sábado, 31 de maio de 2008

Eugenio Montale "Portami il girasole ch'io lo trapianti nel mio terreno bruciato dal salino, e mostri tutto il giorno agli azzurri specchianti del cielo l'ansietà del vuolo giallino. Tendono alla chiarità le cose oscure, si esauriscono i corpi in fluire di tinte: queste in musiche. Svanire è dunque la ventura delle venture. Portami tu la pianta che conduce dove sorgono bionde trasparenze e vapora la vita qualle essenza; portami il girasole impazzito di luce."
As frases abaixo transcritas são de William Blake (1757/1827). São chamadas de Provérbios do Inferno. Bom proveito!
"A Prudência é uma solteirona rica e feia, cortejada pela Impotência."
"A verdade nunca pode ser dita de modo a ser compreendida sem ser acreditada."
"Se os outros não fossem tolos, nós teríamos que ser."
"O orgulho do pavão é a glória de Deus." "A fúria do leão é a sabedoria de Deus." "A nudez da mulher é a obra de Deus."
"Nenhum pássaro se eleva muito, se se eleva com as próprias asas."
"Quem deseja, mas não age, gera a pestilência."
"A estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria."
"No tempo da semeadura, aprende; na colheita, ensina; no inverno, desfruta."
Psicologia da Composição João Cabral de Melo Neto "Saio de meu poema como quem lava as mãos. Algumas conchas tornaram-se, que o sol da atenção cristalizou; alguma palavra que desabrochei, como a um pássaro. Talvez alguma concha dessas (ou pássaro) lembre, côncava, o corpo do gesto extinto que o ar já preencheu; talvez, como a camisa vazia, que despi."
"Esta folha branca me proscreve o sonho, me incita ao verso nítido e preciso. Eu me refugio nesta praia pura onde nada existe em que a noite pouse. Como não há noite cessa toda fonte; como não há fonte cessa toda fuga; como não há fuga nada lembra o fluir de meu tempo, ao vento que nele sopra o tempo."
"Neste papel pode teu sal virar cinza; pode o limão virar pedra; o sol da pele, o trigo do corpo virar cinza (Teme, por isso, a jovem manhã sobre as flores da véspera.) Neste papel logo fenecem as roxas, mornas flores morais; todas as fluidas flores da pressa; todas úmidas flores do sonho. (Espera, por isso, que a jovem manha te venha revelar as flores da véspera.)"
"O poema, com seus cavalos, quer explodir teu tempo claro; romper seu branco fio, seu cimento mudo e fresco. (O descuido ficara aberto de par em par; um sonho passou, deixando fiapos, logo árvores instantâneas coagulando a preguiça.)"
"Vivo com certas palavras, abelhas domésticas. Do dia aberto (branco como o guarda-sol) esses lúcidos fusos retiram o fio do mel (do dia que abriu também como flor) que na noite (poço onde vai tombar a aérea flor) persistirá: louro sabor, e ácido contra o açúcar do podre."
"Não a forma encontrada como uma concha, perdida nos frouxos areais como cabelos; não a forma obtida em lance santo ou raro, tiro nas lebres de vidro do invisível; mas a forma atingida como a ponta do novelo que a atenção, lenta, desenrola, aranha; como o mais extremo desse fio frágil, que se rompe ao peso, sempre, das mãos enormes."
"É mineral o papel onde escrever o verso; o verso que é possível não fazer. São minerais as flores e as plantas, as frutas, os bichos quando em estado de palavra. É mineral a linha do horizonte, nossos nomes, essas coisas feitas de palavras. É mineral, por fim, qualquer livro: que é mineral a palavra escrita, a fria natureza da palavra escrita."
"Cultivar o deserto como um pomar às avessas. (A árvore destila a terra, gota a gota; a terra completa cai, fruto! Enquanto na ordem de outro pomar a atenção destila palavras maduras.) Cultivar o deserto como um pomar às avessas: então, nada mais destila; evapora; onde foi maçã resta uma fome; onde foi palavra (potros ou touros contidos) resta a severa forma do vazio." João Cabral de Melo Neto

sexta-feira, 30 de maio de 2008

"Novíssimo orfeu Vou onde a poesia me chama. O amor é minha biografia, texto de argila e fogo. Aves contemporâneas largam do meu peito levando recado aos homens. O mundo alegórico se esvai, fica esta substância de luta de onde se desarcortina a eternidade. A estrela azul familiar Vira as costas, foi-se embora! A poesia sopra onde quer." Murilo Mendes
À eterna menina do pequeno país distante, "Flor do Mar És da origem do mar, vens do secreto, do estranho mar espumaroso e frio que põe rede de sonhos ao navio e o deixa balouçar, na vaga, inquieto. Possuis do mar o deslumbrante afeto, as dormências nervosas e o sombrio e torvo aspecto aterrador, bravio das ondas no atro e proceloso aspecto. Num fundo ideal de púrpuras e rosas surges das águas mucilaginosas como a lua entre a névoa dos espaços... Trazes na carne o eflorescer das vinhas, auroras, virgens músicas marinhas, acres aromas de algas e sargaços." Cruz e Sousa
"TULIPA REAL
Carne opulenta, majestosa, fina,
dos sol gerado nos febris carinhos, há músicas, há cânticos, há vinhos na tua estranha boca sulferina. A forma delicada e alabastrina do teu corpo de límpidos arminhos tem a frescura virginal dos linhos e da neve polar e cristalina. Deslumbramento de luxúria e gozo, vem dessa carne o travo aciduloso de um fruto aberto aos tropicais mormaços. Te coração lembra a orgia dos triclínios... E os reis dormem bizarros e sanguíneos na seda branca e pulcra dos teus braços." Cruz e Sousa
"E éramos vivos como os mármores de entalhe incrustações da pele lisa na luz rasa, e, confundidos em ao outro, como a asa a um céu vazio, povoávamos um vale petrificados de explendores. Ao tocar-lhe a estatuária magnífica, de brasa e bronze vivo, eu penetrava numa casa abandonada... É necessário que a alma fale a língua morta dos heróis de Queronéia, para tentar dizer, talvez nesse dialeto de dois corpos tomados `a perfeição da Idéia, aquele mundo estranho: eterno, longe, ereto. De estatuária tumultuada, mas alheia. Cheia de sol, mas como a rosa-do-deserto." Bruno Tolentino
"É então que aquele pária das próprias ilusões, o encarcerado que ninguém visita, gruda-se às grades como a parasita ao fim das estações e, a sós com os nevoeiros, se limita a desfolhar visões. Não tendo a quem contar que necessita, Senhor, do que pões fora de mão segundo a Tua escrita e amarga disciplina, aos encontrões contra si mesmo desenlaça a fita mais puída da névoa e espalha as confissões. Pobre infeliz! Nunca tem mais que a bruma e, aflita, só entre assombrações sua alma pavoneia-se, torna-se gralha, imita os gritos do pavão ciscando entre os pinhões. Se um som assim te irrita, leitor, fecha este livro e vai ouvir canções..." Bruno Tolentino
"Talvez o olhar perceba uns borbulhos de pérola emergindo do abismo à hora em que o luar macula-se nas dunas vendo o vento enfiar as rosas que importuna nos fios que enovela, mas o silêncio fia o manto: cada estrela é uma ampola partida e pousada no ar entre as ondas de um mar que não cabe na tela e algum pincel febril obstina-se a pintar." Bruno Tolentino
"Nós estamos mais próximos do homem do que a sua veia jugular." Al Corão (L., 16)
"Nosso Senhor Jesus disse: "Não me foi impossível ressuscitar os mortos, mas me foi impossível curar os néscios."" hadith
"Deus não criou nada melhor, nem mais perfeito, nem mais belo do que a inteligência, e Sua ira cai sobre aquele que a despreza." hadith

segunda-feira, 26 de maio de 2008

F. Nietzsche foi um filósofo alemão que viveu no século XIX. Incompreendido na sua época, ainda hoje causa polêmica pelos seus aforismos.
Segue aqui, um deles:
"Novas lutas - Depois que Buda morreu, sua sombra ainda foi mostrada numa caverna durante séculos - uma sombra imensa e terrível. Deus está morto; mas, tal como são os homens, durante séculos ainda haverá cavernas em que sua sombra será mostrada. - Quanto a nós - nós teremos que vencer também a sua sombra!"
Gaia Ciência, Aforismo número 108.

domingo, 25 de maio de 2008

À partida de Jefferson Peres, que foi o mais justo entre aqueles que podiam pela justiça, mas se fartaram com a miséria e a dor de um povo tão sofrido, resta-me escrever:
"Quando céu se fender
uma Realidade única tomará forma.
Quem dela participar, por ela brilhará.
Quando o fogo do Inferno for aceso
sua fornalha voraz devorará tudo.
E quando o Jardim for aproximado
lá entrará uma multidão de homens, cujos
sepulcros foram revirados,
A esse grupo dirás o que desejas.
Então verás minha alma saber o que fez
e o que deixou de fazer."
E não te arrependerás.

sábado, 24 de maio de 2008

Diário da Taba T. S. Eliot deve ter conhecido Jeca's Land, só pode ser! "Esta é a terra morta Esta é a terra do cacto Aqui as imagens de pedra Estão eretas, aqui recebem elas A súplica da mão de um morto Sob um lampejo de uma estrela agonizante. E nisto consiste O outro reino da morte: Despertando sozinhos Á hora em que estamos Trêmulos de ternura Os lábios que beijariam Rezam a pedras quebradas. Os olhos não estão aqui Aqui os olhos não brilham Neste vale de estrelas tíbias Neste vale desvalido Esta mandíbula em ruínas de nossos reinos perdidos Neste último sítio de encontros Juntos tateamos Todos à fala esquivos Reunidos na praia do túrgido rio Sem nada ver, a não ser Que os olhos reapareçam Como a estrela perpétua Rosa multifoliada Do reino em sombras da morte A única esperança De homens vazios."
"Vejo vir os gestos, as cortesias, as ações do confim dos séculos. Isto é nada - é vulgar e cotidiano. É apenas uma aparência.
Reparo melhor na vida secreta e na vida subterrânea. Compreendo como é difícil todos os dias e todas as horas, como através de tudo é forçoso seguir um fio invisível - e ser reles e sorrir. Gasta-me uma força superior, e com todas as chagas e todos os vícios, com a vida mesquinha e a vida cotidiana, o nada, o fel e o vinagre, tenho de arcar com uma coisa imensa de que separa apenas um tabique. Tudo o que faço é um arremedo.
Todos suportam o drama de todos os dias, o cinzento de todos os dias, as aflições e a usura que tornam as figuras ridículas. Todos suportam os tratos que envelhecem e preparam para a cova, os pequenos interesses, a inveja, a ambição e a dor física.
Atrás da insignificância andam os céus, os mundos, os vagalhões dourados. Anda o desespero. Anda o instinto feroz. Atrás disto andam as enxurradas de sóis e pedras, e os mortos mais vivos do que quando estavam vivos.
Atrás das palavras com que te iludes, de que te sustentas, das palavras mágicas, sinto uma coisa descabelada e frenética, o espanto, a mixórdia, a dor, as forças monstruosas e cegas.
Em certas ocasiões, se as palavras e a insignificância desaparecessem da vida, só ficaria de pé o espanto.
Para não ver, para não ouvir, é que nos curvamos sobre a mesa de jogo. Para não te ouvires a ti mesmo, para não veres o que te gasta a todos os minutos e a todas as horas, usura imensa que não sentes e que te vai levar para o escantilhão sôfrego, que te vai mergulhar no silêncio profundo. Usura de todos os instantes. Gasta-nos, desgasta-nos. E todos os dias acordamos mais velhos, todos os dias acordamos mais inúteis. Todos os dias acordamos com mais fel. E todos os dias com mesuras, sem gritos de terror, nos curvamos sobre esta mesa de jogo, não vendo, fingindo que não existe, o espanto que está ao nosso lado, e o espanto pior que trazemos conosco. Chama-se a isto o cotidiano. Isto não tem importância nenhuma. Com isto enchemos a vida até chegar a morte.
Esta mesa de jogo é a nossa existência vulgar, a vida de todos os dias, com o galope da outra vida ao lado.
Estamos aqui todos à espera da morte! Estamos aqui todos à espera da morte!"
Húmus - obra prima de Raul Brandão.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

"Duas estradas num bosque amarelo divergiam: Triste por não poder seguir as duas Sendo um só viajante, muito tempo parei Olhando uma delas, até onde podia alcançar, Pois, atrás das moitas, ela dobrava. Então tomei a outra que me pareceu de igual beleza, Uma vantagem talvez oferecendo Por ser cheia de grama, querendo ser pisada; Embora neste ponto o estado fosse o mesmo E uma, como a outra, tivesse sido usada. E naquela manhã todas duas tinham Folhas ainda não escurecidas pelos passos Ora! Guardei a primeira para um outro dia! Mas sabendo como uma estrada leva a outra, Duvidei poder um dia voltar! Contarei esta estória suspirando, Daqui a séculos e séculos em algum outro lugar: Duas estradas, num bosque, divergiam; e eu Tomei a que era menos freqüentada; E foi isso a razão de toda a diferença!" Robert Frost
"Olharei tua sombra se não quiseres que te olhe a ti, disse-lhe, e ele respondeu, Quero estar onde a minha sombra estiver, se lá é que estiverem os teus olhos." Saramago
"Se exigirmos do homem o que ele deve ser, faremos dele o que ele pode ser. Se, pelo contrário, o aceitarmos como é, então acabaremos por torná-lo pior do que é." Goethe
"Lá onde está não precisamos do muro: Do seu lado é tudo pinheiro. Do meu, pomar de maçã. Minhas macieiras nunca passarão o muro Para comer as pinhas dos pinheiros, digo-lhe eu. Ele apenas responde, "Boas cercas fazem bons vizinhos." A primavera torna-me implicante, e lhe pergunto Se poderia brincar com ele um pouco: "Porquê fazem bons vizinhos, Não é só Onde há vacas. Mas aqui não há vacas. Antes de construir um muro queria saber Contra quem ou contra o que eu o construo, E a quem com isso eu iria ofender. Há alguma coisa que não gosta de muro, Quer vê-lo por terra. "Podia dizer-lher "Duendes", Mas não são mesmo os duendes. Gostaria Que ele mesmo o dissesse. Eu o vejo lá Trazendo firmemente segura uma pedra Em cada mão, armado como um selvagem das cavernas. Ele vai, parece-me, andando nas trevas Que não são todas de bosques, nem de sombras E não seguirá o que seu pai dizia E muito contente por ter pensado nisso Repete "Boas cercas fazem bons vizinhos." Robert Frost

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Ian Kevin Curtis (1956/1980)

Ian Curtis viveu entre os pobres mortais durante muito pouco tempo: 24 anos. Mas foi tempo suficiente para gerar dois álbuns seminais para a história do rock: Unknown Pleasures (1979) e Closer (1980), além de alguns singles geniais (Love will tear us apart, por exemplo).

Não suportou a mediocridade das pessoas que o cercavam, e cometeu suicídio. Uma pena.

Influenciou muita gente com a sua poesia impregnada de sombras, tristeza e desespero. Conheci o som do Joy Division (essa era a banda dele) através de uma amiga que era apaixonada pelo gótico (e aquele que nunca foi em momento algum da vida, que atire a primeira pedra).

Eu tinha 20 anos e o gótico causava uma mistura de atração e repulsa.

Li em algum lugar que um filme que conta sobre a sua vida iria entrar (ou já entrou) em cartaz aqui, no Brasil

Vou comprar o DVD.

Da lavra dele temos coisas assim:

"Quando a rotina magoa muito,
e as ambições se apagam
e o ressentimento voa alto,
e as emoções não vão aumentar,
e mudamos o nosso rumo, tomando caminhos diferentes.

Então o amor vai nos separar novamente.

Tu gritas no teu sono,

Todos os meus erros expostos.
E há um gosto na minha boca,
quando o desespero se apodera.
Pois alguma coisa tão boa já não consegue funcionar."

terça-feira, 20 de maio de 2008

Diário da Taba
Destino de doente é ler jornal velho.
Imóvel, olho ao redor do meu quarto e a única coisa que posso ler e não é uma bula de remédio é o jornal de domingo.
Foi esquecido num canto por alguma visita mais desatenta.
Na página A-9, encontro uma notícia sobre o "desgoverno" na Taba.
Remédios caros com as datas de validades vencidas e muito, muito dinheiro desperdiçado.
Com tantos caciques rondando a oca alheia, talvez, um deles se interesse pelo assunto, já que as eleições estão próximas e eu espero não ter que importar um outro cacique.
Este novo escâncalo (a cada 15 minutos esquecemos o escândalo antigo) não pode ficar impune!
Lembrem-se da pessoas que faleceram sem remédios nesse país!
Pressinto que este escândalo vai parar na vala comum, junto com aqueles que lá já estão (empréstimos, bancos, AEA, DAEA) e até, quem sabe, este jornal amarelado de domingo.

Frank Zappa

Com dores atrozes na coluna, aproveito o estaleiro forçado para escrever alguma coisa sobre Franka Zappa. Numa cama cheia de apetrechos, com o laptop posicionado sobre a barriga, tento achar o controle remoto do cd player. Não sei porque, mas todas as vezes que isso acontece, estou deitado sobre ele.No carrossel, a vez é de Sheik Yerbouti, última faixa, chamada Yo'Mama, com seus 12:36 minutos de pura (ins)piração.

Meu colega Munir diz que o solo de guitarra nessa música parece um combate de naves espaciais... É, ele é muito imaginativo, mas o que seríamos de nós, vivendo nesse cinza sufocante, se não fossem as cores pintadas por amigos como o Munir.

Frank Zappa nasceu em Baltimore, EUA, e faleceu de câncer de próstata, aos 53 anos, mais precisamente, em 04 de dezembro de 1993.

Um dos maiores guitarristas do rock, aventurou-se pela música dodecafônica e criou algumas obras de difícil acesso. Mas quando queria estraçalhar as seis cordas, o fazia como ninguém.

Um dos seus pupilos mais ilustres é Steve Vai.

As suas obras mais legais são:

Hot Rats (1969); Over-Nite Sensation (1973); Apostrophe' (1974); Roxy & Elsewhere (1974); One Size Fits All (1975); Zoot Allures (1976); Sheik Yerbouti (1979); Joe's Garage (1979). Duas obras (cinco cd's) com solos destruidores são: Shut Up'n Play Yer Guitar (box com 3 cd's) e Guitar, um cd duplo. Se você conseguir solar sua guitarra, com pelo menos 10% da técnica de Frank Zappa, considere-se um gênio.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Diário da Taba
Outro acidente na Avenida Brasília causado por mais um "racha".
A impunidade continua a mesma. Os inocentes vão pagando caro pelo desprezo à vida humana demonstrado em várias outras ocasiões por alguns desajustados mentais, que dominam o ambiente aproveitando a inoperância da administração pública.
Faltam radares fixos, e os que existem dão a nítida impressão que não funcionam (será que funcionam?). Radares móveis só são instalados no horário de trabalho dos cidadãos comuns, que não têm tempo para tirar racha depois que enchem a cara nos bares da Jeca's Land.
O que será necessário acontecer para que haja uma mudança por parte dessa administração municipal? Um acidente envolvendo algum filho de alguém ligado a um cargo importante dessa máquina para lá de inchada com cargos de confiança sem função aparente?
Quem (sobre)viver, verá.

domingo, 11 de maio de 2008

"Acorda, Luís Maurício. Vou te mostrar o mundo, se é que não preferes vê-lo de teu reino profundo. Sucede que já chegou a primavera, menino, e o muro já não existe. Admito que amo nos vegetais a carga de silêncio, Luís Maurício. Mas há que tentar o diálogo quando a solidão é vício. Aprenderás muitas leis, Luís Maurício. Mas se as esqueceres depressa, outras mais altas descobrirás, e é então que a vida começa..."
Carlos Drummond de Andrade
Ah! Andrea, já as descobri e não sabes o quão elas são duras! Como tenho saudades tuas!

sábado, 10 de maio de 2008

Bertrand Russell (1872/1970) foi um grande intelectual britânico que escreveu sobre diversos assuntos (filosofia matemática, religião, economia, política, literatura, etc...)
Um texto que ele escreveu sobre educação joga algumas luzes sobre o papel do professor.
"AS FUNÇÕES DE UM PROFESSOR
(...) a função do professor não é meramente a de mitigar o ardor das controvérsias em curso na sua época.
Mais do que ninguém, os professores são os guardiões da civilização. Devem estar conscientes de que esta é e empenhados em comunicar aos seus alunos uma atitude civilizada de respeito para com ela (...)
Na maior parte dos países, há determinadas opiniões que são consideradas corretas e outras perigosas. Aos professores cujas opiniões são consideradas perigosas, é exigido silêncio. Se emitem suas opiniões, dir-se-á que estão a fazer propaganda.
(...) considera-se que faz parte de uma instrução sadia a referência a opiniões corretas.
Daqui resulta, com muita freqüência, que os jovens mais curiosos, se quiserem perceber aquilo que os espíritos mais vigorosos da sua própria época estão a ensinar, têm que ir procurá-los fora da escola. (...)"
Algo de muito estranho, mas não de todo inédito, está acontecendo com a educação em nossa sociedade. O fantasma do totalitarismo paira sobre nós.
OS JOVENS E A POLÍTICA
Bertrand Russell escreveu com propriedade sobre a educação da juventude e o preparo que ela recebe para exercer a política em seu país. A forma atual, segundo ele, é inadequada.
"(...) Ensina-se aos jovens uma espécie de cartilha acerca do modo como é suposto que os negócios públicos devam ser conduzidos, encobrindo cuidadosamente o modo como, de fato, eles são conduzidos.
Quando esses jovens crescem e descobrem a verdade, o que quase sempre acontece é que eles desenvolvem um completo cinismo no qual se perdem todos os ideais públicos.
Se a verdade tivesse lhes tivesse sido ensinada desde cedo, acompanhada de comentários adequados, esses jovens poderiam tornar-se homens capazes de combater males que, tal como as coisas são, lhes não merecem agora mais do que um complacente encolher de ombros.
(...) a única forma de evitar o totalitarismo, num mundo altamente organizado como o nosso, é garantir um certo grau de independência aos elementos que executam o trabalho público útil(...) Mas, no reino do espírito, torna-se cada vez mais difícil preservar a independência face às grandes forças organizadas que controlam a existência dos homens e das mulheres.
Se não quisermos que o mundo perca os benefícios que derivam da contribuição dos seus melhores espíritos, teremos que encontrar um método qualquer que lhes garanta margem de manobra e liberdade para além das forças organizadas.(...)
Caso contrário, o que há de melhor no homem acabará por ser esmagado."
Não permita que a CIVILIZAÇÃO seja destruída por aqueles que vêem a política apenas como um instrumento para a consecução de seus objetivos mais venais.
Comente com os seus amigos, pais e grupos de estudo.
Diga não à estalinização!

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Tradição: "Não haverá nehum profeta depois de mim. A minha relação com a longa cadeia de profetas pode ser compreendida como a parábola dum palácio: o palácio estava maravilhosamente construído. Tudo estava completo, exceto o espaço para um tijolo. Eu ocupei esse lugar e agora o castelo ficou completo." Muhammad
Angelus Silesius (1624/1677)
Silesius, místico do século XVII, foi influenciado por Boehme, Tauler e Eckhart (só para ficar nos místicos mais famosos).
Dele é a sentença mística:
"A rosa é sem porquê, floresce porque floresce,
Não cuida dela própria, não pergunta se a vemos."
Use um pouco da sua inteligência, do seu conhecimento de metafísica e tente explicar a sentença.
Outra coisa legal de Silésius:
"Deus é um puro Nada. Nem o aqui nem o agora O tocam.
Quanto mais tentas captá-Lo, tanto mais te escapa."
"Eu não acredito na morte. Morrendo a toda hora,
Fui encontrando sempre uma vida melhor."

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Shahãdah; palavra que vem do verbo shahida (observar, testemunhar, reconhecer como verdade).
"Ashhadu anlã ilãha illã-Llã, wa ashhadu anna Muhammandam rasulu-Llã."
Quem se encaminha o faz em benefício próprio; e quem se desvia o faz em seu prejuízo, e nenhum pecador carregará a culpa alheia. Jamais castigamos um povo sem antes ter-lhe enviado um mensageiro. (Sura 17, 15)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

LASCIATE OGNE SPERANZA, VOI CH'INTRATE.
Dante Alighieri
LEMBRETE: O PROCESSO DE ESTALINIZAÇÃO AVANÇA!
LUTE PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO!
DIGA NÃO À ESTALINIZAÇÃO!
Diário da Taba
A Taba está em festa, o dia 10 está chegando.
O maior evento social, cultural, magistral, transcendental, fenomenal, metafísico, místico, fantástico, dos últimos tempos está para ocorrer:
é o show de Almir Sater. Na mesma data, o Whitesnake estará se apresentando em Curitiba... Qualquer comparação está proibida neste espaço!
ENQUANTO ISSO, A GATUNAGEM ROLA SOLTA
Se levarmos em consideração a experiência traumática passada pelo Brasil durante o governo (curto) de Fernando Collor, a de eleição Ciro Gomes para a presidência da República, só vai provar uma coisa: o Pelé estava certo quando disse que o povo brasileiro não sabe votar.
Ciro Gomes é irmão de Cid Gomes, governador do Ceará (aquele mesmo, que levou a sogra para passear na Europa usando recursos públicos). Se a família, antes de chegar ao topo da cadeia alimentar, já se comporta assim, se trata a coisa pública como se fosse privada, imagine o que fará quando chegar lá (lembra do "Lula lá"?) lamento informar: estaremos em sérios apuros.
O MOVIMENTO DOS SEM NOÇÃO ATACA NOVAMENTE
O Ministro da Cultura e o chá alucinógeno.
Na falta de ter o que fazer, e, para espantar o marasmo da nossa cultura tão rica em... folclore, Gilberto Gil pretende dar ao chá ayahuasca a condição de patrimônio cultural brasileiro. Meu Deus!
O que ele pretende com isso? Formar um país com um povo "mais ligado" ao supra-sensível? Mudar o nome do ministério para Ministério dos Assuntos Transcendentais? Reeditar Woodstock? Relançar os The Beatles? Será que pretende uma maior integração da população com a "mãe natureza", ou só é farra embalada pelo dito produto? Será que o governo vai fornecer gratuitamente o produto? Será que alguém lá de cima tem fazenda produzindo esse produto?
As manifestações culturais no Brasil estão se limitando ao circo, bumbo, filmes Z (qualidade 5 cruzes), axé, sertanejo, pagode e ao teatro, que quando é bom, é muito caro.
O que será que nós fizemos para merecer tanta cultura?
Olavo de Carvalho, um dos pouquíssimos intelectuais que prestam neste país, deve ter uma bola de cristal. No livro "O Imbecil Coletivo" (leitura obrigatória para quem é pelo menos um ser vertebrado), ele aborda, num artigo, o caso do chá. Escrito há mais de uma década, o livro alerta para a estupidez dos que defendem essa "manifestação da cultura brasileira".
O problema é que o brasileiro é impermeável ao bom senso.
Quem sabe, o chá não é integrado ao patrimônio cultural antes da última manifestação em favor da legalização da maconha?
O MOVIMENTO DOS SEM NOÇÃO ATACA NOVAMENTE
"RONALDO RICATTATO DOPO NOTTE CON VIADOS"
A manchete do Corriere della Sera, já diz tudo: o país está virando um catálogo de desvios morais e éticos. Do cidadão mais comum não obtém-se mais do que a complacência.
Estamos afundado em imundície!

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Black metal!
Se o seu negócio é black metal, aproveite a chuva e exorcise os seus demônios interiores! A dica é o CD Death Cult Armageddon. Ele já saiu há algum tempo (2003), mas ainda é a melhor obra do cultuado grupo de black metal sinfônico Dimmu Borgir.
A Taba vai ficar horrorizada...
Haja protetor auricular! Yeah!
GUITARRAS, GUITARRAS E... MAIS GUITARRAS
O CD duplo ao vivo, do Gov't Mule, é fantástico! Chama-se Deepest End.
Além dos dois CD's, existe um DVD (186 minutos) com uma qualidade inacreditável de imagem e som. Somados todos, perfazem uma maratona musical de 364 minutos!
Várias participações especiais (Jason Newsted, Roger Glover, p. ex.) e covers de clássicos do rock (Voodoo Chile, War Pigs, Sweet Leaf...).
Fim de semana chuvoso, para espantar a uruca do "Tirinta" (que foi pescar!), só um sonzão assim.
Jim Morrison
Estamos pendurados de cabeça para baixo à beira do abismo procuramos a morte na ponta de uma vela. Estamos à procura de alguma coisa qualquer que já nos encontrou.
LASCIATE OGNE SPERANZA, VOI CH'INTRARE.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

The Doors Uma biografia que eu li, reli e tresli foi a sobre Jim Morrison, guru de várias gerações, vocalista do The Doors. Esta biografia foi escrita por Jerry Hopkins e Daniel Sugerman e ela se chama "Daqui ninguém sai vivo." Ler esta biografia, ouvindo as melhores músicas do grupo, foi uma experiência transcendental!
Leda e o Cisne W. B. Yeats Um baque súbito: um forte ruflar de asa sobre a jovem que oscila, a coxa lhe acarinha com a membrana escura, a nuca lhe atenaza, e o peito sobre o peito sem amparo aninha. Que podem suas mãos, vagas de horror, perante o emplumado esplendor que aparta as coxas dela que pode o corpo sob a sua alvura avassalante, senão sentir que o estranho coração martela... Um tremor dos quadris ali vem conceber a muralha fendida, a torre ardente a se queimar e o morto Agamemnon. Enquanto sob o impasse, enquanto a dominava o sangue bruto do ar, tomou o saber dele com o seu poder antes que o bico indiferente a abandonasse.
Lasciate ogne speranza, voi ch'intrate.