as obras do Complexo Esportivo de Deodoro, na zona oeste do Rio, um dos principais centros de competição da Olimpíada.
A empresa, responsável pelas obras com a construtura OAS, demitiu 70 funcionários nesta quarta (1º) e colocou outros 500 operários em aviso prévio, segundo apurou a Folha. O canteiro reúne 1.000 traalhadores no total.
Os demais funcionários podem ser demitidos já na semana que vem. Eles possuem contrato de experiência e não necessitam de aviso prévio.
A empresa atribui as dispensas a atrasos nos pagamentos devidos pela Prefeitura do Rio. As obras começaram em agosto de 2014, mas o primeiro pagamento foi feito em janeiro deste ano, segundo a Queiroz Galvão.
Foram cerca de R$ 60 milhões, referentes aos trabalhos executados até novembro. Desde então, não foram feitos novos pagamentos.
A Prefeitura do Rio afirmou que não foi informada sobre as demissões e não quis se pronunciar sobre os atrasos.
O contrato total é de R$ 650 milhões e prevê remuneração mensal. A situação é preocupante diante do prazo apertado para o início dos Jogos Olímpicos, que serão realizados em agosto de 2016.
O Comitê da Rio-2016 afirmou desconhecer problemas na obra e acreditar que ela ficará pronta no prazo previsto para que os equipamentos sejam testados. O prazo é dezembro deste ano.
As obras do Complexo Esportivo de Deodoro já começaram atrasadas e eram um dos pontos de maior preocupação do COI (Comitê Olímpico Internacional). Inicialmente, a construção ficaria a cargo da União, mas o governo federal repassou a verba do projeto para a Prefeitura do Rio, que ficou encarregada de licitar e fiscalizar a construção das arenas.
VLT AMEAÇADO
As obras do VLT (veículo leve sobre trilhos) entre Santos e São Vicente, lideradas pela construtora em consórcio com a Trail Infraestrutura, também estão ameaçadas.
A Queiroz Galvão colocou 450 dos 800 funcionários em aviso prévio, também aludindo ao atraso nos pagamentos.
O contrato, de cerca de R$ 300 milhões, foi firmado em 2013. Desde outubro do ano passado, porém, não houve pagamentos e já há cerca de R$ 30 milhões atrasados.
A EMTU, responsável pela licitação das obras do VLT, admitiu os atrasos e afirmou que eles devem ser realizados "ainda na primeira quinzena de abril".
A Queiroz Galvão e a OAS são investigadas pela Lava Jato. A OAS teve seu pedido de recuperação judicial aceito (leia ao lado). A Queiroz Galvão, que toca cerca de 30 obras e emprega 22 mil funcionários, não corre o risco de ficar insolvente no momento, mas os atrasos nos pagamentos de preocupam o grupo. 

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