Sem competitividade, a indústria importa mais
O Estado de S.Paulo
A indústria exporta menos de 20% do que produz e importa
22,5% do que consome, porcentual mais alto desde 2007, segundo a
Confederação Nacional da Indústria. O déficit do comércio exterior foi
de US$ 4,7 bilhões, até 18 de maio, sem que se preveja recuperação mais
expressiva da indústria, devido à competitividade e à produtividade
insatisfatórias.
De 15,9%, no primeiro trimestre de 2010, o Coeficiente de Penetração
de Importações da Indústria Geral cresceu ininterruptamente, superando
os 20% no segundo trimestre do ano passado. O indicador avalia a
participação das importações no consumo doméstico e cresceu 0,4 ponto
porcentual em relação ao último trimestre do ano passado.
Dos 23 itens pesquisados, as importações só perderam participação nos
setores farmoquímicos e farmacêuticos (-0,1%) e outros equipamentos de
transporte (-0,9%). Nos demais 21 setores houve aumento de importações,
com destaque para veículos automotores (+0,7%), produtos diversos
(+0,7%), vestuário (+0,6%), têxteis (+0,6%) e produtos de metal (+0,5%).
No caso dos automóveis, os dados da associação das montadoras
(Anfavea) não revelam aumento do número de unidades importadas entre os
primeiros quadrimestres de 2013 e 2014, mas as exportações caíram,
indicando menor competitividade do produto local. O déficit do setor
cresceu 21,3% no período (US$ 1,68 bilhão) e o de autopeças (US$ 3,65
bilhões) também cresceu após o recorde de 2013.
O aumento de importações de bens industriais não é compensado por
mais exportações - estas se mantêm abaixo dos 20% desde 2012 apesar da
desvalorização do real. A taxa de câmbio real subiu 6,2% em 2012, e
10,4% em 2013, prevendo-se leve queda (-1,3%) neste ano, segundo a
última pesquisa Focus, do BC.
No primeiro quadrimestre, segundo o Ministério do Desenvolvimento,
Indústria e Comércio, o Brasil teve forte déficit em bens industriais
como máquinas e aparelhos e material elétrico (US$ 15,2 bilhões),
produtos químicos (US$ 7 bilhões), material de transporte (US$ 3,5
bilhões), plásticos borrachas (US$ 2,7 bilhões), instrumentos e
aparelhos de ótica e fotografia (US$ 2 bilhões) e materiais têxteis (US$
1,9 bilhão).
A exportação da indústria brasileira perdeu peso até num segmento
como alimentos, em que o Brasil tem vantagens competitivas devido à
eficiência do setor primário. Elevar as importações é um bom sinal,
desde que a exportação seja competitiva, o que não acontece.
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