Reinaldo Azevedo - VEJA
Que nós vamos pagar, isso é certo. A questão é saber o que veremos. Edinho Silva, novo ministro da Secom (Secretaria de Comunicação Social) concede entrevista à Folha desta quinta. E promete, ora vejam!, que o governo e a estatais vão parar de financiar os blogs sujos, que arrastam o governo Dilma para o debate no esgoto.
Ah, é claro que ele não falou desse modo. Indagado sobre a incongruência que existem entre audiência e distribuição de verba oficial, respondeu:
“Sou um ministro que teve uma história de vida vinculada ao PT, mas assumo a Secom para fazer a gestão dos recursos públicos pautado pelos interesses públicos. Pedi um levantamento da composição dos critérios da mídia técnica e, se há distorções, que a gente possa atualizar.”
“Sou um ministro que teve uma história de vida vinculada ao PT, mas assumo a Secom para fazer a gestão dos recursos públicos pautado pelos interesses públicos. Pedi um levantamento da composição dos critérios da mídia técnica e, se há distorções, que a gente possa atualizar.”
Gostei do “mas” de Edinho Silva. Ele reconhece que existe uma relação adversativa entre ter uma história de vida vinculada ao PT e empregar recursos públicos “pautado pelo interesse do público”.
É bem verdade que o ministro afirmou também o seguinte:
“Os critérios estabelecidos são técnicos e vou segui-los. Mas quero racionalizar a execução orçamentária [a verba é de cerca de R$ 200 milhões ao ano] para ampliar ao máximo a extensão de nossas campanhas. Quanto mais você conseguir que recursos cheguem a vários veículos, a comunicação se torna mais eficiente.”
“Os critérios estabelecidos são técnicos e vou segui-los. Mas quero racionalizar a execução orçamentária [a verba é de cerca de R$ 200 milhões ao ano] para ampliar ao máximo a extensão de nossas campanhas. Quanto mais você conseguir que recursos cheguem a vários veículos, a comunicação se torna mais eficiente.”
Depende! Chegar a vários veículos segundo qual critério, senhor ministro? TVs sem espectadores, jornais e revistas sem leitores e blogs e sites sem internautas serão ou não contemplados? Mas não é só isso: como se trata de dinheiro do estado brasileiro, é preciso atentar também para a qualidade dos veículos que estão recebendo a verba. Eles devem servir ao público ou devem se comportar como guerrilheiros da luta partidária?
O governo vai continuar a financiar pistoleiros da Internet, como admite aquele documento da Secom? Lá está escrito que a máquina oficial fornece “munição” para ser “disparada” por “soldados de fora”. A Secom e o governo continuarão a recorrer a mercenários?
Indagado se os panelaços intimidam a presidente, o ministro respondeu:
“Nada intimida a presidente da República. Quem já passou por tudo o que ela passou… não é uma crise conjuntural que vai intimidá-la. Ela já colocou sua integridade física a serviço desse projeto, não é panelaço que vai fazer a presidente Dilma se intimidar.”
“Nada intimida a presidente da República. Quem já passou por tudo o que ela passou… não é uma crise conjuntural que vai intimidá-la. Ela já colocou sua integridade física a serviço desse projeto, não é panelaço que vai fazer a presidente Dilma se intimidar.”
Bem, eu também acho que presidentes não podem se deixar intimidar. Têm de dar respostas políticas, no ambiente democrático. Mas não posso me furtar a fazer uma correção. Dilma, no passado a que ele se refere, não lutava por democracia, mas por uma ditadura comunista. Faço o reparo a bem da narrativa histórica. Afinal, trata-se de um ministro da Comunicação Social. E há coisas que não comportam versão alternativa.
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